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UniAGES

Centro Universitário
Bacharelado em Enfermagem

VANESSA SANTOS OLIVEIRA TADZIO

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO DIAGNÓSTICO E


TRATAMENTO DA INFERTILIDADE FEMININA
DECORRENTE DA ENDOMETRIOSE NO SISTEMA
PÚBLICO DE SAÚDE

Paripiranga
2021
VANESSA SANTOS OLIVEIRA TADZIO

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO DIAGNÓSTICO E


TRATAMENTO DA INFERTILIDADE FEMININA
DECORRENTE DA ENDOMETRIOSE NO SISTEMA
PÚBLICO DE SAÚDE

Monografia apresentada no curso de graduação do


Centro Universitário AGES como um dos pré-requisitos
para obtenção do título de bacharel em Enfermagem.

Orientador: Prof. Me. Wellington Pereira Rodrigues.

Paripiranga
2021
VANESSA SANTOS OLIVEIRA TADZIO

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO DIAGNÓSTICO E


TRATAMENTO DA INFERTILIDADE FEMININA DECORRENTE DA
ENDOMETRIOSE NO SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE

Monografia apresentada como exigência parcial


para obtenção do título de bacharel em
Enfermagem à Comissão Julgadora designada
pelo colegiado do curso de graduação do Centro
Universitário AGES.

Paripiranga, ___ de __________ de 2021.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Me. Wellington Pereira Rodrigues


UniAGES

Prof.
UniAGES
Dedico o presente trabalho a minha mãe Solange por sempre acreditar e incentivar
na realização desse sonho, ao meu pai Genivaldo (in memorian) por nunca duvidar
do quanto eu chegaria longe, esposo Lohan por me motivar a nunca desistir, por me
apoiar e encarar junto comigo todos os desafios que surgiram ao longo da
caminhada, às minhas filhas Maria Júlia e Manuella por serem fontes de inspiração
em toda jornada acadêmica, minha irmã Alexsandra e meus sobrinhos Wesley e
Weslany por toda confiança e apoio vocês foram fundamentais para que eu
chegasse até aqui, amo vocês.
AGRADECIMENTOS

Ao longo dessa caminhada de cinco anos de dedicação, muitos desafios foram


superados com o apoio das pessoas que tiveram ao meu redor. Termino a trajetória
acadêmica mais resiliente e muito grata por todos ensinamentos adquiridos no
caminho, trago comigo marcas de uma jornada intensa que me fará lembrar pra
sempre o quanto sou forte e como fui capaz de superar meus próprios limites para
realizar meu grande sonho.
Hoje comemoro esta vitória e é com o coração transbordando de amor que
gostaria de agradecer primeiramente a Deus pois foi ele que me deu forças nos
momentos mais difíceis de medo e insegurança, quando por diversas vezes eu
desacreditei que conseguiria superar momentos tão delicados que surgiram no
decorrer do curso. A minha mãe Solange por ser meu alicerce, acreditar e me
incentivar todos os dias a prosseguir, mãe obrigada por nunca soltar minha mão! Ao
meu pai Genivaldo (in memorian) por todo amor, mimo e pela família linda que me
proporcionou ter!
Ao meu esposo Lohan por ter sido meu abrigo nos dias mais dolorosos da
caminhada, obrigada por não medir esforços para que eu pudesse levar meu sonho
adiante, depositando amor, confiança e apoio emocional, ter você ao meu lado foi
essencial para enfrentar os desafios da jornada, essa vitória é nossa! eu amo você.
Agradeço as minhas filhas Maria Júlia e Manuella os presentes que eu ganhei
no meio do caminho, junto com a chegada de vocês veio uma montanha de
sentimentos que intensificaram ainda mais o processo, obrigada por me mostrar que
eu sou capaz de me desdobrar em muitas versões diariamente, vocês são meu
incentivo diário e minha fonte de inspiração para ir cada dia mais longe, eu amo vocês
incondicionalmente.
A minha irmã Alexsandra, por acreditar que eu poderia chegar tão longe, por
todo companheirismo, por alegrar meu coração e trazer luz aos meus dias, aos meus
sobrinhos Wesley e Weslany, por motivar desde o início para a concretização desse
sonho. Ao meu cunhado Sidonio por todo apoio emocional.
A minha amiga e meu presente desde o primeiro período da jornada
acadêmica, Rafaela, atravessar essa jornada com você do meu lado tornou os dias
mais leves, nossa capacidade de enfrentar tudo juntas durante cinco anos é
surpreendente, obrigada por enxugar minhas lágrimas tantas vezes, por me sustentar
e deixar bem claro que íamos conseguir embora tudo estivesse tão difícil, nós
conseguimos, obrigada por tanto. Ao meu amigo Maurício por todo incentivo e por
nunca desacreditar que esse dia chegaria, seu apoio contribuiu para essa realização.
Aos meus professores por todo conhecimento adquirido, em especial ao
orientador Wellington Pereira Rodrigues, pelo auxilio na construção deste trabalho,
aos familiares e amigos que contribuíram direta ou indiretamente para essa conquista,
a todos vocês o meu muito obrigada!
Diante da incredulidade do seu coração e
da infertilidade do seu sonho, lance a
semente da fé e a sua confiança num Deus
que tudo pode fazer.

Anderson Cássio de Oliveira.


RESUMO

A Endometriose assim como Infertilidade Feminina tornou-se um problema de saúde


pública devido as repercussões físicas e psicossociais causadas pela impossibilidade
de o casal em idade reprodutiva gerar um filho de maneira espontânea após um
período de tentativa de 12 meses sem uso de nenhum método contraceptivo. A
Endometriose trata-se de uma doença ginecológica de caráter crônico de
etiopatogenia desconhecida, sintomatologia inespecífica e difícil diagnóstico que
atinge cerca de 70 milhões de mulheres em todo o mundo e está entre as principais
causas de Infertilidade na mulher. O presente estudo tem como objetivo geral
descrever a assistência de enfermagem para mulheres portadoras de infertilidade
decorrente da endometriose. Trata-se de uma revisão de literatura integrativa e
descritiva de abordagem qualitativa e quantitativa realizada através do levantamento
de dados bibliográficos publicados entre os anos de 2017 a 2021, foram encontrados
835 artigos e selecionados 60 para a elaboração da pesquisa seguindo os critérios de
inclusão como artigos científicos português e internacional na íntegra de publicações
entre 2017 a 2021 que abordem conteúdos e exclusão a partir de informações de sites
médicos, publicações anteriores ao ano de 2017, blogs ou sites não científicos,
mediante a utilização de bases de dados como Literatura Latino-americana (LILACS),
Scientific Eletrinic Library (SCIELO), Google Acadêmico, Biblioteca Virtual em Saúde
(BVS), livros de saúde da mulher, cadernos da medicina (UNIFESO), retirados do
(decs.bvs.br): Enfermagem, Infertilidade, endometriose, saúde pública, saúde da
mulher, políticas nacionais do Ministério da Saúde, acessados no período de agosto
a dezembro de 2021. Os resultados e discussões foram apresentados através de
gráficos de representação dos artigos encontrados, excluídos e utiliza dos,
porcentagem de artigos encontrados de acordo com diferentes bases de dados,
representação gráfica da quantidade de artigos de acordo com o ano de publicação,
além de tabelas e textos que demostraram a importância do enfermeiro na assistência
integral à saúde da mulher e no diagnóstico precoce da endometriose para prevenir
complicações como a infertilidade. Com isso, conclui-se que o estudo possibilitou
compreender as estratégias terapêuticas de diagnóstico e tratamento da
endometriose disponíveis na rede pública além de discutir sobre o papel do enfermeiro
na assistência integral, humanizada e no atendimento qualificado à saúde da mulher
dentro do serviço público de saúde.

PALAVRAS-CHAVE: Enfermagem. Endometriose. Infertilidade. Saúde da Mulher.


Reprodução Humana Assistida.
ABSTRACT

Endometriosis, as well as Female Infertility, has become a public health problem due
to the physical and psychosocial repercussions caused by the impossibility of the
couple of reproductive age to spontaneously generate a child after a 12-month trial
period without using any contraceptive method. Endometriosis is a chronic
gynecological disease of unknown etiopathogenesis, unspecific symptoms and difficult
diagnosis that affects about 70 million women worldwide and is among the main
causes of infertility in women. The present study has as generais objective to describe
the nursing care for women with infertility due to endometriosis. This is an integrative
and descriptive literature review with a qualitative and quantitative approach carried
out by collecting bibliographic data published between the years 2017 to 2021, 835
articles were found and 60 were selected for the elaboration of the research following
the inclusion criteria as Portuguese and international scientific articles in full
publications between 2017 and 2021 that address content and exclusion from
information from medical sites, publications prior to 2017, blogs or non-scientific sites,
through the use of databases such as Latin Literature. Americana (LILACS), Scientific
Electronic Library (SCIELO), Academic Google, Virtual Health Library (BVS), women's
health books, medicine notebooks (UNIFESO), taken from (decs.bvs.br): Nursing,
Infertility, endometriosis, public health, women's health, national policies of the Ministry
of Health, accessed from August to December 2021. The results and discussions were
presented through graphs representing the articles found, excluded and used,
percentage of articles found according to different databases, graphical representation
of the number of articles according to the year of publication, in addition to tables and
texts that demonstrated the importance of nurses in comprehensive care for women's
health and in the early diagnosis of endometriosis to prevent complications such as
infertility. Thus, it is concluded that the study made it possible to understand the
therapeutic strategies for diagnosis and treatment of endometriosis available in the
public network, in addition to discussing the role of nurses in comprehensive,
humanized care and in qualified care for women's health within the public service of
health.

KEYWORDS: Nursing. Endometriosis. Infertility. Women's health. Assisted Human


Reproduction.
LISTA DE FIGURAS E TABELAS

1:Tabela 1: Coleta de bases de dados segundo critérios de inclusão e exclusão,


2021............................................................................................................................18
2:Figura 1: Antes do SUS: Como se (des)organizava a saúde no Brasil sob a ditadura,
2021............................................................................................................................21
3:Figura 2: Como o movimento das mulheres contribuiu para a construção do SUS,
2021............................................................................................................................24
4:Figura 3: Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher,
2021............................................................................................................................29
5:Figura 4: Dez cuidados primordiais para à saúde da mulher,
2021............................................................................................................................31
6:Figura 5: Focos da Endometriose, 2021...................................................................34
7:Figura 6: Método de reprodução assistida através da técnica do meio de cultura,
2021............................................................................................................................39
8:Figura 7: Visualização da parede intra-abdominal por Videolaparoscopia,
2021............................................................................................................................46
9:Figura 8: Coleta de material sugestivo de Endometriose para confirmação
diagnóstica, 2021........................................................................................................34
10:Figura 8: Endometriose: Diagnóstico e tratamento clínico, 2021...........................47
11:Tabela 2: Artigos e livros coletados de acordo com o título, autores, ano de
publicação, tipo de estudo e objetivo, 2021................................................................63
12:Tabela 3: Artigos com títulos, país e metodologia utilizada, 2021.........................67
LISTA DE GRÁFICOS

1:Porcentagem do total de material bibliográfico coletados para o estudo segundo as


bases de dados, 2021.................................................................................................55
2:Distribuição do valor total de material bibliográfico coletados para o estudo,
2021............................................................................................................................55
3: Quantidade de artigos encontrados entre nos anos de 2017 a 2021, 2021...........56
LISTA DE SIGLAS

AB Atenção Básica
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANS Agência Nacional de Saúde Suplementar
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CDEEPE Conjunto de Dados Essenciais de Enfermagem para o Atendimento
às Portadoras de Endometriose
ESF Estratégia Saúde da Família
LDA Lei dos Direitos autorais
SESP Serviços Especiais de Saúde Pública
SUS Sistema Único de Saúde
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................14

1.2 METODOLOGIA...................................................................................................15
1.2.1 Tipo de pesquisa.......................................................................................15
1.2.2 Amostragem.............................................................................................16
1.2.3 Critérios de inclusão e exclusão ...............................................................17
1.2.4 Categorização dos estudos ......................................................................17
1.2.5 Análise de Dados .....................................................................................18

2 DESENVOLVIMENTO.............................................................................................20
2.1 História da Saúde Pública no Brasil..................................................................20
2.2 Saúde da Mulher no Sistema Único de Saúde..................................................23
2.3 Causas da Infertilidade na Mulher e a Reprodução Humana Assistida no
Brasil...........................................................................................................................32
2.4 Fisiopatologia da Endometriose na Infertilidade................................................39
2.5 Sinais e Sintomas: Diagnosticando a Endometriose.........................................42
2.6 O enfrentamento de Mulheres Portadoras de Endometriose............................47
2.7 Tratamento da Endometriose na Rede Pública.................................................49

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................54
3.1 O enfermeiro no Diagnóstico de Endometriose associado a Infertilidade..........67
3.2 Tratamento da Infertilidade feminina e Endometriose no Sistema Público de
Saúde.........................................................................................................................71
3.3 Atenção Integral à Saúde da Mulher no Sistema Público de Saúde................74

4 CONCLUSÃO..........................................................................................................76

REFERÊNCIAS..........................................................................................................78

ANEXOS....................................................................................................................85
14

1 INTRODUÇÃO

A infertilidade feminina é caracterizada pela incapacidade de a mulher em idade


reprodutiva engravidar de maneira espontânea após um período de tentativa que
consiste em 12 meses com atividades sexuais frequentes sem uso de métodos
contraceptivos, estudos indicam que diversos fatores podem dificultar a fertilidade
natural e a endometriose está entre as principais causas, uma vez que, cerca de 30-
50% das mulheres portadoras da doença ginecológica são inférteis, atualmente a
prevalência da patologia em mulheres com idade reprodutiva é de 70 milhões de casos
em todo o mundo, as manifestações clínicas são variadas e podem ser sintomáticas
ou não (SILVA, 2019). Dados provenientes da literatura indicam que a fecundidade
acontece naturalmente em cerca de 15% a 20% dos casais em idade reprodutiva, no
entanto, estudos contemporâneos sugerem que apenas 2% a 10% de mulheres
portadoras de endometriose não tratada conseguem engravidar (DUARTE, 2021).
No Brasil, pesquisas indicam que cerca de 7 milhões de mulheres são
portadoras da endometriose, pelo menos 3% delas se encontram em período pós
menopausa e 40% inférteis por consequência da doença, ainda assim, mesmo com
uma elevada taxa de prevalência trata-se de uma doença de patogenia, registros e
pesquisas deficientes, bem como, diagnóstico difícil, fator que dificulta ainda mais a
assistência pois leva a mulher a sofrer com a condição pôr em média 7 a 8 anos sem
diagnóstico estabelecido (TORRES, 2021).
Diversos fatores podem estar associados a infertilidade feminina, os quais
consistem em aspectos anatômicos, hormonais, infecciosos, funcionais e patogênicos
que alteram o funcionamento natural do aparelho reprodutivo como ocorre no caso de
endometriose, a qual necessita de uma investigação ampla para um diagnóstico
efetivo. Desse modo, qual a importância da identificação precoce da patologia para a
prestação de uma assistência qualificada à saúde da mulher?
A infertilidade pode ser definida como um problema multifacetado que traz
grandes repercussões e impactos significativos para diversos casais, dessa forma,
tornou-se um problema de saúde pública por ocasionar sofrimento físico, psíquico e
emocional em mulheres inférteis, portanto faz-se necessário uma abordagem
15

abrangente dos sinais clínicos que associado a métodos especializados de


diagnósticos garantem a identificação precoce da patologia e pode proporcionar
tratamento eficaz, aumento da qualidade de vida da mulher, promoção de saúde
biopsicossocial e assistência qualificada frente a prevenção de agravos.
O presente estudo é de suma relevância por abordar conteúdos acadêmicos
direcionados ao papel do enfermeiro frente ao diagnóstico e tratamento da infertilidade
decorrente da endometriose dentro do sistema público, salientando o alto índice de
mulheres portadoras da doença no Brasil da qual apresenta-se de forma silenciosa e
com sintomas inespecíficos que atrasam o diagnóstico e consequentemente a
intervenção terapêutica agravando o quadro clínico e o prognóstico, logo, a
abordagem apresenta uma relevância social pois através do Conjunto de Dados
Essenciais de Enfermagem para o Atendimento às Portadoras de Endometriose
(CDEEPE) o enfermeiro garante ampliação de conhecimentos que qualificam o
atendimento ofertado a sociedade (COELHO, 2021).
Assim, o objetivo geral desse trabalho é descrever a assistência de
enfermagem para mulheres portadoras de infertilidade decorrente da endometriose,
além de identificar as dificuldades da investigação e do diagnóstico precoce a fim de
aprimorar conhecimentos a respeito da doença e qualificar a assistência de
enfermagem prestada para mulheres de baixa condição socioeconômica dentro do
serviço público de saúde. Os objetivos específicos consistem em debater o papel do
enfermeiro na prestação de assistência a mulheres portadoras de infertilidade; discutir
as estratégias de tratamento da endometriose e infertilidade feminina disponíveis
atualmente na rede pública; compreender a importância da assistência integral a
saúde da mulher no sistema público de saúde.

