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alegre rotina

2022
guia definitivo para planejar o ano
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Material organizado e
idealizado pela
@alegrerotina
PRESERVE A ORDEM E A
ORDEM PRESERVARÁ
VOCÊ.
São Bernardo
Sumário
Hábito x Rotina - 5

Os Quatro Temperamentos - 7

O Defeito Dominante -17

Os Sete Vícios Capitais e as Virtudes Opostas - 21

Crítérios de ordem - 33

Planejando o tempo - 37

A Constância - 45

Referências - 52
Preguiça. Atraso. Desânimo. Esses são exemplos característicos de quem
leva uma vida desorganizada.

Organização não é para poucos, mas para todos. As horas que compõem o
nosso dia devem ser direcionadas da melhor forma possível, pois não
vivemos somente para nós mesmos.

Viver como se não houvesse amanhã é cultivar em todos os momentos


uma ansiedade terrível. Já percebeu quando, em algum momento da sua
vida, você procrastinou em fazer algo e alguém "lembrou"? Que sensação
de “ainda tenho que fazer isso.” É um escape constante de tudo o que
lembre o seu dever. Você não acha que está na hora de se livrar disso?

Quando pensei em fazer este e-book percebi que não deveria apenas listar
como organizar o seu 2022, mas em se organizar interiormente. Tudo o
que fazemos exteriormente, tende a refletir o nosso interior. Se você se
conhecer será mais fácil para ordenar sua rotina e descobrir os hábitos que
fazem parte dela, ao invés de simplesmente fazer uma listinha de metas do
ano. Por isso, primeiramente teremos que saber o que é hábito e o que
rotina. Depois desta seção, iremos debruçar nos temperamentos. Sabendo
qual é o seu, poderá observar quais os benefícios, defeitos e a correção que
deverá ser feita mais claramente. Logo depois, chegou a hora de falarmos
dos defeitos dominantes seguido dos vícios capitais; qual seu maior vício?
Aquele que é a raiz de todos os seus outros defeitos.

A maioria das seções deste e-book são escritos de pessoas competentes no


assunto e, dadas as limitações deste trabalho, espero que seja proveitoso
para você se decidir a viver um ano ordenado.

Chega de uma organização apenas exterior, a verdadeira organização


começa interiormente. E aí, vamos?
HÁBITO
&
ROTINA
Antes de avançarmos para águas mais profundas
é necessário entender e diferenciar o hábito da
rotina.
Existem muitas concepções, mas aqui seguiremos
com estas:

Rotina deriva do francês routine, “trilha batida,


curso costumeiro de ação”. É o conjunto de ações
que compõe os nossos dias.

Já o hábito são disposições, ou seja, através


de repetidas ações adquirimos um hábito.

A nossa rotina é composta de hábitos!


Os hábitos, por sua vez, podem ser bons ou
maus. Logo, eles serão virtudes ou vícios.
Por isso é tão importante conhecer a nosssa
rotina, pois é ela que comporta os nossos
hábitos.
OS QUATRO
TEMPERAMENTOS
Pe. Antonio Royo Marín, Teología de la Perfección Cristiana. 2.ª ed., Madrid: BAC, 2015, pp. 784-790.
O temperamento é algo inato no indivíduo. É a
índole natural, ou seja, algo que a natureza nos
impõe. Por isso mesmo, ele nunca desaparece
inteiramente: genio y figura hasta la sepultura —
“gênio e figura permanecem até a sepultura”.
Mas uma educação oportuna e, sobretudo, a
força sobrenatural da graça podem, se não
transformá-lo totalmente, ao menos reduzir ao
mínimo suas estridências, e ainda suprir de
todo suas manifestações exteriores. É
testemunha disso — entre outros mil — São
Francisco de Sales, que passou para a
posteridade com o nome de “Santo da doçura”,
apesar de seu temperamento fortemente
colérico.
Temperamento sanguíneo
Boas qualidades. — O sanguíneo é afável e alegre, simpático e
prestativo, dócil e submisso para com seus superiores, sincero e
espontâneo (às vezes até à inconveniência). É verdade que, ante a
injúria, raciocina às vezes com violência e prorrompe em
expressões ofensivas; mas esquece rapidamente tudo, sem
guardar rancor de ninguém. Desconhece a teimosia e a obstinação.
Sacrifica-se com desinteresse. Seu entusiasmo é contagioso e
arrebatador. Seu bom coração cativa e apaixona, exercendo uma
espécie de sedução em torno de si.
Por ter uma concepção serena da vida, é fundamentalmente
otimista, não o arredam as dificuldades, confia sempre no bom
êxito. Surpreende-se muito de que os outros se incomodem com
uma brincadeira pouco agradável, que lhe parece a coisa mais
natural e simpática do mundo. Tem grande sentido prático da vida
e é mais inclinado a idealizar do que a criticar.

