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Atividade Autoinstrucional

Resenha do livro: A arte de fazer um jornal diário (Ricardo Noblat)

Grupo 2 - pág 11 a 42

Alunos: Ana Clara; Ana Júlia Cafaggi; Esther Christine; Luís Filipe.

Professora: Raquel Salomão

Matéria: Técnicas de Produção Jornalística

Capítulo I

O Futuro dos Jornais

Noblat diz que os donos das empresas de jornais parecem ter firmado uma aliança para
“acabar” com seu produto, pois, administram mal suas empresas e os jornalistas insistem em
seguir um modelo de jornalismo que desagrada as pessoas. Ele exemplifica sua fala, contanto
que entre março de 2001 e março de 2002, os 15 maiores jornais brasileiros diminuíram sua
circulação em 12%, deixando de vender 346.376 exemplares. A Associação Americana dos
Jornais, anota queixas comuns de seus leitores há cerca de 50 anos, e, os jornais pouco fazem
para atender às queixas de seus consumidores.

Além dos leitores relatarem muitas críticas ao conteúdo do jornal, que, segundo eles, vai mais
de acordo com os próprios jornalistas do que com o público, leitores brasileiros também
criticam o preço dos jornais, o que é uma verdade, pois, no Brasil, jornais de qualidade são
precificados a um valor que não é acessível a toda a população. Um fator que contribui para o
elevado preço dos jornais no Brasil é que grande parte da matéria prima usada em sua
produção é importada. Noblat ainda diz que o modelo jornalístico estava em xeque pois o
medo de mudar é maior do que o de conservar algo que se desmancha no ar, e que é o
conteúdo que vende o jornal.

Capítulo II

Sem olhar para a TV


Um jornal, é ou deveria ser um espelho da consciência crítica de uma comunidade em
determinado espaço de tempo. Um espelho que reflita com nitidez a dimensão aproximada ou
real dessa consciência, mas que não tentava ampliá-la. Os leitores também são responsáveis
por um bom ou mau jornalismo, pois eles têm o poder de decidir se querem ou não comprar
um jornal.

Um jornal não pode se deixar ficar para trás à medida que os seus leitores avançam, pois isso
acabará com o futuro dos jornais. A democracia depende de cidadãos bem informados e o
jornal depende da confiança pública, e deve ser visto não como um produto, mas como um
serviço público. O jornal deve transmitir entendimento pois é dele que deriva o poder, e em
uma democracia, o poder é dos cidadãos.

Os jornalistas possuem quatro deveres, sendo eles:


1) Dever com a verdade;

2) Dever com o jornalismo independente;

3) Dever com os cidadãos;

4) Dever com sua própria consciência.

O jornalismo não tem nenhuma relação com as corporações de comunicação, que


reconhecem o poder da mídia e, por meio delas, querem influenciar governos e querem lucro.
Essas corporações conspiram contra o jornalismo de qualidade e é uma ameaça grave ao
pluralismo de opiniões.

Quem matou Tim Lopes

Assim como não existe verdade absoluta, também não existe verdade absoluta. No início do
novo milênio ninguém mais tinha assegurado o direito de ir e vir livremente nas grandes
metrópoles brasileiras. Porque então o jornalista da TV Globo, Tim Lopes imaginou que
poderia sair ileso da incursão a uma favela carioca onde pretendia filmar escondido a
exploração sexual de menores? Tim Lopes foi uma das vítimas da paixão insaciável pelo
jornalismo. Além disso, a omissão do Estado, incapaz de garantir a segurança dos cidadãos,
empunhou a espada dos traficantes de drogas que retalhou o corpo de Tim.

Tim Lopes se expôs ao risco porque grassa por toda parte, cada vez mais, um tipo de
jornalismo que não distingue o que interessa o público do que é de interesse público. Notícia
e espetáculo se confundem, usa-se de técnicas de shows para fingir uma realidade, e a
fantasia garante a audiência.

Era de interesse público a denúncia de que menores são explorados sexualmente por líderes
do narcotráfico nas favelas do Rio. A forma de documentar, no entanto, foi errada e
irresponsável. Tim Lopes tinha uma minicâmera oculta, subiu sozinho o morro e acabou
preso, cruelmente torturado e morto. Seu corpo foi incinerado em meio a pneus.

