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Nome: Ricardo Inácio da Silva

Curso: Pós em Segurança pública IBF 2024


Disciplina: Tópicos Especiais em Segurança Pública

RESENHA CRÍTICA

ROLIM, Marcos. A Síndrome da Rainha Vermelha: Policiamento e


Segurança pública no século XXI. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2006,
p.108-110.

A Exerção dos Direitos Humanos e suas Interferências


envolvendo Questões de Segurança Pública

Rolim, na obra A Síndrome da Rainha Vermelha: Policiamento


e Segurança pública no século XXI, discorre acerca do crime e da violência
e, simultaneamente, discute a respeito das intenções políticas que
abordam essas temáticas. O livro é uma metáfora à personagem Rainha
Vermelha, de Lewis Carroll. O autor e especialista em segurança pública e
direitos humanos proporciona ao leitor peculiaridades inusitadas no que
tange às relações entre o crime e a juventude, além de enfatizar o papel
da mídia na ênfase dada a tais acontecimentos. As concepções do autor se
distribuem em oito capítulos, nos quais ele se vale de dados da moderna
criminologia para analisar exemplos e confrontar com práticas da polícia
de outros países. Por fim, o especialista preconiza formas de repensar as
práticas policiais e sugere medidas mais eficientes. Ademais, ele
recomenda moldes de recuperação para sentenciados de crimes violentos
e a viabilidade da prática de justiça restaurativa.
Esta resenha consiste em avaliar os capítulos 1, 3, 6, 7 e 8,
da obra de Rolim, fazendo uma síntese e evidenciando críticas a respeito
das concepções presentes nos referidos capítulos.

O autor, inicialmente, evidencia os anais das polícias no


mundo, depois enfatiza o modelo de policiamento Brasil, ao qual ele
chama de modelo reativo, traça comentários desfavoráveis e esclarece
por que razão é um modelo improdutivo e ineficaz.

Mais adiante, o especialista além de exibir estudos


realizados a respeito de ações policiais que não logram êxito,
sugestiona o que pode dar certo. Vale ressaltar que o especialista faz
ponderações a respeito de dois modelos alternativos de policiamento
– o Policiamento Comunitário e o Policiamento Orientado para a
Solução de Problemas – analisando as vantagens e desvantagens de
tais modelos. É importante frisar que Rolim trata das modernas
descobertas da criminologia no que concerne às razões, sejam elas
familiares, individuais ou sociais, que impulsionam ao ato violento e,
consequentemente, ao crime. Convém lembrar que as relações entre
crime e juventude são disseminadas em várias partes do livro, nas
quais o autor elucida que a violência e o crime fazem parte da vida de
jovens no mundo inteiro. Ele estabelece uma relação entre o uso de
drogas e a prática de violência e põe em suspeita a eficácia das prisões
para adolescentes.
O estudioso salienta que a prevenção da criminalidade
focada no risco é uma ideia introduzida pela medicina e por vários
estudos da saúde coletiva, já que a prevenção em saúde pública e a
educação preservam uma estreita relação com a área de segurança. Além
disso, Rolim também questiona a real necessidade de a mídia expor esses
crimes, uma vez que depois de expostos, podem repercutir resultados
devastadores, visto que é comum a mídia brasileira divulgar de forma
inconsequente notícias que envolvem tais assuntos, priorizando-os em
jornais de horário nobre. O autor questiona também a respeito da
possibilidade de reabilitação de condenados violentos, expõe resultados
de pesquisas feitas e discute sobre as práticas bem sucedidas no mundo. É
oportuno lembrar que o padrão de Justiça Restaurativa, aplicado em
países que obtêm resultados positivos, é uma prática ainda ignorada e
inexplorada no Brasil.
As estatísticas policiais brasileiras são vistas de forma improfícua, no
ponto de vista de Rolim, visto que os dados recolhidos não têm eficácia
para a elaboração de diagnósticos em segurança pública. O escritor
também explica que o modelo reativo é um modelo tradicional de
policiamento, o qual determina que é preciso que um crime seja cometido
e que a polícia seja informada do ocorrido, para então atuar.

O policiamento ostensivo é a ideia de “prevenção”, a qual


é privilegiada nesse modelo tradicional. Acontece que se um indivíduo
está determinado a cometer um crime, ele não irá mudar de
comportamento em razão da presença da polícia, mas sim escolher
outra oportunidade e outro lugar. Mediante o exposto por Rolim nesta
obra, é possível inferir que várias são as razões que facilitam a
consumação de um crime, já que muitos episódios ao longo da vida
podem instigar criminal impulsionando-a ou reprimindo-a.
Concordamos com a opinião de Rolim que há várias soluções viáveis,
restam às autoridades e aos órgãos competentes repensar e aumentar
o investimento em relação a segurança pública, adotar os modelos
eficazes de outros países, aplicar as medidas de prevenção associadas a
fatores de risco.

Concordo também com Luiz Eduardo Soares, no prefácio


do livro, quando diz que é possível superar essa situação através de
projetos específicos como as “delegacias legais” e as reformas do
espaço físico das delegacias e da mudança do próprio conceito que
temos de uma polícia ineficiente e descuidada, em razão da falta de
investimento na estrutura e em pessoal qualificado. O policiamento
orientado pode ser a solução de muitos problemas de segurança
pública no Brasil, pois projetos desse tipo foram desenvolvidos nos
EUA, a partir de experiência inovadora de policiamento comunitário,
patrocinada pela polícia de Nova York, cujos resultados foram exitosos.

É importante, pois, salientar que é necessário uma grande


reforma no Brasil, em vários setores, a começar pelo
comprometimento dos gestores de segurança pública, pela inovação
dos projetos de capacitação e melhorias salariais, porque não pode
haver uma reforma profunda com baixo valor remuneratório. Isto
posto, a valorização do policial deve ser um excelente e fundamental
ponto para um novo começo, a recuperação de sua dignidade e
melhores condições de trabalho vêm somar para que o país possa ter
forças para “sair do lugar” e não ficar preso à “Síndrome da Rainha
Vermelha”.

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