1.2 METODOLOGIA

1.2.1 Tipo de pesquisa


16

O presente estudo possui finalidade de detectar, conhecer, discutir, resolver e


propor ações das quais compete ao profissional de enfermagem as intervenções que
contribuem para o desenvolvimento e avanço da ciência, sendo assim, o trabalho
propõe-se a realizar através da estratégia metodológica de revisão de literatura
integrativa e descritiva, a qual possibilita uma abordagem ampla da problemática
estudada de maneira sistemática e holista. A pesquisa bibliográfica apresenta
importantes contribuições para o investigador referente a possibilidade de formação
acadêmica com melhor qualificação em virtude da participação de pesquisas
científicas, neste cenário, o pesquisador tem a oportunidade de contato com diferentes
áreas que permite a relação com vários profissionais o que favorece a
multidisciplinaridade atrelado aos benefícios na área profissional (MIGUEL;
MESSIAS; DOS SANTOS, 2019).
Corroborando a isso, a definição da estratégia metodológica agrega
fundamentos essenciais para a discursão do tema proposto, o qual consiste em:
Assistência de Enfermagem no Diagnóstico e Tratamento da Infertilidade Feminina
Decorrente da Endometriose no Sistema Público de Saúde, tal revisão anteposta
permite uma síntese de conhecimento adquiridos baseados em evidências que
garantem a aplicabilidade do estudo de maneira detalhada visando melhorar as áreas
de conhecimento do tema priorizado, dessa maneira, é possível despertar no
enfermeiro a importância e a necessidade desse cuidado com diagnóstico e
tratamento da infertilidade, visando reduzir os impactos causado pela infecundidade e
garantir uma assistência qualificada para a mulher.
Para a então realização do estudo sobre o tema referido faz-se necessário a
verificação de algumas etapas essenciais para a elaboração satisfatória do projeto de
estudo, que consiste em escolha do tema seguido de levantamento de dados
bibliográficos; elaboração de pergunta problematizadora; hipótese de solução;
justificativa; objetivo geral; objetivos específicos; metodologia; referencial teórico;
resultados e discussões; conclusão; referências; sumarização; anexos; apêndices
(GONÇALVES, 2019).

1.2.2 Amostragem
17

Para a elaboração do estudo foram então, utilizados artigos científicos, livros,


trabalho de conclusão de curso, teses de doutorado, dissertação de mestrados, leis e
portarias encontradas por meio da base de dados Literatura Latino-americana
(LILACS), Scientific Eletrinic Library (SCIELO), Google Acadêmico, Biblioteca Virtual
em Saúde (BVS), livros de saúde da mulher, cadernos da medicina (UNIFESO),
retirados do (decs.bvs.br): Enfermagem, Infertilidade, endometriose, saúde pública,
saúde da mulher, políticas nacionais do Ministério da Saúde, acessados no período
de agosto a dezembro de 2021.

1.2.3 Critérios de inclusão e exclusão

A utilização da literatura contou uma análise criteriosa dos conteúdos revisados


através da leitura do material encontrado, sendo definido a utilidade através dos
critérios de inclusão como artigos científicos português e internacional na íntegra de
publicações entre 2017 a 2021 que abordem conteúdos a respeito da infertilidade
associada a endometriose, prevalência, sintomas, diagnóstico precoce e tardio,
tratamentos na rede pública, impactos psicossociais, além de sites do Ministério da
Saúde, quanto aos critérios de exclusão deu-se a partir de informações de sites
médicos, publicações anteriores ao ano de 2017, blogs ou sites não científicos.

1.2.4 Categorização de estudos

No que concerne a categorização dos estudos fez-se necessário a coleta de


informações essenciais para investigação e organização do conteúdo proposto, que
buscou agregar conhecimentos fundamentais para a conduta do profissional de
enfermagem frente as intervenções necessárias no quadro de infertilidade com ou
sem diagnóstico prévio de endometriose. Além disso, a análise dos dados foi realizada
de forma qualitativa baseado em características subjetivas das quais exigem um
18

estudo amplo dentro de uma avaliação contextual durante a coleta de dados dos
recursos necessários, também sob uma abordagem quantitativa a qual baseia-se em
estatísticas com representações numéricas para evidenciar o conteúdo abordado,
sendo apresentada por meio de tabelas, gráficos com descrição de material
encontrado em diferentes bases de dados, tabelas do título, autor, ano, abordagem,
objetivo e metodologia do material científico encontrado, além de tabela com números
de materiais coletados, excluídos e selecionados como mostra a tabela abaixo:

Base de Artigos Artigos Artigos utilizados na


dados encontrados excluídos construção

GOOGLE 389 366 23


ACADÊMICO
SCIELO 218 204 14

BVS 165 152 13

LILICS 63 53 10

TOTAL 835 775 60

Tabela 1: Coleta de bases de dados segundo critérios de inclusão e exclusão, 2021.


Fonte: Autoria própria, 2021.

1.2.5 Análise de Dados

No que se refere ao desenvolvimento de pesquisa cientifica é de fundamental


importância a elaboração do estudo pautado na ética garantida pela Lei dos Direitos
autorais (LDA) a qual garante que os autores devem ser mencionados diante da
utilização de suas revisões literárias em diversos campos incluindo pesquisas sobre
ciências humanas e sociais, desse modo, é possível afirmar que a revisão foi
desenvolvida conforme recomenda a Associação Brasileira de Normas Técnicas
19

(ABNT), segundo a lei nº 9.610/1998, além dos aspectos éticos compostos na


resolução 510/2016 (MAINARDES, 2017).
20

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 História da Saúde Pública no Brasil

No Brasil, o contexto de saúde se desenvolve simultaneamente a história do


país, de acordo com Nascimento; Pacheco (2020), isso se decorreu do processo de
colonização sem um programa de ocupação de território que acabou sendo
acompanhada por uma série de repercussões epidemiológicas transfronteiriças das
quais exigiam tratamentos que na época eram ofertados por curandeiros, casas de
saúde com vínculos religiosos ou militares, além disso, a assistência era restrita as
classes superiores da sociedade, as mudanças ocorreram de fato a partir da chegada
da família real no Brasil, onde inicia-se a discursão a respeito da medicina e das
primeiras escolas no país, desse modo, a preocupação com a saúde da população
como um todo surgiu apenas quando começou atingir os negócios da elite, então
manifesta-se a necessidade de implantação de casas de misericórdia, hospitais e
posteriormente por volta da década de 1900 com base nos estudos de Emilio Reis e
Oswaldo Cruz que desenvolveram medidas de prevenção centradas no isolamento
dos pacientes com doenças contagiosas, ressaltava a importância saneamento do
meio, eliminação dos vetores biológicos e proteção das pessoas sadias.
Por volta da década de 1940 percebe-se que as iniciativas de saúde pública
possuíam caráter emergencial, sendo mediadas pelo governo central como medidas
de ações da vigilância de controle ambiental que posteriormente deram origem aos
Serviços Especiais de Saúde Pública (SESP), no entanto, a saúde pública só ganhou
amplitude em 1889 com a Proclamação da República que desenvolveu um novo
modelo sanitarista com o objetivo de erradicar epidemias urbanas e surge um novo
Código de Saúde Pública capaz de transformar a saúde em uma medida coletiva de
responsabilidade do governo (NASCIMENTO; PACHECO, 2020).
De acordo com Nascimento; Pacheco (2020), a discussão de saúde coletiva
veio ocorrer a partir do século XX na era de Vargas com destaque para órgãos e
institutos de política de gestão financeira, entretanto, somente com a constituição
21

federal de 1988 foi que a população de fato conseguiu ter acesso aos serviços
públicos de saúde de forma gratuita através dos hospitais públicos que dava início ao
Sistema Único de Saúde (SUS) o qual é considerado um dos maiores sistemas de
saúde do mundo com ampla rede de atendimento e prestação de serviços que
garantem desde atendimentos ambulatoriais até realização de cirurgias de alta
complexidade, além disso, a constituição de 1988 também foi determinante no
processo de valorização da mulher e na realização de sua cidadania, pois adjunta com
os acontecimentos de lutas travadas socialmente por mulheres ao longo da história,
foi fundamental para viabilizar as instauração das políticas públicas com o objetivo de
construir interação e diálogo entre o Estado e a sociedade civil passando a ser do
Estado o dever de atender demandas principalmente dos grupos excluídos
socialmente, pessoas dos setores marginalizados, esferas desorganizadas e de
seguimentos vulneráveis.

Figura 1: Antes do SUS: Como se (des)organizava a saúde no Brasil sob a ditadura, 2021.
Fonte: cee.fiocruz.br, 2021.
22

Corroborando a isso Lima et al., (2005) afirma que o Sistema Único de Saúde
é robusto e que mesmo enfrentando uma diversidade de problemas consegue realizar
milhões de internações e em torno de bilhões de procedimentos de diferentes tipos
todos os anos, além disso, conta com o Programa Nacional de Imunização que se
tornou um dos mais bem sucedidos do mundo, apresentando alta cobertura alcançada
por todos os imunizantes, outro importante ponto a ser mencionado é a ampla
cobertura do sistema através de conquistas como a criação da Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS); estruturação da vigilância epidemiológica e sanitária
através do Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); estruturação da
Atenção Básica (AB) através da Estratégia de Saúde da Família (ESF).
No que diz respeito ao Sistema Único de Saúde é válido ressaltar que o sistema
representa uma importante conquista para o povo brasileiro, tendo em vista que
promove uma justiça social que atualmente assiste mais de 190 milhões de pessoas
sendo que cerca de 80% desses usuários dependem apenas do sistema para
controle, tratamento e prevenção de doenças, no entanto, mesmo tendo fundamentos
com base nos princípios de universalidade, integralidade e equidade da atenção à
saúde e por ser elogiado mundialmente mediante contemplar um dos mais modernos
sistemas de saúde do mundo, ainda existem diversos fatores que deixam a desejar,
dificultando a prestação de assistência do sistema tornando-o deficiente, inclusive
pela corrupção no investimento público, mão de obra ineficiente e até falta de
informação por parte dos usuários que acarreta problemas na promoção de saúde
tornando o atendimento falho e de baixa qualidade (NASCIMENTO; PACHECO,
2020).
Em virtude dos fatos mencionados compreende-se que os Sistema Público de
Saúde Brasileiro atualmente encontra-se vivenciando um momento delicado e repleto
de obstáculos que acarretam consequências significativas para os usuários,
principalmente pelos efeitos causados pela pandemia do novo coronavírus desde de
março de 2020 quando foi anunciada a pandemia, o qual ocasionou problemas de
cobertura assistencial tanto na atenção primária que é primeira porta de entrada à
saúde quanto no nível terciário onde atendimentos de médio e alto risco também foram
atingidos, aumentando as filas, tempo de espera, diminuição de educação em saúde
e debilitando a assistência através dos programas, dessa maneira, torna-se
23

fundamental a retomada de comunicação social entre os usuários do SUS e usuários


da rede privada como retomada da mobilização dos direitos humanos e de cidadania
(NASCIMENTO; PACHECO, 2020).

2.2 Saúde da Mulher no Sistema Único de Saúde

No Brasil, os últimos 30 anos foram marcados por constantes evoluções


demográficas, socioeconômicas e de infraestruturas que transformaram a qualidade
de vida da população, em termos de prestação de assistência, as modificações
ocorreram a partir a implantação do sistema unificado de saúde com elaboração de
políticas públicas que contribuem de forma significativa para a expansão do cuidado,
com a implementação da Estratégia de Saúde da Família (ESF) pelo Ministério da
Saúde (MS) em 1990 houve um expressivo aumento da acessibilidade dos usuários
ao serviço de saúde, além de aumentar as possibilidades de incrementação de
medidas de recuperação, prevenção de agravos e promoção de saúde (LEAL et al.,
2018).
Partindo da premissa de evolução da saúde no Brasil é válido mencionar a
proporção de melhorias conquistadas a partir da consolidação do Sistema Único de
Saúde (SUS) que proporcionou uma serie de soluções inovadoras e efetivas tornando-
se referência no mundo através de conquistas como: sistema nacional de
transplantes, sistema de hemocentros, emergências e atendimentos pré-hospitalar,
tratamento da SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida- Aids), controle de
doenças não transmissíveis como Diabetes, Hipertensão, rastreamento das doenças
como câncer de mama, câncer de colo de útero, doenças sexualmente transmissíveis,
produção nacional de imunizantes o que aumenta os indicadores de saúde de maneira
expressiva, além do aumento constante da expectativa de vida graças a redução de
taxa de mortalidade materno infantil, imunização de crianças e idosos que ampliam as
possibilidades de sobrevida no primeiro ano, evoluindo na prevenção de doenças até
na terceira idade (SALDIVA; VERAS, 2018).
24

A saúde pública no Brasil alcançou resultados positivos desde a implantação


do SUS, no entanto, ainda enfrenta inúmeras dificuldades que comprometem a
prestação de assistência qualificada, como ocorre na atenção à saúde da mulher que
tanto no Brasil quanto no mundo sempre apresentou uma assistência reduzida e
apesar de contar com o apoio de políticas públicas à precariedade é recorrente, tendo
em vista que, em diversas situações a atenção materno/ infantil se apresenta
frequentemente direcionada ao período gravídico/ puerperal o que evidencia a
deficiência do conceito de prestação de assistência à classe (DA CONCEIÇÃO
COSTA; GONÇALVES, 2019).

Figura 2: Como o movimento das mulheres contribuiu para a construção do SUS, 2021.
Fonte: Cofen.gov.br, 2021.

