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O JOGO DILEMA DO PRISIONEIRO: INTER-RELAÇÃO ENTRE

AUTOCONTROLE E COMPORTAMENTO SOCIAL EM SITUAÇÕES DO DIA


A DIA.

DAFNE FIDELIS e PEDRO BORDINI FALEIROS

Os modelos da teoria dos jogos são onipresentes na Economia, comuns na

Ciência Política e cada vez mais usados em Psicologia e Sociologia” (Brams, 2011, ix).

Rapoport e Zwick (2000) mencionam que a Psicologia Social tem empregado muitos dos

conceitos básicos da teoria dos jogos para construir teorias de interação social e

delineamentos experimentos para testá-los. Um dos jogos mais utilizados em Psicologia

é o Dilema do Prisioneiro.

Dois membros da gangue criminosa são presos e


presos. Cada prisioneiro está em confinamento solitário
sem meios de falar ou trocar mensagens com o outro. A
polícia admite que não tem provas suficientes para
condená-los da acusação principal. A menor sentença
planejada para os infratores é de um ano de prisão.
Simultaneamente, a polícia oferece a cada prisioneiro uma
barganha incrível. Se um deles testemunhar contra o seu
parceiro, o primeiro ficará livre, enquanto o parceiro será
condenado a três anos de prisão na acusação principal. Ah,
sim, há um problema ... Se ambos os prisioneiros
testemunharem um contra o outro, ambos serão
sentenciados a dois anos de prisão cada. Os prisioneiros
têm um pouco de tempo para pensar sobre isso, mas em
nenhum caso podem saber o que o outro decidiu, até que
ele tenha tomado a sua irrevogável decisão. Cada um é
informado de que ao outro prisioneiro está sendo oferecido
o mesmo acordo. Cada prisioneiro está preocupado apenas
com o seu próprio bem-estar, minimizando sua própria
sentença de prisão. (Poundstone, p.118)

“Game theory models are ubiquitous in economics, common in political Science, and

more and more used in psychology and sociology” (Brams, 2011, ix). Rapoport e Zwick

(2000) mention that Social Psychology has borrowed many of the basic concepts of game

theory in order to construct theories of social interaction and design experiments to test
them. Um dos jogos mais empregados em experimentos na Pshychology is Prisoner´s

Dilemma Game. This Game is showed for the above anecdote:

Two members of criminal gang are arrested and imprisoned. Each


prisoner is in solitary confinement with no means of speaking to or
exchanging messages with the other. The police admit they don’t have
enough evidence to convict the pair on the principal charge. They plan
to sentence both to a year in prison on a lesser charge. Simultaneously,
the police offer each prisoner a Fausting bargain. If he testifies against
his partner, he will go free while the partner will get three years in
prison on the main charge. Oh, yes, there is a catch… If both prisoners
testify against each other, both will be sentenced to two year in jail. The
prisoners are given a little time to think this over, but in no case may
either learn what the other has decided until he has irrevocably made
his decision. Each is informed that the other prisoner is being offered
the very same deal. Each prisoner is concerned only with his own
welfare-with minimizing his own prison sentence. (Poundstone,
p.118)

The Prisoner’s Dilemma is an example of a game which has no satisfactory

situation. The chooser cannot do better by finding out more. Hence the dilemma. The

simplicity of the situation is misleading. Attempts to analyze it carry on deeper and deeper

into a maze of intricate and interrelates questions. So, the answer obtained are involved

and rich in psychology overtones. (Rapoport & Chammah, ix).

Na psicologia experimental, Rappoport e Chammah (1965) e Komorita (1965),

foram os pioneiros em desenvolver pesquisas utilizando o referido jogo. Em um manual

de labortório de Psicologia Experimental voltado para alunos de graduação, Ardila (1975)

destinou um capítulo exclusivo para o Jogo Dilema do Prisioneiro.

Especificamente na análise experimental do comportamento, quando o jogo é

empregado para investigar interações sociais, as variáveis empregadas são: probabilidade

de reciprocidade do outro parceiro (Baker & Rachlin, 2001); número de participantes no

jogo (Marwell & Schmitt, 1972; Yi & Rachlin, 2004); magnitude do reforço (Rapoport

& Chammah, 1965); comunicação entre participantes (Enzle & Morrison, 1974); história

de reforçamento (Silverstein, Cross, Brown & Rachlin, 1998); pausa entre as tentativas
(Yi & Rachlin, 2004) e o acesso à pontuação do outro jogador (Komorita, 1965;

McClintock & McNeel, 1966).