Noblat diz que o que interessa ao público nem sempre é de interesse público. Estimular os
baixos instintos do ser humano interessa uma fatia expressiva do público, aumenta as vendas
de um jornal e amplia a audiência das emissoras. Proceder dessa maneira é condenável, pois,
em vez de contribuir para a elevação dos padrões morais da sociedade, o jornalismo os
rebaixa.
Há outro aspecto na tragédia de Tim Lopes que precisa ser comentado. Porque sou jornalista
e porque vivemos em uma democracia estou liberado para valer-me de qualquer recurso que
assegure à sociedade o direito de tudo saber? Posso roubar documentos, mentir, gravar
conversas sem autorização, violar leis?

Para que sejam mais respeitados, os jornalistas precisam repensar com mais seriedade os
fundamentos do jornalismo.

Valores preservados

Antes da televisão, os fatos só aconteciam quando eram publicados nos jornais. Esse
acontecimento refere-se à alcançar uma ampla repercussão. A força dos jornais era derivada
da credibilidade que eles ganharam do público. A televisão subtraiu dos jornais o papel de
“produtor de fatos”. Isso não seria visto de forma negativa se o interesse da televisão fosse
orientado para além dos interesses mercantis.

Os jornais que resistem à influência avassaladora da televisão ainda são capazes de enxergar
a relevância social de um fato e de lhes dar a devida importância. Já a televisão comercial
examina o fato à luz da riqueza de imagens que possa oferecer, e da audiência que ela possa
atrair. Por esse motivo, muitos telejornais dão espaço a notícias sem relevância, mas que são
visualmente belas. Temos como exemplo o ataque americano e inglês ao Iraque no final de
1998. Ele ocupou a atenção das emissoras enquanto era capaz de produzir imagens de aviões
decolando, mísseis explodindo e dos estragos feitos em Bagdá e nos seus arredores. Quando
essas imagens cessaram, a televisão não falou mais sobre o assunto.

A função social do jornalismo é exercida com mais propriedade pelos veículos de


comunicação impressos. O perigo se encontra na subordinação dos jornais aos princípios que
instruem o jornalismo televisivo. Ao mesmo tempo que o jornal é um negócio como qualquer
outro, ele é diferente de qualquer outro. Ele existe para servir ao conjunto de valores que
orientam o aperfeiçoamento de uma determinada sociedade, como a liberdade, a igualdade
social e o respeito aos direitos fundamentais do ser humano.

Para cumprir esse papel, o jornal não pode abdicar desses valores, mesmo que isso implique
colidir com as leis de mercado, que se resumem em oferecer ao leitor apenas aquilo que ele
quer, ou, pensa que quer.

Jornalista não é Deus

Um jornal ou um jornalista nunca devem deixar a ética profissional de lado a fim de


conseguir determinada informação.
Infelizmente, é muito comum que tanto a imprensa brasileira quanto a internacional
atravessem essa linha tênue ao publicar informações obtidas por meios considerados
fraudulentos e ter acesso a informações fazendo-se passar por outra pessoa, tudo pelo furo
jornalístico.
Considerando-se acima da lei, jornalistas roubam documentos, se apresentam sob falsa
identidade e gravam conversas às escondidas, com o pretexto de estarem fazendo um serviço
de utilidade pública ao trazer determinada informação à mídia.
Em alguns momentos os jornalistas omitem sua própria identidade, se passando por
advogados, policiais e até criminosos, tudo para conseguir a informação privilegiadamente.
Algo que, além de antiético, pode até atrapalhar os acontecimentos naturais de um fato,
fazendo com que as pessoas envolvidas tomem decisões diferentes ou deem declarações que
anteriormente não dariam.

Casos da vida privada

Publicar notícias sobre a vida particular de pessoas que podem ou não estar na mídia é um
debate um tanto quanto polêmico na redação de um jornal.
Alguns jornalistas argumentam que jornal é feito para vender e que tal tipo de notícia vende.
Como ajudaram a vender mais exemplares notícias sobre os namoros da princesa Diana e o
envolvimento com drogas da atriz Vera Fischer.

Quando se trata de alguém que possui grande influência no cotidiano da população é um


pouco mais aceitável a divulgação de determinadas informações, mas, ao se tratar de uma
pessoa comum, com sua privacidade invadida sem o menor contexto informativo e sendo
apenas para fomentar colunas de fofocas, perde-se a razão e até a seriedade da notícia.

De olho na história

Jornalista gosta de trabalhar contra o relógio — e esta é uma de suas virtudes e um dos seus
graves defeitos. Consegue produzir uma ótima edição e de fechar sem atraso dezenas de
páginas quando atropelado em hora imprópria por um fato importante. Mas, se o dia está
pobre de notícias quentes, pode atrasar o fechamento e de fazer uma edição medíocre.