Os movimentos sociais ocorridos a partir dos anos 70 e 80 quando correu a


reforma sanitária foram fundamentais para dar as mulheres o direito de inclusão social
e revolucionar o conceito de saúde que sucessivamente garantiu importantes
transformações, logo, foi possível contar com a relevante atuação da Lei 8080/90 que
na época significou um grande marco para o sistema de saúde, já que veio para
25

garantir eficiência na realização dos serviços, proporcionar qualidade de vida para a


população, possibilitar o acesso aos direitos fundamentais como saúde, informação e
assegurar a inserção do indivíduo no coletivo de forma integralizada (DA
CONCEIÇÃO COSTA; GONÇALVES, 2019).
Em 1984 o Ministério da Saúde elaborou o Programa de Assistência Integral à
Saúde da Mulher (PAISM) Resolução 123 do INAMPS, o PAISM incorporou como
princípios e diretrizes a descentralização, hierarquização e regionalização dos
serviços, assim como a equidade e integralidade dos serviços sendo resultado do
movimento sanitário associado ao movimento feminista, de forma clara e objetiva o
programa surgiu dentro da rede de serviços com o objetivo de ampliar as questões de
atenção à saúde da mulher, o novo programa incluía ações educativas, preventivas,
de diagnóstico e recuperação englobando a assistência clínica em ginecologia, pré-
natal, parto, puerpério, planejamento familiar, Infecções sexualmente transmissíveis
(IST), câncer de colo de útero e mama e diversas outras necessidades conforme o
perfil epidemiológico das mulheres, ou seja, buscou trazer uma visão holística para o
conceito de saúde, além disso, a associação com a integralidade o qual é um dos
princípios essenciais do SUS facilitou a implementação das melhorias para qualificar
os serviços prestados as usuárias (DA CONCEIÇÃO COSTA; GONÇALVES, 2019).
A criação de um programa de saúde direcionado a assistência da mulher
representa um avanço significativo, pois transfere a associação direta entre saúde da
mulher e saúde materna, tendo em conta que frequentemente as questões relativas à
maternidade atraem prioridade na prestação de assistência, no entanto, a criação do
programa é composta por valores que enfatizam a importância de um olhar amplo
para as mulheres independente a sua capacidade ou opção reprodutiva (CRUZ,
MAUÉS, 2018). Em consonância a isso Santana et al., (2019), afirma que a Política
Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM) consolidou os avanços do
PAISM redefinindo e ampliando a ações de saúde da mulher, a política foi antecedida
pela criação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da
República (SPM/PR) em 1º de janeiro de 2003, com objetivo de trazer melhoria nas
condições de vida das mulheres o que reduziu significativamente as taxas de
morbimortalidades, além de qualificar, ampliar e tornar mais humanizado o
atendimento as usuárias, dessa maneira, o Governo Federal deu um importante passo
26

para a oferta de saúde com a realização da I Conferência Nacional de Políticas para


as Mulheres (I CNPM) em julho de 2004 que representou uma nova era para os
direitos de saúde da mulher, lá foi institucionalizado o PNAISM a qual possibilitou a
garantia dos direitos do público alvo feminino reduzindo agravos por causas evitáveis
com enfoque na atenção obstétrica, abortamento inseguro, planejamento familiar e no
combate à violência doméstica e sexual.
A implantação da PNAISM reflete um compromisso com a saúde da mulher,
visto que, proporciona ações preventivas, assistenciais e promocionais possibilitando
linhas de cuidados conforme estabelece os princípios do Sistema Único de Saúde, no
entanto, a efetividade do serviço na prática ainda pode ser considerado um desafio,
principalmente em regiões onde existe um aumento das dificuldades de acesso aos
serviços de saúde, as mulheres continuam discriminadas, envoltas em uma realidade
de desigualdade social e econômica das quais devem ser compreendida e avaliada
pelos gestores, tal como, principalmente pelos profissionais de saúde, os quais
desempenham um papel fundamental na aplicação dos conceitos de integralidade e
equidade, logo, compreende-se que a efetividade da política não chega de forma
igualitária em todos os serviços de saúde, visto que, na prática depende diretamente
dos políticos gestores para a implantação, assim como, da sociedade civil como
cobradores dos serviços oferecidos (SANTANA et al., 2019)
A situação de saúde envolve diversos aspectos de vida que vão desde as
questões físicas/biológicas até concepções mais amplas de direitos humanos e
cidadania, as mulheres são as principais usuárias do sistema de saúde, tanto para
questões de próprio atendimento quanto para acompanhar familiares, logo, é possível
encontrar na literatura diversos conceitos a respeito da saúde da classe em questão,
no entanto, a saúde da mulher na prática comumente está relacionada a função
reprodutiva tendo a maternidade como seu principal tributo, dessa forma, limita-se à
uma perspectiva de saúde da mulher apenas no contexto de saúde materna ou
ausência de enfermidade (BRASIL, 2004).
Em 1994 a saúde reprodutiva por meio da Conferência Internacional sobre
População e Desenvolvimento (CIPD) torna-se referência através da conceituação
definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) o qual afirma que o conceito de
saúde consiste em completo bem-estar físico, social, mental, em todas as dimensões
27

da sexualidade e reprodução dentro dos direitos que implica no cenário de assistência,


o qual garante que a mulher pode ter uma vida sexual ativa, segura, tendo capacidade
e liberdade de decidir ou não pela reprodução (BRASIL, 2004).
A saúde e a doença possuem relações dentro de um processo que regulamenta
o resultado de fatores econômicos, sociais, culturais, logo, no Brasil as mulheres
fazem parte do grupo em situações de assistência precária, pois o número de
mulheres em situação de pobreza é alto em relação aos homens o que além de
diminuir o acesso aos bens sociais também dificulta o acesso aos serviços de saúde,
dessa forma, o Ministério da Saúde decide editar a Norma Operacional de Assistência
à Saúde regulamentada pela portaria nº 373 de 27 de fevereiro de Fevereiro de 2002
(NOAS 2002) com o objetivo de ampliar as responsabilidades dos municípios na
Atenção Básica, definindo o processo de regionalização da assistência, também cria
mecanismos para fortalecer a gestão do SUS e desenvolve atualizações de
habilitação tanto para os estados quanto para os municípios (BRASIL, 2004).

Dessa forma, fica instituído que, o Ministro de Estado da Saúde, no uso de


suas atribuições, e considerando os princípios do Sistema Único de Saúde
de universalidade do acesso e de integralidade da atenção;
Considerando o disposto no Artigo 198 da Constituição Federal de 1998, que
estabelece que as ações e serviços públicos de saúde integram uma rede
regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único;
Considerando a necessidade de dar continuidade ao processo de
descentralização e organização do Sistema Único de Saúde – SUS,
fortalecido com a implementação da Norma Operacional Básica –SUS 01/96,
de 05 de novembro de 1996; e
Considerando as contribuições do Conselho de Secretários Estaduais de
Saúde – CONASS e Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde
– CONASEMS, seguidas da aprovação da Comissão Intergestores Tripartite
– CIT e Conselho Nacional de Saúde – CNS, em 07 de dezembro de 2001;
Considerando o contínuo movimento de pactuação entre os três níveis de
gestão, visando o aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde, resolve:
Art. 1º - Aprovar, na forma do Anexo desta Portaria, a Norma Operacional da
Assistência à Saúde – NOAS-SUS 01/2002 que amplia as responsabilidades
dos municípios na Atenção Básica; estabelece o processo de regionalização
como estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e de busca de
maior equidade; cria mecanismos para o fortalecimento da capacidade de
gestão do Sistema Único de Saúde e procede à atualização dos critérios de
habilitação de estados e municípios.
Art. 2º - Esta Portaria entra data de sua publicação, cessando os efeitos da
Portaria GM/MS N° 95, de 26 de janeiro de 2001, publicada no Diário Oficial
n° 20-E, de 29 de janeiro de 2001, Seção 1.

Nesse contexto, a partir do processo de regionalização da assistência para


qualificar o atendimento à mulher a NOAS então estabelece para os municípios a
28

prerrogativa de ações básicas como assistência materna/ infantil, de planejamento


reprodutivo/ familiar, prevenção de câncer de colo uterino, prevê a conformação de
sistemas funcionais e com potencial de resolutividade à saúde através dessas
delimitações de ações básicas para serem realizadas pelo município, sendo o
resultado do reconhecimento das dificuldades para a consolidação do SUS, além
disso, a proposta abrange todo um conjunto de ações norteadas pela Política de
Atenção Integral à Saúde da Mulher visando garantir assistência e atenção a
seguimentos de população feminina sem visibilidade além de problemas que afetam
a saúde da mulher (BRASIL, 2004).
Atualmente no Brasil o atendimento inicial a mulher acontece frequentemente
na Atenção Primária à Saúde (APS), que é a base da assistência e presta todo o
suporte relacionado à grande parte dos problemas de saúde da população, existem
diferentes programas de APS em vigência no Brasil e dentre eles está a Estratégia de
Saúde da Família (ESF), a qual tornou-se a principal e mais efetiva modelo de Atenção
Básica (AB) oferecendo atenção curativa e preventiva com a realização de consultas,
exames de menor complexidade, cobertura vacinal, atendimento domiciliar,
assistência de período gestacional e puerperal, acompanhamento continuo do
tratamento de doenças crônicas, realização de educação em saúde para determinada
população que reside de acordo com as regiões de saúde (delimitados por espaços
geográficos que o Estado juntamente com o município determina a cobertura a partir
de questões culturais, socioeconômicas, distanciamento da área urbana e uma série
de fatores são avaliados antes da implementação) (SALDIVA; VERAS, 2018).
Na rede se serviços públicos a Atenção Primária à Saúde oferece assistência
em situações de menor complexidade, no entanto, os de média complexidade e/ou
especializados são ofertados no nível de atenção secundária compostos por
Ambulatório, Unidades de Pronto Atendimento (UPA) hospitais escolas e hospitais
secundários, além dos serviços de vigilância em saúde, enquanto os hospitais de
grande porte ou de alta complexidade representam o terceiro nível na hierarquia do
sistema (SALDIVA; VERAS, 2018).
No que diz respeito a promoção de mudanças para melhor oferta de saúde
direcionada as mulheres, é importante afirmar que em julho de 2004 o Governo
Federal por meio da I Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (I CNPM)
29

deu início ao Plano Nacional de Políticas para as Mulheres com o objetivo de combater
as desigualdades sociais entre mulheres, homens e reconhecer o papel do Estado
através de políticas públicas, além disso, atuar na proteção dos direitos sexuais e
reprodutivos, igualdade no mundo do trabalho, educação inclusiva e promover
enfrentamento a violência contra a mulher, logo, de acordo com a análise do cenário
atual em relação a qualidade de oferta e serviço de saúde para a mulher com vistas
aos direitos que lhe são garantidos por lei é identificável a importância da existência
das políticas voltadas para este público, assim como se faz necessário realizar
investigação da implementação dessas políticas, além de analisar a assistência
prestada se estão conforme preconiza o princípio de integralidade do SUS (DA
CONCEIÇÃO COSTA; GONÇALVES, 2019).

Figura 3: Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, 2021.


Fonte: Net-escola.ufba.br, 2021.

Ao trazer um panorama da saúde pública no Brasil, atualmente observa-se que


a pandemia da Covid-19 anunciada em março de 2020 conseguiu colocar a prova o
potencial de cobertura e resolutividade do sistema, dificultando a qualidade
30

assistencial principalmente na Atenção Primária à Saúde considerada base de


assistência do Sistema Único de Saúde, pois os cuidados para prevenir a
disseminação da doença acabou privando o acesso aos demais serviços de saúde,
ocasionando diminuição das visitas domiciliares, número reduzido de vagas para
atendimento diário nas unidades básicas, dificuldade de realização de busca ativa,
aumento das filas para consultas, além da alta demanda de pacientes hospitalizados
em outros níveis de assistência, lotação ou falta de leitos, desigualdade de distribuição
de recursos entre os sistemas públicos e privados de saúde, todo esse contexto
contribuiu para um cenário de crise política que atingiu homens, mulheres, pretos,
brancos, pardos e todas as classes sociais, de fato, as desigualdades sociais
tornaram-se mais evidentes desde o início da pandemia, em especial a desigualdade
de gênero que ao serem analisadas em conjunto com a dimensão racial mostrou
impactos significativos em evasão escolar, desemprego, pobreza e violência
doméstica (COBO; CRUZ; DICK, 2021).
A partir de 2004, o conceito de saúde da mulher no sistema público de saúde
foi consideravelmente reformulado, visto que, foi a partir do movimento feminista que
o olhar para a mulher foi amplificado independente do período gravídico puerperal,
desde então, a assistência passa a ser integralizada com cuidado humanizado e
atendimento qualificado tanto na atenção obstétrica quanto no planejamento familiar,
planejamento reprodutivo, atenção no abortamento inseguro, além disso, desde então
o Estado passar a atuar contra a violência doméstica e sexual, atualmente a rede de
assistência oferece prevenção e tratamento das doenças sexualmente transmissíveis,
assim como HIV/Aids, as mulheres portadoras de doenças crônicas não
transmissíveis são assistidas e acompanhadas pela equipe multidisciplinar assim
como acontece na referência e contra referência para tratamento de doenças que
necessitam de atendimento especializado, além disso, também foi ampliado as ações
de cobertura para grupos invisibilizados e excluídos das políticas públicas como
mulheres homossexuais, residentes e trabalhadoras da zona rural, e mulheres
encarceradas (MONTRONE et al., 2018).
31

Figura 4: Dez cuidados primordiais para à saúde da mulher, 2021.


Fonte: Google, 2021.

Com base nos princípios de integralidade e objetivando a promoção de saúde


o Conselho Nacional de Saúde (CNS) aprovou a Política Nacional da Saúde Integral
da População Negra com o propósito de combater a discriminação étnico-racial da
assistência no SUS além de proporcionar a implementação de ações especificas para
atendimento dessa população conforme os direitos constituídos legalmente
(MONTRONE et al., 2018).
Um avanço que ganha destaque desde a criação da PNAISM é a perspectiva
de atuação de amplo atendimento com ações que possibilitem a redução de
morbimortalidade de mulheres em todo território brasileiro, para tanto, a política
também inclui adolescentes, desse modo, compreende-se a relevância da abordagem
e discussão da Política Nacional dos Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos (2005),
o qual apresenta diretrizes para garantir os direitos do homem, mulher, adultos e
adolescentes em relação à saúde sexual e reprodutiva com foco no planejamento
familiar, dentre as ações articuladas estar a ampliação da oferta de métodos
contraceptivos no SUS; elaboração de manuais técnicos e cartilhas educativas;
32

capacitação dos profissionais da Atenção Básica para assistência integral no


atendimento de jovens e adolescentes; ampliação de programas educacionais de
saúde e prevenção nas escolas; implementação de serviços de atenção à mulheres e
adolescentes vítimas de violência doméstica e sexual; atenção humanizada para
situações de abortamento e Pacto Nacional pela Redução de Mortalidade Materna e
Neonatal (MONTRONE et al., 2018).
Em virtude dos fatos mencionados é importante compreender que embora as
mulheres representem o maior público presente nos serviços de saúde as políticas
voltadas para o público feminino são consideravelmente recentes, além disso, após o
abandono das medidas assistenciais voltadas apenas para o contexto reprodutivo
torna-se possível e essencial a prestação de assistência mais completa, integral e
holista com relevância das suas características sociais, biológicas e específicas
incorporadas em políticas públicas das quais agora devem prestar um serviço com
cuidados especializados (DA CONCEIÇÃO et al., 2019).
A partir das diretrizes do SUS a assistência e as ações de saúde à mulher
tomaram rumos diferentes, passando a considerar seu papel na sociedade, sua
fragilidade e sua luta, no entanto, apesar de todas as mudanças e melhorias para
alcançar a população feminina as políticas de atenção integral à saúde da mulher lida
com diversos desafios para ser efetivada, dentre os fatores que representam
dificuldades para cobertura da iniciativa estão a vulnerabilidade feminina, dificuldade
de acesso tanto de pessoas marginalizadas quanto do próprio atendimento em locais
como zona rural, falta de informações sobre os direitos das mulheres, deficiência de
educação em saúde, despreparo de muitos profissionais em lidar com situações de
risco, são aspectos que evidenciam a necessidade de ajustes para que a política seja
aplicada de forma efetiva e o público assistido de maneira satisfatória, além disso,
ressalta a importância da qualificação profissional, tendo em vista que os profissionais
de saúde desempenham um papel primordial na assistência como educador que
apresenta alto potencial de promoção de saúde (DA CONCEIÇÃO et al., 2019).

