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INTRODUÇÃO

Viajar pelo mundo das fibras possibilita vislumbrar caminhos e possibilidades de

ARTES DA FIBRA
uma plasticidade incomum. É um convite à aventura através do tempo e do espaço.
São distâncias entre países que se igualam em um mesmo conceito. São várias
técnicas executadas com uma grande gama de materiais: vegetal, animal, mineral
e sintéticos, transformando-se em tecelagem, trançados, nós, bordados, flexíveis
e rígidos, bi ou tridimensionais, transformando-se em beleza e poesia.

ARTESANAL E SUA UTILIZAÇÃO NA ARTE.


O conceito de arte, por um grande período, foi excludente com a tapeçaria, con-

CARACTERÍSTICAS E POSSIBILIDADES DE
UTILIZAÇÃO. INTRODUÇÃO ÀS TÉCNICAS
siderada arte menor, praticada por artesãos e com o intuito de ser mera peça
de decoração. Somente no século XX passa a ocupar a posição de arte maior,

DE TECELAGEM, CESTARIA E PAPEL


junto às outras artes. Ser arte ou não ser sempre foi um tema polêmico para os

A FIBRA, SUA IDENTIFICAÇÃO,


intelectuais, transitando entre o elitismo e o idealismo.
Quando pensamos em artes da fibra, um fio tênue nos faz transitar entre o
que é arte e o que é artesanato. A arte e o artesanato convivem no mesmo
universo de intenções, mas se diferenciam pelas formas de apropriação da
[ JOICE SATURNINO

matéria e da cultura onde estão inseridos.


O artesão mantém viva a técnica, armazenando esse conhecimento, onde se aprende
a fazer fazendo, transformando a matéria-prima em objetos úteis. Um processo que
pode vir a despertar aptidões latentes do obreiro, aprimorando-lhe o intelecto. A

1
existência da arte depende diretamente da artesania, onde a habilidade no emprego
de materiais e instrumentos é fundamental. Para se chegar ao que é arte e seus
significados, é importante compreender as transições de concepções ao longo da
história, dialogar com as incertezas e estar aberto para as múltiplas verdades.
São várias as maneiras de se ver e definir a arte que flutuam entre o tempo e
o espaço onde estão inseridas, são vários discursos e conclusões. Sempre se
tentou formular ideias de estilos, mas a obra transcende o tempo e o espaço.
A arte surge de um conhecimento intuitivo, concreto e imediato e nos faz com-
preender um sentido de mundo. No artesanato, o fazer manual é o que importa.
O ritmo da produção, o gesto humano é o que impõe a marca da obra. Existe
um caráter utilitário integrado ao contexto cultural.
O artista materializa suas ideias e sentidos, espalhando, negando, sublimando ou
criando valores. A pesquisa, o conhecimento e o desejo são elementos condu-
tores para a sensibilidade e a evolução, o devaneio. Suas marcas se entrelaçam
em um universo onde não se distingue o real do imaginário. Um mistério de
magia engendra a obra.

