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Estrutura de ganhos - Parte 2 – Os amplificadores

INTRODUÇÃO

No artigo anterior, disponível em http://www.somaovivo.mus.br/artigos.php?id=191 , apresentamos


uma série de conceitos necessários para o correto ajuste de uma estrutura de ganhos. Recomendamos
uma leitura prévia do artigo, para que tais conceitos estejam bem fixados na memória.

Neste artigo, vamos estudar principalmente os amplificadores, e ver como se aplicam os conceitos
estudados, e até mesmo descobrir certas particularidades que afetam estes equipamentos. E apesar
de se situarem no último elo da cadeia de equipamentos, é interessante já saber como as coisas
terminam antes de estudar os outros equipamentos. Veremos, no decorrer do estudo, o porquê.

Usaremos como modelo os equipamentos da Ciclotron, pois a linha de produtos deles, sendo bem
ampla, nos permite estudar desde equipamentos para o mercado amador até equipamentos voltados
para o mercado profissional. Obviamente, o estudo servirá para qualquer equipamento, de qualquer
fabricante, bastando aplicar os mesmos conhecimentos.

AMPLIFICADORES

Estudaremos inicialmente um Ciclotron DBL, versão atual de uma família de produtos semelhantes,
a saber: DB, DBS, DBK, voltada para o mercado amador e semi-profissional.

Vendo a foto do painel, podemos ver vários controles, a saber:


• botão liga-desliga;
• dois potenciômetros rotativos, conhecidos popularmente como “volume”, marcados de “0”
(potenciômetro na posição máxima, máxima amplificação) até “infinito” (potenciômetro na
posição mínima, sem som na saída), com marcações em “-1”, “-3”, “-6”, “-10”, “-15”, “-20”,
“-30”, “-40”.
• luzes (em verde) indicativas de existência de sinal de áudio (SIGNAL);
• luzes de aviso de OVERLOAD (vermelha), indicando a existência de algum problema
(geralmente impedância abaixo do mínimo ou curto-circuito na saída;
• luzes de CLIP (vermelha).
• luzes indicativas de TEMP (na verdade, indicam que há superaquecimento, e que a proteção
contra isto foi acionada).

Evidente que tal nomenclatura pode variar entre fabricantes diferentes. Overload pode aparecer como
“OL” e CLIP pode aparecer como “Peak”, ou até outro nome qualquer (vide manual). E,
infelizmente, esses indicadores tão importantes podem simplesmente não existir em alguns produtos.

Para ilustrar isto, na mesma foto há também um amplificador da Yamaha, importado, com
exatamente as mesmas indicações que o Cíclotron, mas em vez de “Overload”, temos “Protection”. E
no potenciômetro rotativo, a sequência de valores passa a ser de em “-3”, “-6”, “-10”, “-15”, “-20”,
“-25”, “-30”, “-40”.

Fazem parte do nosso estudo de estrutura de ganho: a luz de CLIP e os potenciômetros rotativos,
somente. As luzes de sinal, ao contrário do que alguém possa pensar, não têm serventia para a
estrutura de ganhos, como já explicado no artigo anterior.

Neste momento é importante lembrar o que um amplificador faz: ele pega um sinal de entrada e o
amplifica por uma razão constante. Se o sinal de entrada for baixo, ele entregará no seu estágio de
saída um sinal também baixo. Se o sinal de entrada for alto, a saída será também alta. A “taxa” de
amplificação é sempre constante em um amplificador, mas cada aparelho tem a sua própria taxa,
dependendo claro da sua potência e da sensibilidade de entrada.

A LUZ DE CLIPPING

Se olharmos o manual deste aparelho, veremos um parâmetro especial nas suas especificações:

"Sensibilidade de entrada: 0,775V (0dBu)"

O que isto quer dizer? Quer dizer que o amplificador, ao receber na sua entrada um sinal de 0,775V
(o equivalente a 0dBu), fornecerá na sua saída a potência máxima possível, sem distorção. Esse
conceito é muito importante, guarde na sua memória!

Como os amplificadores geralmente têm um headroom de +3dB, então um sinal de pico (um sinal de
maior potência, mas muito rápido, geralmente de poucos milissegundos) de até +3dBu (1,06V)
também será amplificado sem distorção, não acionando a luz de Clip.