2.3 Causas da Infertilidade na Mulher e a Reprodução Humana Assistida no


Brasil
33

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a infertilidade consiste


na incapacidade da mulher em idade reprodutiva conseguir uma gravidez natural após
o período de tentativa de 12 meses sem o uso de métodos contraceptivos, de acordo
com Vieira; de Oliveira (2018), a infertilidade ainda pode ser subdivida em primária,
secundária ou esterilidade sendo a primária quando a incapacidade de gerar filhos
ocorre em mulheres que nunca gerou filho, secundária sendo a incapacidade
reprodutiva após uma ou mais gestações, abortamento que é a interrupção da
gravidez de até vinte semanas de idade gestacional e a esterilidade que é definida
como a incapacidade permanente de conceber filhos.
A diminuição ou falta de fertilidade pode ocorrer decorrente de diversos fatores
dos quais precisam ser analisados de maneira cuidadosa que possibilite a elaboração
de intervenções efetivas para à saúde da mulher, na literatura é possível encontrar
fatores não clínicos que influenciam na fertilidade como: estresse, consumo excessivo
de álcool, obesidade e fatores clínicos como distúrbios hormonais que impedem ou
dificultam a liberação do óvulo (ovulação), ou que aumentam a viscosidade do muco
cervical impedindo a passagem do espermatozoide para a fecundação, problemas
anatômicos, contaminação por doenças sexualmente transmissíveis, infecções do
colo do útero, desequilíbrios hormonais e diversos outros fatores dos quais a genética
tem trabalhado de maneira significativa para prover procedimentos e técnicas de
reprodução que tem se mostrado bastante eficaz (VIEIRA; DE OLIVEIRA, 2018).
A infertilidade decorrente de alterações no processo de ovulação pode
apresentar-se de diversas maneiras como: ovulação menos frequente
(oligoovulação), falta de ovulação (anovulação) ou função inadequada do corpo lúteo
que se trata de uma glândula endócrina que se forma temporariamente que
desempenha uma função importante atuando como fonte de hormônios, esses
distúrbios ovulatórios decorrentes da disfunção endócrina se manifestam através de
ciclos menstruais ausentes ou irregulares, além de obesidade, perda de peso
excessiva, excesso de pelos e outros sinais comumente identificados em mulheres
portadoras de Síndrome do Ovário Policístico (SOP) doença caracterizada por
distúrbios hormonais que dificultam a fertilidade (RIBEIRO, 2019).
Os fatores anatômicos também estão entre as causas mais comuns de
infertilidade e podem se apresentar na mulher por questões congênitas que estão
34

associadas ao aborto ou prematuridade ou de infecções, entre as alterações está a


má formação uterina e obstrução tubária, além das doenças como por exemplo a
Doença Inflamatória Pélvica (DIP) que provoca inflamação e alterações tubárias à
longo prazo que aumentam a probabilidade de infertilidade a cada episódio (RIBEIRO,
2019).

Figura 5: Focos da Endometriose, 2021.


Fonte: Nome do autor do artigo, 2021.

De acordo com dados encontrados na literatura a idade da mulher possui uma


influência considerável no tratamento da infertilidade, isso acontece porque com o
efeito contínuo do envelhecimento ocorre um declínio gradual do potencial fértil da
mulher, logo, a discursão atualmente tem ganhado força tendo em vista que a idade
média das mulheres decidirem engravidar tem aumentado na sociedade
contemporânea assim como a procura cada vez mais alta por métodos de reprodução
assistida (CASTRO et al., 2021).
O declínio da fertilidade com o avanço da idade se dar por diversos fatores, no
entanto, é importante compreender que ao nascer a mulher tem uma taxa de ovócitos
35

que diminui ao longo da vida decorrente da perda folicular pelo processo de ovulação,
além da quantidade também há uma perda de qualidade dos que restaram e por esse
motivo mulher com idade acima de 35 anos enfrentam uma dificuldade maior em
conceber um filho de maneira natural, dessa forma, a idade sem dúvidas é um fator
relevante para prognósticos confiáveis tanto em concepção espontânea quanto em
tratamentos de fertilização bem sucedidos (CASTRO et al., 2021).
No que diz respeito a saúde no Brasil é importante afirmar que de acordo com
Gozzo (2017), o sistema público trouxe inúmeros avanços positivos para a prestação
de assistência a população brasileira que apesar de diversos desafios que já se
tornaram crônicos ou até outros que surgem no caminho, cada dia que passa é
possível contar com uma nova estratégia para facilitar a vida das pessoas e prover
saúde. Atualmente as pessoas portadoras de algum tipo de infertilidade pode contar
com diversas opções de tratamento disponíveis pela medicina que favorecem a
realização do sonho de gerar uma criança, além disso, os avanços biotecnológicos
permitem a mulher o poder de autonomia e liberdade de tomar decisões diante do seu
corpo e de sua saúde.
O século XX foi considerado um século de extrema importância para a
reprodução humana, isso porque desde que os avanços da medicina permitiram o
nascimento do primeiro bebê por meio de fertilização assistida em 1978 na Inglaterra,
então houve uma elevação nas expectativas de solução para problemas de muitos
casais inférteis, as também conhecidas como Técnicas de Reprodução Humana
(TRH) além da esperança de solução para um problema que até então era sem
solução também trouxe muitos questionamentos a respeito de questões sociais,
econômicas, religiosas e éticas (VIEIRA; DE OLIVEIRA, 2018).
A Reprodução Assistida (RA) segundo explica De Araújo; De Araújo (2018), é
caracterizada pelo conjunto de técnicas capazes de proporcionar resolução de
problemas de reprodução humana através da utilização de medicamentos,
equipamentos de laboratórios, manipulações de materiais biológicos como gametas e
embriões que objetiva realizar a fecundação fora do corpo da mulher, a técnica
chegou no Brasil por volta de 1984 e atualmente o país conta com clínicas tão
sofisticadas para a realização do procedimento quanto clínicas localizadas em países
mais desenvolvidos, desse modo, a técnica já possibilitou o nascimento de que cerca
36

de milhares de crianças, tornando a maternidade possível para diversas mulheres


(LEITE, 2019).
De acordo com dados apontados pela Rede Latino Americana de Reprodução
Assistida de 2014 a taxa de gravidez positiva em grandes laboratórios é de 50%, no
entanto, esse índice de gestação pode variar de acordo com a idade da paciente o
que significa que mesmo com os avanços significativos da ciência e da tecnologia
além dos contínuos estudos nacionais e internacionais que envolvem a área a taxa de
sucesso é relativamente baixa tendo em vista que pode ser influenciada por inúmeros
fatores (DE ARAÚJO; DE ARAÚJO, 2018).
Em consonância a isso, Fleuryi; Abdoii (2021), afirma que é de fundamental
importância a prestação de assistência com equipe especializada, levando em
consideração que os profissionais envolvidos sejam eles médicos, enfermeiros,
psicólogos, embriologistas e biólogos, devem sempre respeitar acima de tudo a
dignidade humana, além de outros princípios como: o princípio da autonomia da
paciente que pode aceitar ou rejeitar o tratamento proposto pelo médico; princípio do
respeito pela pessoa que traz como principal fundamento a observância da vontade
da paciente afim de evitar danos e abusos a vida; princípio da beneficência que
regulamenta a obrigação do profissional de saúde avaliar todos os meios cabíveis
para prevenir que a paciente sofra mais do que o necessário, ser claro e objetivo com
a terapêutica proposta; princípio da justiça que garante ao paciente o direito ao acesso
justo e igualitário ao serviços de saúde; princípio do consentimento informado que
regulamenta que o paciente seja sempre informado de tudo que será realizado e tudo
deve ser devidamente assinado e registrado (DE ARAÚJO; DE ARAÚJO, 2018).
No que se refere a atuação do profissional de enfermagem diante da técnica
de reprodução humana assistida é importante afirmar que segundo Queiroz et al.,
(2021), o cuidado necessita de um embasamento técnico cientifico, para tanto, é
essencial que o enfermeiro desenvolva suas práticas com cientificidade por se tratar
de um contexto altamente tecnológico e humanização por lidar com pessoas e sonhos
de muitos casais onde o acolhimento, dedicação, ética e a responsabilidade é
fundamental, desse modo, o profissional deve ter ciência e competência para lidar
com algo novo e desafiador onde os sentimentos e emoções dependem da tecnologia
como caminho para a solução dos problemas de fertilidade.
37

Segundo dados encontrados na literatura, o Brasil não apresenta legislação


especifica para o uso de técnicas reprodutivas, no entanto, há algumas resoluções do
Conselho Federal de Medicina (Resolução CFM n º 1.358/19924, Resolução CFM nº
1.957/20105, Resolução CFM nº 2.013/20136, Resolução CFM nº2.121/20157 e
Resolução CFM nº 2.168/20178), a qual garante a medicina a autoridade e a cobertura
ética de atuar em tecnologias de Reprodução Humana Assistida (RHA) admitindo
pessoas solteiras ou casadas independente da opção sexual (VIEIRA; DE OLIVEIRA,
2018).
A busca por tratamentos de reprodução assistida de acordo com De Morais (et
al, 2021) tem aumentado de maneira considerável nos últimos tempos, sabe-se que
principalmente a partir do movimento feminista onde as mulheres passaram a lutar
pela igualdade e reivindicar seus direitos a busca por realizações pessoais e
profissionais podem ter adiado os planos matrimoniais e de reprodução, então, após
decidir que chegou o momento de ter um filho é que muitos casais se deparam com
problemas de infertilidade (QUEIROZ et al., 2021)
Segundo Marciano; Amaral (2021), após uma investigação ampla e o
diagnóstico de infertilidade concluído a mulher pode sofrer forte impacto emocional,
pois além da frustação decorrente do diagnóstico de impossibilidade de engravidar de
maneira natural a mulher também irá enfrenta desafios diante do sistema de saúde o
qual disponibiliza o tratamento, medicamentos e serviços assistenciais de todo o
processo, no entanto, os processos burocráticos são numerosos tanto para os
doadores do material biológico quanto para a candidata a gestação tendo em vista
que o Sistema Nacional de Saúde, junto com o Conselho Federal de Medicina tem
colocado limite de idade no atendimento de Fertilização In Vitro (FIV) com o argumento
de que a efetividade do tratamento é reduzida em mulheres com faixa etária de 35
anos para a doadora e 50 anos para a paciente candidata, sendo considerado
transtorno para a mulher (DE MORAIS et al., 2021).
Dentre os métodos de reprodução assistida é possível mencionar a Fertilização
In Vitro como uma das evoluções tecnológicas mais utilizadas atualmente como modo
de reprodução medicamente assistida, a técnica permite a colega de gametas
masculinos e femininos podendo ser do casal ou de doador nos casos do homem ou
mulher não produzir e a fecundação é realizada em laboratório, o método vem
38

apresentando altas taxas de sucesso com o potencial de resolutividade nos casos de


casais com problemas de fertilidade e também para mulheres com diagnóstico de
endometriose, no entanto, algumas questões devem ser discutidas e esclarecidas
entre o profissional de saúde e os envolvidos como o alto custo de realização da
técnica com possibilidade de falha, as expectativas sobre o resultado do
procedimento o qual não permite garantia de retorno podendo e a sobrecarga
emocional sobre a pessoa ou o casal que espera sucesso no tratamento (DOS
SANTOS; CASSINO, 2018).
Segundo afirma De Araújo; De Araújo (2018), os casais procuram técnicas de
reprodução assistida em situações de esterilidade ou problemas com infertilidade, a
diferença entre os dois casos consiste em no caso da esterilidade a mulher tem as
chances de engravidar naturalmente completamente nula como por exemplo: não ter
as duas tubas uterinas, já no caso de problemas com a infertilidade existe uma
possibilidade de gestação natural que não acontece devido algum processo hormonal
ou patológico como a Endometriose que estar interferindo na fertilidade, atualmente
existem diferentes métodos para a RA que pode ser: Inseminação Intra Útero (IUI);
Fertilização In Vitro (FIV); Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides (ICSI)
(CAMPOS; SCORSOLINI- COMIN, 2021).
39

Figura 6: Método de reprodução assistida através da técnica do meio de cultura, 2021.


Fonte: Google, 2021.

Outro importante ponto a ser mencionado é que os procedimentos podem ser


de origem heteróloga (realizada com material genético de pelo menos um terceiro) ou
homóloga (realizado com material genéticos dos cônjuges), além disso, ao analisar
essas técnicas mencionadas é possível contemplar o avanço significativo da ciência
e tecnologia, no entanto, também é possível discutir a respeito das falhas da legislação
brasileira diante de um procedimento tão importante, o que leva os profissionais
envolvidos na equipe fazer questionamentos a respeito dos avanços e de como
prosseguir em casos de polêmica, logo, até que todas as leis sejam regulamentadas
e esclarecidas é importante que a equipe de saúde desenvolva um trabalho pautado
no respeito aos direitos do casal, estabelecendo um vínculo, comunicação clara e
objetiva entre o casal e a equipe, expondo sempre as chances de sucesso e os riscos
que podem sofrer pela escolha da RA (DE ARAÚJO; DE ARAÚJO, 2018).
Na fecundação homóloga o material utilizado é do marido, sendo assim de
acordo com Código Civil o esposo é o pai da criança que está sendo concebida, dessa
maneira não é permitido o afastamento da presunção a menos que seja comprovado
erro médico, enquanto isso, os casos de fecundação heteróloga é considerado
situações mais delicadas e com um potencial de gravidade elevado tendo em vista
que envolve material genético de terceiros, é válido ressaltar que segundo o código
brasileiro a doação de material genético deve ser anônima, não deve ter fins lucrativos,
e o homem deve ter entre 18 e 50 anos de idade enquanto a mulher doadora deve ter
entre 18 e 35 anos de idade, além disso, segundo está explicito no inciso V do artigo
1.597 da constituição civil nos casos de fecundação heteróloga é necessário a
autorização prévia do conjugue (DE ARAÚJO; DE ARAÚJO, 2018).

2.4 Fisiopatologia da Endometriose na Infertilidade

De acordo com Tomás; Metello (2019), a endometriose é definida como uma


doença ginecológica de caráter complexo e etiologia pouco conhecida, que pode ser
40

classificada segundo seu estágio de desenvolvimento, sendo estágio 1: mínimo, os


implantes são isolados e não apresenta aderência nos órgãos, estágio II: considerada
leve os implantes são superficiais com menos de 5mm, apresenta aderências ou se
encontram espalhadas nos ovários e região do peritônio, Estágio III: moderado os
implantes se apresentam múltiplos, superficiais ou profundos com aderências em volta
das trompas e estágio IV: grave, os focos são múltiplos superficiais e profundos com
grandes endometriomas e aderências extensas, estudos indicam que se trata de uma
condição inflamatória decorrente da presença de tecido endometrial ectópico que
provoca dor pélvica de alta intensidade mencionada em 40% dos casos, dismenorreia
e dispareunia em 40% a 60% dos casos e infertilidade são sintomatologias prevalente
na Endometriose.
O termo endometriose provém do endométrio que é um tecido que reveste o
útero internamente, no entanto, a cada mês com a influência de fatores hormonais o
tecido cresce e é eliminado no período menstrual, porém o problema acontece quando
por motivos variados e ainda desconhecidos esses tecidos decidem se implantar fora
do útero dos quais, mesmo em local diferente continuam recebendo estímulos e se
desenvolvendo podem se espalhar para diversas regiões, o que acarreta processos
inflamatórios resultando em aderências que dificultam o bom funcionamento dos
demais órgãos, a doença não é considerada maligna porém pode causar inúmeras
complicações tendo em vista que essas lesões podem romper e se instalar em outras
regiões, os focos de endometriose normalmente se instalam na região pélvica,
peritônio e ovários, em casos raros os implantes podem se instalar em locais distantes
como pulmão, pâncreas e fígado (TOMÁS; METTELO, 2019).
Segundo Caldeira et al., (2017), a associação da endometriose com a
fertilidade da mulher está ligado a doença apresentar um potencial elevado de
distorção da anatomia pélvica ocasionado pela existência do processo de aderência,
além disso, outros aspectos também podem ser observados que implicam no
processo de fecundação e implantação do óvulo, como disfunção tubo ovariana,
diminuição quantitativa e qualitativa dos ovócitos, disfunção ou bloqueio do transporte
de gametas e a presença de fluido inflamatório peritoneal, de acordo com o que
estudos apresentam a respeito da doença os endometriomas possuem agentes com
potenciais de toxicidade como o ferro livre o que danifica o tecido ovárico e diminui a
41