Algo interessante, já que notícias relevantes existem por toda parte, basta observar com
atenção. Notícias que revisitam episódios importantes da vida de um povo que jazem
esquecidos e incompletos, trazendo pesquisas, consulta de documentos e um olhar histórico
sobre os fatos, é algo totalmente possível para um jornalista.

Um bom exemplo disso foi uma série de matérias produzidas pela repórter Ana Beatriz
Magno para o Correio Braziliense, onde narrou a viagem de Cabral em forma de diário de
bordo, como se tivesse embarcado junto com o navegante português. E descreveu
paralelamente diversos aspectos do mundo na época do Descobrimento, sendo um grande
sucesso entre os leitores.

Boa notícia vende

Notícia está no curioso, não no comum; no que estimula conflitos, não no que inspira
normalidade; no que consegue abalar pessoas, estruturas, situações, não no que apascenta ou
conforma; no drama e na tragédia e não na comédia ou no divertimento. Isso explica a
quantidade exacerbada de notícias negativas e trágicas que compõem todos os jornais do
mundo.

É fato que as matérias retratando as mazelas da realidade vendem mais, tanto no jornal
impresso, quanto na televisão, no rádio, etc. Mas, é preciso observar também que as pessoas
precisam de certa dose de boas notícias para que não se concentrem apenas nas desigualdades
e injustiças do mundo. O meio de comunicação que adotar esse novo olhar talvez até receba
certa vantagem na disputa de vendas devido a seu diferencial.

Capítulo III
Sobre a arte de apurar

O autor, em seu texto intitulado "Sobre a arte de apurar", contextualiza sua experiência em
redações de jornal na década de 1960 e aborda as características dos jornalistas da época.
Destaca a existência de três tipos de profissionais: aqueles que apuravam bem, mas não
escreviam; os que escreviam, mas não apuravam; e a "grande figura humana", que era
valorizada por sua disposição em auxiliar os colegas, mesmo não sendo hábil nem em apurar
nem em escrever.

O autor narra um episódio específico envolvendo um jornalista chamado Eunício Campelo,


que, apesar de sua falta de habilidade jornalística, ganhou destaque ao se envolver no
sequestro do navio Santa Maria por um grupo rebelde português. Eunício, em uma atitude
inusitada, se ofereceu para apoiar a revolta em nome da imprensa. O autor ressalta a mudança
nas demandas do jornalismo contemporâneo, enfatizando a necessidade de profissionais
polivalentes, capazes de apurar, escrever e editar em diversos meios, incluindo jornal,
internet, rádio e televisão.

Destaca também a importância da síntese e do domínio de recursos visuais, como gráficos e


infográficos, na comunicação jornalística moderna. O autor enfatiza que o jornalista não é
remunerado pelo número de palavras, mas sim pela qualidade e eficácia na transmissão de
boas histórias. A capacidade de "pensar visualmente" e utilizar recursos visuais é destacada
como essencial para o profissional contemporâneo.

Contra a pressa

Dito é que a verdade não é absoluta, é subjetiva e vai da percepção de cada pessoa. O
jornalista vai a fundo em busca da verdade, porém, a notícia que escrevem é destinada a um
público, e é aí que percebem que tem um peso bem maior do que imaginavam, que seria
escolher a verdade, para assim, transmiti-lá.

É uma responsabilidade gigante, jornalistas influenciam muitos leitores com os trechos que
escrevem, e por isso o cuidado deve ser redobrado. No momento atual prezamos pela rapidez
nas notícias, e é o que tem manchado tanto as páginas de tantos jornais, que para uma boa
notícia seja feita é necessário apurar, pesquisar, pensar, para aí sim, a notícia está pronta para
ser lida. Nessa altura do campeonato, quem busca por notícias e informações rápidas, deve
optar por veículos como a televisão, rádio e internet, o jornal deve se preocupar no
desconhecido, no mais aprofundado.

Dêem graças a Deus

Um leitor, pode até não gostar de uma notícia, mas um jornalista precisa sempre enaltece-lá e
dar graças a Deus de tê-la encontrado. Mesmo que não seja do seu interesse, ou vá contra
seus princípios e valores é necessário transmitir informação, é o que deve ser feito.

Alguns leitores têm o pensamento ultrapassado de acreditar que os jornais são ferramentas do
Estado, e em parte, realmente são, mas vai muito além disso. Tudo que está acontecendo é
transmitido, e se um jornal não passar tal informação, outro passará.