Entretanto, ao receber qualquer sinal acima de +3dBu, o amplificador continuará tentando aplicar a
ele sua taxa constante de amplificação. Só que isto ultrapassará a capacidade máxima de manejo de
sinal do aparelho, e provocará então o clipamento (distorção) do aparelho, resultando em um sinal de
saída também distorcido.
Em resumo, o "clipping" quer dizer que o equipamento está sendo exigido além do que foi projetado.
E exigir além do projeto é sempre arriscado, pois há grande chances de acarretar em defeitos.

Fazendo uma analogia com um carro, o “clipping” do amplificador é semelhante a quando um carro
é acelerado até que o conta-giros do motor vai lá no vermelho, o que nunca é bom. Sabemos que, se
deixarmos o motor por muito tempo nessas condições, tal situação levará a danos severos ao veículo.
Mesmo se o conta-giros só entrar nessa faixa por alguns segundos (os "picos"), a vida útil do motor
já é reduzida quando comparado com um motor que cujas rotações nunca entraram na faixa
vermelha.

Voltando aos amplificadores, quando eles entram em regime de clipping, nesta condição um sensor
eletrônico detectará a existência de distorção e acionará a luz de CLIP, para alertar ao operador que
há algo errado.

O regime de clipping então, pode ser traduzido diretamente por excesso de sinal na entrada, além do
máximo suportado pelo equipamento, pois o amplificador tentará amplificar esse sinal excessivo do
mesmo jeito, ainda que o resultado seja distorção.

Informado disto, o operador então deverá imediatamente reduzir o sinal na entrada do amplificador,
seja pelos faders da mesa de som, seja pelos controles do próprio amplificador, sob pena de danificar
o amplificador e também os alto-falantes/caixas aos quais o amplificador está ligado.

Clipping (Distorção) x Queima de Alto-Falantes

A maior causa de queima de falantes não é, ao contrário do que a maioria pensa, motivada por
excesso de potência, mas sim por distorção. Um alto-falante, por norma (no Brasil, NBR 10.303) é
feito para agüentar picos de até quatro vezes (400%) sua potência máxima admissível sem danos. Por
outro lado a mesma norma prevê que o falante suporte distorções de 5% no máximo. Limites
bastante diferentes, não?

Agora, se a distorção é tão ruim, porque a deixamos acontecer? Porque trabalhamos em regime de
clipping? A maior causa dessas situações ocorre quando trabalhamos com amplificadores de
capacidade menor que a necessária, ou seja, de potência insuficiente para alcançar os resultados
desejados (em termos de volume, dB SPL).

Quando falta volume e o público começa a reclamar, geralmente o operador de som, no anseio de
resolver a situação, começa a aumentar os volumes e ganho, na esperança de conseguir mais alguns
decibéis de volume. Só que, ultrapassada a capacidade máxima do amplificador, o restante é só
distorção. E o resultado dessa falta de potência e consequente distorção? Queima de falantes, queima
do amplificador, queima dos dois!

O pior de tudo é que essa distorção não é bem percebida pelos nossos ouvidos. Evidente que ouvidos
bem treinados notam mais facilmente essa distorção e percebem algo errado, mas geralmente a
distorção passa despercebida pela maioria dos operadores mais inexperientes. No máximo, nota-se
“algo estranho” no som, mas não se sabe o que é. Esse “algo estraho” é exatamente o que sai
queimando tudo...

Vamos voltar ao exemplo do carro. Com um motor 1.0, para se fazer algumas ultrapassagens é
necessário um maior cuidado, mais espaço. Infelizmente, alguns apressados, no anseio de forçar
ultrapassagens, "esgoelam" o motor do veículo e o forçam a 6.000, 7.000RPM, levando o
equipamento a uma faixa de trabalho perigosa. Muito mais seguro seria ter um carro com motor mais
forte, 1.8 por exemplo, de forma que uma ultrapassagem poderia ser feito em uma faixa de trabalho
muito mais cômoda para o motor, como 4.000, 5.000RPM.

Da mesma forma que consertar carro com motor estourado é algo muito caro, também convém
lembrar que o conserto de falantes é algo bem caro, principalmente se bem feito e com peças
originais para o recondicionamento. Um reparo de driver titânio nacional geralmente custa de 50% a
70% do preço do mesmo, enquanto um reparo original de driver importado costuma custar uma
pequena fortuna (mais que um driver nacional completo). Reparos de alto-falantes, principalmente os
de 15” e 18” também não são baratos, custando facilmente na casa das centenas de reais.