8 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE ARTES VISUAIS – VOL. 3 JOICE SATURNINO ARTES DA FIBRA 9
Nesse trajeto entre arte/artesanato, o mundo 1.3 TECELAGEM 2.2 EXEMPLOS DE FIBRAS MAIS FACILMENTE ENCONTRADAS
das fibras coexiste com as várias possibilida-
Existem muitos tipos de tapete, que remon- t Em jardins - bromélias, agave, piteira, papirus, imbé, língua de sogra, espada
des de expressão. Papel artesanal, cestaria
tam, no mínimo, há 2000 antes de Cristo. de São Jorge, estrelítzia, bananeira de jardim, yucca, alamanda e palmeiras.
e tecelagem são o fio condutor para a exe- Em todas as culturas são encontrados ves-
cução dos trabalhos na área de fibras. tígios dessa atividade, marcando a própria t Em mercados e feiras - casca de alho, casca de cebola, coroa do abacaxi,
história da humanidade. A tapeçaria, quando bagaço de cana, palha de milho e outros cereais, como trigo, aveia, centeio,
executada sobre um suporte, tela ou tecido, cevada e arroz.
é chamada de tapeçaria bordada. A tapeça-
1 TÉCNICAS ria em tear, como o próprio nome indica, é a
t Através do extrativismo - pau-rosa, paina, taboa, lírio do brejo, bananeira,
canela de veado, taquaraçu, bambu, malvarisco, algodão, linho, cânhamo, juta,
1.1 PAPEL ARTESANAL realizada no tear, sendo o de alto liço o que
rami, abacá, crotalária, ibiscus, quiabeiro, mamona e mamão.
oferece maiores possibilidades de criação.
O papel tem sua origem na China. T’sai Lun, A invenção dessa técnica tem sido atribuída No conhecimento popular, encontramos algumas referências que nos indicam
um funcionário imperial chinês, no reinado aos chineses, egípcios e maias. o melhor período para a colheita das plantas:
do rei Ho-ti no ano de 105 dc, é considerado
t Plantas de sete dias - Colher nos três dias antes da lua minguante, no dia
por muitos como o inventor do papel. Ele foi
dessa lua e três dias depois.
encarregado pelo imperador de propiciar um 2 A FIBRA
suporte para a escrita que fosse mais male- t Plantas de três dias - Colher um dia antes da lua minguante, no dia da lua e
ável e mais fácil de manejar. T’sai Lun partiu 2.1 FIBRA VEGETAL um dia depois.
de vários materiais e informações já exis- As fibras vegetais são utilizadas pelo As plantas com maior concentração de líquidos, como a bananeira e as plantas
tentes e chegou, depois de longo tempo, à homem há mais de 3.000 anos antes da de brejo, como a taboa, o lírio, a juta e o papirus, estão relacionadas como plantas
primeira folha, feita com trapos de seda. era cristã. Elas fazem parte do sistema de de sete dias. Os bambus e outra gramíneas como de três dias. Para uma maior
A matéria-prima era macerada e suas fibras sustentação do vegetal, distribuídas pelo segurança, se considerarmos todas as plantas como de três dias, não correremos
corpo da planta em forma de feixes ou o risco de errar. As plantas devem ser cortadas segundo as suas características.
desagregadas por ação mecânica e, em pre-
redes. O termo fibra pode indicar tanto
sença da água, formavam uma pasta que, De plantas como o lírio, a taboa e o papirus, são aproveitadas as folhas e os talos, que
uma estrutura simples, unicelular, como
colocada em um molde, escoava a água. A devem ser trabalhados separadamente, pois as fibras das folhas são mais tenras.
o algodão, quando um feixe de tecidos
partir desse processo, obtinha-se a folha que, Nos bambus, como em outras gramíneas, são aproveitados os talos (colmos).
multicelulares, que formam uma cadeia,
em seguida, era colocada para secar. Depois
como o sisal. Depois do corte, devemos limpar as plantas, retirando as partes velhas e
de seca, era lixada e recebia uma camada de
escuras. Quando a planta está viva, ela respira pelos poros, que se fecham
cola, dando-se assim o acabamento final. As fibras são agrupadas seguindo sua loca-
após o corte. No processo de evaporação dos líquidos, com os poros fecha-
lização na planta:
Em 1980, foi fundado o primeiro ateliê dos, eles não terão por onde sair, causando então o apodrecimento das
brasileiro de Artes da Fibra, na Escola t Sementes - algodão pontas. Se deixarmos os cortes voltados para cima, não haverá o acúmulo
de Belas Artes da Universidade Federal t Líber(caule) - linho, juta, rami, lírio, de líquido, evitando-se assim o apodrecimento. Os maços, guardados longe
de Minas Gerais, pela artista plástica cânhamo, cana da luz e em local bem arejado, geralmente se conservam por até quatro
Marlene Trindade, institucionalizando o meses sem prejudicar a fibra.
t Folha - sisal, abacá, bananeira, ráfia,
estudo do papel artesanal. 2.3 OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
tucum
1.2 CESTARIA t Fruto - coco, paina tO elemento vegetal não é aproveitado tal como se encontra na natureza, sendo
As técnicas de cestaria fazem parte da cultura necessária uma preparação da matéria-prima.
t Raiz – zacatão
popular. Não se sabe ao certo quando sur- tEm todo o processo devemos utilizar luvas de borracha, máscara e aventais
giram, mas sua presença vem de tempos Se olharmos ao nosso redor, temos um para proteção.
remotos. São tradições que estão se per- grande manancial de fibras que podem ser
tA tintura, que possibilita incrementar o produto final do trabalho, pode ser feita
dendo no tempo e seu resgate é de suma utilizadas. São os chamados lixos vegetais,
a partir de meios vegetais, minerais ou químicos.
importância. A técnica do trançado é tão diver- que estão nas podas do jardim, nos mer-
sificada quanto os produtos finais, que vão de cados, nos resíduos da agricultura e na tRespeita-se a influência do ciclo lunar: o quarto minguante é a fase da lua
pequenas esteiras e abanos a edificações. limpeza de lagos e brejos. favorável ao corte, para que as plantas fiquem fortes e resistentes.

10 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE ARTES VISUAIS – VOL. 3 JOICE SATURNINO ARTES DA FIBRA 11
3 PROCESSO DE ALGUMAS PLANTAS 3.2 BANANEIRA
A bananeira é conhecida como Musa sp., Monocotiledoneae ou Musaceae. As
plantas da família Musaceae, herbáceas com porte entre dois e oito metros,
3.1 SISAL possuem raízes fibrosas e superficiais. O caule verdadeiro é subterrâneo - rizoma
- e as folhas têm bainhas, os pecíolos, que se justapõem, formando um falso
O sisal (Agave spp.), da família Agavaceae, é uma planta utilizada para fins caule - pseudocaule - aéreo. Encontrada em as todas regiões tropicais do globo,
Fig. 1 é originária da Índia, Malásia e Filipinas, onde é cultivada há mais de 4000 anos.
comerciais e sua fibra se destaca por oferecer qualidade e resistência superior
Sisal
às outras fibras naturais. Divide-se em:

É cultivado em regiões semi-áridas. As folhas, com ápice pontiagudo, crescem t Bananeiras ornamentais – fazem parte dessa família: o abacá, a bananeira
em torno de um bulbo central. São rígidas, lisas e verdes lustrosas, com largura de jardim, a helicônia, a pacova-catinga, a bananeira vermelha e a strelitzia,
em torno de 10,0cm e 1,5m de comprimento, aproximadamente. entre outras.