Seus principais defeitos são a superficialidade, a inconstância e a


sensualidade. A primeira se deve principalmente à rapidez de suas
concepções. Julga haver compreendido logo qualquer problema
que se lhe proponha, quando na realidade o percebeu tão-
somente de maneira superficial e incompleta. Daí procedem seus
juízos apressados, ligeiros, freqüentemente inexatos, quando não
inteiramente falsos. É mais amigo da amplitude fácil e brilhante do
que da profundidade.
A inconstância do sanguíneo é fruto da pouca duração de suas
impressões. Em um instante passa do riso ao pranto, do gozo
delirante a uma negra tristeza. Arrepende-se pronta e
verdadeiramente de seus pecados, mas volta a eles na primeira
ocasião que se lhe apresenta. Os sanguíneos são vítimas de
impressões de momento, sucumbem facilmente à tentação. São
inimigos dos sacrifícios, da abnegação e do esforço duro e
contínuo. São preguiçosos no estudo. Torna-se-lhes quase
impossível refrear a vista, os ouvidos e a língua. Distraem-se
facilmente na oração. A épocas de grande fervor sucedem-se
outras de languidez e desalento.
Temperamento sanguíneo
Educação do sanguíneo. — A educação e canalização de qualquer
temperamento deve consistir em fomentar suas boas qualidades e
em reprimir os defeitos. Por isso, o sanguíneo deverá procurar
canalizar a sua exuberante vida afetiva por um meio nobre e
elevado. Se conseguir amar fortemente a Deus, chegará a ser um
santo de primeira categoria. Sanguíneos cem por cento foram o
Apóstolo São Pedro, Santo Agostinho, Santa Teresa e São Francisco
Xavier.
Mas é preciso que lute tenazmente contra seus defeitos, até tê-los
vencido totalmente. Há de combater sua superficialidade,
adquirindo o hábito da reflexão e ponderação em tudo o que fizer.
Deve aprender a lidar com os problemas examinando-os por todos
os lados, prevendo as dificuldades que poderão surgir, dominando
o otimismo demasiado confiante e irreflexivo.
Contra a inconstância, tomará sérias medidas. Não bastarão os
propósitos e resoluções, que violará na primeira ocasião que se lhe
apresente, apesar de sua sinceridade e boa fé. É preciso pôr sua
vontade num plano de vida, convenientemente revisado, aprovado
por seu diretor espiritual e no qual esteja tudo previsto e anotado, e
que nada se deixe ao arbítrio da sua vontade fraca e caprichosa. Há
de praticar seriamente o exame de consciência, aplicando-se fortes
penitências pelas transgressões que sejam fruto de sua inconstância
e volubilidade. Há de pôr-se em mãos de um experiente diretor
espiritual e obedecer-lhe em tudo. Na oração, há de lutar contra
sua tendência aos consolos sensíveis, perseverando nela apesar da
aridez e secura.
À sensualidade deverá opor-se com uma vigilância constante e
uma luta tenaz. Deve fugir como da peste a todas as ocasiões
perigosas, nas quais sucumbirá facilmente, ao se aliar sua
sensualidade com sua inconstância. Deve ter particular cuidado na
guarda da vista, recordando-se das suas dolorosas experiências.
Nele, mais do que em ninguém, cumpre-se aquilo de que “o que os
olhos não vêem, o coração não sente”. Deve guardar o
recolhimento e praticar a mortificação dos sentidos externos e
internos. Deve, enfim, pedir humilde e constantemente a Deus o
dom da perfeita pureza de alma e corpo, que só do Céu nos pode
vir (Sb 8, 21).
Temperamento melancólico
Boas qualidades. — Os melancólicos têm uma sensibilidade menos
viva do que a dos sanguíneos, mas mais profunda. São
naturalmente inclinados à reflexão, à solidão, ao silêncio, à piedade
e vida interior. Compadecem-se facilmente das misérias do
próximo, são benfeitores da humanidade, sabem levar a abnegação
até o heroísmo, sobretudo ao lado dos enfermos.
Sua inteligência pode ser aguda e profunda, maturando suas idéias
com a reflexão e a calma. É pensador e gosta do silêncio e da
solidão. Pode ser um intelectual seco e egoísta, encerrando-se na
sua torre de marfim, ou um contemplativo que se ocupe das coisas
de Deus e do espírito. Sente atração pela arte e tem aptidão para as
ciências.
Seu coração é de uma grande riqueza sentimental. Quando ama,
dificilmente se desprende de suas afeições, porque nele as
impressões se arraigam com muita profundidade. Sofre com a
frieza ou a ingratidão. A vontade segue a vicissitude de suas forças
físicas: débil e quase nula quando o trabalho o tenha esgotado; forte
e generosa quando desfruta de saúde ou quando um raio de alegria
ilumina seu espírito. É sóbrio e não sente a desordem passional,
que tanto atormenta os sanguíneos. É o temperamento oposto ao
sanguíneo, como o colérico é oposto ao fleumático.
Foram de temperamento melancólico o Apóstolo São João, São
Bernardo, São Luís Gonzaga, Santa Teresinha do Menino Jesus,
Pascal.

Más qualidades. — O lado desfavorável deste temperamento é a


tendência exageradamente inclinada à tristeza e à melancolia.
Quando recebem alguma forte impressão, ela penetra-lhes
profundamente a alma e lhes produz uma ferida sangrante. Não
possuem o coração na mão como o sanguíneo, mas, sim, muito no
fundo, e aí saboreiam a sós sua amargura. Sentem-se inclinados ao
pessimismo, ao ver sempre o lado difícil das coisas, ao exagerar as
dificuldades. Isto os torna retraídos e tímidos, propensos à
desconfiança em suas próprias forças, ao desalento, à indecisão, aos
escrúpulos e a certa espécie de misantropia.
Temperamento melancólico
São irresolutos por medo de fracassar em suas empresas. O
melancólico “nunca sabe acabar”, como dizia Santa Teresa. É o
homem das oportunidades perdidas. Enquanto os demais estão do
outro lado do rio, ele está pensando e refletindo, sem se atrever a
atravessá-lo. Sofrem muito e fazem sofrer aos demais sem querê-
lo, porque, no fundo, são bons. Santa Teresa não os julgava aptos à
vida religiosa, sobretudo quando a melancolia está arraigada (cf.
Fundações, c. 7. Tenha-se em conta que a “melancolia”, sobre a qual
havia se pronunciado, refere-se somente ao temperamento
melancólico, e não aos extravios de um caráter voluntariamente
neurastênico).

