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História da Arquitetura

Cuiabana
PROF. DR. GERALDO ANTONIO GOMES ALMEIDA
CENTRO HISTÓRICO
UMA VIAGEM NO TEMPO
Breve histórico
da cidade
O início da colonização na região Centro‐oeste deu‐se através das bandeiras ou monções, expedições armadas que
partiam da Capitania de São Paulo com a intenção de aprisionar índios e vendê‐los como escravos ou à procura
de metais e pedras preciosas.
A bandeira do sorocabano Pascoal Moreira Cabral tinha como objetivo o apresamento de índios, e com a
descoberta de ouro fixou‐se na região, fundando o Arraial da Forquilha a 8 de abril de 1719, nas proximidades do
Coxipó do Ouro. Em outubro de 1722, dois índios que trabalhavam para Miguel Sutil saíram em busca de mel
encontraram grande quantidade de ouro, em granetes, no leito do córrego da Prainha, próximo ao local onde hoje
se encontra a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito e suas proximidades. No mesmo ano,
levantaram uma igreja coberta de palha, sob a invocação do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, e os negros uma capela
a São Benedito. Esta é a origem da atual cidade de Cuiabá.

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ARQUITETURA CUIABANA
Largo do Mundeú

O Espaço Urbano do Mundéu e da cidade As fontes da Vila Real de Cuiabá delimitavam a área mais densamente edificada da Vila.
Fotos: Secretaria de Cultura de MT

A palavra Mundéu significa armadilha de caça. No sentido figurado também pode ser qualquer casa ou coisa que
ameaça cair. De acordo com a pesquisadora Neila Barreto “Havia uma música popular que se cantava antigamente
cuja letra era assim, na Rua do Mundéu, tem caiaia, e uma veia de cangaia. O Mundéu era, pelo menos desde os
anos de 1730, uma parte efetiva da vila, pois era um bairro da vila, localizado na bocaina, local que hoje está entre os
atuais morros Seminário e Luz”, explica.
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ENTORNO DO CENTRO HISTÓRICO
Casa da Rua Candido Mariano

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CENTRO HISTÓRICO
Casas da Rua Galdino Pimentel

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AARQUITETURA BRASILEIRAS
Estilo Colonial
Principais características:

o Telhado: uma das características da


cobertura das casas deste período são
as várias quedas d’água e inclinação,
que tinham como intuito principal o
rápido escoamento da água da chuva.
o Colunas: o item além de garantir
sustentação para o telhado costumava
ser usado no momento de criar uma
extensão com varanda na frente da casa.
o Janelas: uma quantidade considerável
da estrutura era usada para garantir
iluminação na casa. O modelo mais
comum era com vidros e parte externa
de madeira no modelo veneziano.
o Simetria: característica bem comum do
estilo, já que detalhes da arquitetura
eram repetidos, fielmente, na
construção para seguir o rigor métrico

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AARQUITETURA BRASILEIRAS
Estilo Colonial
A princípio temos dois modelos representativos nos quais pode‐se dividir a moradia colonial: as casas térreas e os sobrados. Ambos os modelos são
caracterizados, segundo Aline Lusa (2009), pelas construções erguidas sobre o alinhamento das vias públicas e sobre os limites laterais dos terrenos.

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Figura 1 ‐ Casas térreas em Paraty. Fonte: Haroldo Castro, 2011 Figura 2 ‐ Sobrados na cidade de Ouro Preto. Fonte: Eráclito Pereira, 2011.
AARQUITETURA BRASILEIRAS
Estilo Colonial
Estilo Colonial
As diferenças sociais das famílias eram percebidas
fortemente na arquitetura através da eira e da beira:
detalhes presentes nos beirais e que eram uma forma bem
clara de mostrar o poderio das famílias (DEBARBA et al,
2010).
A fachada básica da casa colonial era composta por uma
porta, sempre frontal e duas janelas. Quanto às fachadas
dos sobrados, continuam mantendo a métrica das casas
térreas: as janelas dos pavimentos inferiores
correspondem com as do pavimento superior. As casas e
sobrados, com exceção dos casarões dos senhores, eram
construídos lado a lado, por isso a ventilação ocorria
somente em um
PROF. sentido.
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AARQUITETURA CUIABANA
Estilo Colonial

Casa Marechal Deodoro com Candido Mariano

Sobrado na rua de baixo


ARQUITETURA BRASILEIRA
Estilo Neoclássico
Neoclassicismo: Segundo Vieira (2007), entre 1800 e 1850, a presença da Corte, da Missão Cultural Francesa e a fundação da Academia
de Belas Artes favoreceram as construções mais refinadas. Esse período ficou conhecido como o período Neoclássico da arquitetura nacional.