proporção de folículos primordiais nos ovários, desse modo, a doença torna-se um


dos principais fatores associados a infertilidade na mulher (TOMÁS; METTELO,
2019).
Estudos indicam pelo menos três teorias para discursão de como a
endometriose se desenvolve a teoria da menstruação retrógada afirma que durante a
menstruação as células endometriais se disseminam e aderem em órgãos das demais
partes do corpo, entretanto outras questões são levantadas a partir dessa teoria
partindo do pressuposto que cerca de 90% das mulheres apresentam esse processo
fisiológico e nem todas desenvolvem a doença o que direciona para estudos de
investigação de fatores adicionais como influência hormonal ou imunológica que
continuam sendo estudadas, a outra teoria é da metaplasia celômica a qual explica
que é a transformação do epitélio celômico em tecido endometrial que dar origem a
doença, a hipótese relaciona com a possibilidade de algum fator bioquímico causar a
transformação celular, outro suposto fator que predispõe o desenvolvimento da
doença é o estresse oxidativo que consiste em uma resposta inflamatória devido
desequilíbrio entre as Espécies Reativas de Oxigênio (ERO) resultando em danos ou
proliferação celular que pode resultar em Endometriose (VIEIRA et al., 2020)
Outra importante vertente que está sendo estudada é a associação da
infertilidade com a dietética Silvestris; Lovero; Palmirotta (2019), relata que além das
doenças ginecológicas e sistêmicas diversos fatores relacionados a estilo de vida,
rotinas estressantes, falta de nutrição equilibrada e consumo excessivo de alimentos
não saudáveis contribuem para o desenvolvimento da infertilidade, isso porque desde
que a prevalência da infertilidade aumentou em todo o mundo as investigações dos
fatores causais indicaram que o estilo de vida, peso corporal, pratica de atividade física
e ingestão nutricional podem influenciar na fertilidade da mulher.
Segundo Silvestris; Lovero; Palmirotta (2019), as mulheres com baixo peso,
(IMC<19 kg/m²) ou acima do peso (IMC 25-29,9 kg/m²) possuem risco de infertilidade
semelhantes em ambas as situações enquanto mulheres com obesidade mórbida
(IMC > 30 kg/m²) os riscos de desenvolverem distúrbios ovulatórias é duas vezes
maior, além disso as consequências da infertilidade relacionado ao peso foi mais
observado em mulheres o que indica ligação entre os mecanismos de reprodução e o
metabolismo.
42

É imprescindível a investigação do histórico familiar da paciente durante a


prestação de assistência frente a suspeita de endometriose, tendo em vista que,
histórico familiar positivo principalmente parente de primeiro grau, a chances para o
desenvolvimento da doença aumentam consideravelmente, de acordo com
estudiosos esse risco pode ser definido como 7 vezes maior do que em mulheres que
não possuem histórico familiar positivo (VIEIRA et al., 2020).
De acordo com especialistas a endometriose é uma doença estrogênio
dependente, logo o consumo de alimentos e/ou suplementos alimentares que diminui
o hormônio pode ser essencial para se obter sucesso no tratamento, pois à medida
que a dieta vegetariana promove a elevação dos níveis séricos de ligantes e proteínas
que carregam os hormônios sexuais logo ocorre a diminuição do estrogênio o que
evidencia a importância da dieta na redução dos sintomas clínicos da doença
(CAMARGO, 2020).

2.5 Sinais e Sintomas: Diagnosticando a Endometriose

O Segundo Sousa et al., (2021), a endometriose por se tratar de uma doença


de etiologia pouco conhecida ainda possui um diagnóstico difícil o que acarreta sérios
problemas de prognóstico, a doença pode se instalar de forma silenciosa e algumas
mulheres permanecem por anos sem apresentar sintomatologia, no entanto, os sinais
e sintomas mais comuns incluem dor pélvica de alta intensidade, fluxo menstrual
elevado e/ou ciclo irregular, dores nas relações sexuais decorrente da aderência dos
órgãos, cólica antes e durante o período menstrual com alterações urinárias e
intestinais além de infertilidade são os sintomas mais comuns que a mulheres
apresentam (TOMÁS; METTELO, 2019).
A dor pélvica crônica é o sintoma mais frequente e a principal queixa das
pacientes sintomáticas de acordo com Silva et al., (2021), podendo ainda ter
coexistência com complicações urinárias e intestinais decorrente da doença, os
sintomas intestinais costumam variar de acordo com a localização dos focos e da fase
do ciclo menstrual, no caso da infertilidade ela também pode estar presente em
43

pacientes que não apresentem a sintomatologia, o que dificulta ainda mais o


diagnóstico e a aplicação de intervenções que reduzam o avanço da patologia, é
válido ressaltar que os sintomas não são proporcional ao estágio da doença, desse
modo, paciente com endometriose em estágio avançado pode apresentar sintomas
leves enquanto pacientes com estagio leve ou moderado da doença apresenta
sintomas intensos e até incapacitantes (TOMÁS; METTELO, 2019).
Para uma assistência de enfermagem qualificada diante da paciente que
procura o serviço de saúde com sintomas da Endometriose, é possível afirmar que
cabe ao enfermeiro realizar anamnese e exame físico de forma completa, esclarecer
as dúvidas da paciente, na suspeita da doença traçar estratégias de diagnóstico,
acionar a equipe multidisciplinar, dispor com respaldo médico sobre familiares e
responsáveis a importância da adesão do tratamento, realizar ações de orientação,
cuidado e prevenção afim de reduzir os danos físicos e emocionais e promover
qualidade de vida, prestar uma assistência humanizada levando em consideração as
preocupações da paciente por desconhecer a patologia, realizar uma avaliação
sistematizada com solicitação de exames específicos capazes de promover o
diagnóstico correto, além disso, o profissional deve ter conhecimento técnico cientifico
para conduzir a assistência de forma efetiva sem causar pânico na paciente,
procedendo todos os protocolos de saúde no processo de diagnóstico, tratamento,
associando o conhecimento técnico com as condutas humanizadas com o objetivo de
garantir o cuidado efetivo (DA SILVA; AMARAL, 2021).
De acordo com Moretto et al., (2021), as dificuldades para diagnosticar a
endometriose são diversas dentre elas estão os sintomas inespecíficos, a falta de
biomarcadores definitivos, assim como a falta de conhecimento tanto da população
quanto dos profissionais que prestam assistência as mulheres com ou sem
sintomatologia, dessa maneira geralmente a conclusão diagnóstica acontece cerca de
7 a 8 anos desde o desenvolvimento da doença.
Segundo Alves et al., (2021), no Brasil existe uma precariedade de profissionais
que prestam assistência a portadoras de endometriose, tendo em vista que o papel
do enfermeiro especialista em saúde da mulher sempre foi mais direcionado a
assistência no período gravídico puerperal, o que dificulta ainda mais na descoberta
da doença, atrasa o tratamento e diminui as chances de prognóstico satisfatório pela
44

falta de atendimento holístico, o qual deve ser composto por um acompanhamento


com equipe multidisciplinar que envolve profissionais especializados como: médicos
ginecologistas, psicólogos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, terapeuta
sexual ou psicoterapeuta.
Segundo afirma De Aguiar et al., (2020), geralmente o primeiro da contato da
paciente portadora de Endometriose é com o enfermeiro, o qual muitas vezes por falta
de conhecimento, não suspeita da doença inclusive por ter sintomas inespecíficos,
desse modo, observa-se a importância que os profissionais de enfermagem sintam-
se interessados e motivados para a realização e participação de capacitações que
qualifiquem o atendimento diante das doenças ginecológicas, além de divulgar
informações para as mulheres a respeito das causas, prevenções, tratamento,
esclarecendo dúvidas, realizando palestras educativas, rodas de conversa,
objetivando estabelecer vínculo, melhorar a relação interpessoal com as usuárias do
serviço de saúde e traçar estratégias que viabilizem o diagnóstico, sendo a falta de
diagnóstico o principal fator desencadeante para a infertilidade e a gravidez ectópica.
No que concerne o diagnóstico clínico Silva et al., (2021), afirma que quando
realizado corretamente tem se mostrado bastante eficiente na identificação da doença
e na prestação de assistência precoce, após a identificação dos sintomas recorrente
em quadros de endometriose faz se necessário a investigação do histórico médico da
paciente buscando sinais que indicam a maior possibilidade da Endometriose,
questionar histórico familiar, saúde na adolescência, dor pélvica, ciclo menstrual,
infertilidade, em seguida deve ser realizado o exame físico, o qual permite a
identificações de possíveis lesões azuladas no fundo do saco posterior ou colo uterino
e ao toque vaginal, útero retrovertido e dor a mobilização da pelve, essas apurações
podem melhorar a identificação dos achados (TOMÁS; METTELO, 2019).
Corroborando a isso Tomás; Metello (2019) também afirma que o diagnóstico
clínico é efetivo e ressalta a importância da análise da história clínica do paciente
anamnese, histórico pessoal e familiar, queixas, além de realização de exames
laboratoriais específicos como por exemplo CA-125 que auxilia no diagnóstico da
doença em estágios leves e avançados, esse tipo de marcador fica elevado na
corrente sanguínea devido as reações inflamatórias que alteram a capilaridade do
endotélio, os exames de imagens também são essenciais e indispensáveis, no
45

entanto, é importante mencionar que o diagnóstico se torna definitivo após a


comprovação através de biopsias realizadas diretamente da lesão, em consequência
do diagnóstico tardio e o atraso no tratamento as mulheres acabam enfrentando
problemas como disfunção sexual e redução da qualidade de vida (MELO; DE LIMA,
2020).
No que diz respeito aos exames de imagem indicados para diagnóstico da
endometriose está a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal a qual
segundo afirma Barreto; Figueiredo (2019), consiste em um preparo simples na
véspera do exame com uso de laxante via oral e enema de uma à duas horas que
antecedem a realização do exame, o preparo objetiva permitir melhor visualização do
reto sigmoide, bem como dos anexos e da região retro cervical, aumentando em 98%
a sensibilidade do método para diagnosticar a endometriose profunda, o exame deve
ser realizado por um profissional especializado, apresenta baixo custo se comparado
a outros métodos de diagnóstico que permite a identificação dos focos de
endometriose e aderências na região pélvica, também é recomendado a realização
da Ressonância Magnética (RM) e Videolaparoscopia a qual apresenta uma excelente
taxa de visibilidade e sensibilidade para o diagnóstico da doença (MORETTO et al.,
2021).
46

Figura 7: Visualização da parede intra-abdominal por Videolaparoscopia, 2021.


Fonte: Própria, 2021.

Após a avaliação dos exames de imagem e na suspeita da patologia o médico


pode estar solicitando uma biopsia para confirmação diagnóstica, nesse caso será
necessário a realização de laparoscopia onde será realizado pequenas incisões na
barriga para coleta de material histológico, o procedimento também pode contar com
a introdução de instrumentos telescópios que garantem qualidade na visualização do
local onde será coletado o material ou retirado as lesões caso necessário,
denominado videolaparoscopia o procedimento além possibilitar a avaliação e
confirmação diagnóstica através do material coletado também permite o tratamento
cirúrgico das lesões, o procedimento é considerado invasivo (MORETTO et al., 2021).
De acordo com Moretto et al., (2021) o procedimento mais eficiente no
diagnóstico da Endometriose é a laparoscopia ou videolaparoscopia pois permite a
visualização direta da parede intra-abdominal onde estão localizadas as lesões, além
da avaliação completa o procedimento permite estabelecer correlações direta do
diagnóstico clínico com os achados laparoscópicos podendo confirmar o diagnóstico
ou até fazer correções necessárias e em casos de pacientes que apresentam peritônio
visualmente normais a hipótese pode ser descartada. Os implantes de endometriomas
podem ser classificados como manchas vesiculares, presença de pápulas e cicatrizes
secundárias que aparecem na região peritoneal, ovários, bexiga, ligamentos uterinos
entre outras regiões, afirma ainda que a coloração dos implantes de endometriomas
podem variar de acordo com o estágio da doença sendo as manchas vesiculares de
cor vermelha mais comuns no estágio inicial da endometriose (VIEIRA et al., 2020).
47

Figura 8: Coleta de Material Sugestivo de Endometriose Para Confirmação Diagnóstica, 2021.


Fonte: Própria, 2021.

A videolaparoscopia além de possibilitar comprovação diagnóstica através


biópsia do material coletado, também possibilita realizar a cauterização dos focos da
doença para remover os pontos de aderência, promover recuperação da anatomia
pélvica e diminuir as chances de complicações como a infertilidade, é possível
observar inúmeras vantagens da técnica em relação a laparotomia que se trata de um
procedimento mais invasivo, além de muito menos invasivo, a técnica também
promove maior preservação dos ovócitos, menor risco de infecção, cortes menores,
menos dor no pós-operatório, ressecção completa do foco endometriótico, pequenas
cicatrizes (VIEIRA et al., 2020).

2.6 O enfrentamento de Mulheres Portadoras de Endometriose


48

De acordo com Donatti et al., (2017), atualmente por ter se tornado uma doença
de alta prevalência em mulheres de idade reprodutiva e um problema de saúde
pública, diversos estudos abordam o tema de endometriose também conhecida como
a doença da mulher moderna, tendo em vista que, em virtude das conquistas pessoais
e profissionais alcançadas pelas mulheres desde o movimento feminista, as questões
de maternidade tem sido cada vez mais adiadas, dessa forma, os problemas de
fertilidade geralmente são descobertos tardiamente devido a mulher despertar o
desejo de engravidar após alcançar determinada estabilidade social e financeira,
dessa maneira, observa-se que há uma lacuna importante no aspecto psicológico da
doença, a qual, faz confirmação diagnóstica da endometriose sem sombra de dúvidas
um divisor de águas na vida da mulher, tendo em vista que na maioria dos casos a
descoberta acontece em um momento que a mulher decide realizar um planejamento
familiar e é surpreendida com problemas de fertilidade, como a doença pode
apresentar-se de forma assintomática por longos anos, é comum que o diagnóstico
tardio seja acompanhado de complicações de difícil prognóstico como acontece no
caso da infertilidade.
De acordo com os aspectos analisados sobre a infertilidade decorrente da
endometriose é possível afirmar que os impactos psicológicos da doença e de suas
consequências não se limitam apenas a mulher diagnosticada, mas envolve questões
de cobrança social e familiar , ultrapassando claramente as questões físicas podendo
influenciar negativamente no desenvolvimento psíquico da pessoa, casal e/ou família,
o processo de enfrentamento é caracterizado pela sua singularidade, complexidade e
uma serie de emoções individuais de cada pessoa, que pode ter ou não um
seguimento de transição saudável determinado pelos padrões de resposta frente ao
diagnóstico sendo necessário atentar-se para as questões psicológicas, tendo em
vista que a depressão, ansiedade, irritabilidade, raiva e desvalorização pessoal são
alterações emocionais que podem ser identificadas em casais inférteis (SANTOS et
al., 2020).
Estudos encontrados na literatura com base nas teorias psicossomáticas
afirmam que tratar os sintomas físicos associados com cuidados emocionais
contribuem para resultados satisfatórios, logo, compreende-se a impossibilidade de
dissociação da influência que a mente causa no corpo e vice-versa, dessa maneira, é
49

possível estabelecer relação da endometriose com impactos psicológicos causados


pela baixa qualidade de vida das pacientes, diagnóstico tardio na maioria dos casos,
dificuldade de acesso a assistência especializada para o problema, prejuízos nas
relações interpessoais e afetivas, disfunções sexuais, depressão e ansiedade,
sofrimento decorrente da falta de informação sobre a doença, causas e
reconhecimento da dificuldade de cura e presença constante de dores incapacitantes
são as principais causas dos impactos psicossociais enfrentados por mulheres
portadoras da doença (DONATTI et al., 2017).
Segundo os conhecimentos obtidos até o presente momento a respeito da
Endometriose é possível afirmar que literatura associa depressão, estresse e dor
pélvica à Endometriose os autores apontam que mulheres com dor pélvica severa
geralmente apresenta comorbidades como dor muscular no assoalho pélvico e má
qualidade de vida que tem influência significativa no psicológico da paciente, sendo
essencial uma avaliação dos domínios neurobiológicos e psicossociais na gênese e
no tratamento da dor persistente que é a principal queixa das mulheres portadoras da
doença (DONATTI et al., 2017).

