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FALSA NARRATIVA: DEUS DÁ O QUE CADA UM MERECE

A partir desta semana vamos sempre desconstruir uma falsa narrativa numa
aula e conhecer a narrativa de Jesus (renovação da mente) na aula seguinte.

Para fazer jus aos quatros elementos do processo de transformação; 1º Mudar


as nossas narrativas, 2º Engajar-nos exercícios de treinamento para formação
espiritual, 3º Participar de uma comunidade e 4º Ação do Espirito Santo.

Vamos aprender e praticar um exercício para a formação espiritual (renovação


dos hábitos), em alguns momentos, vamos compartilhar as nossas
experiências uns com os outros (renovação das relações), e, por fim,
pediremos ao Espírito Santo que nos guie a toda verdade (fonte de toda real
transformação).

1. A narrativa do merecimento na cultura.

A narrativa do merecimento está profundamente arraigada em nossa cultura.


Não é para menos, afinal, desde muito cedo aprendemos:

· Em casa: Se você não se comportar bem, não vai ganhar sobremesa, vídeo-
game, etc.
· Na escola: Quem tirar boas notas vai ganhar um prêmio;
· Na igreja: Você decorou o versículo? Muito bem, papai do céu está contente.
Imagine como fica quem não decorou o versículo?

Quando crescemos escutamos coisas do tipo: quem não tem competência não
se estabelece; o mundo premia os melhores, etc.

No fundo, ou no raso mesmo, ao longo de toda a nossa vida todos (pais,


professores, padres, pastores, familiares, amigos, etc.) nos ensinaram a termos
um bom desempenho para sermos bem sucedidos, então, chega um momento
em que se torna muito difícil não adotar a lógica do desempenho também na
relação com Deus. Inclusive porque o bom desempenho tem o seu lugar em
nossa vida e é algo desejável para qualquer pessoa em qual qualquer situação.

2. A narrativa do merecimento na Bíblia

Embora possamos encontrar na Bíblia alguns textos e histórias que possam ser
usados – numa primeira leitura – para endossar narrativa do merecimento, por
exemplo:

· Salmo 1
· Exílio da Babilônia – II Crônicas 36.15-19
· Morte do filho de Davi – II Samuel 12.13-19

Porém, não é essa a narrativa predominante no contexto geral da Bíblia.


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3. Respondendo a narrativa do merecimento presente pela cultura e


pela “Bíblia”

· Da Bíblia para a cultura


Como cristãos, concordamos que Deus respondeu ao pecado [desconexão]
com graça e isso é crucial para entendermos que o elemento fundamental na
“estruturação” do universo é a graça e não o merecimento. Senão vejamos: De
acordo com Atos 17.28: ‘[Em Deus] nós vivemos, nos movemos e existimos’,
então, considerando que é verdadeiro o que Paulo diz, então temos um grande
problema aqui:

1) Se é em Deus que vivemos, nos movemos e existimos;


2) Se a humanidade representada em Adão e Eva optou por uma vida de
pecado, vida em desconexão com Deus;
3) Qual seria a consequência lógica? A humanidade teria que deixar de existir.

E há um agravante: o ser humano é a cabeça da criação, portanto a sua


destruição implicaria a destruição de toda a criação. Por isso, precisamos
compreender de uma vez por todas que não era para nós estarmos aqui, mas
nós estamos. Então se estamos, não é pelo nosso mérito ou merecimento. É
por alguma coisa que não vem de nós. Não tem a ver com merecimento. É
dom de Deus. Há uma disposição em Deus de não dar ao ser humano o que
ele merece; a essa disposição damos o nome misericórdia e graça.

Ilustração: Imagine da seguinte forma, em uma das mãos de Deus esta a


misericórdia e na outra mão a graça. Na mão que esta a misericórdia, esta tudo
aquilo que merecemos; morte, juízo, afastamento de Deus, mas Ele por
misericórdia retêm. Na outra mão de Deus esta a graça, esta tudo aquilo que
não merecemos; amor, bondade, perdão, mas Ele por sua graça nos concede.

Já que isso é verdade numa dimensão cósmica (porque o pecado afeta o


cosmo como num todo), há de sê-lo também na dimensão particular de nossas
vidas, ou seja, se na questão central do universo Deus se baseou em sua
graça para agir, havemos de supor que Ele age assim também nas questões
menores que envolvem nossas vidas no dia a dia.

· De Cristo para a Bíblia


A narrativa central da Bíblia é o evento Cristo – sua vida, morte, ressurreição,
ascensão e volta para consumar todas as coisas – e segundo nessa narrativa
(poderíamos até dizer metanarrativa) Deus sustenta todas as cosias no
universo por meio de sua graça. Não devemos, portanto, ler cada história da
Bíblia e procurar a moral de cada história como se fossem histórias
desconexas, ao contrário, devemos ler cada história como sendo uma sombra
ou prenúncio da Grande História, ou seja, temos que ler cada história e tentar
entender como aquela história está encaixada na história de Jesus Cristo.
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4. É isso que Jesus Cristo ensina


Jesus foi questionado pelo menos duas vezes sobre essa questão: Deus
castiga as pessoas baseado no desempenho delas?

· A primeira – Lucas 13.1-5 – dois eventos terríveis aconteceram: um causado


pela crueldade humana, o outro, um desastre natural. Na mentalidade de quem
pergunta está a ideia de que sofreram porque eram “mais pecadores”, portanto,
merecedores do tal castigo. Jesus, todavia, condenou tal raciocínio e lembrou
aos presentes que precisavam se arrepender, isto é, desistir de suas
respectivas maneiras de pensar e viver.

· A segunda – João 9.1-6 – No tempo de Jesus os religiosos acreditavam que


a doença era causada pelos pecados dos pais ou da própria pessoa que
estava doente a qual poderia pecar ainda no ventre materno. Como aquele
homem havia nascido cego, eles presumiram que era culpa dos pais ou do
próprio homem em seu período de gestação.

Todavia, mais uma vez Jesus não endossou tal narrativa.


Jesus afirma: nem ele nem seus pais pecaram. Com isso Jesus não quer dizer
que nem ele nem seus pais cometeram pecados ao longo da vida, mas sim que
não há correlação direta entre o mal sofrido e o pecado cometido. Além disso,
para não deixar dúvidas de que a vida daquele homem era alvo da graça de
Deus, Jesus curou aquele homem.

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