Alguns cuidados devem ser tomados ao se cortar a folha para que não mate t Bananeiras frutíferas – incluem várias espécies de plantas herbáceas, com
Fig. 6 e 7
a muda. Crie um eixo imaginário no centro da piteira, trace um ângulo de 45 pseudocaule formado pelas próprias folhas, que se enrolam umas às outras, Fio
com 2 a 6m de comprimento.
graus e corte as folhas abaixo desse ângulo. Esse tipo de poda não prejudica o
desenvolvimento da planta. A fibra da bananeira é longa, brilhante, resistente, elástica, com pouca condutibi-
lidade de calor e de baixa absorção. Além disso, é de fácil limpeza, reage rápido
OBTENÇÃO DA FIBRA em alvejantes e é excelente para tintura. Para evitar que as fibras se quebrem,
é necessário umedecê-las antes de começar a trabalhar com elas.
O desfibramento pode ser feito logo após a colheita, quando a folha é espade-
lada, batida em uma superfície plana, macerada com um martelo de borracha ou
OBTENÇÃO DA FIBRA
madeira e, em seguida, raspada, eliminando-se a polpa que envolve as fibras.
O corte da bananeira deve ser feito na diagonal a mais ou menos 30cm do chão,
Deve-se tomar cuidado com o liquido que sai do agave é pois, como contém para evitar o apodrecimento da moita e acelerar o processo de cicatrização da
soda cáustica, pode irritar a pele. Esse processo deve ser feito na água cor- planta, facilitando assim a manutenção da espécie.
rente para um melhor aproveitamento.
O primeiro passo é retirar as folhas velhas e abrir a bainha das folhas.
Deixe as folhas devidamente amarradas imersas em água por um dia ou em água
corrente, para que os resíduos vegetais saiam mais facilmente. Em seguida, Depois de desfazer o pseudocaule, separa-se cada uma das partes para a obten-
retorne ao processo de raspagem da folha, faça um nó em uma das extremidades ção da palha calandrada, do fio, da renda, da palha fina, da palha para corda e
Fig. 2 e 3 Fig. 8 e 9
Corte da bananeira do feixe de fibras, para evitar que se separem, e coloque para secar. do material para a extração da celulose. Renda

FIO
Outro processo de limpeza é espadelar a pita e colocá-la para cozinhar. Para
um resultado mais rápido, pode-se adicionar soda cáustica, com diluição Para se obter o fio utilizam-se as partes mais rosadas do pseudocaule. O pro-
de 5%, para não alterar a resistência da fibra. Ainda mornas, as fibras são cesso é bem semelhante ao da extração do sisal: espadelar, macerar e raspar.
raspadas com uma faca de madeira, retirando-se assim os resíduos finais e É necessário muito cuidado, pois a fibra da bananeira é mais delicada que a
os fios quebradiços. fibra de sisal.

Podemos também utilizar o sabão em pó no cozimento. Logo após uma RENDA


fervura de 10 minutos, fazer a raspagem. Nesse método, as fibras podem ser A renda é retirada das bainhas mais maduras e da parte central, onde as bainhas
extraídas mais rapidamente e o produto final apresenta fibras mais brancas e Fig. 10
são mais grossas. Cortar as tiras com 2 a 3cm de largura e, com uma faca bem Corda
com menos resíduos. O sabão em pó contém soda e cloro, sendo necessário afiada, separar as lâminas internas e externas. A parte interna da tira fica seme-
cuidado com a quantidade utilizada que não deve ultrapassar em torno de lhante a uma renda. Amarrar na extremidade e colocar para secar na sombra.
10% do peso da fibra seca.
PALHA FINA
Existe um desfibrador, espécie de engenho, onde a folha é passada e sua
Pode ser obtida de várias formas. Uma alternativa é retirar as duas extremidades
polpa toda retirada.
Fig. 4 e 5 das bainhas. São filetes que deverão ser amarrados e colocados para secar.
Abertura do pseudocaule Para que as fibras fiquem mais macias, é usado amaciante de roupa após a sua Outra forma é utilizar as lâminas externas que foram separadas no processo da
limpeza. Depois de lavadas, as fibras são secas em local arejado. renda, cortar em tiras bem finas e colocar para secar.

