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Por fim, utilizando um modelo institucional de análise, ela busca explicar como
as comunidades de indivíduos praticam diferentes formas de governar os comuns.
EXEMPLO – JOGO 2:
- 1 autoridade externa impõe certas regras/ estratégias (quem pode usar o pasto,
quando pode usar, quantos animais podem ser criados); fiscaliza insistentemente e
penaliza qualquer produtor que não coopere.
- Multa por descumprimento das regras (não cooperação): - 2 unidades do
benefício.
1 coopera 2 coopera – 10;10 – SE FOSSE UMA EMPRESA INTERNA, TERIA UM CUSTO
DE FISCALIZAÇÃO.
1 coopera 2 não coopera – 9; - 1
1 não coopera 2 coopera – - 1; 9
1 não coopera 2 não coopera – - 2; - 2
Neste caso, a estratégia dominante será a cooperação
Se uma autoridade externa determina com precisão a capacidade do recurso de
uso comum, inequivocamente atribui essa capacidade, monitora as ações e aplica
infalivelmente sanções de inconformidade, então um agente centralizado pode
transformar o jogo dos produtores de Hardin para gerar um equilíbrio ótimo eficiente
para os produtores.
Pouca consideração é feita quanto ao custo de criar e manter tal agente (fator
exógeno ao problema).
Contudo, tal jogo é baseado em suposições considerando a precisão das
informações, capacidades de monitoramento, confiabilidade das sanções e custo zero
de administração.
- A “ÚNICA” maneira?
Analistas que encontram uma situação empírica com uma estrutura
supostamente sendo um dilema dos comuns, muitas vezes exigem a imposição de uma
solução por um meio de um ator externo: A “única maneira” de se resolver o dilema dos
comuns é fazendo X.
Acredita-se que essa atitude é necessária e suficiente para resolver o dilema
dos comuns.
Ambas as soluções apresentadas anteriormente (agência central e privatização)
aceitam como um princípio central, que a mudança institucional deva vir de fora e ser
imposta sobre os indivíduos da ação. Contudo, eu não defendo nenhuma dessas duas
soluções. Pelo contrário, ao invés de haver uma única solução para um único
problema, eu defendo que muitas soluções existem para lidar com muitos problemas
diferentes.
Ao invés de presumir que soluções institucionais ideais podem ser projetadas
facilmente e impostas a um baixo custo por autoridades externas, eu defendo que
“obtendo as instituições corretamente” é um processo difícil, que toma tempo e que é
causador de conflitos. É um processo que precisa de informações confiáveis sobre as
variáveis de tempo e espaço assim como um extenso repertório de regras
culturalmente aceitas.
Novos arranjos institucionais não funcionam na prática como eles funcionam em
modelos abstratos, a menos que os modelos sejam bem especificados e válidos
empiricamente e os participantes em uma configuração prática entendam como fazer
as novas regras funcionarem.
O principal argumento da autora é que: a capacidade dos indivíduos de se
livrarem de vários tipos de situações de dilema varia de situação para situação.
Os casos abordados nesse livro ilustram esforços de sucesso e insucesso para
escapar de resultados trágicos. Ao invés de basear a política na suposição de que os
indivíduos envolvidos são indefesos, eu desejo aprender mais da experiência dos
indivíduos nas configurações práticas.
Por “sucesso” eu digo instituições que permitem os indivíduos de alcançar
resultados produtivos em situações onde as tentações para agir como carona e se
esquivar da cooperação estão sempre presentes.
As instituições raramente são privadas ou públicas – O mercado ou O Estado.
Muitas instituições de recursos de propriedade comum (CPR) bem sucedidas são ricas
misturas de instituições público e privado. Na prática, instituições públicas e
privadas frequentemente estão/ são intercaladas e dependem umas das outras,
em vez de existirem em mundos isolados.
Um desafio
Um desafio importante é desenvolver teorias de organização humana baseadas
na avaliação realista das capacidades e limitações humanas em lidar com a
diversidade de situações que inicialmente compartilham algum ou todos os aspectos da
tragédia dos comuns.
Teorias empiricamente validadas da organização humana serão ingredientes
essenciais de uma ciência política que pode informar decisões sobre as consequências
prováveis de uma multidão de formas de se organizar as atividades humanas.
Entretanto, pode-se ficar preso na própria teia intelectual. Quando anos foram
dispendidos no desenvolvimento de uma teoria com considerável poder e elegância, os
analistas obviamente irão querer aplicar essa ferramenta para o máximo de situações
possíveis. O poder da teoria é exatamente proporcional à diversidade de situações que
ela pode explicar. Contudo, toda teoria tem limites.
O que está faltando é uma teoria de ação coletiva adequadamente especificada
na qual um grupo de diretores pode se organizar voluntariamente para reter os
resíduos de seus próprios esforços. São exemplos de empresas auto-organizadas
(cooperativas, sociedade de advogados). Tais empresas irão desenvolver os seus
próprios mecanismos internos de governança e fórmulas para alocar custos e
benefícios aos parceiros.
Contudo, enquanto uma explicação teórica sobre empresas auto organizadas e
governadas é totalmente desenvolvida e aceita, a maioria das decisões políticas
continuarão a ser tomadas com base na presunção que os indivíduos não conseguem
se auto organizar e sempre precisam ser organizados por autoridades externas.
Sem uma teoria adequada de ação coletiva auto-organizada, não se pode prever
ou explicar quando os indivíduos serão incapazes de resolver um problema comum
através da auto-organização sozinhos, nem se pode começar a verificar quais das
muitas estratégias de intervenção poderão ser efetivas para resolver problemas
específicos.
OBJETIVO: entender como os indivíduos se organizam e se auto governam
para garantir os benefícios coletivos em situações onde as tentações para agir como
carona e romper compromissos são substanciais.
Contribuir para uma compreensão dos fatores que podem melhorar ou prejudicar
as capacidades dos indivíduos de organizar a ação coletiva relacionada ao
fornecimento de bens públicos locais.
Todos os esforços em se organizar a ação coletiva, seja por meio de um
regulador externo, uma empresa, ou um conjunto de diretores que desejam ganhar
benefícios coletivos devem dirigir-se a um conjunto comum de problemas, os quais tem
a ver com cooperar, agir como carona, resolver problemas de comprometimento,
providenciar o fornecimento de novas instituições e monitorar a conformidade dos
indivíduos com conjuntos de regras.
OSTROM 2010 – ENTRE MERCADOS E ESTADOS:
GOVERNANÇA POLICÊNTRICA DE SISTEMAS
ECONÔMICOS COMPLEXOS
Bens puramente privados = Um indivíduo pode ser privado de seu uso se não
pagar por ele; apenas um indivíduo disfruta de tal bem, ou o faz à medida que os
demais obtenham menos acesso a esse bem.
Bens públicos = impossível de restringir o uso para aqueles que não pagaram
por ele; diversos indivíduos disfrutam do bem, sem limitação pela quantidade
consumida pelos demais.
Bens de ‘pedágio’ – são aqueles fornecidos em menor escala por associações públicas
bem como por associações privadas.
Esses 4 tipos de bens possuem subtipos de bens que variam substancialmente devido
a certas características/ atributos desses bens e fatores externos a esses bens.