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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE - UERN

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIENCIAS SOCIAIS - FAFIC


DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - DECOM
DISCIPLINA: CRÍTICA DA MÍDIA
DOCENTE: JULIANA BULHÕES ALBERTO DANTAS
DISCENTE: JOYCE DAYANE DA COSTA PINTO

ATIVIDADE DE REPOSIÇÃO - FALTAS

MOSSORÓ – RN

A PRECARIZAÇÃO DA PROFISSÃO DO JORNALISTA:


O JORNALISTA DE PÉ E O SENTADO.
O filósofo alemão Jürgen Habermas se refere à dupla função que a imprensa de
qualidade desempenha: atender a demanda por informação e formação. Ele ressalta que, para
o leitor enquanto cidadão, a imprensa de qualidade, que ele chama de “jornalismo
argumentativo”, desempenha um papel de “liderança”. De modo que o jornalista seja, não
apenas um comunicador, mas também uma figura de responsabilidade.
A profissão de jornalista é uma das mais antigas e importantes na história da
humanidade. É por meio dela que se faz a comunicação direta entre a sociedade e os
acontecimentos do mundo. Apesar de ser uma profissão indispensável, os jornalistas vêm
enfrentando nos últimos anos uma situação muita grave: a precarização.
A precarização da profissão de jornalista é um fenômeno global que tem afetado não
só o Brasil, mas diversos países. Ela se caracteriza pela falta de empregos formais, salários
baixos, falta de investimentos em formação e condições de trabalho inapropriadas. Isso acaba
gerando um grande aumento no número de jornalistas que trabalham como freelancers e sem
carteira assinada.
Um dos principais fatores que tem contribuído para a precarização da profissão de
jornalista é a chamada Teoria do Jornalista Sentado, defendida por alguns empresários de
mídia. Essa teoria parte do princípio de que a informação produzida pelos próprios cidadãos,
por meio das redes sociais, pode ser suficiente para suprir a demanda de notícias da
sociedade. Dessa forma, a função do jornalista seria apenas selecionar e editar o que já está
disponível na internet. O que difere do “Jornalista em Pé”, que seria aquele que vai as ruas.
Essa teoria é extremamente prejudicial para a profissão, pois evidencia a
desvalorização do jornalismo como uma atividade profissional e a submissão da mídia aos
interesses empresariais. Além disso, ela ignora a importância do trabalho e da formação do
jornalista, que passa anos estudando técnicas de apuração e produção de conteúdo, bem como
ética e responsabilidade social.
Embora a internet tenha tornando a pesquisa de informação mais fácil e rápida, o
jornalismo sentado pode ser problemático em vários aspectos. Para começar, a falta de
contato direto com as pessoas, eventos e locais, faz com que haja uma grande possibilidade
de interpretações erradas da história, além de um maior risco de informações imprecisas.
Além disso, o jornalismo sentado pode levar a uma perda do senso de urgência e da
importância de ser o primeiro a cobrir uma história. Quando um jornalista pode buscar
informações sem precisar sair do escritório, ele corre menos risco de perder a reportagem
para um concorrente que possa estar lá pessoalmente para cobrir.
Também há a questão da ética e do papel do jornalista em relação aos fatos. Se ele não
estiver presente no local e presenciar o que aconteceu, ele corre o risco de recontar a história
com base apenas em informações filtradas por outras pessoas ou organizacionais e, dessa
forma, perder sua credibilidade como um jornalista confiável.
Por esses fatores, o jornalismo se torna cada vez mais vulnerável e passa a ser um
espaço em que o compromisso com a verdade e a ética são cada vez mais afastados em nome
dos interesses de empresas, governos e grupos políticos. Portanto, é fundamental que os
profissionais de jornalismo, assim como a sociedade como um todo, exijam o respeito e a
valorização da profissão, o fim da precarização, a garantia de direitos trabalhistas, a formação
continuada e a ampliação das oportunidades de emprego. Somente assim, será possível
garantir um jornalismo independente e de qualidade como instrumento de informação e
liberdade.

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