Killingback e Doebeli (2002) apresentam uma definição do Jogo Dilema do

Prisioneiro com base no modelo de seleção do comportamento pelas consequências. Na

anedota adaptada por estes autores, each player in the Prisoner's Dilemma Game, have

got two possible strategies: cooperate (C) or defect (D). The largest concentration of

reinforcers, in a single trial, is found in choice of defection. In a single instance of the

game, therefore, is always better desert regardless of what the other suspect will do.

However, since the game is symmetric, the same constraints apply to Player 2. Thus, both

players choose desert and receive the lowest reinforcement concentration. But if both

players had chosen cooperate, they would have received a payment greater than the choice

of mutual defection, but lower than the unilateral defection (individualist). Therefore, the

prisoner's dilemma contains, in prototypical form, the fundamental paradox of

cooperation - while there is an advantage for desertion with regard to cooperation, mutual

cooperation is more advantageous than mutual defection.

Desde sua primeira apresentação feita por Tucker na década de 19501 e durante

décadas, o Jogo Dilema do Prisioneiro, tem sido utilizado como um modelo para

investigar e analisar dilemas sociais, com dois ou mais jogadores. No entanto, a análise

experimental do comportamento também tem utilizado o Dilema do Prisioneiro para

investigar variáveis relacionadas ao autocontrole e impulsividade. (Charlton, Yi, Porter,

Carter, Bickel & Rachlin, 2011; Green, Price & Hamburger, 1995; Harris & Madden,

2002; Locey & Rachlin, 2012; Reboreda & Kacelnik, 1993; Sanabria, Baker & Rachlin,

2003, e Stephens, Mclinn & Stevens, 2002).

1
In 1950 Melvin Dresher devised a baffling “game” that challenged part of the theoretical basis
of game theory. RAND consultant Albert W. Tucker dubbed this game the Prisoner`s Dilemma.
(Poundstone, 1992)
No autocontrole, o dilema envolve a escolha de uma recompensa maior no futuro

ao invés uma recompensa menor no presente – conflito individual. O atraso se refere ao

intervalo de tempo entre a resposta e o reforçamento e a magnitude ao valor do reforço

no momento em que o mesmo é disponibilizado (Rachlin & Green, 1972). O autocontrole

envolve um conflito entre ações particulares, tais como comer uma sobremesa calórica,

tomar uma bebida alcoólica, ter um alto consumo de drogas, e padrões abstratos de ações

no tempo tais como viver uma vida saudável, viver em família, ou permanecer com

amigos e parentes (Rachlin, 1995).

Como já exposto, os estudos em análise experimental do comportamento tem

demonstrado que o Jogo Dilema do Prisioneiro, pode ser útil na investigação e análise

de fenômenos sociais, assim como do comportamento autocontrolado. Experimentos

investigaram conjuntamente as relações entre estes dois fenômenos e o efeito de um sobre

o outro (Baker & Rachlin, 2001; Brown & Rachlin, 1999 e Yi, King, Carter, Lands &

Bikel, 2010).

Em um estudo de revisão realizado por Fidelis e Faleiros (2014), sobre o uso do

Jogo Dilema do Prisoineiro na análise experimental do comportamento, foi possível

identificar que a maioria dos mesmos não relacionaram os seus resultados com situações

do cotidiano. Esses estudos, quando fazem relação dos resultados encontrados com

contextos do dia a dia, os exemplos são ou de interações sociais ou voltados a

comportamentos autocontrolados ou impulsivos, mas não apresentam conjuntamente a

relação entre esses fenômenos.

O emprego do Jogo Dilema do Prisioneiro, como um modelo de análise, pode

auxiliar na compreensão da inter-relação entre interações sociais e autocontrole. Por

exemplo, uma escolha autocontrolada pode estar sob controle de aspectos sociais, como

deixar de comer produtos calóricos após receber reforços sociais. Da mesma forma, as
interações sociais podem envolver aspectos relacionados ao autocontrole, como

economizar água, que normalmente refere-se a uma resposta autocontrolada, podendo

produzir benefícios não somente para o indivíduo, mas também para o grupo.