Tudo isto é uma boa justificativa para aprendermos a fazer uma estrutura de ganho eficiente e,
principalmente, nunca deixarmos as luzes de Clip (ou Peak) acender (não só no amplificador, mas
também na mesa de som, equalizadores, etc). Se isto acontecer, a solução é uma só: abaixar o
volume, seja no próprio amplificador, seja em um ponto anterior do sistema. Uma precaução que
pode evitar grandes prejuízos.

Sensibilidade de entrada

Voltando a falar dos amplificadores, o parâmetro “sensibilidade de entrada” é algo sempre


importante, indicando qual o sinal necessário para o amplificador mostrar toda a sua potência.
Podemos encontrar, no mercado, fabricantes que constroem seus equipamentos com as seguintes
sensibilidades de entrada:

1. Casos mais comuns:


o 0,775V (0dBu) – o valor mais comum no mercado amador e/ou semi-profissional
o 1,23V (+4dBu) – o valor mais comum para equipamentos profissionais,
principalmente os de alta potência
o 1,55V (+6dBu) o valor mais comum para ligação com equipamentos digitais
2. Pouco comuns:
o 1V
o 0,900V
o 0,700V

Infelizmente, valor de sensibilidade de entrada não é algo padronizado. Em um mesmo fabricante,


por exemplo, pode haver até mesmo produtos semelhantes mas com sensibilidade de entrada
diferentes. Por outro lado, há bons fabricantes que facilitam a vida do usuário, inserindo chaves de
ajuste para a escolha de sensibilidade de entrada, geralmente com valores de 0dBu ou +4dBu.

Reparem: não existe problema algum na sensibilidade ser de 0,500V ou mesmo de 5V, desde que o
operador saiba o valor de entrada (exista tal informação no manual) e – principalmente, que o
operador saiba o que fazer com ela. Por outro lado, se houvesse padronização, tudo seria muito
facilitado.

Note também: quanto mais baixo for o valor da sensibilidade de entrada, mais rapidamente o
amplificador atingirá a sua potência máxima. Por outro lado, quanto mais alto for o valor da
sensibilidade de entrada, maior terá que ser o sinal de entrada para o amplificador mostrar tudo o que
pode dar.
Só que isto traz uma conseqüência com a qual precisamos ter cuidado. Alguns fabricantes, no intuito
de fazer o seu produto parecer melhor que os dos outros, ajusta a sensibilidade de entrada para um
valor baixo, de forma que usuários inexperientes acreditarão que o amplificador X "dá muito mais
som" que o amplificador Y, ainda que ambos tenham a mesma potência em Watts RMS.

Por outro lado, fabricantes que ajustam a sensibilidade para um valor mais alto e, quando
comparados com outros, aparentemente dão menos som, o que não é verdade. Eles apenas precisam
de mais sinal na entrada para mostrar toda a sua força.

Por isto, quando compararmos amplificadores, é sempre bom dar uma conferida nos valores de
sensibilidade de entrada. E, é claro, na hora da comprar, adquirir produtos com sensibilidades
padronizadas entre si. É um dos motivos pelo qual é melhor trabalhar com todos os amplificadores
de potência da mesma marca em um sistema de áudio, quando possível.

Chaves seletoras de taxas de amplificação – ganho constante.

No início do texto, nós falamos que os amplificadores de potência trabalham com uma razão fixa de
trabalho do sinal. Isso é verdade. Entretanto, alguns fabricantes (a própria Ciclotron faz isto com a
série Dynamic, a série profissional da empresa) tem modelos que permitem escolher a taxa de
amplificação do aparelho.

Nos Dynamic, pode-se escolher entre 20x e 40x. Segundo o manual do fabricante, quando o ajuste
está em 20x, o amplificador entrega um sinal com um ganho fixo de 26dB em cima do sinal de
entrada. Quando em 40X, o amplificador entrega um ganho fixo de 32dB em cima do sinal de
entrada. Ou então pode-se escolher “0”, onde a sensibilidade de entrada é de 0,775V e o amplificador
trabalha com a sua própria taxa interna de amplificação. Em outras marcas, é possível encontrar, por
exemplo, chaves seletoras com o padrão 0dBu, +4dBu e 40X.

Em resumo, quando selecionamos tal posição, para qualquer sinal de entrada será aplicado um ganho
constante. Por exemplo, em um amplificador com chave posicionada em 40x, se entrarmos com 1V,
o resultado será 1 x 40 = 40V na saída.