Perdão, erramos
Como estamos todos suscetíveis a errar, com o jornal não é diferente, eles erram, porém a
maioria, por puro ego ou soberba, não reserva um lugar para admitir o erro, para se retratar.
Erros foram feitos para serem admitidos.

Os leitores sabem que erros podem acontecer, e na maioria das vezes, estão dispostos a
perdoar, cabe aos jornalistas assumirem o papel e se retratarem, isso mostra honestidade e
caráter, e automaticamente, aumenta a credibilidade do jornal em questão.

O que é Jazz

No fim, quando estamos na frente de uma sabemos identificar,´’Uma vez perguntei o que era
jazz’ o músico respondeu: “Quando ouvir saberá”. Notícia está no dia a dia, na rotina dos
leitores que saem para trabalhar e chegam cansados,nos médicos que trabalham e esperam
por avanços nas medicações, está no assalariado que torce todo ano por um aumento no seu
salário, ou até mesmo na queda de preço do arroz no mercado.

Tudo é notícia, mas nem tudo gera interesse ou impacto na vida de alguém, isso deve ser
pensado na hora de escrever sobre determinado assunto, primeiro se perguntar se o tema o
interessa e depois, se ele pode vir a interessar o público.

Um por todos, todos por um

A prevalência da prática de buscar notícias dentro da redação em detrimento da investigação


externa. O autor critica a adoção generalizada de pautas comuns entre jornais e jornalistas,
destacando que essa abordagem é motivada por facilidade, conveniência e redução de riscos,
além de representar uma economia para as empresas. O autor argumenta que essa tendência
resulta em uma falta de originalidade e diversidade nas notícias veiculadas. Ele aponta que a
prática é favorecida por organizadas assessorias de imprensa de entidades governamentais,
partidos, sindicatos e empresas, enquanto os leitores e, no final, os próprios jornais, são os
prejudicados.

Quanto vale um detalhe

Enfatizando a importância do exagero na apuração de informações para notícias ou


reportagens, sugerindo que é preferível coletar mais dados do que o necessário. Recomenda-
se iniciar um esboço mental do texto durante o processo de apuração para facilitar a
identificação de informações faltantes ou excedentes. O autor destaca que a credibilidade de
uma história aumenta quando apresentada em detalhes.

O autor exemplifica a necessidade de detalhes ao abordar o caso do índio Galdino, que foi
queimado em Brasília. Argumenta que a precisão sobre a quantidade de álcool utilizado foi
crucial para a condenação dos assassinos, indicando que esse detalhe influenciou a sentença.
Conclui que mesmo notícias relativamente curtas podem ganhar credibilidade quando
narradas com riqueza de detalhes, ressaltando a importância de considerar a relevância do
fato para determinar a extensão da notícia.

Só para quem tem faro


Estar atento a diversos elementos para identificar notícias, incluindo o ambiente onde ocorreu
uma história, o silêncio de uma pessoa entrevistada e o nervosismo de alguém. O autor
enfatiza a necessidade de possuir "faro" para encontrar notícias em situações aparentemente
comuns. O jornalista Bob Fernandes é mencionado como exemplo de um repórter
excepcional que consegue farejar notícias onde aparentemente não existem.

Um episódio específico é narrado para ilustrar a habilidade de Bob Fernandes. Durante uma
revolta popular em Brasília em 1986, o governo tentou retratar os manifestantes como
"baderneiros" e "perigosos subversivos". Fotografias fornecidas pelo Serviço Nacional de
Informações (SNI) sugeriam que um rapaz carregava um objeto suspeito, possivelmente uma
bomba. Bob Fernandes, na época repórter do Jornal do Brasil, foi o único a investigar o caso,
descobrindo que o objeto era uma lata de Nescau roubada por um lavador de carros. O título
irônico "O guerrilheiro Nescau" na entrevista desmoralizou a narrativa alarmista do governo.

Elementar, meus caros

Noblat diz que já leu que os americanos inventaram o jornalismo de investigação na década
de 1970, e depois ele se espalhou pelo mundo, mas que isso é uma bobagem. Além do
jornalismo que se limita a alinhavar declarações, todo jornalismo que se preze é de
investigação, pois investigar é o mesmo que apurar. A investigação pode exigir maior ou
menor esforço, durar muitos ou poucos dias, custar caro ou barato ao jornal, mas é impossível
prescindir dela. Sem investigação não se faz jornalismo de boa qualidade.

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