12 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE ARTES VISUAIS – VOL. 3 JOICE SATURNINO ARTES DA FIBRA 13
3.3 MILHO 4.2 PONTOS BÁSICOS executar essa volta vamos considerar
DA TECELAGEM a segunda trama como uma urdidura e
O milho é uma planta da família Gramineae e da espécie Zea mays. Planta
t Ponto simples - Passar a trama pela urdi- voltar com a primeira cor e, em seguida,
anual, de um a três metros, tem raízes fibrosas e caule robusto coberto de
dura de maneira alternada, começando por com a segunda. Dessa forma as cores
folhas largas. É um cereal de altas qualidades nutritivas, extensivamente
baixo do primeiro fio e, em seguida, por irão permanecer sempre na mesma urdi-
utilizado como alimento humano ou ração animal.
cima do próximo fio e assim sucessiva- dura, formando assim a listra vertical.
Originária do sudoeste do Brasil e do Paraguai, é cultivada desde o período mente. Na carreira seguinte, a posição dos
pré-colombiano e desconhecida pela maioria dos europeus até a chegada fios deve ser invertida, de forma que eles
deles à América. fiquem presos, formando um tecido.

OBTENÇÃO DA PALHA
Matéria-prima muito comum no meio rural, deve ser colhida em tempo
Fig. 11 e 12 seco, quando as espigas estiverem maduras. A sua conservação depende
Milho do armazenamento em local seco e arejado.
Fig.17
Utilizar as palhas internas mais macias e alvas, descartando as palhas mais Listra vertical

grossas. Rasgar as palhas em tiras, separando as finas para os trabalhos mais


delicados e as mais largas para os trabalhos mais resistentes. Cortar o lado
Fig.15 t Diagonal - Começar pela base. Fazer
da base em diagonal, formando uma ponta. As fibras devem ser umedecidas Ponto simples três carreiras completas (o número de
antes de se iniciar o trabalho. carreiras pode variar de acordo com a
VARIAÇÕES:
necessidade). Fazer mais três carreiras,
t Listra na horizontal - Colocar uma borboleta abandonando uma urdidura e assim suc-
4 TECELAGEM DE ALTO LIÇO em cada extremidade da urdidura (cores essivamente. Completar a tecelagem uti-
diferentes). Fazer uma carreira completa lizando outra cor. O número de carreiras
4.1 TEAR ALTERNATIVO
com uma das cores e logo após alternar de cada cor tem que ser o mesmo. Tecer
O tear de alto liço consiste em duas barras de madeira colocadas parale- com a outra cor e assim sucessivamente. mais ou menos 5cm de cada ponto.
lamente no sentido horizontal. Essas barras são estruturadas em dois pés
graduados, podendo subir ou descer. Os liços são colocados nas duas
barras e servem para separar a urdidura, que é a estrutura da tecelagem. A
trama cobre os fios da urdidura, formando o tecido, que nos permite criar
desenhos, texturas e formas. É importante que os fios da urdidura fiquem
todos na mesma tensão.

Para essa tecelagem utilizam papelão Paraná, lápis, régua, tesoura, agulha,
barbante, fibras de bananeira e sisal.

Fig.13 e 14 Procedimentos: cortar o papelão Paraná no tamanho do trabalho desejado. Nas Fig.16 Fig.18
Listra na horizontal Diagonal
Teares bordas onde será montada a urdidura fazer cortes a uma distância de 1 cm.
Fixar o barbante na primeira fenda, deixando uma ponta do barbante, de mais t Listra vertical - Colocar as duas cores t Emenda do fio - A emenda deve ser feita
ou menos 15 cm, para acabamento. Esticar o barbante até a outra borda do na mesma extremidade. Fazer meia car- na urdidura em que a trama passa por
papelão e retornar em movimentos de ziguezague. reira com a primeira cor e completar com trás. Colocar para dentro da tecelagem,
a segunda. Quando chegar ao final da com o auxílio de uma agulha, o fio que
Para facilitar a trama, fazer uma borboleta com o fio, ou seja, um oito entre carreira, serão duas linhas. Voltar com a está terminando e, no mesmo ponto,
os dedos mínimo e polegar, deixando a ponta inicial solta e, com a outra, primeira cor. É importante lembrar que a o fio novo. Continuar a tecelagem. No
enrolar o centro do oito,i dando uma laçada. Puxe a ponta inicial e o fio se trama caminha na urdidura sempre pas- retorno da carreira o fio passará pela
soltará sem embolar. sando o fio ora na frente, ora atrás. Para frente e a emenda não será vista.