Isto pode ser útil quando temos diversas marcas de aparelhos misturados, de diversas potências
diferentes. Ajustar todos para uma mesma taxa de amplificação significará resultados idênticos de
potência em todos eles, a partir de um mesmo sinal vindo da mesa de som.

Por exemplo, temos para alimentar as caixas de subwoofers três amplificadores, de 2.000W, 2.500W
e 3.000W, respectivamente. Se todos forem ajustados para sensibilidade de entrada = +4dBu, então
ao recebem 1,23V na entrada, todos apresentarão suas potências máximas. Só que as caixas ligadas
ao amplificador de 3.000W vão dar mais som que as caixas ligadas no amplificador de 2.000W. Por
outro lado, se ajustarmos todos os amplificadores para a posição 40X, ao aplicarmos um sinal igual
aos três aparelhos (por exemplo, 1V), teremos a mesma potência de saída em cada um deles (40V),
o que se traduz em que todas as caixas vão dar a mesma quantidade de som.

Pode parecer desperdício de potência (pois na verdade estamos nivelando por baixo, trazendo o
amplificador de 3.000 para operar igual ao de 2.000W), mas na prática estamos padronizando as
potências, padronizando os resultados, o que pode ser extremamente útil.

Potenciômetros Rotativos de “Volume”


Para que serve os potenciômetros rotativos, os “controles de volume” existentes nos amplificadores?
Eles são basicamente atenuadores da sensibilidade de entrada ou, melhor ainda, atenuadores de
ganho.

Quando ajustados ao máximo do seu curso*, então o equipamento estará ajustado para fornecer sua
máxima potência quando o sinal de áudio for igual à sensibilidade de entrada informada no manual.

*Nota: em muitos amplificadores, tal situação é indicada pelo valor “0”, mas isto não quer dizer que
seja 0dBu ou 0,775V. É “zero” para indicar que o ajuste está igual ao valor da sensibilidade de
entrada, que varia de fabricante para fabricante, como vimos.

Por outro lado, ao variarmos a posição do potenciômetro (nos equipamentos da Ciclotron, a variação
vem marcada em valores como -1, -3, -6, -10, -15, -20, -30, -40), estaremos na verdade aumentando
o valor da sensibilidade, fazendo com que seja necessária um maior sinal de entrada para o aparelho
mostrar toda sua potência.

Por exemplo, se na posição “0” temos 0,775V, então:


- potenciômetro em -3, sensibilidade de entrada passa a ser de 1,06V
- potenciômetro em -6, sensibilidade de entrada passa a ser de 1,55V
- potenciômetro em -10, sensibilidade de entrada passa a ser de 2,45V
- potenciômetro em -20, sensibilidade de entrada passa a ser de 7,75V
- potenciômetro em -40, sensibilidade de entrada passa a ser de 77,50V (!!!)

Evidente que trabalhar com amplificadores em posições como -30 ou -40dB é contra-indicado, haja
vista que provavelmente teremos que trabalhar com tudo no “talo” (ganhos dos canais, masters da
mesa de som, etc) para se ter volume de som suficiente. A não ser, é claro, que alguém esteja usando
um amplificador de milhares de Watts em um ambiente onde necessite de dezenas de Watts.

Por outro lado, nem sempre vamos trabalhar com o potenciômetro no máximo (posição “0”). Nessas
condições, muitas vezes o ruído de fundo é também amplificado, causando grande incômodo (aquele
“hiss” que aparece na caixa de som, nos períodos de silêncio).

Na verdade, definir a posição ideal para estes potenciômetros é construir a efetiva estrutura de
ganhos do sistema, sempre lembrando que, independentemente do valor do sinal de entrada, que a
potência máxima que o amplificador pode fornecer é sempre constante, não mudará.

Também é importante salientar que esses valores apresentados no curso do potenciômetro não são
escolhidos a esmo. Eles realmente tem uma relação baseada em decibéis, ou seja, correspondem
efetivamente a uma relação de potência de metade (-3dB), um quarto da potência (-6dB), um décimo
da potência (-10dB). Isso é bastante útil, pois quando mantemos o sinal de entrada igual para ambos
os canais, por essa identificação dos potenciômetros rotativos do amplificador, sabemos podemos
comparar a potência de um canal com a do outro. Infelizmente, não são todos os fabricantes que
fazem assim.