Algumas características da arquitetura:


• materiais nobres (pedra, mármore, granito, madeiras);
• processos técnicos avançados;
• sistemas construtivos simples;
• linhas ortogonais;
• formas regulares, geométricas e simétricas;
• volumes corpóreos, maciços, bem definidos por planos murais lisos;
• uso de abóbada de berço ou de aresta;
• uso de cúpulas, com freqüência marcadas pela monumentalidade;
• espaços interiores organizados segundo critérios geométricos e formais
de grande racionalidade;
• pórticos colunados;
• frontões triangulares;
• a decoração recorreu a elementos estruturais com formas clássicas, à
pintura rural
PROF.e ao
DR. relevo
GERALDO em estuque;
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• valorizou a intimidade e o conforto nas mansões familiares;
• decoração de caráter estrutural.
ARQUITETURA BRASILEIRA
Estilo Neoclássico
As plantas são simplificadas como no período
anterior, paredes grossas, alcovas e corredores,
telhados elementares e balcões de ferro
fundido. Introdução do uso da platibanda do
vidro simples ou colorido, principalmente nas
bandeiras de portas e janelas. Existia a
valorização dos elementos interiores como a
escada torneada [...]
Neste período também surgem as estátuas que
eram colocadas sobre as edificações como
elementos de decoração [...] As coberturas,
diferente do período colonial começaram a ficar
mais complicadas já com quatro águas, as
laterais lançando livremente sobre as casas
vizinhas, elementos que eram mais simples no PROF. DR. GERALDO ANTONIO GOMES ALMEIDA

período colonial. Planta baixa típica


ARQUITETURA CUIABANA
Estilo Neoclássico

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Museu Histórico de Mato Grosso Casa R. voluntario da Pátria com a R. Cândido Mariano
Casa do Barão de Casalvasco
ARQUITETURA CUIABANA
Estilo Eclético
Mais próximo ao final do século XIX era possível perceber que
a fidelidade de estilo dava lugar a uma construção mais
eclética, tanto que:
Alguns arquitetos procuravam seguir influências de diversos
estilos em uma única construção, utilizando influências do
Barroco, Arte Oriental, Clássico e também dos recém‐surgidos
Art Déco e Art Noveau.
[...] A arquitetura Eclética tem para a história grande valor
porque relata esses momentos de profundos paradoxos na
vida do homem moderno.
Acontecia um crescimento rápido de muitas cidades
brasileiras, de maneira que no início do séc.XX, a casa ganha
um acesso e varanda laterais e comumente é geminada com
sua vizinha. Os portões e gradis são de ferro e essa casa pode
receber ainda uma profusão de influências de períodos
distintos do passado (ARALDI e VISOLI, 2009).
Casa da R. Candido Mariano, Cuiabá MT.
ARQUITETURA CUIABANA
Estilo Eclético
Ela se caracterizou também pela simetria, busca de
grandiosidade, rigorosa hierarquização dos
espaços internos e riqueza decorativa. Ela se
destacava por usar as esquinas como entrada,
apesar de não ser um pressuposto do ecletismo,
os edifícios continham bastante brasilidade e no
frontão demonstravam o uso do prédio (DEBARBA
et al, 2010).

a arquitetura deve ser representativa, deve


evidenciar através da forma exterior e da estrutura
o status de seu ocupante, seja ele o Estado, seja
ele o indivíduo particular. É por isso que a
decoração se torna um elemento indispensável a
ser usado em larga escala, que se multiplica a
Casa do Artesão Cuiabá MT.
função ilusionista dos materiais [...] (FABRIS, 1993).
ARQUITETURA CUIABANA
Estilo Eclético

Rua Campo Grande com a rua Galdino Pimentel ‐ Casa Orlando


ARQUITETURA CUIABANA
Estilo Neocolonial
Já nas primeiras décadas do século XX o que se
viu foi um debate em busca de uma identidade
nacional e modernização na arquitetura. No
centro deste debate estava o engenheiro civil e
arqueólogo português Ricardo Severo (NATAL,
2009).