Em virtude dos aspectos analisados a respeito das dificuldades de


enfrentamento diante do diagnóstico da endometriose o Congresso Nacional
decreta segundo o projeto de lei da Sra. Daniela do Waguinho, nº 3.047/2019
como o Dia Nacional de Luta contra a Endometriose e a Semana Nacional de
Educação Preventiva e de Enfrentamento à Endometriose devendo ser
realizada anualmente na semana que inclui o dia 13 de março com o objetivo
de:
I – Chamar a atenção para o problema da endometriose;
II - Divulgar ações preventivas, terapêuticas, reabilitadoras e legais
relacionadas à endometriose;
III - orientar as portadoras de endometriose a buscar diagnóstico
precoce e tratamento integral e oportuno;
IV - Contribuir para a implementação de propostas que possibilitem o
acesso universal e equitativo aos serviços públicos para portadoras de
endometriose;
V- Democratizar informações e acesso sobre as técnicas de
diagnóstico e tratamento da endometriose;
VI – Sensibilizar todos os setores da sociedade para o problema da
endometriose;
e VII – divulgar, prestar informações e orientar mulheres que busquem
alternativas para a infertilidade (BRASIL, 2019).

2.7 Tratamento da Endometriose na Rede Pública


50

O tratamento da Endometriose na rede pública de saúde tem se mostrado como


um desafio para o sistema, pois como se trata de uma doença com sintomas
inespecíficos o diagnóstico é tardio o que dificulta de forma significativa a escolha da
intervenção adequada e o sucesso no tratamento, além disso, o tratamento da
infertilidade pode apresentar um custo elevado, desse modo, deve ser individualizado
respeitando o desejo da paciente e com enfoque no objetivo da terapêutica aplicada
se consiste em alívio de sintomas como: dor crônica que é a principal causa de
internações hospitalares decorrente da doença ou o objetivo é bloquear a progressão
da patologia, restaurar ou preservar a fertilidade para uma futura gestação (DA
CONCEIÇÃO et al., 2019).
Segundo Do Nascimento Santos et al., (2021), a princípio à medida que a
mulher procura a unidade de saúde com sintomatologia sugestiva de endometriose a
terapêutica inicial será para controle da dor descrita como intensa e incapacitante, que
pode ser através da oferta de analgésicos comuns, Anti-Inflamatórios Não Esteroides
(AINE’s), assim que o diagnóstico estiver estabelecido o tratamento também pode
proceder através da terapêutica de medicação hormonal prescritos na maioria os
progestativos e os estroprogestativos como medida de controle do avanço das lesões
diminuindo a progressão da doença, é certo que o tratamento com medicamentos
hormonais combinados tem se mostrado eficientes e seguros, no entanto, é
importante ressaltar que os focos ectópicos se mantém estabilizados durante o uso
de contraceptivos mas podem se expandir com a interrupção do tratamento (TOMÁS;
METTELO, 2019).
Quando confirmado a infertilidade o protocolo de tratamento é coberto pelo
SUS, tanto nos casos medicamentoso, quanto nas intervenções cirúrgicas para casos
em que o uso de medicamentos não se mostrou eficiente ou a terapia medicamentosa
é contraindicada para a paciente, a cirurgia é conhecida como laparotomia a qual trata-
se de um procedimento mais invasivo ou laparoscopia procedimento cirúrgico
considerado menos invasivo, a cirurgia também pode ser realizada através de
videolaparoscopia, os resultados do terapêutica cirúrgica tem se mostrado satisfatória
na redução da dor e restauração da fertilidade, o procedimento de videolaparoscopia
permite avaliação ampla da parede intra-abdominal que facilita a confirmação
diagnóstica dos achados, já na laparotomia é possível realizar coleta de material para
51

realização de biópsia e confirmação diagnóstica, destruição dos focos de


endometriomas através de coagulação a laser ou vaporização de alta frequência, além
disso, o tratamento cirúrgico pode ser classificado como conservador (mais comum)
ou radical sendo conservador o que objetiva restaurar e/ou preservar a fertilidade com
redução da sintomatologia e resultado positivo em até 80% dos casos, enquanto
radical é realizado a histerectomia e salpingooforectomia bilateral (DA CONCEIÇÃO
et al., 2019).

Figura 9: Endometriose: Diagnóstico e tratamento clínico, 2021.


Fonte: Artigo, 2021.

De acordo com Da Conceição et al., (2019) existem algumas situações em que


o tratamento cirúrgico deve ser imediato, como por exemplo: implantes de
endometrioma maiores que 5 cm, casos de obstrução uretral, reto sigmoide se houver
estenose maior que 50% da alça, aumento das lesões mesmo que assintomáticas
devido falta de resposta ao tratamento clínico e infertilidade em pacientes sintomáticas
ou assintomáticas que desejam engravidar e não tem acesso as técnicas de
reprodução assistida, nesses casos os sistema público de saúde avalia o risco
52

benefício associado a idade da paciente, é válido ressaltar que mesmo com o


tratamento cirúrgico existe chances da doença reincidir em cerca de 50% dos casos
após 5 anos da cirurgia, desse modo, é de fundamental importância a continuidade
do tratamento no pós cirúrgico, que no geral consiste em uso de medicações para
bloqueio da menstruação, além disso, em casos da paciente continuar apresentando
sintomatologia severa como dor intensa será necessário acompanhamento da equipe
multidisciplinar para garantir a qualidade de vida dessa paciente através do
enfermeiro, fisioterapeuta, psicólogo e nutricionista (NOGUEIRA et al., 2018).
Em virtude dos fatos mencionados, Cardoso et al., (2021), afirma ainda que a
endometriose é uma doença de alta prevalência, sendo cerca de 70 milhões de casos
espalhados em todo mundo, no entanto, muitas das mulheres portadoras da doença
desconhece sobre o assunto, logo, é necessário prestação de assistência qualificada
a saúde da mulher através do profissional de enfermagem o qual desempenha um
papel essencial no atendimento à mulher, para tanto, o enfermeiro precisa ter uma
visão holística a respeito do assunto afim de garantir um diagnóstico precoce e uma
intervenção efetiva, é certo que a infertilidade decorrente da endometriose pode
acarretar vários danos à saúde física e psicológica da mulher.
Ao retomar o contexto anterior, é papel do enfermeiro prestar atendimento de
maneira integralizada como preconiza os princípios do SUS, realizar escuta
qualificada, esclarecer dúvidas a respeito da doença, orientar a paciente e família
sobre a importância do tratamento para prevenir complicações, acionar a equipe
multidisciplinar, ouvir as queixas e traçar intervenções que melhore a qualidade de
vida da paciente levando em consideração os aspectos emocionais, sociais e familiar
da mulher com objetivo de adaptar as intervenções para obter resultados satisfatório
no tratamento, além disso, é importante a contribuição do profissional no diagnóstico
clínico realizando a coleta de dados da anamnese e exame físico de forma qualificada,
realizar encaminhamento para atendimento especializado, solicitar exames
laboratoriais e de imagens para confirmação diagnóstica, oferecer apoio psicológico,
realizar o acolhimento tanto da mulher quanto do conjugue, tendo em visto que, os
impactos do diagnóstico também pode causar repercussões no parceiro, deixar claro
todas as possíveis consequências que as intervenções pode resultar, respeitar a
53

decisão da mulher e garantir uma melhora na qualidade de vida da paciente (DE


MENDONÇA et al., 2019).
54

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O presente estudo objetiva realizar uma análise sobre a assistência de


enfermagem no diagnóstico e tratamento da infertilidade decorrente da endometriose
no sistema público de saúde, além de compreender o papel do enfermeiro frente a
problemática, o estudo também buscou discutir a importância da assistência
integralizada a mulher dentro do serviço de saúde, debater sobre as estratégias
terapêuticas que atualmente estão disponíveis na rede pública, através da revisão
criteriosa de material bibliográfico publicado entre os anos de 2017 até 2021.
Assim foram encontrados 835 artigos no valor total das buscas, o material foi
coletado em bases de dados como BVS, SciELO, Google Acadêmico e a Lilacs, sendo
as buscas realizadas por meio de palavras chaves como: “Reprodução Humana
Assistida”, “Infertilidade”, “Enfermagem”, “Saúde da Mulher”, “Endometriose”
“Políticas Públicas”.
O gráfico a seguir mostra o valor em porcentagem do material bibliográfico
encontrado nas bases de dados escolhidas para a elaboração o presente estudo:

Artigos encontrados em bases de dados


Aracaju-SE
2021

7,54%

19,76%
46,58% GOOGLE ACADÊMICO
SCIELO
BVS

26,10% LILICS
55

Gráfico 1: Porcentagem do total de material bibliográfico coletados para o estudo segundo as bases
de dados, 2021.
Fonte: Autoria própria, 2021.

De acordo com os dados explícitos no gráfico acima é importante afirmar que


em relação a plataforma que mais correspondeu as pesquisas foi o Google Acadêmico
tendo como resultado 46,58%, enquanto a plataforma SciELO apresentou 26,10%,
BVS apresentou 19,76%, e a base de dados Lilacs foi a que menos correspondeu com
apenas 7,54%.
No que concerne à busca para levantamento de dados e análise do material
bibliográfico é importante afirmar que dos 835 artigos encontrados, foram utilizados
60 para a elaboração da pesquisa, sendo esses os que correspondiam aos critérios
de inclusão exigidos para a elaboração da pesquisa e atendiam na quantidade e
qualidade dos dados para fundamentar os objetivos da pesquisa. A seguir, o gráfico
com o número de artigos encontrados, excluídos e utilizados na produção de acordo
com cada plataforma de dados:

Quantidade de material bibliográfico selecionado


Aracaju-SE
2021

389
366

218
204
165 152

23 14 13 63 53 10

GOOGLE SCIELO BVS LILICS


ACADÊMICO

Encontrados Excluídos Utilizados

Gráfico 2: Distribuição do valor total de material bibliográfico coletados para o estudo, 2021.
Fonte: Autoria própria, 2021.
56

Diante da análise cronológica do material bibliográfico utilizado para o presente


estudo, percebe-se a prevalência de publicações do ano de 2021 apresentando 47%
do material selecionado, seguido por publicações do ano de 2019 que
corresponderam a 25% de todo material usado na pesquisa, 16% da pesquisa foi com
base nos artigos publicados no ano de 2020, 8% com base nos artigos publicados em
2018 e apenas 4% do material selecionado correspondeu a publicações do ano de
2017. Diante do levantamento de referencial teórico observou-se que existem uma
serie de estudos relacionados ao tema, no entanto, o encadeamento de material
bibliográfico possuía ano de publicação inferior a 2017 sendo descartados pelos
critérios de inclusão e exclusão.
O gráfico a seguir demostrará a porcentagem de artigos utilizados conforme o
ano de publicação entre 2017 a 2021:

Número de artigos quanto ao ano de publicação


Aracaju-SE
2021

47%

25%

16%

8%

4%

2017 2018 2019 2020 2021

Gráfico 3: Quantidade de artigos encontrados entre nos anos de 2017 a 2021.


Fonte: Autoria própria, 2021.
57

Após realizar o levantamento de dados e selecionar os artigos que atendiam a


proposta do estudo os mesmos foram analisados, organizados e categorizados
quando ao título, autores, ano da publicação, tipo de estudo e objetivo geral. Dessa
maneira, foi elaborado uma tabela para expor a organização de dados dos artigos
escolhidos conforme demostra a tabela a seguir:

Título e Autores Ano Tipo de Objetivos


subtítulo estudo
Infertilidade na Thais de Brito 2017 Revisão Descrever, por meio
endometriose: Caldeira, integrativa das literaturas
etiologia e Isabela Diniz da literatura existentes, aspectos
terapêutica Serra, Luísa epidemiológicos,
de Castro clínicos e
Inácio, terapêuticos da
Izabela endometriose, a
Bartholomeu relação dessa
Noguéres doença com a
Terra infertilidade feminina
e as consequências
sociais e
psicológicas dessa
patologia na vida da
mulher.
Biodireito e Julia Picinato 2018 Revisão Compreender as
legislação na Medeiros de interativa da normas existentes na
reprodução Araújo, literatura legislação brasileira,
assistida Carlos a respeito da
Henrique reprodução assistida.
Medeiros de
Araújo
58

Análise crítica Tatiana 2019 Revisão Fazer uma análise


sobre a evolução Henriques integrativa crítica sobre a
das normas Leite da literatura evolução das normas
éticas para a e análise éticas propostas pelo
utilização das documental CFM para a
técnicas de do texto utilização de TRA no
reprodução Brasil.
assistida no
Brasil
Atuação do Mariana 2019 Abordagem Identificar à
enfermeiro no Pereira Freire qualitativa e assistência do
diagnóstico de descritiva enfermeiro no
precoce da Mendonça, atendimento a
Endometriose Rosangela mulheres com
Justino endometriose.
Pereira,
Silmara Silva
de Sousa de
Carvalho,
João de
Souza
Pinheiro
Barbosa,
Ronaldo
Nunes Lima
O direito à saúde, Rayne da 2019 Revisão Compreender a
à efetividade do Conceição Integrativa situação em saúde
serviço e à Costa, Jonas da da mulher, no Brasil,
qualidade no Rodrigo bibliografia no que diz respeito à
acesso às Gonçalves efetivação do direito
políticas públicas à saúde com vistas
ao que é assegurado
59

de atenção à nas Políticas


saúde da mulher Públicas de Atenção
Integral à Saúde da
Mulher (PAISM), por
meio da Política
Nacional de Atenção
Integral à Saúde da
Mulher (PNAISM).
Perfil Jéssica 2020 Revisão de Descrever o perfil
epidemiológico Vilarinho literatura epidemiológico e
de mulheres com Cardoso, descritiva e clínico de mulheres
endometriose: um Daniel retrospectiva com endometriose e
estudo descritivo Escorsim determinar a
retrospectivo Machado, associação com as
Mayara características
Calixto da prognósticas da
Silva, Plínio doença.
Tostes
Berardo,
Renato
Ferrari,
Maurício
Simões
Abrão, Jamila
Alessandra
Perini
Aspectos Rafaela Paula 2021 Revisão Analisar os aspectos
emocionais em Marciano, integrativa emocionais
reprodução Waldemar da literatura presentes no
humana Naves do processo de
assistida: uma Amaral reprodução humana
revisão assistida (RHA).
60

integrativa da
literatura
Associação entre Amanda 2021 Revisão de Reunir os dados
endometriose e Nunes Duarte literatura existentes na
infertilidade narrativa literatura
feminina: uma contemporânea para
revisão de compreender os
literatura mecanismos
envolvidos na
infertilidade gerada
pela endometriose.
A atuação da Emilly Selvati 2021 Revisão Evidenciar os
equipe de Coelho, integrativa principais sinais e
enfermagem Marcia Divina da literatura sintomas que estão
junto a Magalhães, relacionados com
Infertilidade Giovanna essa doença;
Felipe identificar os
Cavalcante, possíveis
Ruhena tratamentos; detalhar
Kelber Abrão a qualidade de Vida e
dificuldades que
precisam ser
enfrentadas por
mulheres com
endometriose
infertilidade; e
descrever atuação
de enfermagem.
Endometriose Julio Cesar 2021 Revisão Demonstrar quais
Aspectos clínicos Rosa e Silva, sistemática exames seriam
do diagnóstico ao Fernando da literatura necessários para o
tratamento Passador
61

