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INTRODUÇÃO AO TRABALHO:

Em princípio, é preciso destacar a decisão da minha pesquisa nesse trabalho, como forma de admiração
ao gênero do Hip-Hop. Além de desenvolver uma melhor prática de busca e pesquisa de estudos para
mim, o tema Hip-Hop, é algo que eu demonstro profunda curiosidade e estudo.
Meu método de pesquisa foi o aprofundamento de artigos e estudos acerca do processo histórico do Hip
Hop entre o período de 1960 a 2000. O desenvolvimento do texto abordaria até o período de 2020,
porém, por falta de tempo de escrita e duração de trabalho, foi preferível a mim abordar somente as
cinco primeiras décadas da história do Hip Hop. Minha analise de pesquisa procurou atender aos detalhes
históricos, mas, tendo em vista, a longa duração textual do trabalho, que iria abordar temas significativos,
eu tentei ser o mais explicativo e “direto ao assunto” possível.
O BERÇO DO HIP-HOP ANTECEDE OS GUETOS NOVA-IORQUINOS – JAMAICA, A CRIADORA DO GÊNERO
DO HIP-HOP.
Tradicionalmente, é muito dito que o berço da cultura do Hip Hop nasceu nos Estados Unidos,
especificamente, em Nova York, na década de 1970, porém isso é uma errata histórica e social do gênero
do Hip Hop, porque ele surge na América Central. Na Jamaica.
O Hip-Hop nasce na Jamaica na década de 1960 com grupos de músicos que se reuniam em festas nas
ruas do país para divulgar seus sons. Esses encontros não tinham nenhuma relevância social para as
demais classes sociais da Jamaica, porém, era a única forma que a população dos guetos jamaicanos
encontrava para esquecer, temporariamente, suas mazelas cotidianas e sociais. Esses eventos de música
das ruas proporcionavam aos artistas jamaicanos, um novo conhecimento acerca de instrumentos de
músicas, como é o caso, por exemplo, dos equipamentos sonoros capazes de amplificar o som.
Com novos equipamentos sonoros, os artistas jamaicanos conseguiam expor suas artes musicais em
espaços abertos para um público maior e com maior diversidade, sendo possível escutar ao ar livre, nas
ruas, nas baladas, etc. Com esse importante instrumento, foi possível, não apenas animar a população
jamaicana com sons alegres e contagiantes, como também para trazer ao ouvinte diversos
questionamentos acerca de problemas sociais. Foi nesse contexto de expor as realidade sociais que o
estilo de música ‘Rap’ surge. Esse estilo foi (e ainda continua sendo) uma importante forma de expressão
e abordagem acerca de questionamentos polêmicos e problemas sociais. Ao longo da década de 1960, o
Rap se espalharia pela América, principalmente, nos Estados Unidos.
DA DESIGULDADE SOCIAL DA JAMAICA PARA OS ESTADOS UNIDOS: O HIP HOP E SEU IMPACTO NO PAÍS
DA “LIBERDADE” E DA “DEMOCRACIA”.
O Hip-Hop tem um profundo impacto ao se popularizar nos Estados Unidos, principalmente, na cidade de
Nova York, na década de 1970, nos guetos do Bronx. O contexto social e histórico dos Estados Unidos
nessa época não era nenhum pouco de “liberdade” e “igualdade”, como sempre a máquina midiática
norte-americana passou ao longo do tempo. Muito pelo contrário, no país que tem cinquenta estrelas em
sua bandeira, a democracia e a igualdade passavam longe. Isso fica explicito quando há 5 anos atrás, na
década de 1965, no sul do país, ainda eram vigentes as temidas Jim Crow Laws – que eram leis de
segregação racial de afro americanos e brancos em espaços públicos, como, por exemplo, banheiros,
restaurantes, bebedouros, praças, piscinas, etc.
O contexto norte-americano de segregação racial, brutalidade policial, extrema desigualdade social,
escasso acesso a empregos, auge do uso e do tráfico de drogas, assassinatos em massa da juventude não-
branca, superlotação de presídios, etc. traria muitas questões sociais a se abordar e questionar nas letras
de Rap.
Nessa questão, rappers, como, por exemplo, Coke La Rock, DJ Kool Herc, Grandmaster Flash, Afrika
Bambaataa, Sugarhill Gang, Kurtis Blow, Furious Five, etc. exerceram a importante de função de espalhar
a realidade dos seu bairros e comunidades através dos ritmos e batidas do R2 . Ao longo da década de
1970 e os anos 2000, O estilo do Hip Hop atingiriam diversas clivagens sociais ao longo de todo os Estados
Unidos, priorizando a voz das minorias sociais-racialmente: afroamericanos e latinos.
A década de 1980 foi um ponto chave na consolidação do Hip Hop ao redor do mundo, por conta da
enorme mistura musical que o Rap passou com diferentes estilos musicais, como o reggae e o jazz, por
exemplo. Além disso, surge também o estilo de Gangstar Rap, que conquistou as ruas norte-americanas
por abordar letras marcadas pela violência das ruas e dos guetos. Os principais rappers desse estilo foram
o Snoop Doggy Dogg, LL Cool J, Sean Puffy Combs, Cypress Hill, Coolio entre outros.