Educação do melancólico. — O educador deverá ter muito em


conta a forte inclinação do melancólico à concentração sobre si
mesmo. Do contrário, expõe-se a não compreendê-lo e a tratá-lo
com grande injustiça e falta de tato. O sanguíneo é franco e aberto
na confissão; o melancólico, pelo contrário, quer desafogar-se por
meio de um colóquio espiritual, mas não pode; o colérico pode
expressar-se, mas não quer; o fleumático não pode nem quer fazê-
lo. Deve-se ter muito em conta tudo isto, para não intentar
procedimentos educativos contraproducentes.
Os melancólicos são naturalmente inclinados à reflexão, à solidão,
ao silêncio, à piedade e vida interior. É preciso infundir no
melancólico uma grande confiança em Deus e um sereno otimismo
da vida. Deve-se inspirar-lhe uma suma confiança em si mesmo, ou
seja, na amplitude de sua alma para as grandes empresas. É preciso
aproveitar a sua inclinação à reflexão para fazê-lo compreender
que não há motivo algum para ser suscetível, desconfiado e
retraído. Se for preciso, deve-se submetê-lo a um regime de
repouso e sobrealimentação (Santa Teresa curava muitas monjas
melancólicas proibindo a longa oração, as vigílias e jejuns e
“fazendo-as divertir-se” — cf. Quartas moradas, 3, 12 e 13;
Fundações, 6, 14). Acima de tudo, deve-se combater a sua
indecisão e covardia, fazendo-o tomar resoluções firmes e lançar-
se a grandes empresas com ânimo e otimismo.
Temperamento colérico
Boas qualidades. — Atividade, entendimento agudo, vontade forte,
concentração, constância, magnanimidade, liberalidade. Eis aí as
excelentes prendas deste temperamento riquíssimo.
Os coléricos (ou belicosos) são apaixonados e voluntariosos.
Práticos, desembaraçados, são mais inclinados a obrar do que a
pensar. O repouso e a inação repugnam à sua natureza. Sempre
estão acariciando o seu espírito com um grande projeto. Apenas
acabam de conceber um fim, põem mãos à obra, sem desistir por
causa das dificuldades. Entre eles abundam os chefes, os
conquistadores, os grandes apóstolos. São homens de governo. Não
são daqueles que deixam para amanhã o que deveriam fazer hoje;
antes, preferem fazer hoje o que deveriam deixar para amanhã. Se
surgem obstáculos e inconvenientes, esforçam-se para os superar e
vencer. Apesar do seu ímpeto irascível, quando conseguem
reprimi-lo pela virtude, alcançam uma suavidade e doçura da
melhor cepa. Tais foram São Jerônimo, Santo Inácio de Loyola e São
Francisco de Sales.

Más qualidades. — A tenacidade do seu caráter os faz propensos à


dureza, obstinação, insensibilidade, ira e orgulho. Se lhes opomos
resistência ou os contradizemos, tornam-se violentos e cruéis, a
menos que a virtude cristã modere as suas inclinações. Vencidos,
guardam o ódio no coração até que soe a hora da vingança.
Geralmente são ambiciosos e tendem ao mando e à glória. São mais
pacientes do que o sanguíneo, mas não conhecem tanto a
delicadeza de sentimento, compreendem menos a dor das outras
pessoas, têm em suas relações um trato menos fino.
Suas paixões fortes e impetuosas sufocam essas afeições doces e
esses sacrifícios desinteressados que brotam espontaneamente de
um coração sensível. Sua febre de atividade e seu ardente desejo de
conseguir o que se propõem os faz pisotearem violentamente tudo
o que os impede, e aparecem ante os demais como uns egoístas
sem coração. Tratam os outros com uma altaneria que pode chegar
à crueldade. Tudo deve curvar-se diante deles. O único direito que
reconhecem é a satisfação dos seus apetites e a realização de seus
desígnios.
Temperamento colérico
Educação do colérico. — Tais homens seriam de um preço
inestimável se soubessem dominar-se e governar suas energias.
Com relativa facilidade chegariam aos mais altos cumes da
perfeição cristã. Muitíssimos santos canonizados pela Igreja
possuíam este temperamento. Em suas mãos, as obras mais difíceis
chegam a feliz termo. Por isso, quando conseguem processar suas
energias, são tenazes e perseverantes nos caminhos do bem e não
cessam em seus empenhos até alcançar os píncaros mais elevados.
Deve-se aconselhá-los a que sejam donos de si mesmos, que não
atuem precipitadamente, que desconfiem de seus primeiros
movimentos. Deve-se levá-los à verdadeira humildade de coração,
a se compadecerem dos fracos, a não humilhar nem atropelar a
ninguém, a não deixarem sentir sua violência, sua própria
superioridade, a tratarem a todos com suavidade e doçura.
Temperamento fleumático
Boas qualidades. — O fleumático trabalha devagar, mas
assiduamente, contanto que não se exija dele um esforço
intelectual demasiadamente grande. Não se irrita facilmente por
insultos, fracassos ou enfermidades. Permanece tranqüilo,
sossegado, discreto e criterioso. É sóbrio e tem um bom sentido
prático da vida. Não conhece as paixões vivas do sanguíneo, nem as
profundas do nervoso, nem as ardentes do colérico. Dir-se-ia que
carece por completo de paixões. Sua linguagem é clara, ordenada,
justa, positiva; mais do que brilho, tem energia e atrativo.
O trabalho científico, fruto de uma larga paciência e de
investigações conscienciosas, lhe convém melhor do que grandes
produções originais. O coração é bom, mas parece frio. Falta-lhe
entusiasmo e espontaneidade, porque sua natureza é indolente e
reservada. É prudente, sensato, reflexivo, obra com segurança,
chega aos fins sem violência, porque afasta os obstáculos em lugar
de os romper. Às vezes a sua inteligência é muito clara. Fisicamente,
o fleumático é de rosto amável, de corpo robusto, de andar lento e
vagaroso. Santo Tomás de Aquino possuiu os melhores elementos
deste temperamento, levando a cabo um trabalho colossal com
serenidade e calma imperturbáveis.