Valerio, diagnóstico dessa


Helmer doença.
Herren, Julia
Kefalás
Troncon,
Rodrigo
Garcia,
Omero
Benedicto
Poli Neto
Experiências das Carla Marins 2021 Revisão de Descrever as
mulheres quanto Silva, Camilla literatura experiências das
às suas Freitas da descritiva, mulheres sobre as
trajetórias até o Cunha, qualitativa suas trajetórias
diagnóstico de Karoline desde o início dos
endometriose Rangel sintomas até o
Neves, Victor diagnóstico da
Hugo Alves endometriose.
Mascarenhas,
Adriana
Caroci-
Becker
Infertilidade Suzana 2021 Revisão Conhecer de que
feminina e Oliveira integrativa modo a
conjugalidade: Campos, da literatura conjugalidade é
revisão Fabio afetada pela
integrativa da Scorsolini- infertilidade feminina
literatura Comin a partir da produção
científica nacional e
internacional.
62

Infertilidade e Heloisa 2021 Revisão Demonstrar o


relevância de Junqueira integrativa comprometimento do
acompanhamento Fleury, da literatura relacionamento
especializado Carmita sexual do casal que
para minimizar Helena Najjar vivencia a
disfunções Abdo infertilidade e as
sexuais abordagens
terapêuticas para
essa condição, assim
como a relevância do
acompanhamento
psicológico para
amenizar as
dificuldades desse
processo.
O conhecimento Thais Lima de 2021 Quantitativo, Analisar o
de mulheres Sousa, transversal e conhecimento da
portadora de Rodrigo descritivo mulher portadora de
endometriose Marques da endometriose sobre
sobre a doença e Silva, Leila a sua doença e o
o planejamento Batista planejamento
familiar Ribeiro, familiar.
Samuel da
Silva Pontes
Representação Ana Beatriz 2021 Pesquisa Comparar as
social das Azevedo analítica, representações
biotecnologias Queiroz, comparativa, sociais das
reprodutivas Renata Porto qualitativa biotecnologias
entre enfermeiros dos Santos reprodutivas entre
que atuam na Mohamed, enfermeiros que
saúde sexual e Elen Petean atuam na saúde
reprodutiva Parmejiani, sexual e reprodutiva,
63

Maria e seus nexos com a


Aparecida prática profissional.
Vasconcelos
Moura, Ana
Luiza de
Oliveira
Carvalho,
Lidia Santos
Soares

Tabela 2: Artigos e livros coletados de acordo com o título, autores, ano de publicação, tipo de estudo
e objetivo, 2021.
Fonte: Autoria própria, 2021.

O quadro a seguir demostra a categorização dos artigos quando ao título, país


e metodologia.

Título País Metodologia


A influência dos fatores Brasil Trabalho de revisão integrativa de
dietéticos na literatura, com abordagem pelo método
endometriose qualitativo, para a realização da
pesquisa utilizou-se dados das bases
científicas eletrônicas como: MedLine
(Medical literature Analysis and
Retrieval System Online), PubMed e
Scielo (Scientific eletronic library
online). A pesquisa ocorreu entre
fevereiro e abril de 2019.
Assistência de Brasil Estudo bibliográfico, descritivo, de
enfermagem às pacientes caráter qualitativo. A busca literária se
com endometriose: deu por meio das bases de dados
revisão de literatura SCIELO e BVS. Foram utilizados 46
64

artigos, escritos entre os anos 2016-


2020
Assistência de Brasil Pesquisa de revisão sistemática com
Enfermagem às mulheres abordagem qualitativa, através do
com diagnóstico de levantamento bibliográfico de artigos
Endometriose científicos publicados em revistas
científicas nacionais e gratuitas,
disponíveis em dados virtuais, tais
como Scientific Eletronic Library Online
(Scielo), Google Acadêmico e,
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) no
período de 2014 à 2019.
Atuação do enfermeiro no Brasil Trabalho de abordagem qualitativa com
diagnóstico precoce da uma abordagem descritiva, teve como
Endometriose principal fonte 14(vinte e três) artigos
científicos, publicados entre o ano 2010
até 2018, disponíveis nos sites,
SciEeLO (Scientific Electronic Library
Online), BVS (Biblioteca Virtual da
Saúde), dentre estes, revistas e
protocolos do Ministério da Saúde.
Avanços e desafios da Brasil Estudo de revisão de literatura, do tipo
concretização da política narrativa, sobre os desafios da
nacional da saúde da concretização da Política Pública da
mulher: uma revisão de Saúde da Mulher. A busca nas bases
literatura de dados eletrônicos foi realizada na
Medline (via PubMed) Lilacs, SciELO.
Endometriose: aspectos Brasil O estudo trata de uma revisão
diagnósticos bibliográfica de caráter exploratório,
e terapêuticos descritivo, realizado por meio de
buscas nas bases de dados Literatura
Latino Americana e do Caribe em
65

Ciências da Saúde LILACS, Medical


Literature Analysisand Retrieval
System Online MEDLINE, e Scientific
Eletronic Library Online SCIELO,
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) a
partir dos descritores: Endometriose;
Diagnostico; Tratamento, de forma
única ou combinada.
Endometriose: promoção Brasil Revisão bibliográfica, descritiva e
em saúde pelo qualitativa, onde foram levantados (20)
Enfermeiro artigos com buscas nas bases de
dados, revistas, artigos científicos,
Ministério da Saúde, a coleta dos dados
foi realizada entre os meses de maio à
junho de 2019.
Endometriose, Brasil Estudo de revisão narrativa. As bases
dificuldades no de dados usadas para as pesquisas
diagnóstico precoce e a bibliográficas foram: Scientific
infertilidade feminina: Electronic Library Online (SciELO);
Uma Revisão National Center for Biotechnology
Information (PubMed/MEDLINE) e
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).
Essas são bases de dados que
concentram publicações de excelência
voltadas na área da saúde. A seleção
dos artigos publicados nas bases de
dados foi compreendida entre os anos
de 2001 a 2021.
Endometriose: causas, Brasil Revisão integrativa de literatura com
implicações e tratamento abordagem pelo método qualitativo.
da infertilidade feminina Foram selecionadas 50 referências
distribuída nas línguas portuguesa e
66

através das técnicas de inglesa. Os artigos científicos utilizados


reprodução assistida foram encontrados nas bases de
pesquisa PubMed, SciELO, Google
Acadêmico e Science Direct, além de
livro, manuais e protocolos, sendo 32
trabalhos datados entre os anos de
2014 a 2020 e 18 trabalhos referente
aos anos de 1999 a 2012.
Ética e direitos humanos Brasil Estudo de revisão bibliográfica
na reprodução assistida referente ao direito e eticidade da
Reprodução Humana Assistida. Para a
formação deste trabalho foi realizada
uma coleta de publicações
referenciadas em revistas como:
National Library of Medicine, PUBMED,
Literatura Latino Americano e do Caribe
em Ciências Sociais e da Saúde
LILACS e o Scientific Eletronic Library
Online SCIELO.
O papel da enfermagem Brasil Estudo de revisão bibliográfica, de
no acolhimento de abordagem qualitativa, utilizado livros,
pacientes que dissertações, artigos científicos, teses e
apresentam dor em revistas com publicações entre 2014
decorrência da até 2021.
endometriose: uma
revisão de literatura
Reprodução Assistida: Brasil Estudo descritivo, observacional e de
transpondo os desafios caráter retrospectivo, a partir da
da Infertilidade Feminina avaliação de dados disponibilizados
pelo DATASUS entre os anos de 2016
e 2018.
67

Tratamento da Brasil Estudo de revisão de literatura


Endometriose pélvica: integrativa, de abordagem qualitativa. A
uma revisão sistemática busca dos artigos científicos ocorreu
entre os meses fevereiro e junho de
2018, e os trabalhos científicos foram
selecionados na base de dados
SciELO, utilizou-se os filtros, a fim de
obedecer aos seguintes critérios de
inclusão: coleções Brasil e Saúde
Pública; todos os periódicos; texto
completo; idiomas inglês e português;
ano de publicação de 2013 a 2018.
Tratamento farmacológico Brasil Revisão de literatura bibliográfica,
para Endometriose descritiva, de caráter qualitativo e
quantitativo.
Os artigos foram coletados nos
seguintes bancos de dados: SCIENCE
DIRECT e PUBMED dados publicados
entre 2008 a 2018.
Trabalho do enfermeiro Brasil Pesquisa do tipo exploratório com
em reprodução humana abordagem qualitativa e descritiva,
assistida: entre tecnologia desenvolvida com aplicação da Teoria
e humanização das Representações Sociais em sua
abordagem processual.

Tabela 3: Artigos com títulos, país e metodologia utilizada, 2021.


Fonte: Autoria própria, 2021.

3.1 O enfermeiro no Diagnóstico de Endometriose associado a Infertilidade


68

A partir da análise dos estudos selecionados é possível afirmar que para a


prestação de assistência qualificada diante do problema de infertilidade a consulta de
enfermagem deve conter escuta qualificada e acolhimento de forma humanizada,
dessa maneira, é importante compreender que acolher consiste em atender o paciente
com postura ética, realizar anamnese de forma holística, escutar suas queixas e
deixar claro que o paciente vai ser sempre o protagonista do seu processo de saúde,
logo, estabelecer vínculo com o paciente é essencial para um diálogo efetivo que
facilita na decisão da melhor estratégia terapêutica além de proporcionar segurança
ao paciente a respeito das medidas que serão tomadas em comum acordo entre a
usuária e a equipe COELHO et al., (2021). No que diz respeito a endometriose
segundo Coelho et al., (2021), trata-se de uma doença de diagnóstico difícil, diante
disso o enfermeiro desempenha um papel de facilitar essa etapa de maneira
significativa de modo que possibilite a intervenção precoce e favoreça a qualidade de
vida da mulher, através da avaliação e triagem adequada, com atendimento
humanizado, além de promover para a paciente educação, orientação e apoio o
enfermeiro também pode ajudar a diminuir os impactos físicos e psicológicos que
atinge a mulher tanto antes do diagnóstico quanto depois.
Os enfermeiros que atuam no âmbito de saúde da mulher tem como uma de
suas atribuições a educação em saúde sendo necessário que o profissional seja
conhecedor da etiologia, apresentação clínica da doença, diagnóstico e opções
terapêuticas com a finalidade de dar suporte e qualificar o atendimento diante de um
possível diagnóstico, dessa forma, devem prestar uma assistência individualizada
tanto na Atenção Básica quanto na Atenção Hospitalar devendo considerar as
consequências da doença e do tratamento sobre a qualidade de vida da mulher
buscando elaborar estratégias de tratamento que proporcione cuidados capaz de
abranger todos os aspectos biopsicossociais da usuária do serviço de saúde através
do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Endometriose proposto na portaria
Nº 144 de 31 de março de 2010 (COELHO et al., 2021).
Para Coelho et al., (2021), o exame físico frente a qualquer diagnóstico se
realizado de forma holista se apresenta efetivo e de grande importância devendo
acontecer de maneira integral com avaliação especular da vagina e do colo do útero
observando forma, posição, mobilização, dor, presença de nódulos, presença de
69

leucorreia e sinais de infecções, no entanto, devem ser complementado com exames


laboratoriais, de imagem como: ressonância magnética, ultrassonografias e/ou
biópsia de material de laparoscopia ou videolaparoscopia para confirmar, bem como,
ampliar o diagnóstico. Em outro estudo, De Aguiar et al., (2020), afirmou que a
avaliação e a triagem realizadas pelo enfermeiro facilita o diagnóstico da
endometriose e a utilização de instrumento de dados contribui tanto para qualificar o
atendimento, quanto para facilitar a tomada de decisão entre os profissionais, tendo
em vista que, com um conhecimento abrangente e um acompanhamento com equipe
de enfermagem qualificada as mulheres portadoras da doença terão um diagnóstico
mais rápido embora a doença possa ser confundida com outras patologias devido sua
sintomatologia inespecífica.
Em contraponto, Da Silva (2021), discute sobre a atuação do enfermeiro frente
ao diagnóstico tardio da endometriose uma vez que segundo ele a doença é muito
silenciosa e existem diversos casos em que a patologia se apresenta completamente
assintomática, logo, o diagnóstico geralmente acontece quando o quadro já se
encontra avançado onde os impactos físicos e psicológicos são significativos devendo
o profissional ter conhecimento técnico cientifico para conduzir a terapêutica, além de
cuidados humanizados para diminuir as repercussões psicológicas do estágio da
doença.
Do material selecionado é válido ressaltar a importância da obra de Caldeira et
al, 2017), o qual defende que a relação da endometriose com a infertilidade está ligada
com o potencial de distorção da anatomia pélvica decorrente do processo de
aderência, além disso, também pode ter influência hormonal, implantação do embrião
alterada decorrente das substancias que a doença produz que atrapalham a
implantação do óvulo, anormalidade anatômicas do ovário, tubas uterinas e útero
decorrente dos endometriomas, alterações imunológicas, redução na qualidade dos
ovócitos, dificuldade na liberação e transporte dos óvulos, receptividade endometrial,
são fatores que podem levar a infertilidade, no entanto, no estudo de De Souza et al.,
(2017), a associação da endometriose com a infertilidade irá depender do estágio da
doença pois segundo ele, somente na endometriose severa que geralmente acontece
o comprometimento morfológico da anatomia pélvica.
70

De acordo com o estudo De Mendonça et al., (2019), diante do diagnóstico de


infertilidade decorrente da endometriose é importante o enfermeiro se atentar aos
sinais de depressão, ansiedade e desanimo, devendo conduzir a equipe, orientar o
paciente e os familiares assim como promover ações de saúde que favoreça, o bem
estar físico e psicológico para auxiliar os envolvidos no enfrentamento da doença,
além disso, a orientação para o parceiro da mulher é fundamental tendo em vista que
a endometriose causa muitos transtornos na vida sexual do casal. Em consonância a
isso, Donatti et al., (2017), também concorda que não é possível fazer a dissociação
da mente e do corpo quando se trata de infertilidade, visto que, estudos apontam que
mulheres assistidas de maneira física e psicológica apresentam resultados
satisfatórios, dessa forma, compete ao profissional de enfermagem acolher, escutar,
orientar, esclarecer, estabelecer vínculo, explicar todas as possibilidades terapêuticas
deixando claro que a paciente é protagonista do seu processo e quais as reais
possibilidades de sucesso é essencial para um assistência integral, efetiva e
qualificada.
Diante disso, de acordo com o estudo de Marciano; Amaral (2021), é importante
compreender que o caminho para a conclusão do diagnóstico da Endometriose e
Infertilidade pode ser longo e cheio de desafios, tendo em vista a precariedade de
assistência integral e humanizada além dos sinais e sintomas inespecíficos que
podem facilmente ser confundido com outras patologias ginecológicas e dificultar o
diagnóstico precoce, desse modo, é válido ressaltar que uma consulta de enfermagem
de qualidade consiste em anamnese e exame físico completo, acionamento da equipe
multidisciplinar composta por médicos ginecologistas, nutricionistas, psicólogos,
endocrinologistas e educador físico.
Segundo afirma Castro et al., (2021), os hábitos de vida como alimentação e
pratica de atividade física possuem influência direta com a fertilidade, além dos fatores
hormonais que devem ser avaliados e ajustados de acordo com a necessidade
individual de cada paciente, dessa forma devem ser traçado estratégias e ações
terapêuticas entre a equipe interdisciplinar para aumentar possibilidade de sucesso
do tratamento escolhido, o enfermeiro deve prestar uma assistência pautada em
orientações, estratégias de prevenção de agravos, redução dos danos físicos e
psicológicos, realizar uma avaliação sistematizada com solicitação de exames
71

laboratoriais, de imagem, e biópsia de material de laparoscopia ou videolaparoscopia


para confirmação diagnóstica, devendo seguir todos os protocolos de saúde
respeitando acima de tudo a vida com técnicas cientificas associadas a humanização.