Por exemplo, existem igrejas construídas em forma de “L”. Uma nave principal e um anexo lateral
com menor quantidade de pessoas. Podemos, por exemplo, deixar o canal que atende a nave
principal com o volume total, e o canal que atende o anexo lateral com metade (-3) ou um quarto (-6)
da potência, de acordo com o número aproximado de pessoas que o anexo acomoda (metade ou um
quarto das pessoas) em relação à nave principal.
Cabe também ressaltar que, por não haver certas padronizações no mercado de áudio, um fabricante
qualquer pode quere “inovar” e fazer seu produto diferente da maioria, como vemos no exemplo
abaixo:

Note: as luzes de Clip (vermelhas) estão presentes, as luzes de Sinal também (amarelas), mas, o
fabricante chamou os potenciômetros rotativos de GAIN e valores que vão de infinito (sem som,
“volume todo fechado”) até “34”, passando por 10, 15, 20, 22, 24, 26, 28, 30, 32. Na verdade, isto
nada mais é do que taxas de ganho fixo, conforme visto acima.

Daí vem o nome de que os potenciômetros rotativos são “atenuadores de ganho”, haja vista que
podemos, a partir de uma taxa de ganho máxima, variar tais valores.

Por último, há também aqueles amplificadores que simplesmente não estabelecem nenhuma
marcação, como estes dois aqui:
O Machine simplesmente tem marcado “MIn” e “Max”, enquanto a StudioR preferiu colocar seu
potenciômetro de volume atrás, com marcações entre 0 e 10.

Na verdade, conforme aprenderemos, não existe muita diferença prática em ter ou não esses valores
indicados, pois na montagem da estrutura de ganhos poderemos ajustar a posição dos potenciômetros
apenas pelas luzes indicativas. Entretanto, em certas situações, ter os valores indicados e marcados
em uma relação de decibéis, como fez a Cíclotron e a Yamaha.

Amplificadores sem potenciômetros rotativos

No Brasil, nas décadas de 1970, 1980, vários amplificadores foram lançados no mercado sem
nenhum tipo de controle de volume, como o Gradiente A-1, Cygnus PA-400, Cygnus PA-1800, etc.
Todos tinham ganho fixo em relação ao sinal de entrada.

Na maioria dos casos, quando isto acontecia, o amplificador tinha VU´s do tipo analógico (como o
A-1) ou barra de led´s (como o PA-1800). Nesse caso, a montagem de uma estrutura de ganhos era
feita com base no VU do equipamento. Era necessário verificar o tempo todo como o VU se
comportava, e atuar na mesa de som (ou mixer) caso necessário.

Atualmente, os amplificadores até podem ter VU´s também (vide a foto do Machine, acima), mas
geralmente estão equipados também com potenciômetros rotativos, o que é bem melhor e torna os
ajustes muito mais fáceis.

Limitadores: fazendo o seu amplificador trabalhar para você

Alguns amplificadores (geralmente os mais caros, voltados para o mercado profissional) dispõem de
um recurso bastante útil, que são os limitadores (LIMITERS). Um circuito eletrônico analisa todo o
tempo o nível de sinal de entrada. Quando o mesmo ultrapassa o máximo permitido, o circuito de
proteção entra em ação e limita o mesmo a um teto imediatamente anterior ao do CLIP, evitando
assim a distorção.

O recurso é muito útil e considerado um circuito de proteção, pois protege tanto o amplificador
quanto as caixas acústicas de excessos prejudiciais. Entretanto, cabe salientar que ele não é
milagroso. O sinal limitado tem conseqüências prejudiciais a sua sonoridade, semelhante a um sinal
fortemente comprimido. A sonoridade muda para pior e fica até mesmo não natural, mas pelo menos
não há riscos de danos aos equipamentos.

Por isto que a maioria dos equipamentos que possuem limitadores tem luzes indicativas que o
circuito está em ação (limitando), de forma que o usuário também possa diminuir o sinal de entrada
para evitar essa limitação. Por outro lado, para evitar esse prejuízo à sonoridade, outros inclusive têm
a opção de desligar o limitador, deixando a cargo do operador controlar a distorção!

Ou seja: o uso de amplificadores com circuitos de limitação não exclui a necessidade de se fazer uma
correta estrutura de ganhos, mas que ajuda muito a evitar problemas, principalmente quando temos
um operador sem muito conhecimento, isso ajuda. É o amplificador trabalhando para você, uma
preocupação a menos.