Más qualidades. — Sua calma e lentidão lhe fazem perder boas


ocasiões, porque tarda muitíssimo em pôr-se em ação. Não se
interessa nada pelo que se passa fora de si. Vive para si mesmo, em
uma espécie de concentração egoísta. Não vale para o mando e o
governo. Não é afeiçoado a penitências e mortificações; se é
religioso, não abusará dos cilícios. É deles que Santa Teresa
descreve com tanta graça: “As penitências que fazem estas almas
são coerentes com sua própria vida. Não tenhais medo de que se
matem, porque sua razão está muito em si” (Santa Teresa, Terceiras
moradas, 2, 7). Em casos mais agudos, convertem-se em homens
átonos, mortiços e vagos, completamente insensíveis às vozes de
ordem que poderiam tirá-los da sua inércia.
Temperamento fleumático
Educação do fleumático. — Pode-se tirar muito partido do
fleumático, se lhe forem incutidas convicções profundas e lhe
forem exigidos esforços metódicos e constantes em ordem à
perfeição. Lentamente chegará muito longe. Deve-se sacudi-lo de
sua inércia e indolência, empurrando-o às alturas, acender em seu
coração apático a labareda de um grande ideal. Deve-se estimulá-lo
ao pleno domínio de si mesmo, excitando-o e pondo em uso suas
forças adormecidas; não como ao colérico, que deve obtê-lo
contendo-se e moderando-se.
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e
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O DEFEITO sv
a raiz

ícios
DOMINANTE
Pe. Baeteman
Falando de defeitos, note primeiramente que há alguns que não
conhecemos; que há outros que não queremos conhecer; e outros,
enfim, que conhecemos e de que não nos queremos corrigir.

Efetivamente, é este o momento, ou nunca. Mas não se esqueça de


que querer corrigir todos os ao mesmo tempo é um trabalho acima
das forças humanas, e não é assim que se deve começar.

Antes de tudo é preciso reconhecer qual dos seus defeitos que


domina em você. Havendo reconhecido bem, é preciso mover-lhe
uma guerra de morte e fazê-lo desaparecer; desaparecido ele, você
terá, como David, abatido o seu Golias, e os Filisteus não mais resistirão
diante de você.

Esse defeito dominante (que facilmente pode tornar-se paixão


dominante) é a raiz de todas as suas faltas. Nele é que se acha toda a
sua energia e toda a sua fraqueza; é o tronco da árvore dos seus
defeitos. Uma vez abatido o tronco, depressa se cortam galhos.

Quando a gente escolheu um objetivo bem nítido, bem simples, vigia-


o facilmente, e faz convergir sobre ele todas as suas forças; ficada num
único ponto, a atenção acha-se mais alerta, e apreende instintivamente
tudo o que se passa no seu campo visual; um esforço especializado
pode ter sobre toda a vida moral uma ação decisiva.
Para reconhecer o Golias confesso que, não raro, a tarefa é complicada,
porquanto, do mesmo modo que alguém disse que é mais dificil
conhecer o próprio dever do que cumpri-lo assim também o defeito
dominante disfarça-se tão bem, reveste-se tão jeitosamente das
aparências da virtude, que, para descobri-lo, são precisas luzes
especiais. Como também o socorro de um amigo verdadeiro.

Temo-lo visto cem vezes, como visto o nosso próprio rosto, mas não o
conhecemos. Esse inimigo, que é o mais oculto, o mais perigoso, sabe
tão bem disfarçar-se, camuflar-se, que a gente vezes custa a lhe pôr a
mão no ombro para lhe dizer: És tu!

Davi vence Golias, Caravaggio, 1599


O defeito dominante é aquele:

— que é o princípio ordinário das suas faltas das suas


alegrias, perturbações e tristezas;
— que provoca em você mais tentações, mais
quedas mesmo;
— que manda como senhor;
— que resiste com mais força;
— que melhor se disfarça;
— que é a causa secreta pela qual você sente
apego ou repulsa aos seus semelhantes;
— que é a resultante fatal do seu temperamento;
— que é o princípio secreto que o faz agir ou falar, o motivo
determinante, a intenção intima, a mola que o impele
habitualmente;
— que o Espírito Santo as mais das vezes lhe assinalou
quando "lhe falava ao coração";
— que mais provoca as lisonjas dos que primam em "tomar
cada um pelo seu lado fraco";
— aquele, enfim, que é mais caro ao seu coração, aquele
que você mais procura ocultar ou justificar, o pecado
"mignon", numa palavra, aquele que você defende com
mais energia e vivacidade.
OS SETE
PECADOS
CAPITAIS
Qual o seu defeito dominante?

Dom Lourenço Fleichman, OSB


A soberba
A Soberba também é chamada de orgulho e consiste numa
estima excessiva de si mesmo. Não agradece a Deus as
qualidades que possui e fica procurando elogios. Acha que
possui qualidades que na verdade não possui. Procura sempre
rebaixar as qualidades dos outros.

A Soberba produz ainda:


ambição - desejos imoderados de possuir bens e glória.
presunção - confiança exagerada em si mesmo.
vã glória - procura de elogios e admiração.
hipocrisia - atos que mascaram a maldade do coração
obstinação - não aceitar os conselhos e insistir sempre no
mal.
desprezo - olhar os outros como inferiores.

A Soberba é um vício que leva a alma a uma cegueira total


sobre si mesma e sobre o próximo. A alma soberba não pode
amar a Deus e ao próximo na verdadeira Caridade.

Devemos pedir em nossas orações que sejamos sempre


humildes, reconhecendo que recebemos de Deus tudo o que
possuímos e tudo o que somos. Sigamos o exemplo de Jesus
Cristo, manso e humilde de coração.

A SOBERBA É COMBATIDA COM A HUMILDADE.


A avareza
Se a soberba consiste numa estima excessiva de si mesmo, a
Avareza é a estima excessiva das riquezas e dos bens materiais.
A alma dá tanta importância ao dinheiro que passa a viver só
em torno disso, esquecendo-se de Deus e do próximo. O avaro
está tão apegado às coisas que possui que prefere morrer do
que perde-las. Só pensa em comprar, em ter, em mostrar aos
outros tudo o que possui.

