Alfredo Cristiano Keil nasceu no dia 3 de Julho de 1850, em Lisboa, filho de Maria
Josefina Stellflug, de ascendência alsaciana, e de Johann Christian Keil, exilado político
proveniente de Hannover que se tornou um dos mais conceituados alfaiates da época: viria inclusivamente a trabalhar para o rei D. Luiz e para grande parte da nobreza portuguesa e estrangeira. Johann Christian investiu também, com sucesso, em diversos outros negócios, o que proporcionou à família Keil excelentes condições económicas. Alfredo beneficiou, por isso, de uma educação privilegiada. Estudou no Colégio de Santo António e, com oito anos de idade, inicia os seus estudos musicais com Antonio Soller. Frequenta depois o Colégio Britânico, em Lisboa, e viaja pela Europa. O seu opus 1, Pensée musicale, uma peça para piano que dedica à sua mãe, foi composta aos doze anos de idade. Antes
A Primavera em Colares Alfredo Keil
de completar dezoito anos ingressa na Academia Real de Belas-Artes de Nuremberga. Em 1870, o conflito franco-prussiano força-o a regressar a Portugal, onde prossegue estudos de pintura com Miguel Lupi, desenho com Joaquim Prieto, e música com António Soares, Ernesto Vieira e Óscar de la Cinna. Como pintor foi diversas vezes premiado e a sua obra foi exposta com sucesso em Madrid, Paris e Rio de Janeiro. Como compositor, fez estrear em 1883 a ópera Susanna no Teatro da Trindade. Em 1888 é estreada, no São Carlos, Donna Bianca, sobre poema de Almeida Garrett: mereceu trinta récitas e reposição no ano seguinte, sendo igualmente um sucesso no Theatro Lyrico do Rio de Janeiro. Data de 1890, como resposta ao Ultimato Inglês, a composição d’A Portugueza, partitura mais tarde adoptada como hino nacional. Em 1893 estreia-se Irene no Teatro Régio de Turim, vindo a ser condecorado pelo Rei Humberto de Itália. Apaixonado por ópera, chega a trocar correspondência com Verdi e Massenet, recebendo elogios pelo seu trabalho. Serrana, a sua ópera mais famosa e mais marcante, com libreto de Henrique Lopes de Mendonça, em português, foi levada à cena em 1899. Foi a primeira a ser cantada em português no São Carlos, muito embora a estreia tenha sido ainda em italiano, e a ópera portuguesa de compositor português que mais vezes se repôs ao longo do século XX. O talento de Alfredo Keil não se esgotou na pintura e na música. Foi também coleccionador (reunindo mais de quatrocentas peças de valor inestimável que integram, hoje, o Museu Nacional da Música) e poeta (leia-se Tojos e rosmaninhos, postumamente publicado). Faleceu aos cinquenta e sete anos, a 4 de Outubro de 1907, em Hamburgo, deixando vasta obra pictórica (cerca de duas mil peças) e musical (ainda por catalogar...) – de que ficaram, infelizmente, duas óperas incompletas: Simão, o Ruivo e A Índia.
O MPMP Património Musical Vivo é uma plataforma de
descoberta de música e de músicos portugueses. Move-nos a curiosidade, o prazer da surpresa e a vontade de desafiar passado e futuro, construindo diálogos inesperados entre repertórios antigos e novas sonoridades. Acreditamos na ALFREDO KEIL necessidade de dinamizar, valorizar e fazer crescer o nosso meio musical. Somos o 12/12/23, 18h palco de muitas vozes e a música é o nosso guião. Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves Saiba mais em www.mpmp.pt .
Ana Sofia Ventura, soprano
Mrika Sefa, piano Duarte Pereira Martins, apresentação PROGRAMA NOTAS BIOGRÁFICAS
Ana Sofia Ventura concluiu, em 2014, a licenciatura em Canto na
Escola Superior de Música de Lisboa. Entre 2015 e 2017, integrou Gabriel Fauré (1845-1924) Alfredo Keil (1850-1907) Le Papillon et la Fleur das Douze mélodies a International Opera Academy em Ghent. Estreou, na presente Mai III. Guitare temporada do Teatro Nacional de São Carlos, a ópera O rouxinol, de Au bord de l’eau VII. Autrefois Sérgio Azevedo. Interpretou vários papéis mozartianos, como Rainha XI. Regret da Noite, Susanna ou Zerlina, bem como Cathleen em Riders to te Claude Debussy (1862-1918) Green das Impressions poétiques Sea de V. Williams, Belinda em Dido e Eneias de Purcell, Cephisa em Spleen V. Chant Marin Orpheus de G. P. Telemann ou Civene em Le Cinesi de C. W. Gluck, entre IX. Chanson du Nord outros. Participou igualmente na estreia moderna de La Ninfa del Tago, XII. Bohémiens de Alessandro Scarlatti, com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, de Tôjos e Rosmaninhos sob a direcção de Enrico Onofri, cantando o papel de Tirsi. Apresenta- Promessas se regularmente com diversas orquestras e agrupamentos, tendo já Sacrilégio interpretado a Sinfonia n.º 4 de Mahler, o Messias de Haendel, a Missa Cantiga de Cego em si menor de J. S. Bach ou a Lauda per la Natività del Signore de O. Adieu Respighi.
Mrika Sefa nasceu no Kosovo, onde começou o seu percurso musical.
Azenhas do Mar, Alfredo Keil Foi aluna do Conservatório de Música de Pristina (Kosovo), antes de ingressar na Academia de Música em Basileia (Suíça). Enquanto bolseira da B.O.G. (Stiftung Basler Orchester-Gesellschaft) e da Fundação artista, teve a oportunidade de completar a licenciatura na Universidade de Berna e o mestrado na Universidade de Lucerna. Em 2022 concluiu o mestrado em música de câmara, na Hochschule für Musik und Theater (Leipzig). Entre os diversos prémios que arrecadou, destacam-se o 1° prémio no concurso de piano YAMAHA (Suíça) e o 2° prémio no Concours Musical de France. Mrika dedica grande parte do seu tempo à música de câmara, trabalhando regularmente com canto. Fundou o Duo Litanei com o violoncelista Hugo Paiva. Dedica-se regularmente à performance de música contemporânea, tendo trabalhado com grupos como o Ensemble Contemporary Insights, Ensemble Contemporâneo da Póvoa de Varzim e Ensemble Concrète LAB, com os quais estreou obras de Rui Antunes, Agustín Castellón Molina, Wieland Hoban ou Corie Rose Soumah. Os seus interesses também passam por outras áreas artísticas. Trabalha regularmente com o artista plástico Fidel Évora, em projectos interdisciplinares, e envolve-se com frequência em projectos de teatro.