14 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE ARTES VISUAIS – VOL. 3 JOICE SATURNINO ARTES DA FIBRA 15
t Corrente - Colocar o fio preso na primeira estético, entre outros. Ao longo do tempo,
urdidura. Passar a borboleta por trás os hábitos de muitos povos foram marca-
de toda a tecelagem. Com os dedos, dos por suas relações com essa técnica.
fazer uma alça no início da tecelagem Os povos nômades, por exemplo, deram
e dobrar por cima da primeira urdidura. requinte às suas tendas e os tapetes de
Puxar o fio que está por trás, fazendo oração do Oriente sempre foram funda-
nova alça, e passar por cima da próxima mentais nas crenças religiosas.
urdidura e assim sucessivamente. O
São de grande importância os rudimen-
acabamento deve ser feito com agulha,
Fig.19 Fig. 21 tares tecidos da Idade Neolítica e do
Emenda do fio Laçada alternada colocando-se as pontas junto com a
bronze e a perfeição da arte de tecer dos
urdidura e por dentro da trama. egípcios, dos persas, assírios, gregos e
4.3 PONTOS EXECUTADOS NA t Trançado mineiro - O trançado mineiro romanos, com variedade de colorido e
é executado com duas pontas que se riqueza de decoração. Na Idade Média
TECELAGEM DE ALTO LIÇO
alternam na urdidura: a primeira passa destaca-se a qualidade das tecelagens
t Laçada - Ao executar a laçada, lembrar na frente da outra e por trás da urdidura orientais e, no século XII, o Ocidente
que, quando estiver tecendo da esquerda seguinte. O acabamento deve ser feito pôde rivalizar com as riquezas dos bizan-
para a direita,o fio fica na mão direita e com agulha, colocando-se as pontas junto tinos e sarracenos. Vêm depois o gótico
entra pelo lado direito da urdidura. Para com a urdidura e por dentro da trama. e a Renascença, quando também foram
o lado esquerdo, o fio vai para a mão Fig. 24 produzidos tecidos no gosto da época.
esquerda e entra pelo lado esquerdo. O fio Corrente
Na América do Sul, encontramos os melho-
passa por cima da urdidura, volta por trás
OBS. Para se trabalhar com as fibras res exemplos de tecidos na região peruana.
e sai por baixo, executando uma laçada. A
da bananeira, devemos umedecer as As civilizações andinas primavam pelo
laçada é feita em cada urdidura. É possível
fibras antes de começar a tramá-las, requinte de sua tecelagem, sendo a dos
fazer variações, repetindo a laçada duas
para evitar que se quebrem. Incas a de maior expressão.
vezes, três, ou ainda alternando.
A tapeçaria assume um papel muito impor-
Fig. 22 tante na Europa do século XVI, com as rotas
Trançado mineiro 5 HISTÓRIA DA comerciais para a Índia, a China, Turquia e 1 “Estilo artístico que se

t Nó turco - Cortar os fios com 10 cm. TAPEÇARIA Pérsia, quando são importadas peças para desenvolve entre 1890 e
a Primeira Guerra Mundial
Fazer meia carreira de ponto simples. decorar as casas das famílias abastadas. Pai- (1914-1918) na Europa
A tapeçaria tem sua origem na tecelagem,
Colocar o pedaço do fio sobre dois fios sagens, cenas de caça, assim como casas e e nos Estados Unidos,
uma das primeiras artes que o homem
da urdidura, passar com os dedos as castelos retratando a moradia do proprietário espalhando-se para o
conheceu. O método mais antigo de fabri- resto do mundo, e que
duas pontas para trás e a seguir por eram as representações mais comuns na
cação de tecidos surge de forma rudimentar interessa mais de perto
baixo, no meio das duas urdiduras, época. Os tapetes de parede, tanto quanto os às artes aplicadas: arquit-
muito cedo em nossa história e é basica-
puxando as pontas para baixo. Fazer de tecidos e os bordados, eram imprescindí- etura, artes decorativas,
Fig. 20 mente o entrelaçamento de dois conjuntos
Laçada isso até terminar a carreira e em seguida veis nas regiões frias, como proteção contra design, artes gráficas,
de fios, que, dispostos em ângulo reto, a mobiliário e outras. O ter-
as correntes de ar, além de dividir ambientes
voltar com o ponto simples. urdidura e a trama, dão origem ao tecido. mo tem origem na galeria
nas casas, criando maior privacidade.
parisiense L’Art Nouveau,
t Laçada alternada - Fazer uma laçada na A tecelagem é a arte de tecer, um dos pro- aberta em 1895 pelo
No século XVIII, os desenhos adquiriram
primeira urdidura, outra na segunda. Retor- cedimentos artísticos mais antigos da huma- comerciante de arte e co-
formas circulares e mais figurativas. No lecionador Siegfried Bing”.
nar na primeira urdidura, fazendo nova nidade. Existem tapetes que remontam, no
século XIX, há uma sofisticação da pro- ( In: http://www.itaucul-
laçada. Em seguida, dar uma laçada na mínimo, 2000 anos a.C.
dução, surgindo os tecidos estampados tural.org.br/aplicExternas/
terceira urdidura, voltar na anterior e assim enciclopedia_IC/index.
Em cada época a tecelagem deixou marcado com muita cor e textura. No final daquele
sucessivamente. O ponto ficará parecido cfm?fuseaction=termos_
o seu caráter próprio. Os motivos para se século, o inglês Willian Morris criou um
a uma corda. Todas as laçadas devem ser texto&cd_
tecer são inúmeros, podendo estar ligados à novo estilo de desenho para a tapeçaria verbete=909&cd_
dadas para a mesma direção. Fio na mão
sobrevivência, como abrigos, mas também bordada e o tear, estilo que passou a fazer idioma=28555 – Acesso
direita entrando pelo lado direito, na mão Fig. 23
à conservação, à religião, ao social e ao parte do Art Nouveau.1 em 20/10/2008)
esquerda entrando pelo lado esquerdo. Nó turco