A avareza produz:

injustiça para com o próximo: roubos, trapaças etc.


traição: como Judas, que vendeu Jesus por trinta moedas.
dureza do coração diante da pobreza: nunca dá esmolas
nem quer ajudar os pobre
preocupações constantes: medo de perder tudo.
esquecimento de Deus e da salvação eterna

Para vencer a avareza devemos considerar que tudo é palha


diante da vida da graça, verdadeira riqueza da alma.
Contemplemos a simplicidade de coração de Nosso Senhor
Jesus Cristo, seu amor pela pobreza e pelos mais humildes e
toda sua vida voltada para fazer a vontade do Pai.

A AVAREZA É COMBATIDA COM A LIBERALIDADE.


A luxúria
Deus ordenou aos homens que se multiplicassem sobre a terra. Para isso,
Ele instituiu a família, união de um homem e de uma mulher, que se
unirão pelo ato conjugal para terem os filhos que Deus quer que eles
tenham. Foi para proteger a instituição familiar que esse ato e tudo o que
se relaciona com ele, ficou reservado ao matrimônio.

A luxúria é o vício que leva os homens a realizarem o ato sexual fora do


casamento ou contrariando as normas naturais estabelecidas por Deus
para ele. Esse vício provoca pecados contra o sexto e o nono
mandamentos: atos, pensamentos, desejos, más companhias, filmes,
revistas, e o adultério, que é a traição do juramento matrimonial.

A luxúria provoca também:

cegueira espiritual: a alma fica desnorteada e a vergonha a leva a fugir


de Deus.
precipitação: nervosismo nas coisas do dia a dia, perda da
concentração nos estudos.
inconstância: um dia bem, outro dia má, a alma balança ao sabor das
paixões.
amor próprio: amor desordenado das coisas do corpo
imodéstia e despudor: roupas e as atitudes do corpo indecentes e
provocadoras.

Para se afastar completamente da luxúria e de todos os pecados que dela


nascem, devemos perseverar na oração, receber com freqüência os
sacramentos, evitar a ociosidade, praticar a temperança e a castidade, e
fugir de todas as ocasiões de pecado: má companhia, diversões mundanas
e pecaminosas etc.

A LUXÚRIA É COMBATIDA COM A CASTIDADE.


A inveja
A inveja é um vício pelo qual nós olhamos tudo que há de bem
no nosso próximo como sendo mau, porque diminui nossa
grandeza e nossa glória. Ou seja, não gostamos de ver alguém
ser elogiado e nós não, não suportamos que tal pessoa tenha
um objeto que nós não temos. No fundo, queremos ser
sempre os mais notados e festejados. Vemos assim que a
inveja nasce da soberba, que é aquela cegueira sobre nós
mesmos. Pela inveja procuramos sempre atrapalhar o outro e
nos alegramos quando o vemos atribulado.

Como a inveja nos leva a desprezar o próximo, ela é a origem


de muitos pecados graves contra a virtude da Caridade, a qual
nos leva a nos alegrar pelo bem que vemos no outro.

A inveja provoca:

ódio - foi o ódio nascido da inveja que levou Caim a matar


Abel
murmúrio - a alma passa seu tempo a pensar mal dos
outros.
detração - ela já não pensa só contra seu próximo, mas
tenta quebrar a reputação do outro.

A inveja se vence pela prática de duas virtudes: a humildade,


que combate a origem da inveja que é a soberba; e a caridade
fraterna, que combate as conseqüências da inveja.

A INVEJA É COMBATIDA COM A CARIDADE.


A gula
A gula é um apetite desordenado pela comida ou pela bebida. Esta
desordem pode existir na alma de cinco modos.

procurando desordenadamente comidas caras e diferentes


(tipo)
comendo em excesso (quantidade)
demasiada atenção na preparação (qualidade)
comendo ou bebendo de modo voraz e sem educação (modo)
se preocupando demais com a hora da comida (precipitação)

Devemos combater o vício da gula por ser algo de muito animal e


baixo. Mesmo que o pecado que ele provoca seja, às vezes, pecado
venial. Mas a gula pode nos levar a cometer também pecados
mortais, quando comemos ou bebemos a ponto de perder o
controle de si, de passar mal, etc.

A gula provoca ainda:

embriaguez
dissipação e dificuldade de se concentrar
dificuldade para estudar.
fuga da vida de oração

Pela virtude da Temperança procuremos moderar a nossa gula,


considerando o quanto são mesquinhos e baixos os bens que ela
nos traz.

A GULA É COMBATIDA COM A TEMPERANÇA.


A ira
A ira é um estado de descontrole da paixão ou um desejo
imoderado de vingança. O descontrole da paixão é a raiva, que
chega a modificar nosso semblante; a vingança imoderada
consiste em vingar-se quando não nos cabe vingar ou vingar-se
de alguém que não nos fez nada que merecesse vingança.

A ira provoca ainda:

indignação - é nossa irritação contra alguém que achamos


injustamente que está irritado conosco
maus pensamentos e juízos temerários
gritos e agitação
blasfêmias
acusações injustas
rixas e brigas

Lembremos do exemplo de Jesus Cristo, manso e humilde de


coração, e peçamos a Ele que faça o nosso coração semelhante ao
seu. Diz ainda as Sagradas Escrituras: na vossa paciência,
possuireis as vossas almas.

A IRA É COMBATIDA COM A PACIÊNCIA.


A preguiça e a tibieza
Este vício pode ser considerado de dois modos:

a) em geral: é a inclinação a procurar o repouso e o conforto do


corpo: chama-se preguiça

b) em particular: é o tédio pelas coisas espirituais, pela oração e


por tudo que nos aproxima de Deus : chama-se tibieza

No Antigo Testamento vemos como o povo hebreu sentiu


saudades da escravidão do Egito e reclamou contra Moisés e
contra Deus por terem fugido. E isso, apesar de todas as
demonstrações de amor que Deus dava constantemente a eles: a
travessia do Mar Vermelho, o maná, as perdizes, a água tirada da
rocha, as curas milagrosas pela serpente de bronze etc. Esta
atitude do povo hebreu mostra bem o que é a tibieza, e como nos
prejudicamos quando nos afastamos do caminho da oração e do
amor de Deus.

