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Esta é uma questão difícil e sensível. Qualquer resposta deve levar em conta
que todos nós nascemos pecadores e, portanto, dignos de julgamento. A
ênfase consistente do Novo Testamento sobre a necessidade de um segundo
nascimento indica que nosso estado natural é o de pecado, não de inocência
(Jo 3.1-12; Ef 2.1-5; cf. Sl 51.5). Somos “por natureza filhos da ira” (Ef 2.3).
Uma razão é que existem exemplos evidentes nas Escrituras de crianças que
foram salvas. João Batista foi cheio do Espírito ainda no ventre de sua mãe
(Lc 1.15), conforme nos é dito. Na teologia de Lucas, ser cheio do Espírito é
consistentemente visto como um aspecto da obra do Espírito entre aqueles
que são regenerados (Lc 1.41, 67; At 2.4; 4.8, 31; 6.3, 5; 9.17; 11.24).
Esses versículos tornam muito improvável que todos os bebês que morrem
estejam perdidos. Se Deus salvou João Batista e Davi na infância, certamente
podemos concluir que ele salvou, na infância, outros que não tiveram a
oportunidade de crescer. No entanto, também seria injustificável concluir a
partir desses textos que todos os que morrem na infância são salvos. A
regeneração de crianças não parece ser a maneira usual de Deus trabalhar;
devemos ter em mente que “Desviam-se os ímpios desde a sua concepção;
nascem e já se desencaminham, proferindo mentiras” (Sl 58.3).
À luz dessas coisas, alguns sustentam que Deus salva algumas crianças que
morrem e não outras. Eles apontam que isso parece mais consistente com as
doutrinas da eleição e do pecado original.
John Piper e muitos outros, entretanto, acreditam que há mais uma linha de
evidência bíblica que deve ser considerada. Essa evidência nos leva a concluir
que Deus salva todas as crianças que morrem.
Jesus diz, em João 9.41, àqueles que se ofenderam com seu ensino e
perguntaram se ele pensava que eram cegos, ele disse: “Se fôsseis cegos, não
teríeis pecado algum; mas, porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso
pecado.”
O outro texto é Romanos 1.20, no qual Paulo está lidando com pessoas que
não ouviram o evangelho e não têm acesso a ele, mas que têm acesso à
revelação da glória de Deus na natureza:
A questão para nós é que, embora nós, seres humanos, estejamos sob a pena
de julgamento e morte eternos por causa da queda de nossa raça no pecado
e da natureza pecaminosa que todos nós temos, Deus só executa esse
julgamento naqueles que têm a natural capacidade de ver sua glória, e
entender sua vontade, e se recusam a abraçá-la como seu tesouro.
Finalmente, para aqueles que lutaram com esse problema por causa da perda
pessoal, gostaríamos de dizer que saber o que acontece com os bebês que
morrem é um bom lugar para descansar sua alma. Entretanto, é apenas o
segundo melhor lugar para descansar. Como John Piper disse em outro
sermão, também no funeral de uma criança pequena:
Este foi o texto de George Müeller no funeral de sua esposa Mary, que
morreu de febre reumática em 1860. Seus três pontos foram:
O Senhor foi bom, e fez o bem, ao dá-la a mim.
O Senhor foi bom e fez o bem, deixando-a por tanto tempo para mim.
Ele não partiu de Mary e se moveu para a bondade de Deus. Ele começou
com a confiança inabalável na bondade de Deus enraizada em Jesus Cristo e
interpretou sua vida e sua perda à vista dessa bondade.
Nosso cântico final é um apelo ao Espírito de Deus para nos afastar de tudo
na terra que nos tente a não acreditar nisso.
Matt Perman
Matt Perman é diretor de navegação de carreira do The King’s College NYC, blogueiro e
um autor.