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Caridade

João Pedro de Menezes Barsotti

1. O que é ´´caridade``?

A caridade, segundo a Igreja Católica, é uma das virtudes teologais (virtus: força; a virtude
atua como uma força, um complemento para nossa potência, como nos fala Santo Tomás em
´´As Virtudes Morais``; Theo: Deus. Então, ´´virtudes teologais`` são complementos de nossas
potências, forças habituais sobrenaturais, que nos são dadas por Deus e a Ele se dirigem em seu
ato), a qual é fundamental para um cristão, pois o próprio Deus é caridade, e nos ensinou com
o maior exemplo, ao enviar Seu Filho Amado para que padecesse em nosso lugar, e, assim,
pagasse nossa dívida para com Deus, quando Adão e Eva comeram do fruto proibido.

Sendo assim, concluímos que a Caridade é um dos fatores mais essenciais que compõe o ser
humano, pois somente este tem a capacidade, ou seja, a potência de deixar de realizar algo para
si e buscar realizar algo que vise o próximo, com isso, tem-se que a Caridade se trata de uma
transcendência por parte de um indivíduo que buscará realizar o bem ao próximo.

2. O objeto da caridade

A caridade, em seu sentido mais íntimo, serve para que amemos a Deus por meio de boas obras
para com outras pessoas; ao fazermos o bem para alguém, não estamos colocando o fim último
naquilo, pois, como Santo Agostinho nos fala em Confissões, ao colocarmos nosso fim nesta
vida terrena, acabamos nos frustrando, pois somos passíveis de cometer erro; o que nos leva a
concluir que há uma finalidade para qual meu gesto de amor caritativo aponta, que é Deus.

Santo Tomás, em Virtudes Morais, diz que a diminuição da concupiscência é o aumento da


caridade; isto ocorre devido ao fato de nos desapegarmos de nós e passarmos a visar o próximo.
Por fim, conclui-se que, ao nos desapegarmos de nós, e fazermos um gesto que não seja
benefício para mim, ou até seja, mas, que o foco principal seja a ajuda para com o próximo,
estamos realizando um gesto de amor para pessoa, o qual é realizado com Deus em vista, pois
amando o próximo, amamos Deus, ou, também, amamos Deus no próximo.

3. Caridade na prática
Dom Pino, um dos personagens do livro, conhece e passa a cuidar de algumas crianças,
brincando com elas, ou sendo o responsável por supervisionar e cuidar para que as regras
fossem cumpridas, tirando-as, assim, daquela vida corriqueira, no Inferno (este se trata de um
lugar físico da época, onde as pessoas que lá viviam não tinham a uma condição tão boa). Certo
dia, Dom Pino pede ao protagonista que fosse juiz de uma partida de futebol dos jovens, pois
isso os animaria no futebol, pois teria de resolver algumas pendências na igreja.

-Ninguém nunca dá atenção a elas.

-E uma criança que não recebe atenção é uma criança perdida.

Com isso, o protagonista decide por ajudar e parte para apitar o jogo. Ao chegar lá, se depara
com as crianças e as explica que Dom Pino não poderia apitar a partida, porém, lá estava para
substituí-lo. Contudo, mediante à toda situação, as crianças não aceitam tão facilmente que ele
substituísse Dom Pino, então, ele passa a fazer embaixadinhas e acaba agradando-as.

Os preparativos para o início do jogo começam, tiram cara ou coroa; escolhem se querem bola
ou campo... O juiz apita e o jogo começa. Durante a partida, o protagonista os observa jogar e
reflete que não sabia nada sobre as histórias das crianças ali presentes e sobre o que faltava
naquele lugar. Durante uma situação da partida, ocorre que o protagonista acaba por entrar em
conflito com eles, insultos, agressões. Contudo, Dom Pino aparece para apaziguar e evitar que
a situação se agravasse.

Estando um pouco mais distante de onde houve todo o ocorrido, Dom Pino passa a explicar ao
protagonista do porquê as crianças daquele lugar agirem de tal forma, pois haviam recebido um
determinado tratamento desde pequenos, motivo para terem tal caráter.

4. Relação e explicação

Podemos observar que, mesmo Dom Pino tendo suas responsabilidades, preocupações, assuntos
da Igreja, ele decide por participar das brincadeiras junto das demais crianças, ajudando-as,
tirando, assim, uma parte do tempo que poderia utilizar para descanso ou outras atividades que
quisesse; tentando tirá-las daquele ´´Inferno``, no qual viveram até o atual momento, pois sabe
o que estas tiveram de passar, sofreram, e, por isso, agem e se comportam de determinada
maneira; com isso, compreende que foram educadas, ou nem isso, que cresceram tendo de
aprender a lidar com determinadas situações.
Mediante à tal atitude de Dom Pino, nota-se que ele transcende, isto é, ele sai de si e vai em
busca do bem ao próximo, pois, mesmo não sendo uma obrigação dele cuidar das crianças,
decide por abraçá-la e realizá-la como pode, seja brincando com estas, cuidando das regras para
haver um bom jogo, etc., fazendo, assim, com que as crianças pudessem se descontrair e
esquecer um pouco dos problemas e situações que passaram. Assim como São João Bosco fez
ao criar o Oratório às crianças, onde estas se divertiriam, Dom Pino o fez.

Bibliografia:

S. Tomás de Aquino: As Virtudes Morais

Santo Agostinho: Confissões

S. Tomás de Aquino: O Preceito da Caridade - Cristianismo.org

São Pio X: Catecismo – As Virtudes Teologais

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