Como a tibieza opõe-se à Caridade, ela provoca um pecado


mortal, pelo qual ofendemos a Deus, agimos contra o primeiro
mandamento e recusamos os meios que Deus pôs a nosso dispor
para alcançarmos a salvação.
A preguiça e a tibieza
A tibieza leva a alma aos seguintes pecados:

desespero da salvação
pusilanimidade - é a atitude medrosa, fraca, envergonhada,
diante das coisas de Deus e da Igreja, tanto no nosso coração
quanto nas manifestações exteriores da nossa Fé.
fraqueza no cumprimento dos Mandamentos
rancor e raiva contra os que nos chamam a atenção para que
voltemos a rezar.
ódio das coisas espirituais que impedem a alma de se soltar no
pecado
atenção voltada para as coisas ilícitas, interesse por elas, desejo
de as praticar.

Este vício é dos mais difíceis de se extirpar. O peso da alma é


grande e a leva a cometer muitos pecados. É preciso fugir dele
com todas as forças, pois cada dia ele cresce e se cria novas raízes
na alma. Nunca deixar de rezar um pouco, mesmo que isso custe
muito para a alma. Procurar com muita freqüência o
confessionário e pedir ao padre ajuda para sair da escuridão.
Confiar em Nossa Senhora e pedir a ela que devolva as forças da
alma.

A PREGUIÇA É COMBATIDA COM A DELIGÊNCIA


É hora de
colocar a
mão na
massa!
Com todo este conteúdo, vamos planejar o ano?
Qual o seu defeito dominante? Aquele
que foi a raiz de todos os seus outros
defeitos do ano?

Ira
Soberba
Luxúria
Avareza
Preguiça
Inveja
Gula
Identificado? Então as suas maiores
metas pessoais do ano será focado
em realizar a virtude oposta ao defeito
dominante.

"Mas não é pouco?" Com certeza, não.


São Francisco de Sales já dizia "Pouco
e bem, pouco e longo tempo."

Agora veremos como ordenar tudo


isso no planejamento do ano.
Critérios de ordem
Os cinco dedos na imagem anterior são:

— os trabalhos profissionais, simbolizados pelo


dedo indicador;

— os deveres religiosos, representados pelo


dedo médio;

— as obrigações familiares, figuradas no dedo


anular;

— o descanso e a cultura, expressas pelo dedo


mindinho;

- e as responsabilidades de caráter social,


refletidas no dedo polegar.

Francisco José de Almeida


Muito provavelmente o defeito dominante estará
em cada um desses campos. Ele pode entrar com
alguns de seus defeitos "filhas" tanto na oração, nos
lazeres, nos afazeres... como você já o conhece,
saberá identificá-lo e, por meio do exame de
consciência, consiguirá vê-lo com mais clareza.

Por exemplo, se o meu defeito dominante é a


preguiça. No campo espiritual poderei ser tíbio,
rezarei pouco e mal, negligenciarei a oração, não
farei leitura espiritual. No campo profissional, farei
as coisas mais ou menos, acumularei as tarefas por
preguiça de fazer, acabarei prejudicando o próximo.
Nos deveres familiares, não ajudarei em casa,
ficarei resmugando muito, meu quarto será uma
zona. No descanso, ficarei utilizando meu lazer para
fazer tudo o que não for esforço, navegarei horas
pela internet sem foco, utilizarei o lazer até na hora
que deveria estar fazendo alguma obrigação, vou
acordar tarde e dormir tarde. Nas
responsabilidades de caratér social, não olharei
para as necessidades do outro, escolherei sempre o
mais comôdo pensando em mim...
Está vendo como vamos montando um quebra-
cabeça? O temperamento ajuda a identificarmos
mais facilmente o nosso defeito dominante, ele
afunila e nos aponta. Já o defeito dominante mostra
as nossas maiores faltas em cada um dos campos da
nossa vida.
O foco é ir no vício mais presente e ir extirpando
ele com a virtude oposta. Pois como disse o Pe.
Baeteman:

Tomai só uma resolução: sim, uma só. Alguns têm a mania de


fazer coleções delas, de mudar delas todos dias! É o melhor
meio de desperdiçar inutilmente as próprias forças e de não
chegar a nada.

Penetre a resolução em vós com a força de uma idéia fixa, pois


não deveis saltitar de virtude em virtude, como o pássaro de
galho em galho. Sim, uma só resolução, porém boa, precisa,
oportuna, bem refletida, bem amadurecida, bem preparada.
Planejando o
tempo
Para planejar seu ano, mês e dia é necessário
dispor de uma ferramenta. Vamos escolher a
melhor para você?

O que usar?
PARA QUEM PREFERE MANUAL
Agenda (Mais simples, para quem não gosta de muitas
divisões);
Planner (Mais completo, tem tudo! Pode imprimir e
colocar na parede (lembrando que sempre sai
modelos lá no telegram da @alegrerotina <3), tem os
de mesa e os tradicionais (que se podem ser levados
facilmente para qualquer lugar). A escolha é sua. Os
de mesa e os de parede são bons para caso você seja
mais esquecido(a)
Bullet Journal (Este é para usar da criatividade!)