16 CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE ARTES VISUAIS – VOL. 3 JOICE SATURNINO ARTES DA FIBRA 17
No século XX, com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a depressão econô- 6.2 TEAR CHILENO
mica na Europa, há um declínio na atividade dos tapeceiros.
Nessa tecelagem, a urdidura é que aparece na superfície. Os liços são utiliza-
Em 1919, foi fundada a Bauhaus, uma escola que provocou um dos movimen- dos facilitando a tecelagem e a tensão é variável, sendo a trama que executa a
tos artísticos mais marcantes do século passado, com um amplo conceito tensão maior. Com isso, há uma grande diminuição da largura na urdidura, quase
filosófico de trabalho e de pesquisa. Havia diversos artistas atuando em reduzida à metade de sua colocação inicial.
diferentes domínios, entre os quais a tapeçaria e, em 1930, foi realizada a Seus motivos são trabalhados em uma sequência de repetições de duas linhas.
primeira exposição inteiramente consagrada aos têxteis, em Dessau, para É muito usada nas regiões andinas, tendo algumas variações na Bolívia, com
onde a Bauhaus havia sido transferida. a tecelagem dupla, e no Peru, onde é trabalhada com desenhos em relevo, Fig. 26
Tear chileno
No início da década de 1960, a tapeçaria começa a florescer na Europa e aumentando assim suas possibilidades.
América, o que assegura a continuidade desse tipo de trabalho. Em 1962, 6.3 TECELAGEM DE CARTÕES
com a I Bienal de Lausanne, na Suíça, a tapeçaria ocupa seu espaço na arte.
É a técnica de trabalhar com cartões quadrados, hexagonais e ortogonais, cuja
Um de seus maiores expoentes e fonte de renovação da produção têxtil foi a
finalidade é fiar tiras. Essa técnica, muito usada pelos povos antigos, deu origem à
2 Para saber mais sobre artista polonesa Magdalena Abakanowicz (1930 -).2
Magdalena Abakanow-
tecelagem em fazenda. Nas sepulturas dos antigos egípcios se encontravam tiras
Fig. 27
icz, ver o site da artista Nessa época, a tapeçaria assume uma nova postura, deixando definitivamente trabalhadas dessa maneira, deduzindo-se daí que 2000 anos antes de Cristo já era Tecelagem de cartões
(em inglês): http://www. de lado os valores decorativos ou narrativos e entrando para o domínio das conhecida. Desse artesanato primitivo, praticado com o torcimento de cipós, na
abakanowicz.art.pl/
expressões. Outros procedimentos foram incorporados, outras expressões feitura de cordas, originou-se a técnica da tecelagem sem necessidade de tear.
foram agregadas. A parede deixou de ser o único suporte. Com grande explo- Com a utilização de cartões, dois suportes resistentes e alguns fios, pode-se confec-
ração das formas, dos vazados e das texturas, já não é mais tapeçaria e sim cionar tranças com padrões coloridos facilmente transformáveis em cintos, gravatas,
arte têxtil ou artes da fibra (fiber arts). tiras para debruns e bordas decorativas. Esse método possibilita ainda a confecção
de tiras estreitas, de diferentes comprimentos, que, quando unidas com uma costura
chata, tornam possível a produção de bolsas, almofadas e até mesmo tapetes.
6 POSSIBILIDADES
6.4 MACRAMÉ
DA TECELAGEM –
De origem árabe, a palavra macramé quer dizer franja. Supõe-se que a técnica de
TEARES E TÉCNICAS atar e trançar fios tenha sido introduzida na Europa pelos árabes no século XVI, como
atestam ricas e variadas franjas, bordas e rendas expostas em diversos museus.
Há um grande universo de técnicas e teares, que podem ser trabalhados
juntos ou separadamente. No nosso estudo, nos concentramos na técnica Essa técnica oriental foi divulgada e apreciada por vários povos e, depois de um
Fig. 28
do alto liço, uma das mais rudimentares, mas com um universo de possi- período de esquecimento, voltou a ser valorizada. Com o macramé são feitas principal- Macramé
bilidades que vai até onde nossa imaginação possa vagar. Mas há outras mente franjas de vários tipos, mas também é possível confeccionar peças inteiras.
técnicas que merecem destaque, como o tear de baixo liço, o tear chileno, Trabalhando-se apenas com as mãos, são feitos os nós, cruzando e pren-
o macramé, os trançados e a rede. dendo os fios entre si. Os fios que formarão o trabalho são presos em
6.1 TEAR DE BAIXO LIÇO OU TEAR HORIZONTAL suportes ou diretamente nas peças.
6.5 TRANÇADOS
Os liços ficam colocados em dois cabides abaixo da urdidura, ligados a dois pedais
de madeira que são acionados com os pés, separando a urdidura para a passagem É a técnica de reunir linhas em tranças. Seu resultado depende do número de
da trama. Na técnica do baixo liço temos os teares de mesa, teares de esteio e fios empregados e do desenho. A princípio, essa técnica tinha por finalidade a Fig. 29
Macramé
os teares em X. Todos têm os três dispositivos necessários à tecelagem, os dis- confecção de tecidos sem o auxílio de teares e mais econômicos, a partir do
positivos de tensão do urdume, o de separação e o pente que mantém o urdume aproveitamento de retalhos de roupas velhas cortados em tiras.
paralelo, apertando também a trama. Os teares foram evoluindo, com o intuito 6.6 REDE
de facilitar e aumentar a produção. A tensão da urdidura muitas vezes era dada
O trabalho de malha ou rede é uma das técnicas mais antigas, utilizada primeira-
com o próprio corpo funcionando como um instrumento. Hoje, o tear manual mais mente pelo homem primitivo para capturar peixes e outros animais. Executadas até
Fig. 25
utilizado é o de pedal com quatro bastidores de liço. São os tradicionais teares de hoje manualmente, as redes são feitas com grande esmero. Foram aplicadas para
Tear de baixo liço Minas, onde até hoje se produzem tecidos. o vestuário, dando origem às rendas, difundidas e aprimoradas com características Fig. 30
próprias em diferentes regiões. São tecidos resistentes e de extrema beleza. Rede

