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Caio Bontempo
Objetivo
O trabalho pretende analisar a reportagem Fortuna Oculta, escrita pelo jornalista Gilberto
Nascimento para o veículo independente The Intercept, de modo a questionar alguns
levantamentos e métodos utilizados pelo jornalista para a construção da reportagem.
Análise
. O questionamento a ser levantado aqui parte do princípio de que o autor não descreveu de
onde vem essas informações, apenas abriu a reportagem com a espetacularização da luxúria
da mansão. O que essa informação no primeiro parágrafo agrega ao jornalismo independente?
Será uma crítica ao monopólio dos líderes de igrejas, comum na grande mídia liberal, ou uma
ferramenta de espetacularização da reportagem? Ao finalizar a releitura, é possível assimilar
a abertura da reportagem com reportagens exibidas em grandes corporações midiáticas, e
ainda relacionar a metodologia da reportagem com o modelo de objetividade de Schudson,
que valoriza os fatos em submissão dos valores de modo a perpetuar o senso comum.
Ainda nesse sentido, chama atenção o perfil das fontes que o jornalista usou para validar a
reportagem e a distância entre o entrevistador e os entrevistados. Em um jornalismo
independente, que se propõe a fazer oposição aos conglomerados midiáticos, é de se esperar
que a reportagem aborda as diversas camadas sociais da realidade, mostrando uma
perspectiva diferente da fabricada. É necessário que o repórter se aprofunde no espaço
ocorrido e que dialogue com a população local sobre os fatos. Contudo, todas as fontes são
oficiais e não há pluralidade na reportagem. Corretor de imobiliária, empresário que fornece
informações, juíza a prefeitura, e as igrejas evangélicas.
Observa-se que a reportagem atua em favor de uma elite econômica e dos seus interesses
quando aborda disputas judiciais, rinhas de pastores sobre legitimidade e poder o que torna a
reportagem nada mais do que uma ferramenta nas mãos de quem é poderoso e busca ter
justiça se assemelhando ao papel desempenhado pelo jornalismo hegemônico. Uma
reportagem escrita por um jornalista renomado, sobre corrupção e rinhas de pastores, com
fontes homogêneas, não consegue abordar a dimensão de um contexto social em todas as suas
complexidades e que faça oposição ao jornalismo hegemônico. Ao reler a reportagem é
possível assimilar o uso de fontes oficiais e a presença massiva de contextos sociais
burgueses, que estão historicamente atrelados a corrupção da igreja, com a teoria da
marginalização proposta por Chomsky, uma vez que a reportagem foi escrita por um
jornalista de protagonismo social, com fontes e valores que perpetuam esses mesmos
protagonistas, de modo a seletar a reportagem em um único público e para um único público.
Conclusão
Referências
Chomsky, Noam. Título: Who Rules The World, Editora: Editorial Presença, 2016