PARA OS ORGANIZADORES DIGITAIS


Notion (O queridinho de 2021);
Google agenda (O clássico).
(Desculpem minha limitação de indicação para eles, não
conheço muitos, eu sou do time manual haha)
E AGORA? COMO EU
PLANEJO MEU DIA?
Francisco José de Almeida

1. Antes de mais nada, perguntarmo-nos com sinceridade o


que temos de fazer hoje — não o que nos agrada ou nos é
mais fácil fazer.
2. Montar a seqüência do que temos de fazer: isto exige que
definamos para cada ocupação o momento exato em que
devemos realizá-la. Quantos esquecem esta verdade
elementar: só se pode fazer uma coisa de cada vez; por
isso andam intranquilos, com as mãos numa coisa e a
cabeça em outra, com interrupções e descontinuidades.
Definir o momento exato de cada coisa é poder entregar-
se a ela de corpo e alma, concentrado na perfeita
execução e com paz de espírito.
3. Ser realistas na avaliação do tempo que cada coisa nos vai
exigir; qualquer erro nesta matéria compromete as coisas
que vêm a seguir, e o dia transforma-se num corre-corre
estabanado ou em omissões que sacrificam outras coisas
que também tinhamos de fazer.
4. Esse planejamento realista precisa ter em conta não
apenas o fazer, mas o fazer bem feito: "Devagarinho, e boa
letra, que fazer as coisas bem importa mais do que fazê-
las"'. É preciso prever o tempo para poder começar e
acabar - "o inferno está cheio de coisas feitas pela
metade", diz o ditado e para isso é preciso trabalhar com
folga suficiente com serenidade e paz. Festina lente, diz o
provérbio latino: "apressa-te lentamente"; o que também
se pode traduzir pelas palavras que, segundo se diz, D.
Pedro II costumava dirigir ao seu cocheiro quando tinha
de sair. "Vá devagar porque tenho pressa". Não se trata de
um convite à indolência, mas à previsão do homem
prudente.
Francisco José de Almeida

5) Neste sentido, nem tudo o que é urgente deve ser resolvido


na hora. Há questões urgentes que têm de ser pensadas,
consultadas, ou até — depois de se ter chegado a uma
conclusão — deixadas em banho-maria por um certo tempo
para ganhar maior certeza. É uma grande verdade que, em
alguns problemas, quem não conta com o tempo, o tempo se
encarrega de desmenti-lo. Mas isto não é um convite à
protelação; é um convite para que se pense urgentemente.

6) Prever o que temos de fazer hoje significa também prever


que temos de fazer hoje a parcela diária daquilo que tem de
ficar pronto daqui a uma semana, um mês, um ano... Um
estudante sabe que, se em cada "hoje" não dedica ao estudo
pessoal um certo número de horas, ao fim do semestre ou do
ano não conseguirá ir bem numa prova; não adianta que
conte com noitadas à base de café, coca-cola: esses
conhecimentos engolidos secos sem mastigar, colados com
cuspe, irão desqualificá-lo para uma carreira profissional
séria. Isto aplica-se a todo o tipo de ocupações a médio ou
longo prazo os que adiam dizendo "tenho tempo" mesmos
que, com frequência, depois acabam lamentando: "Já não
tenho tempo".

7) Contar com os imprevistos de todo o gênero. Se são


imprevistos é porque não podemos programá-los, é óbvio,
mas podemos precaver-nos. Se saio de casa com o tempo
justo, o mais natural é que tenha de pedir desculpas pelo
atraso. "Não buzine; saia mais cedo" diz a sabedoria do irmão
da estrada. Nunca se viu um trem que saísse antes de outro
pelo mesmo trilho e chegasse depois. Aliás, por que há
pessoas a quem acontecem mais imprevistos do que a outras?
Conspiração cósmica?
Francisco José de Almeida

8) Ter postos de observação — por exemplo, ao meio-dia, depois


de terminada uma tarefa ou antes de entrar numa nova, etc. —
para ver se até esse momento tudo se cumpriu ou se vai cumprir
a tempo e horas. Porque, se há atrasos que não se podem
recuperar, há outros que têm remédio dentro do próprio dia.
Muitas vezes, será preciso refazer a nossa agenda segundo as
novas circunstâncias. É assim que procede o capitão de um
navio em mar alto, que tem de corrigir a rota com frequência.

9) De qualquer maneira, é necessário fazer um balanço ao fim do


dia, porque a experiência tem de ser assimilada. Onde foi que
perdi o tempo? Que coisas omiti ou não acabei? Por que furei
este prazo ou faltei àquele compromisso? Se não há dúvida de
que a ordem é uma virtude — não uma qualidade com que se
nasce, embora uns tenham por ela maior inclinação natural que
outros isso significa que tem de ser adquirida e cultivada, e
portanto pode e deve ser aprimorada de dia para dia.
Assim estamos em condições de amanhã não tropeçar na
mesma pedra de hoje, e de aumentar a nossa capacidade dc
realização. Henry Ford costumava dizer que sempre é possível
melhorar o ritmo da produção.

IO) Todo o nosso planejamento cai por terra quando surge um


dever de caridade. Se o meu próximo precisa de mim agora —
alguém da família, um colega de escola ou de trabalho, esse
desconhecido que se acidentou ou desmaiou quando eu passava
por ele, toda a minha ordem consiste em abandonar o que vinha
fazendo, ou ia fazer para socorré-lo. A parábola evangélica do
bom samaritano (cfr. LC IO, 20-37) mostra a diferença entre a
verdadeira ordem e a que não é senão um disfarce do egoísmo,
entre a verdadeira religião e a falsa. "Isto não estava no meu
plano para esta tarde". Mas estava no plano de Deus.
Francisco José de Almeida

11) E na mesma linha da ordem da caridade, pesa muito a


consideração de que, se a desordem já é um mal para mim,
seria um mal grave se prejudicasse os outros: "Já seria ruim
que perdesses o tempo, que não é teu, mas de Deus, e para a
sua glória. Mas se, além disso, fazes que outros o percam,
diminuis por um lado o teu prestígio e, por outro, aumentas o
esbulho da glória que deves a Deus'". A Deus, Senhor do
tempo, não se faz esperar, e essa é a barbaridade e
desvergonha que cometemos quando o fazemos passar horas
— sim, a Ele, na pessoa dos seus filhos muito amados — em
salas de espera de consultórios médicos e pronto-socorros,
de escritórios de advocacia, nas filas das repartições públicas
ou dos Bancos, dos meios de transporte. etc., etc. No fundo,
são descasos para com Deus por parte dos profissionais, das
autoridades.