GRAFITE: UMA ARTE CRIADA NAS RUAS MARCADAS PELA VIOLÊNCIA E, ATUALMENTE, CONSUMIDA
POR AQUELES QUE O DETESTAVAM.
Apesar do nome original em inglês ser ‘Street Art’, o grafite, tradicionalmente conhecido no Brasil através
de pinturas artísticas em prédios públicos, como é o caso, por exemplo, dos edifícios grafitados na
Avenida Paulista, em São Paulo, essa arte muito das vezes retratada como “arte degenerada” por aqueles
que a odeiam em todas as formas artísticas, surge com a intenção de ser uma arte que contrapõem a
hegemonia social das classes dominantes contra as classes dominadas.
Tendo como início também na década de 1970, e tendo seu auge na década de 1980, o grafite tal
qual o Rap, atraíram olhares indesejados das classes burguesas norte-americanas. E com isso, atendendo
as demandas das classes dominantes, diversos políticos e a mídia começavam a rotular a arte não
convencional de tinta spray; pôsteres; e adesivos, como algo criminoso e de vandalismo público. A
perseguição política e policial a grupos de artes de rua ficou intensa na década de 1980, por conta do
contexto social da época, em que estava explodindo o consumo de opioides no país, e também por
fatores raciais que demarcavam quem era o “artista” e quem era o “vândalo grafiteiro”. Em 1983, por
exemplo, a polícia de trânsito da cidade de Nova York, assassinou Michael Jerome Stewart, um afro
americano, depois que ele supostamente marcou de grafite uma estação de metrô na First Avenue, uma
das principais avenidas da cidade.
No Brasil, isso não foi diferente, a repressão política e social ocasionou diversos acontecimentos no
país. Em 2017, por exemplo, o prefeito de São Paulo, João Doria, tinha como prioridade em seu projeto
político, a “limpeza” dos grafites na cidade como forma de atender as classes dominantes incomodadas
com o sucesso da “arte degenerada” na grande São Paulo. Segundo Doria, em uma reportagem ao jornal
norte-americano The Guardian sobre suas gestões como prefeito em São Paulo, ele diz: ‘A cidade está
suja, mal cuidada e coberta de marcas de tinta spray”. Por conta disso, é aprovado o projeto político
‘Cidade Linda’, que visava a “ordenação da paisagem urbana”. Isso na verdade, era um plano de remoção
todas as formas possíveis de “marginalização periférica” no centro da cidade, tendo como plano, pintar
todas as paredes grafitadas em edifícios em cor cinza.
O estilo do grafite apesar de ter sido (e ainda é) muito criminalizado, ele se expandiu por diversos
lugares do mundo, atraindo até os olhos indesejados dos mesmos que odiavam tal arte sendo exposta
nas ruas. Esse estilo de impor a realidade social em forma de pintura artística, em contraponto ao modelo
de arte crítica e social que o Rap fazia, ganhou da mesma forma, muito espaço no estilo do Hip Hop.
Exposições artísticas como de Jean-Michel Basquiat, na década de 1970 e 1980, chamaram bastante
atenção por ter suas obras expostas no The Times Square Show, uma importante exposição artística que
ocorreu em Nova York. Os primeiros grafiteiros eram comumente chamados de "escritores" ou "taggers".
Atualmente, os ‘taggers’ (ou grafiteiros) mais famosos são Aryz, Banksy, Chris Ellis (Daze), Edgar Müller,
Kurt Wenner, Eduardo Cobra, Alex Senna, Binho Ribeiro, Mag Magrela, etc.
RAP E O MOVIMENTO NEGRO NORTE-AMERICANO: UMA RELAÇÃO DE LUTAS, CONQUISTAS E MUITA
HISTÓRIA:
A influência que o Hip Hop teve nos movimentos sociais dos Estados Unidos é histórico e indissociável da
realidade atual. Muitos rappers tiveram profundas conexões com a mobilização de grupos sociais que
reivindicavam questões muito debatidas no meio do Hip Hop, como, por exemplo, o racismo, brutalidade
policial, violência de gangues, etc. com o intuito de promover e destacar esse movimentos, tanto na
música como na sociedade profundamente desigual dos Estados Unidos.
2PAC ERA MAIS QUE UM RAPPER, ELE ERA UM PANTERA NEGRA – AS RELAÇÕES ENTRE O RAPPER
TUPAC E O MOVIMENTO DO PARTIDO DOS PANTERAS NEGRAS:
Tupac Amaru Shakur, foi um dos mais importantes rapper da história, muito conhecido pelo nome
artístico de 2PAC e/ou Makaveli, teve em sua carreira a venda de mais de 75 milhões de cópias em 2010.
É inegável a importância dele para o Hip-Hop, principalmente, no estilo Gangster Rap em Nova York. No
entanto, o que poucas pessoas sabem, é a importância do 2PAC para o maior movimento negro que já
existiu nos Estados Unidos.