O objetivo do artigo foi apresentar situações hipótéticas e reais, considerando a

inter-relacão entre autocontrole e comportamentos sociais, no Jogo Dilema do

Prisioneiro.

DILEMA DO PRISIONEIRO: Autocontrole e Interações Sociais.

Cinco exemplos que empregam o Jogo Dilema do Prisioneiro serão apresentados

com base no modelo de seleção do comportamento pelas consequências em situações do

dia a dia: doping no esporte, uso de heroína e álcool, Guerra Fria e comportamento

violento.

Shermer (2008) afirma que no ciclismo há um conjunto de regras que proíbem

claramente o uso de drogas que visam a melhoria de desempenho. Entretanto, essas

drogas são extremamente eficazes e difíceis de detectar. Além disso, há um grande

incentivo para o uso das mesmas, que por sua vez, promovem altos ganhos. Uma vez que

os principais competidores quebrem as regras do uso de doping para obter vantagens, seus

adversários também irão quebrá-las. O efeito nesse caso será uma cascata de transgressões

até que toda modalidade esteja corrompida.

O ciclista pode escolher entre dopar-se – delatar - consumir substâncias ilegais

que aumentem o seu desempenho - ou não se dopar (cooperar). De acordo com a figura

1, o dopar-se é imediatamente mais reforçador do que não se dopar. Uma vez que outros

ciclistas também estejam consumindo drogas que aumentam seus rendimentos, estes

poderão vencer e aquele que não se dopou irá perder, podendo até sair da equipe. Mas, se
os ciclistas não se doparem, eles permanecerão competindo e no mesmo nível, sem

transgredir nenhuma regra.

Em um cenário oposto, se os ciclistas se doparem, ambos também estarão no

mesmo nível competitivo. Entretanto, estes estarão transgredindo as regras da

competição, e a longo prazo, consumir esse tipo de droga poderá levá-los a abandonar

precocemente a modalidade ou até a morte. Shermer (2008) cita o exemplo do ciclista

Phillipe Casado, que ao se juntar a uma equipe que usava um programa de doping, morreu

de ataque cardíaco aos 30 anos de idade.

Inserir figura 1

Para o autor, na Teoria dos Jogos, nenhum jogador tem algo a ganhar com

mudanças estratégicas unilaterais. Para acabar com o doping nos esportes é necessário

que o jogo seja reestruturado de modo que o competir passe a ser de forma limpa e alcance

tal equilíbrio. Assim, para que isso aconteça os jogadores que estiverem seguindo às

regras deverão ter um ganho maior do que trapacear.

Algumas recomendações são feitas por Shermer (2008) para que não haja doping

no ciclismo e em outros esportes no geral. Dentre estas estão: 1. Conceder imunidade a

todos os atletas por transgressões passadas; 2. Aumentar o número de competidores

testados, dentro e fora da competição, logo antes e depois de uma corrida; 3. Realização

dos testes devem ser feitas por agencias independentes; 4. Estabelecer uma recompensa

para cientistas que desenvolvam testes para detectar substâncias dopantes até então não

identificadas; 5. Aumentar a penalidade de ser pego - uma única vez pego e este atleta

estará fora para sempre das competições; 6. Desqualificar de um evento todos os membros
da equipe se qualquer um deles tiver testes antidoping positivos e 7. Obrigar o atleta

condenado a devolver todo o salário pago e prêmios em dinheiro aos patrocinadores da

equipe.

Os reforçadores no curto prazo para um vencedor em corridas de grande expressão

no ciclismo envolvem, altos ganhos financeiros, exposição na mídia, participação em

eventos, reconhecimento por parte de outros atletas e de torcedores. No entanto, o uso do

Doping, principalmente quando descoberto, faz com que os atletas percam todos estes

reforçadores. Exemplo real foi com o então campeão da volta da França e olímpico pelos

Estados Unidos, o cliclista Lance Armstrong, que foi pego por uso de Doping quando já

estava aposentado e depois de ter tido todo o reconhecimento como o maior atleta da

modalidade de todos os tempos.