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3 “Regina Gomide Graz.
Em 1923, no Rio de
7 A TAPEÇARIA No início dos anos 1950, surge na Bahia Em Minas Gerais, Degoiss iniciou um trabalho BRITTAIN, Judy. Enciclopédia de agulhas e
Genaro de Carvalho (1926-1971), pintor que formador, utilizando a agulha mágica como linhas. São Paulo: Melhoramentos, 1982.
Janeiro, realiza pesquisa BRASILEIRA descobre na tecelagem sua principal expres- técnica. Marlene Trindade surge nesse ateliê,
sobre tecelagem indí- BURKE, Peter. Cultura popular na idade moderna.
gena do Alto Amazonas, A tapeçaria brasileira tem uma herança são, executando a tapeçaria mural Plantas mas seu trabalho envereda por outros cami-
São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
sendo, ao lado de Vi- extraordinária: a tapeçaria indígena bra- Tropicais, uma temática constante em toda nhos, fazendo com que a tapeçaria mineira
cente do Rego Monteiro CAUQUELIN, Anne. Teorias da arte. São Paulo:
sileira, uma das mais sofisticadas que o a sua obra. Em 1955 cria um ateliê de tape- assuma sua própria expressão. Grande pes-
(1899 - 1970), pioneira no
interesse pela tradição mundo conheceu. A maestria de nossos çaria em Salvador, sendo seu trabalho uma quisadora, é a principal deflagradora da arte Martins Fontes, 2005.
indígena brasileira. índios se envereda também por totens, grande exaltação à paisagem de sua terra têxtil em Minas Gerais. Além das técnicas CÁURIO, Rita. Artextil no Brasil. Rio de
Dedica-se à tapeçaria e objetos sacros com grande harmonia cro- natal. Registra a flora e a fauna brasileiras, européias, transita pelos povos sul-america- Janeiro: Texaco do Brasil/ Empresas Têxteis
confecciona paneaux,
mática, a partir da percepção da natureza. em um estilo único e inovador. nos, os índios da Amazônia e a tecelagem Santista, 1986.
colchas, almofadas,
tecidos e abajures em
Outra herança é o próprio povo brasileiro popular mineira. Seu trabalho busca a alma
que, com sua maneira de ser e de viver, cria Genaro de Carvalho participa em 1965 da COLI, Jorge. O que é arte. São Paulo: Brasi-
estilo cubista e art déco.” brasileira com uma dosagem perfeita entre
(IN:http://www.itaucul- um espaço cromático rico, que contamina II Bienal Internacional de Tapeçaria de Lau- liense, 1981.
técnica e emoção.
tural.org.br/aplicExternas/ e transforma a tapeçaria que, no Brasil, por sanne, abrindo as fronteiras para a tapeça-
enciclopedia_IC/index. GATTI,Thérèse Hofmann. A história do papel arte-
sua força, tem vocação para a vanguarda. ria brasileira. Mas somente nos anos 1960, Na década de 1970, com o início das trienais
cfm?fuseaction=artistas_ sanal no Brasil. São Paulo: ABTCP – Associação
biografia&cd_
quando rompe com sua forma plana tradi- de tapeçaria no Museu de Arte Moderna de
Uma das artistas precursoras da tapeçaria Brasileira Técnica de Celulose e Papel, 2007.
verbete=3114&cd_ cional, a tapeçaria deixa de ser considerada São Paulo, a tapeçaria sai de seu distancia-
no país, Regina Graz (1897–1973)3 partici- HART, Carol; HART, Dan. Cesteria natural. Bar-
item=1&cd_ como um gênero menor na arte brasileira. mento e se oferece ao tato, assumindo defi-
idioma=28555 – Acesso pou da Semana de Arte Moderna de 1922. celona, Espanha: Ceac, 1981.
Um marco importante foram as presenças nitivamente o seu papel.
em 20/10/2008) Apesar de se dedicar às artes decorativas,
de Magdalena Abakanowicz, da Polônia, e MEDINA, Julio César. Plantas fibrosas da flora
ganha destaque por inserir em suas tape- São vários os caminhos que a tapeçaria percor-
4 Para saber mais sobre Jagoda Buic (1930 - ), da Iugoslávia, vistas, mundial. Campinas: Instituto Agronômico de
çarias um contexto temático nacional. reu e tem a percorrer. Através do fio ou da fibra
Madeleine Colaço, ver respectivamente, na Bienal Internacional de