Lesane Parish Crooks, esse seria o primeiro nome que 2PAC receberia, porém, posteriormente, sua
mãe iria rebatizá-lo de Tupac Amaru Shakur, em homenagem à Túpac Amaru II, último imperador Inca e
líder da resistência de seu povo contra a colonização espanhola na região. 2PAC nasceu em 16 de junho
de 1971, em Nova York, e foi o primeiro filho de Afeni Shakur Davis, uma importante militante marxista e
membra de um dos mais influentes movimentos negros da história dos Estados Unidos, o Partido dos
Panteras Negras.
O movimento do Partido dos Panteras Negras, surgiu em 1966, com o objetivo de garantir a
autodefesa dos afro americanos através da patrulha de cidadãos armados para monitorar o
comportamento abusivo e racial dos oficiais do Departamento de Policia de Oakland, na Califórnia. Houve
diversas tentativas de a polícia se infiltrar entre os membros do movimento, como forma de
desarticulação do grupo. Em uma dessas tentativas, em 1969, 21 membros do Partido foram presos e
julgados por suspeita de planejamento de ataques terroristas a espaços públicos. Afeni Shakur, mãe de
2PAC, nessa época, gravida do mesmo e sem ter se formado em direito, decidiu representar a si própria
no julgamento, e conseguiu expor três membros do partido que eram policiais infiltrados, fazendo com
que admitissem que tinham planejado os atentados e outras ações ilegais sozinhos. Isso rendeu a
libertação dos demais membros do Partido falsamente acusados.
2PAC e sua mãe, foram bastante perseguidos pela polícia da Califórnia, principalmente, por
investigações constantes do FBI, que era uma prática comum do governo norte-americano aos
revolucionários e suas famílias durante a Guerra Fria (1947-1991). PAC, durante sua infância tentou
driblar as adversidades das perseguições policiais, através das atividades escolares, onde estudou teatro,
balé, literatura clássica (aonde conheceria os escritos de Nicolau Maquiavel, uma das maiores inspirações
filosóficas de 2PAC, por isso o seu álbum de 1996 recebeu o nome de Makaveli, em alusão ao filósofo) e
passou a escrever textos e poesias. Foi na escola também, que através de amigos, PAC conheceu a Liga
Jovem do Partido Comunista dos Estados Unidos, onde se filiou oficialmente em 1988.
Tupac foi, como seu próprio nome sugere, um herdeiro da luta revolucionária popular. Desde
pequeno ele acompanhava sua mãe em ações e plenárias do partido, além de ter crescido entre
ícones de movimentos negros de esquerda dos EUA, como Geronimo Pratt, ex-militar e secretário de
defesa dos Panteras, e Jamal Joseph, famoso escritor, professor e ex-militante do partido que, junto
com Mutulu, ajudaram Pac para que ele pudesse se dedicar aos estudos. Foi com seu padrasto,
inclusive, que ele escreveu o ‘código Thug Life’, que defendia a união e cooperação entre as
gangues, o controle da violência dentro das comunidades e um forte discurso anti-drogas. Além
disso, foi afilhado de Assata Shakur, famosa intelectual revolucionária que, após se tornar a primeira
mulher na lista de mais procurados do FBI, vive em exílio político em Cuba até hoje.
Essa herança moldou a personalidade de Tupac e o acompanhou durante toda a sua carreira. No
final dos anos 80, Pac se mudou com a família para Oakland, na Califórnia, berço dos Panteras
Negras, onde começou a investir em suas rimas até se tornar um MC conhecido pelas ruas da cidade.
Ao mesmo tempo, ele viu sua mãe lutar contra o vício em crack, um destino trágico que se tornou
comum entre muitos ex-Panteras que se afundaram na pobreza após a dissolução do partido, o que
gerou um impacto grande sobre suas ideias em relação às gangues e drogas. “Se não controlarmos o
que acontece em nossas comunidades, iremos nos auto-destruir, e o governo irá marcar a juventude
negra e latina como alvo principal para o uso de suas armas e presídios”, disse Pac em sua famosa
entrevista de 1995 na prisão.
A CONCLUSÃO DA IMPORTÂNCIA DO HIP-HOP PARA O MUNDO:
O Hip-Hop, não apenas como gênero musical, que possui diversas formas artísticas, é
também um estilo que trouxe impactos globais significativos para o mundo. É por meio da
StreetArt (grafite); StreetDance (Brake); Rap (Rhythm and Poetry), que o Hip-Hop se
consolidou globalmente na luta contra as desigualdades e a dominância dos poderosos.
Artistas como E-40, Dr. Dre, T.I, Ice Cube, 50 Cent, J. Cole, André 3000, Kanye West, Nicki
Minaj, Travis Scott, Snoop Dogg, Drake, Lil Wayne, The Notorious B.I.G, Eminem, 2PAC,
NAS, Eazy-E, Kendrick Lamar, Jay-Z exerceram bastante influência no mundo.

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