Outro exemplo em que o Jogo Dilema do Prisioneiro também se aplica a

problemas da vida diária é o vício (Baker & Rachlin, 2001). Para esses autores, o

alcoólico, por exemplo, pode escolher entre tomar uma bebida (delatar) a não tomar

(cooperar). O indivíduo ao tomar uma bebida agora (sempre relativamente melhor do que

não tomar) torna todas as alternativas juntas piores no futuro (ressacas, condenação social,

má saúde, depressão), fazendo que o alcoólico se sinta mal. O mesmo ocorre por exemplo,

com um usuário de heroína.

O usuário de heroína pode escolher entre consumir (delatar) ou não consumir

(cooperar) a droga. Como apresentado na figura 22, o consumo da heroína é sempre

imediatamente reforçado do que não consumí-la. Porém, em um padrão a longo prazo,

consumir heroína não é decididamente, para este usuário, tão valioso do que não consumi-

la, afinal o uso desta substância poderá levá-lo a morte. Sem o consumo da heroína, o

2 A figura 2 é apresentada diferentemente das demais pois esta apresenta a relacão de


escolhas no espaço temporal de um único indivíduo. No entanto, a escolha também é feita
sob controle de contingências sociais.
usuário irá se sentir mal devido aos efeitos da abstinência, mas a longo prazo ele poderá

sobreviver.

Além do dilema entre reforçadores imediatos e atrasados que envolve o uso da

heroína, relacionados aos efeitos no organismo e à saúde de quem a consome, também há

uma relação envolvendo reforçados no âmbito social. O consumo da Heroína pode

inicialmente promover reforçadores sociais, por membros do grupo que também

consomem a droga. No entanto, no longo prazo, o consumo de heroína pode promover

condenação social por parte de outros membros da sociedade como um todo.

Inserir figura 2

Guerin (2004) utiliza o Jogo Dilema do Prisioneiro para analisar a corrida

armamentista entre Estados Unidos (EUA) e União (URSS) no período da Guerra Fria.

Conforme a figura 3, o dilema se apresentava pela seguinte situação: se ambas nações

investissem deliberadamente na compra e fabricação de mais armamentos, então

provavelmente a guerra se deflagraria e estas consequentemente continuariam se

armando. Porém, se um dos países reduzisse o seu armamento e o outro não, o primeiro

permaneceria apreensivo enquanto o outro se sentiria mais seguro.

Para o autor se olharmos mais atentamente para a corrida armamentista em relação

à estratégia do Jogo Dilema do Prisioneiro Repetido, é possível hipotetizar o que

aconteceria se estes países repetissem este jogo novamente. Neste caso, um dos países

poderia decidir suspender a produção de armamento por que os benefícios da paz seriam

excelentes.
Inserir Figura 3

A decisão mútua dos EUA e URSS de reduzirem os mísseis mantinha as duas

nações em situação de paz (cooperação). Porém se caso uma delas aumentasse a produção

de mísseis (delação) e a outra se mantivesse sem produzir ou com níveis reduzidos

(cooperação), a primeira aumentava a sua segurança, enquanto que o nível de ansiedade

e insegurança iria aumentar para a segunda. Caso as duas nações decidissem aumentar a

produção de mísseis, provavelmente a guerra ocorreria.

A situação da Guerra Fria relatada por Guerin (2004) demonstra que a redução de

mísseis foi reforçada mutuamente e a delação não ocorreu pelo fato de nenhum dos países

ter quebrado o acordo e atacado um ao outro. Ambos estavam sob controle da escolha do

outro de aumentar ou reduzir os mísseis. No entanto, os governantes dos dois países

abriram mão de reforçadores imediatos, evitando a guerra efetiva.

Rachlin (2004) utiliza o Jogo Dilema do Prisioneiro para analisar o


comportamento violento. Conforme a figura 4, quando os indivíduos “A” e “B” optam
pelo comportamento pacífico, o produto é a “Paz”. No entanto, quando um deles opta
pelo comportamento violento e o outro pelo comportamento pacífico, o primeiro obterá
o “Poder” e ao segundo restará a “Submissão”. A emissão do comportamento violento de
um dos indivíduos, quando o outro opta pelo comportamento pacífico, produziria ao
primeiro reforçadores imediatos como os associados à satisfação intrínseca e ganhos
materiais. Caso ambos optem pelo comportamento violento, haverá o “confronto”.