O discurso nacionalista de Ricardo Severo


encerrava não apenas uma intenção
preservacionista, no sentido de documentar e
conservar os exemplares de arquitetura colonial,
mas, sobretudo, indicava as bases de formulação
de um novo estilo arquitetônico que se
assentasse nos legados da arte colonial.[...] Pode‐
se dizer que o estilo neocolonial que se
desenvolve a partir da década de 1910. Grande Hotel de Cuiabá, início da déc. 1940
ARQUITETURA CUIABANA
Estilo Neocolonial

Residência dos Governadores em construção, Cuiabá, 1939‐41 Vestíbulo da antiga Residência dos Governadores.
ARQUITETURA CUIABANA
Estilo Neocolonial

Palácio Episcopal, Cuiabá, década de 1940.


ARQUITETURA CUIABANA
Estilo Neocolonial

Escola Estadual Liceu Cuiabano Maria de Arruda Müller.


ARQUITETURA CUIABANA
Estilo Art Decó
Nesse mesmo período, mas já no contexto da industrialização e
expansão urbana aceleradas, aparece a Art Déco. Tida como um
divisor de águas, um passo importante para os futuros
desenvolvimentos da arquitetura modernista.

A penetração do estilo Decó foi ampla no Brasil em todos


estratos sociais tendo seu auge nos anos
30 e 40, deixando um importante legado que hoje é
desvalorizado e esquecido. Sua aplicação em vilas populares e
arquitetura fabril propôs soluções integradas à variedade de
climas e contextos sociais no país.

A arquitetura nesse período, caracterizada pela geometrização,


predominância de linhas retas e circulares estilizadas,
reentrâncias e volumes destacados, escalonamento de planos e
platibandas e marquises é considerada ainda um momento de
transição entre o eclético e o moderno (DEBARBA et al, 2010).
Sede do Correio e Telégrafos em Cuiabá MT.
ARQUITETURA CUIABANA
Estilo Art Decó

Casa Marechal Deodoro Cuiabá MT. Casa na rua Candido Mariano em Cuiabá MT.
ARQUITETURA BRASILEIRAS
Estilo Art Decó/Proto‐Moderno

Edificações protomodernas do bairro das Rocas. Natal/RN

Casas operárias erguidas pela Fábrica de Estamparia e Alvejaria Votorantim, do Grupo Votorantim em Votorantim (SP).
ARQUITETURA CUIABANA
Casa Barão de Melgaço
Construída entre 1775 e 1777, a casa da
antiga Rua do Campo, nº 3869, passou a ser, a
partir de 1843, residência do francês
naturalizado brasileiro Almirante Augusto
João Manoel Leverger. Casado com a cuiabana
Ignez de Almeida Leite, o militar defendeu o
Brasil durante a Guerra do Paraguai e recebeu
de Dom Pedro II o título de Barão de Melgaço.
Após cinco mandatos como governador do
Mato Grosso, ele ficou conhecido como o
político que passou mais tempo na gestão do
Estado e também por seus trabalhos
enquanto historiador, geógrafo, pesquisador e
escritor.
Fotos: Secretaria de Cultura de MT

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ARQUITETURA CUIABANA
Casa Barão de Melgaço

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ARQUITETURA CUIABANA
Estilo Art Decó/Proto‐Moderno

Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários (IAPC) foi construído em 1960


ARQ. CUIABANA
Estilo Proto‐Moderno

Edifício Palácio do Comercio

Segundo Ministério Público, a estrutura


física do prédio “é precária”, o que coloca
em risco as pessoas que circulam pelo
local e também os demais prédios da
redondeza. “Nem mesmo os
equipamentos de combate a incêndio e
pânico existem no edifício”
ARQUITETURA BRASILEIRA
Estilo Moderno
Os 5 pontos da arquitetura moderna foram propostos por Le Corbusier em 1926. Na obra Villa Savoye,
criada em 1928, o arquiteto conseguiu mostrar todos esses conceitos na prática.
Os 5 pontos da arquitetura moderna são:

o Planta livre
o Pilotis
o Fachada livre
o Janelas em fita
o Terraço jardim

Essas características trouxeram mais liberdade


aos arquitetos, pois a estrutura tornou‐se
independente das paredes, ou seja: é possível
criar projetos mais orgânicos, curvilíneos e que
possibilitem maior integração entre o interior e A Casa Savoye é uma residência projetada na França pelo arquiteto
exterior das obras. franco‐suíço Le Corbusier em 1928
ARQUITETURA CUIABANA
Estilo Moderno

Gabinete do prefeito de Cuiabá fica no


alto do Palácio Alencastro 1959.

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