Limiters Inteligentes (ou Limiters de 2ª. Geração)

A potência máxima de um amplificador é medida em cima de tensões padronizadas, como 127V e


220V. Os limiters são então ajustados na fábrica pensando nos valores de potência encontrados.

Só que, na prática, uma variação na tensão de entrada provocará mudanças também na potência
máxima que o amplificador pode fornecer. Por exemplo, um amplificador que fornece 1000W
quando alimentado por 220V, pode fornecer apenas 900W quando alimentado por 200V. Pequenas
variações, mas que fazem diferença na efetiva proteção de alto-falantes.

Um limitador de 1ª. Geração não saberia lidar com tais pequenas alterações, e limitaria a potência
sempre em 1.000W. No caso de tensão baixa, acarretando a mudança da potência máxima para
900W, o limiter então deixaria de proteger, já que está fixo em 1.000W.

Já um limiter de 2ª. Geração, por sua vez, faz análise não só do sinal de entrada, mas também da
tensão de entrada, e controla seu funcionamento pelos dois parâmetros, não mais por um só. São
feitos pequenos ajustes no valor de entrada máxima, levando em conta a tensão de entrada. Por
exemplo, uma tensão um pouco mais baixa leva o limiter a atuar com 0,70V, não mais com 0,775V.
Tudo isso é feito de forma transparente para o usuário, e se traduz em um sistema de proteção ainda
mais eficiente, dentro dos parâmetros de fábrica, claro.

Amplificadores com Threshold.

Em ainda alguns poucos amplificadores (nacionais / importados) o controle de “volume” na verdade


é um ajuste de Threshold do Limiter interno do amplificador. Ajustando o "volume", realmente
estamos limitando a potência à metade do máximo, a 1/4 do máximo, e assim por diante. O valor da
sensibilidadde de entrada permanecerá fixo (por exemplo, 0,775mV sempre), o que mudará é a
potência máxima, que realmente será limitada a valores específicos.

O objetivo disto é trazer um controle mais eficaz nos casos em que o valor limite de potência tem
que ser controlado exatamente. Isto pode, por exemplo, substituir um processador externo usado para
implementar a função de Limiter de um sistema de alto-falantes.

Alguém vai perguntar: qual é melhor? Atenuar o sinal de entrada (e ter um Limiter, interno ou
externo) ou implementar logo um Limiter com Threshold?
No sistema de atenuador, se mantivermos o sinal de entrada constante e ajustarmos o atenuador para
-3dB, teremos metade da potência. Se ajustarmos para -6dB, teremos um quarto da potência, e assim
sucessivamente. O mesmo acontecerá também no sistema de Threshold.

Entretanto, a diferença surge quando aparece uma mudança no ganho na mesa de som. Uma
mudança nesse ganho afeta os amplificadores equipados com atenuadores, pois a tensão de entrada
muda.

Já com o ajuste de Threshold do Limiter, o controle é mais preciso, pois limita-se exatamente a
potência máxima possível (independente de qualquer alteração na mesa de som), permitindo assim
um controle mais eficiente nos casos onde o excesso de potência pode ser prejudicial, como no caso
de drivers.

Por outro lado, qualquer alteração necessária no sentido de aumentar ou diminuir a potência
disponível levará ao operador de som a uma intervenção direta no amplificador. Isso pode ser fácil se
o amplificador estiver logo abaixo da mesa, como pode ser complicado de ser feito no meio de um
show quando os amplificadores estiverem juntos às caixas de som.

CONCLUSÃO

Neste artigo, apresentamos os aspectos básicos de um amplificador quanto aos seus ajustes para a
implementação de uma correta estrutura de ganhos. Estudamos as grandes particularidades que esses
equipamentos – aparentemente simples – podem ter.

Aprendemos a função do parâmetro “Sensibilidade de Entrada”, aprendemos pra que servem os


Ajustes de Sensibilidade (ou Atenuadores de Ganho, mas nunca “Volume”), aprendemos que a Luz
de Clip nunca deve acender.

Entretanto, uma informação que não ficou clara: qual deverá ser o valor do ajuste dos potenciômetros
do amplificador. Deixar no máximo (posição 0)? Será -3? Será -6? Ou mesmo -40? Quem responderá
isso é a mesa de som! Mas isso fica para o próximo artigo.

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