12) E uma última observação, dentre as mil que se poderiam


acrescentar, não existem — nem humanamente nem, muito
menos para um cristão — deveres mais importantes e deveres
menos importantes. Se são deveres todos são igualmente
importantes demandem cinco horas ou um minuto. Presidir
pontualmente a uma reunião da empresa, em que se vai por
fim decidir a fusão com uma multinacional, tem a mesma
importância em face da minha consciência que telefonar a
um amigo íntimo pelo seu aniversário.
Calma!
Estamos chegando ao fim!
Mas antes precisamos falar
de algo muito importante:
A
CONSTÂNCIA
Pe. Baeteman
"Fazei-vos fortes, escrevia Ozanam, pois a doen­ça
do século é a fraqueza". Isso que ele dizia então, não
se pode, repeti-lo hoje em dia?
A força é a coragem na provação, a calma no
perigo, a paciência na adversidade e nas dores. Reside,
pois, sobretudo na vontade.
Consiste em dois atos: suportar e empreender.
Suportar a luta, os assaltos, as tentações, as provações,
os sofrimentos. Empreender o combate, a luta
contra os inimigos da alma, organizá-la, querê-la.
prossegui-la com a decisão feroz de ficar firme até
o fim. Ela supõe um certo número de virtudes,
cuja liga dá à alma um trampolim de onde ela se
lança incessantemente, sem jamais desanimar. Estas
virtudes são: a magnanimidade ou grandeza d'alma,
que impele aos nobres empreendimentos e lança em
todas as santas loucuras do zelo. A confiança,
que, apoiando-se em Deus, se sabe, se sente
invulnerável. "Mesmo se ele me matasse, dizia Job, eu
ainda esperaria nele!" A paciência, que faz suportar
cristãmente, valentemente, todos os fracassos,
infortúnios, quedas, dores e adversidades. A
constância, que fixa e finca a vontade essencialmente
mó­vel. Finalmente, a perseverança, que faz querer por
longo tempo e recomeçar sempre.

A vida não é feita para ser vivida, mas para


ser vencida.
O que ela exclui

1. A timidez, misto de amor-próprio e de medo, que


não se atreve, receosa de não ser bem sucedida e de
atrair censuras, e que treme, que estaca diante das
dificuldades e sobretudo diante das
responsabilidades. Foch dizia: "Um homem de
coração deve ser ébrio de responsabilidades!" E esse
não era um tímido, era um Forte!
2. A covardia, que tem medo do esforço, que anda
descendo, que afunda em face do mais pequeno
obstáculo, e que não sabe fazer violência a si mesma.
Como fazer bem, como ser forte, quando esse triste
sentimento vos estreita o coração? Dante havia
gravado esta palavra na fronte de certos habitantes
do inferno : "Não fizeram bem: são uns covardes." (...)
3. A pusilanimidade ou pequenez de alma, que se julga
incapaz de tudo, que não ousa empreender nada,
como se Deus aí não estivesse para fortificar os que
vivem e combatem por Ele e se sacrificam pela sua
glória! Ah! A mania que temos de só contarmos
conosco!

Qquanto mais fortes nos tornamos, tanto mais


reconhecemos até que ponto somos fracos.
Como adquiri-la

1. Ter um sentimento profundo da nossa fraqueza


nativa, das nossas misérias, das nossas taras, das
nossas faltas. Esse sentimento torna-nos pequenos, e
é então que Deus vem tomar-nos, mesmo nas nossas
lamas, porque Ele procura os pequenos
instrumentos. Os outros, Ele os abate.
2. Evitar tudo o que amolece a procura do bem-estar,
das comodidades da vida, de tudo isso a que se
chama "conforto moderno"; não é isso que pode
virilizar um coração; ao contrário, ai o coração
sufoca, morre. (...) S. Francisco de SaIes escrevia:
"Nunca estou tão bem como quando não estou nada
bem". Diríamos nós outro tanto? Evitar a preguiça,
madrasta de todos os vicios, e sobretudo o vício
impuro; pois, onde quer que já não há pureza, não
resta mais senão um pouco de lama num túmulo.
3. Habituar-se a vencer-se nas pequenas coisas, a fim
de ser forte quando for mister vencer-se nas
grandes. Para falar a verdade, podem-se chamar
"pequenas" essas vitórias que nos engrandecem, que
são feitas com um grande coração e pelo nosso
grande Deus? É então pequena coisa o ser
constantemente fiel nas pequenas ocasiões? Não há
nada como isso para formar e forjar as almas. Como
sabermos vencer-nos nas grandes coisas se não
tivermos aprendido a vencer-nos nas menores?
Como adquiri-la

Fazer leituras fortificantes que arrastam e galvanizam a


vontade. A natureza tem um medo instintivo do
sacrificio; mas, quando o vê passar, na vida ou nas
leituras, a coisa é mais forte do que ela, e ela marcha!
Demos-lhe, pois, esse regime poderoso, e não
poderemos deixar de ser arrastados... e talvez mesmo
nos tornemos arrastadores.

Comungar amiúde. " A Eucaristia impele aos atos", diz S.


Tomás. Precisamos dessa seiva divina no coração, para
nos arrancarmos ao nosso incurável egoísmo e nos
lançarmos nas obras que reclamam uma alma habituada
a se vencer. Comendo "o pão da Força", como nos
resignarmos a permanecer sempre fracos? Recebendo
sempre, acaba-se por compreender que também se
deve dar! E como, na hóstia, Jesus dá tudo o que tem e
tudo o que é, se se tiver coração depressa se chega a
dizer: Eu também dou tudo. E, destarte, uma alma forte
brota na Igreja Deus. " Sou o alimento das grandes almas;
come-me, e serás forte" (Santo Agostinho) .
Referências
O Meu Retiro - Padre Baeteman
Meditações para o Retiro do Mês - Pe. Baeteman
A Virtude da Ordem - Francisco José de Almeida
Teología de la Perfección Cristiana - Pe. Royo Marin
https://permanencia.org.br/drupal/node/2111

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Que Deus nos ajude e Nossa Senhora
nos auxilie neste novo ano.

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