3.2 Tratamento da Infertilidade feminina e Endometriose no Sistema Público


de Saúde

Diante da análise do material bibliográfico selecionado é possível observar que


após a confirmação diagnóstica da endometriose a primeira estratégia terapêutica
pensada é o tratamento farmacológico, tendo em vista que além de apresentar
redução da sintomatologia, o tratamento é acessível e de baixo custo se comparado
aos tratamentos tecnológicos, dessa forma, torna-se primeira opção na maioria dos
casos, no entanto, alguns aspectos devem ser levados em consideração a respeito
do tratamento medicamentoso como gravidade dos sintomas, localização e extensão
dos endometriomas, é importante debater sobre o desejo de engravidar o qual
descarta a possibilidade de tratamento medicamentoso, considerar a idade da
paciente e os efeitos adversos dos medicamentos, o objetivo dessa terapia é
manipular os hormônios através do uso de progestinas ou gonadotropina análogo do
hormônio de liberação (GnRH) que inibe a evolução da endometriose pelo
atrofiamento do endométrio, ou seja, simulando uma pseudogravidez,
pseudomenopausa ou anovulação crônica, que desfavorece o desenvolvimento dos
focos de endometriose, entretanto essas combinações hormonais tem efeitos
contraceptivos que é contraindicado para tratamento de mulheres que desejam
engravidar (NOGUEIRA et al., 2018).
Corroborando a isso estudos feitos por Vieira et al., (2020), indicam que a
endometriose se trata de uma doença sensível a progesterona sendo assim os níveis
elevados do hormônio pode causar atrofia da musculatura do endométrio, dessa
maneira, a utilização dos fármacos é eficaz na redução dos sintomas e associado aos
analgésicos promovem qualidade de vida para a mulher tendo em vista que a dor é a
principal queixa das portadoras de endometriose, no entanto, é importante ressaltar
72

que a eficácia do tratamento medicamentoso é considerado limitante, tendo em vista


que devem ser utilizados durante 3 a 6 meses decorrente dos efeitos adversos
semelhantes ao efeitos da menopausa como ressecamento da vagina, atrofia
geniturinária, aumento de Infecção do Trato Urinário (ITU) dispareunia, diminuição da
massa óssea, entre outros , além disso, se durante esse período não forem observado
resultados positivos uma nova estratégia de intervenção deve ser elaborada. O estudo
de Tomás; Metello (2019), também acredita que o uso continuo de medicamentos
podem melhorar os desconfortos causado pela doença, porém em alguns casos
também pode vir associado com irritabilidade e desconforto mamário, para ele o uso
dos combinados hormonais contraceptivos é bem seguro embora pelo menos ¼ das
pacientes não apresentem melhora clínica, além disso, esses compostos apresentam
um bom potencial de controle da doença mas não permite elimina- lá, nesse caso os
focos apresentam regressão durante o uso dos fármacos e retornam sua atividade
metabólica com a interrupção do tratamento (LIMA et al., 2017).
Existem situações em que a terapêutica medicamentosa não é uma opção,
como por exemplo nos casos de pacientes que procuram o serviço de saúde com o
desejo de recuperar a fertilidade e conseguir gestar, além disso, o uso de hormônios
combinados já não tem efeito positivo sobre a endometriose em estágio avançado,
com lesões extensas, obstrução uretral, reto sigmoide se estenose maior que 50% da
alça, dessa maneira, o próximo passo seria a terapêutica cirúrgica que consiste em
laparotomia, laparoscopia ou videolaparoscopia onde os implantes são destruídos por
coagulação laser, vaporização de alta frequência podendo ser por método
conservador onde objetiva preservar a fertilidade da mulher ou o método radical que
consiste em histerectomia e salpingorforectomia bilateral, o método conservador vem
apresentando resultados bastante satisfatórios com redução da sintomatologia em até
80% dos casos conforme explica (CONCEIÇÃO et al., 2019). Em consonância a isso,
Tomás; Metello (2019), concorda que a terapêutica cirúrgica apresenta resultados
satisfatório na redução dos sintomas da endometriose, no entanto, as taxas de
recorrência da doença no período de 5 anos após a cirurgia é de pelo menos 40 a
50% dos casos, o autor também ressalta que o impacto da cirurgia na fertilidade ainda
é controverso, embora exista um potencial elevado da mulher conseguir engravidar
após a cirurgia, entretanto, acredita que sobretudo nos casos de endometriose as
73

técnicas de Reprodução Humana Assistida (RHA) são uma opção de tratamento da


fertilidade mais eficaz para mulheres portadoras da doença.
Atualmente a legislação em processo da RHA no Brasil é bem escassa, sendo
o Conselho Federal de Medicina (CFM) que publica documentos relacionados a ética
e bioética dispondo para a sociedade informações importantes a respeito do futuro da
família com as suas resoluções, no Brasil as buscas pelas técnicas têm aumentado
significativamente nos últimos anos principalmente como medida de tratamento de
problemas de infertilidade, a RHA representa um conjunto de tecnologia avançada e
manipulada com o objetivo de resolver problemas de reprodução humana tanto para
mulheres com infertilidade, quanto para casais em relações homoafetivas e pessoas
solteiras, através de manipulação de materiais biológicos, equipamentos e
medicamentos adequados para desenvolver a fecundação fora do corpo da mulher,
de acordo com o autor o método demostra inúmeros avanços tecnológicos bem
sucedidos na área, no entanto, ainda com as regulamentações presentes no Brasil
nem todas as mulheres com problemas de infertilidade aderem ao tratamento por
envolver questões culturais, religiosas, econômicas, sociais e familiares (SILVA,
2019).
Corroborando a isso Raposo (2019), afirma ainda que no Brasil segundo a Lei
nº 32/2006 de 26 de junho, sobre a reprodução humana a legislação não estabelece
idade máxima para mulheres ou pelo menos esse limite não é explicito, entretanto,
um limite foi definido para as mulheres que desejam receber o tratamento no serviço
nacional de saúde o objetivo dos requisitos parece ser excluir a gravidez de mulheres
mais velhas onde a taxa de fracasso é maior, dessa forma, os recursos do serviço
nacional de saúde tem sido ofertados para mulheres com no máximo 40 anos de
idade, já no estudo de Ferraz (2018), observou-se que o Conselho Federal de
Medicina publicou uma resolução ressaltando a segurança e a defesa da saúde da
mulher assim como os direitos de reprodução assistida no Brasil, alegando que a
idade máxima da paciente candidata para a gestação deve ser de 50 anos enquanto
a doadora do material biológico deve ser de no máximo 35 anos de idade.
Contudo, diante do material bibliográfico selecionado para compreender os
aspectos terapêuticos atualmente são utilizados no Brasil para tratar a endometriose
e infertilidade é válido ressaltar a obra de Vieira et al., (2018), onde o autor explica
74

que as técnicas de reprodução assistida vem sendo cada vez mais utilizada no
tratamento da infertilidade em mulheres com diagnóstico de endometriose,
principalmente a Fertilização In Vitro (FIV) tendo em vista que é a que mais apresenta
taxas de sucesso elevadas, de acordo com o material embora as mulheres com o
diagnóstico da doença estejam susceptíveis a ter uma taxa menor de reserva
ovariana, também apresentam resultados satisfatórios após a FIV se comparado a
mulheres com infertilidade por fatores tubários, dessa forma, a FIV tornou-se um dos
tratamentos mais indicados para reprodução humana em pacientes com diagnóstico
de infertilidade decorrente da endometriose.

3.3 Atenção Integral à Saúde da Mulher no Sistema Público de Saúde

Nos estudos selecionados para a construção da presente pesquisa, observou-


se através da análise criteriosa do material bibliográfico, a importância da assistência
integralizada para as mulheres principalmente na rede pública onde os casos de
desigualdade de classe e de gênero são de alta prevalência necessitando de um olhar
mais humanizado, holístico, repleto de acolhimento, escuta qualificada e equidade, no
entanto, foi observado que mesmo depois da implantação da PNAISM a integralidade
é inexistente no serviço de saúde mesmo tendo sido implantada inúmeras propostas
de integralidade nas práticas profissionais, a pesquisa evidenciou que para uma
assistência efetiva capaz de garantir promoção de saúde, redução de agravos e
recuperação de danos à saúde da mulher é necessário compreender o ser humano
em sua totalidade, assistindo todas as dimensões em seu contexto físico, psicológico,
social e econômico situação essa que ainda encontra-se limitada a nível
organizacional local, além disso, o estudo evidenciou que a precariedade na
assistência não está relacionado com a falta de profissionais especializados em saúde
da mulher, mas sim, na vinculação assistencial que geralmente é direcionada para os
cuidados materno infantil exclusivamente, dificultando o diagnóstico precoce de
patologias como endometriose e agravamento do quadro clínico de infertilidade
decorrente do diagnóstico tardio (SANTANA et al., 2019).
75

Corroborando a isso, o estudo de Conceição et al., (2019), concorda que com


o tempo as políticas públicas de atenção à saúde da mulher sofreram modificações e
atualizações que trouxeram repercussões significativas para o atendimento à
população exposta a condição de vida precária, tendo em vista que as mulheres
representam a maior parte do público que frequenta o serviço de saúde. De acordo
com Tavares (et al, 2020), o autor afirma ainda que há mais mulheres em situação de
pobreza do que homens, desse modo, surge a Política Nacional de Atenção Integral
à Saúde da Mulher como resultado do movimento feminista para trabalhar nas
questões de saúde sexual, reprodutiva, aborto e violência contra a mulher transpondo
aspectos socioculturais e da cultura machista que eternizam a subjugação feminina
através de relações de poder desiguais. Em consonância a isso, Correia et al., (2019),
ressalta os benefícios que as políticas públicas trouxeram para qualificar o
atendimento à mulher, o qual possibilitou um olhar mais cuidadoso para as relações
socioculturais que interferem na saúde da usuária o autor menciona que a PNAISM
exerce o princípio da integralidade exatamente para atender as necessidades do
público alvo de maneira holista.
Segundo o estudo feito por Da Conceição; Gonçalves (2019), prestar uma
assistência integral a mulher permite promover ações de atenção obstétrica e neonatal
de maneira humanizada, buscando reduzir os riscos de morte materna e infantil, traçar
estratégias de cuidados frente ao abortamento em condições inseguras conforme
previsto em lei, atuar na educação em saúde, prevenção e controle das doenças
sexualmente transmissíveis, redução de morbimortalidade por doenças crônicas-
degenerativas, estender o cuidado para além do caráter reprodutivo da mulher, prestar
cuidados para mulheres em situações de vulnerabilidade como moradoras de rua e
pessoas privadas da liberdade, garantir suporte de saúde sexual e reprodutiva para
mulheres em relacionamentos homoafetivos, realizar rastreamento de câncer de colo
de útero e mama, implementar ações de promoção de saúde à adolescente assim
como a mulher idosa, atuar no combate à violência contra a mulher, a partir dessa
perspectiva compreende-se que a Atenção Primária à Saúde (APS) através da
Estratégia de Saúde da Família (ESF) à qual é tida pela Organização Mundial de
Saúde (OMS) como instrumento fundamental de assistência integralizada através da
interdisciplinaridade da equipe e do fácil acesso para a população feminina.
76

4 CONCLUSÃO

Diante da análise delineada dos dados alocados na presente pesquisa e com


base nos conteúdos bibliográficos selecionados percebe-se a relevância da
assistência de enfermagem para mulheres portadoras de infertilidade decorrente da
endometriose, tendo em vista, que se trata de uma doença de alta prevalência e de
difícil diagnóstico a qual desencadeia consequências físicas e psicológicas nos
indivíduos e familiares, dessa maneira, a atuação do profissional de enfermagem
torna-se de extrema relevância para as questões de assistência integralizada e
atendimento qualificado.
De acordo com os aspectos analisados durante a elaboração do presente
estudo é importante ressaltar que compete ao enfermeiro que atua na prestação de
assistência à saúde da mulher, executar o atendimento de forma integralizada,
holística, fornecer educação em saúde, escuta qualificada, além de realizar
acolhimento e promover ações que possibilitem o diagnóstico precoce o qual é
fundamental para a melhorar a qualidade de vida das mulheres e reduzir os riscos de
complicações severas a saúde reprodutiva.
No Brasil as mulheres portadoras de endometriose e infertilidade tem acesso
aos métodos terapêuticos disponíveis no sistema público de saúde, dessa maneira, a
equipe multidisciplinar em comum acordo com a usuária do serviço pode optar por
terapia medicamentosa e/ou cirúrgica, podendo ainda recorrer aos métodos de
Reprodução Humana Assistida com o objetivo de solucionar problemas psicossociais
causados pela incapacidade de gerar filhos que impactam a saúde mental.
No que diz respeito a atenção integral a saúde da mulher é importante
compreender que conforme foi discutido no presente estudo os cuidados consistem
em assistir a mulher dentro e fora do contexto materno infantil, incluindo questões
sociais, saúde mental, sexual, reprodutiva, cuidados com doenças crônico
degenerativas, diagnóstico precoce, prevenção de agravos, promoção de saúde em
todas as fases da vida e luta contra a violência à classe.
Ao término da análise é perceptível compreender a relevância da presente
pesquisa para o âmbito acadêmico e profissional considerando a importância do
77

enfermeiro na prestação de cuidados frente a uma doença de alta prevalência que


necessita do olhar criterioso e humanizado do profissional para a promoção de saúde
e qualidade de vida.
78

REFERÊNCIAS

ALVES, A. B. A.; SANTOS, L. L.; BRITO, M. do C. A. et al. Endometriose: promoção


em saúde pelo enfermeiro. Epitaya E-books, v. 1, n. 2, p. 96-101, 2021.

BARRETO, F. N.; FIGUEIREDO, I. Acurácia da ultrassonografia com preparo


intestinal no diagnóstico da endometriose profunda. Revista de Investigação
Biomédica, v. 10, n. 3, p. 258-263, 2019.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. PROJETO DE LEI Nº 3.047. Institui o dia 13 de


março como o Dia Nacional de Luta Contra a Endometriose e a Semana Nacional de
Educação Preventiva e de Enfrentamento à Endometriose, a ser realizada anualmente
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Centro Universitário

Paripiranga (BA)

TERMO DE RESPONSABILIDADE

RESERVADO AO REVISOR DE LÍNGUA PORTUGUESA

Anexar documento comprobatório de habilidade com a língua, exceto quando revisado pelo orientador.

Eu, JOSÉ GONÇALVES SOBRINHO, declaro inteira responsabilidade pela revisão da Língua
Portuguesa do Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia), intitulado: ASSISTÊNCIA DE
ENFERMAGEM NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA INFERTILIDADE FEMININA
DECORRENTE DA ENDOMETRIOSE NO SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE a ser entregue por
VANESSA SANTOS OLIVEIRA TADZIO, acadêmico (a) do curso de ENFERMAGEM.

Em testemunho da verdade, assino a presente declaração, ciente da minha responsabilidade


no que se refere à revisão do texto escrito no trabalho.

Paripiranga, 05 de dezembro de 2021.

Assinatura do revisor
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Centro Universitário

Paripiranga (BA)

TERMO DE RESPONSABILIDADE

RESERVADO AO TRADUTOR DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: INGLÊS, ESPANHOL OU FRANCÊS.

Anexar documento comprobatório de habilidade do tradutor, oriundo de IES ou instituto de línguas.

Eu, JOSÉ GONÇALVES SOBRINHO, declaro inteira responsabilidade pela tradução do


Resumo (Abstratc/Resumen/Résumé) referente ao Trabalho de Conclusão de Curso
(Monografia), intitulado: ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO DIAGNÓSTICO E
TRATAMENTO DA INFERTILIDADE FEMININA DECORRENTE DA ENDOMETRIOSE NO
SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE, a ser entregue por VANESSA SANTOS OLIVEIRA TADZIO,
acadêmico (a) do curso de ENFERMAGEM.

Em testemunho da verdade, assino a presente declaração, ciente da minha responsabilidade


no que se refere à revisão do texto escrito no trabalho.

Paripiranga, 05 de dezembro de 2021.

Assinatura do revisor

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