o site da artista: http:// irá sempre expressar sentimentos, transmitir Campinas, 1959.
Em 1940, chega ao Brasil Madeleine Colaço São Paulo de 1967 e 1975. O Grande Prêmio
www.colaco.art.br/
(1927 -),4 com uma bagagem grande de pes- ideias, um mundo de inesgotável potencial de READ, Herbert. O sentido da arte. São Paulo:
Internacional da Bienal de São Paulo de 1975
quisa - desde as técnicas orientais aos tradi- possibilidades a serem exploradas. Ibrasa, 1978.
5 Mais informações foi dado a Jagoda Buic, por uma ambientação
sobre o artista em: cionais arraiolos portugueses. Instala-se no tecida em formas flexíveis, que influenciou de Outros artistas importantes da tapeçaria SCHWETTER, Bertha. Enciclopédia de traba-
(www.itaucultural. Rio de Janeiro e, adaptando seus conheci- maneira decisiva a criação brasileira. brasileira: lhos manuais. Porto Alegre: Globo, 1958.
org.br/aplicExternas/
enciclopedia_IC/index.
mentos, cria o chamado Ponto Brasileiro e
Como expressão revigorada, a tridimensio- tKennedy Bahia – BA VALADARES, Clarival do Prado. Artesanato
cfm?fuseaction=artistas_ abre uma escola de tapeçaria voltada para a
biografia&cd_ formação técnica e a tapeçaria mural. Uma de nalidade passou a ser uma das marcas da tGilda Azevedo – RJ brasileiro. Rio de Janeiro: Funarte, 1980.
verbete=2150&cd_
suas seguidoras, sua filha Concessa Colaço, tapeçaria contemporânea. Paralelamente,
item=1&cd_ tBia Vasconcelos – RJ VOLKSWAGEN DO BRASIL S.A. – Artistas da
muda a força motriz de sua arte, investindo houve uma grande pesquisa de materiais,
idioma=28555 - Acesso tapeçaria brasileira, 1987.
em 20/10/2008) na criação. É a tapeçaria bordada com toda buscando uma textura rica e diversificada, tZorávia Bettiol – RS
a sua técnica que dita o caminho. lúdica e tátil. A I Mostra de Tapeçaria Bra-
6 Mais informações sileira, realizada em 1974 na Fundação tLiciê Hunsche – RS
sobre o artista em: Em 1947, fixa residência em São Paulo o Armando Alvares Penteado (FAAP), em tArlinda Volpato – SC
CRÉDITO DAS IMAGENS
(www.itaucultural. francês Jacques Douchez (1921 -)5 que,
org.br/aplicExternas/
São Paulo, e a I Trienal Brasileira de Tape- FOTOGRAFIAS
enciclopedia_IC/index.
com o paulista Noberto Nicola (1930 çaria, no Museu de Arte Moderna de São
-2007),6 monta, em 1957, um ateliê de Paulo (MAM –SP), em 1976, reafirmam a Fig. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12, cortesia da
cfm?fuseaction=artistas_
biografia&cd_ tecelagem utilizando um tear rudimentar.
REFERÊNCIAS profª Joice Saturnino, Belo Horizonte, 2008.
existência de uma tapeçaria brasileira.
verbete=2909&cd_
Em 1960, viajam para a Europa para pes- ANDRADE, Geraldo Edson de. Aspectos da ILUSTRAÇÕES
item=1&cd_ Surgem centros de criação no Rio de Janeiro,
idioma=28555 - Acesso quisar em centros de tapeçaria e, em sua tapeçaria brasileira. São Paulo: Spala, 1977.
em 20/10/2008) volta, em 1961, fazem uma exposição na São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Porto Fig. 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23,
Galeria Sistina em São Paulo, com uma Alegre e Recife, agregando uma grande ARANTES, Antônio. O que é cultura popular. 24, 25, 26 e 27, Humberto Inchausti Ribeiro,
nova concepção de arte em fibras tecidas. diversidade de técnicas, mas mantendo o São Paulo: Brasiliense, 1988 Lagoa Santa, 2009.
Seus trabalhos, inicialmente bidimensio- bordado em seu lugar de destaque.
BEGOSSI, Lígia. Como fazer trabalhos com Fig. 28, 29 e 30, Laura Barreto, Belo Hori-
nais, passam a formas tecidas, onde o Outros artistas importantes foram Yedo palha. Rio de Janeiro: Edições de Ouro – Cate- zonte, 2009.
tridimensional era o objetivo maior. Titze e Zorávia Betiol, no Rio Grande do Sul. goria Leão 8578.

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