Inserir figura 4
Cabe lembrar que o comportamento violento pode ser a escolha que possibilita os
maiores reforçadores imediatos, quando a interação social ocorre uma única vez. No
entanto, se os indivíduos se encontrarem novamente, o que não é raro em interação social,
muito provavelmente, o comportamento pacífico emitido anteriormente por um dos
envolvidos mude para o comportamento violento, evitando a punição ocorrida na situação
anterior. O indivíduo que emitiu o comportamento violento anteriormente irá,
provavelmente, manter o mesmo padrão de escolha, uma vez que tal comportamento foi
reforçado no passado. Nesta situação repetida, o produto será o “Confronto”, que pode
perdurar por um longo tempo, produzindo maiores custos e perdas de reforçadores, do
que benefícios a longo prazo.
Mesmo que a situação de “Confronto” mútuo, não seja aquela que produza os
maiores reforçadores no longo prazo, é aquela que frequentemente é observada no dia-a-
dia: interações sociais no âmbito familiar, disputas de poder entre traficantes, ou entre
polícia e infratores e disputa política e econômica entre países.
A opção que poderia propiciar o acesso a maiores e melhores reforçadores a longo
prazo, conforme as alternativas apresentadas na Figura 4 seria o comportamento pacífico,
emitido por ambos os indivíduos. No entanto, tanto “A” como “B” ao optarem pela
escolha do comportamento pacífico repetidas vezes, não obteriam os reforçadores
imediatos produzidos pelo comportamento violento. Neste caso, os custos seriam maiores
no curto prazo, mas os benefícios seriam obtidos no longo prazo.
O autor afirma que nos grupos, esta situação tende a se incrementar quando
consequentemente acarreta em aceitação do indivíduo, consolidando ainda mais respeito
àqueles que se impõem com violência. Um padrão de comportamento violento pode ser
compreendido, tanto em vista do autocontrole, como da interação social.

Considerações finais:

Os exemplos mencionados no presente artigo que relacionam autocontrole e

interações sociais com base no Jogo Dilema do Prisioneiro pautados no modelo do

comportamento selecionado pelas consequências podem ser úteis para uma análise
conceitual entre esses dois fenômenos. Os princípios da análise do comportamento

aliados ao Jogo Dilema do Prisioneiro também podem ser úteis em pesquisas e

intervenções nos mais variados contextos aplicados.

Yau (2010) relacionou o comportamento de reciclagem e os esquemas de

reforcamento, utilizando o Jogo Dilema do Prisioneiro adaptado para o contexto de

reaproveitamento de resíduos. Este autor identificou que os residentes de Hong Kong são

reforçados positivamente pelos incentivos econômicos, ou seja, pela troca da reciclagem

por produtos como shampoo, detergentes, e até comidas.

O estudo sugere, no entanto, que o governo de Hong Kong deveria considerar

incorporar diferentes incentivos econômicos nas suas políticas e esquemas de

reforçamento do comportamento de reciclar, como por exemplo, os centros de reciclagem

do governo poderiam passar a incluir a troca de reciclagem por acesso gratuito de serviços

públicos, como por exemplo passagens de transporte urbano. Para o autor as estratégias

de reforçamento podem produzir mudanças a curto prazo no comportamento de reciclar.

Outro exemplo que relaciona o Jogo Dilema do Prisioneiro e os princípios da

análise do comportamento é descrito por Baker e Rachlin (2001). Esses autores afirmam

que pessoas contribuirão para sua estação de rádio pública e depositarão seus recipientes

no latão de lixo, por exemplo, apenas se eles acreditarem que outros farão o mesmo. Se

outras pessoas falham por cooperar (se eles delatam), uma simples ação do

comportamento cooperativo do indivíduo perde sua função (a estação de rádio pública

ficará fora do ar, as ruas ficarão sujas) e é enfraquecido.

A investigação da relação entre autocontrole e relações sociais, utilizando o Jogo

Dilema do Prisioneiro, com base no modelo de seleção pelas consequências pode

contribuir a elucidar os fatores relacionados a esses dois fenômenos, tanto no setting de


laboratório como em contextos aplicados, permitindo uma aproximação entre pesquisa

básica e aplicada.

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