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Escola de Administração
Programa de Pós-Graduação em Administração
Curso de Especialização em Marketing
Tiago Nequesaurt
“Se, de fato, carnaval, religiosidade e futebol são tão básicos no Brasil, tudo indica
que, diferentemente de certos países da Europa e América do Norte, nossas
fontes de identidade social não são instituições centrais da ordem social, como as
leis, a Constituição (...) etc., mas certas atividades que nos países centrais e
dominantes são tomadas como fontes secundárias e liminares de criação de
solidariedade e identidade social.” (Roberto DaMatta)
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................06
1.1 Delimitação do Tema e Definição do Problema .....................................08
1.2 Importância do Estudo .............................................................................10
1.3 Definição dos Objetivos ...........................................................................11
- Objetivo Geral ...............................................................................................11
- Objetivos Específicos ..................................................................................11
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................13
2.1 Teoria Institucional ...................................................................................23
2.1.1 A Visão da Teoria Institucional como Multiparadigmática e a Teoria
da Estruturação ...............................................................................................27
2.2 Análise de Redes Sociais .........................................................................29
2.2.1 Propriedades Relacionais e a Abordagem Relacional .......................31
2.3 Análise Estatística dos Relacionamentos ..............................................33
3. PANORAMA DA BOLA ...............................................................................35
3.1 Panorama Mundial ....................................................................................41
3.1.1 O Modelo de Valorização ......................................................................42
3.1.2 Os Cinco Pecados Capitais da Contratação .......................................43
3.1.3 O Melhor Modelo de Negócio ..............................................................46
3.2 Panorama Europeu ..................................................................................47
3.3 Custo da Ida ao Estádio ...........................................................................51
3.4 Esportes no Brasil ....................................................................................51
3.5 Clubes Esportivos ....................................................................................57
3.5.1 Situação no Brasil ..................................................................................57
3.5.2 Modelos Europeus .................................................................................61
3.6 Mídia ...........................................................................................................63
3.7 Marketing Esportivo .................................................................................65
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4. MÉTODO ......................................................................................................73
4.1 Entrevistas em Profundidade ..................................................................74
4.2 Análise de Conteúdo ............................................................................... 75
4.3 Procedimentos de Amostragem, Coleta e Análise dos Dados .............76
4.4 Perfil do Público Investigado ...................................................................76
4.4.1 Dirigentes ...............................................................................................76
4.4.2 Jogadores de Futebol ...........................................................................76
4.4.3 Empresários ..........................................................................................77
5. RESULTADOS ............................................................................................78
5.1 Confiança ..................................................................................................78
5.2 Desconfiança e Insegurança ...................................................................81
5.3 Credibilidade, Respeito e Seriedade ......................................................82
5.4 Mercadoria ................................................................................................85
5.5 Remuneração ...........................................................................................86
5.6 Despesas ..................................................................................................89
5.7 Ilicitudes ...................................................................................................90
5.8 Sociedade e Interesses Mútuos ..............................................................92
5.9 Know How .................................................................................................92
5.10 Descoberta e Relacionamento ..............................................................95
5.11 Família .....................................................................................................98
5.12 Tecnologia ..............................................................................................99
5.13 Paternalismo ...........................................................................................99
5.14 Profissionalismo ...................................................................................100
5.15 Amadorismo e Anti-Profissionalismo .................................................102
5.16 Relação Econômica ..............................................................................104
5.17 Contratações .........................................................................................106
5.18 Passe Livre ............................................................................................107
5.19 Acessibilidade .......................................................................................108
6. CONCLUSÃO .............................................................................................110
6.1 Implicações do Estudo ...........................................................................111
BIBLIOGRAFIA ..............................................................................................112
5
ANEXOS .........................................................................................................123
6
1. INTRODUÇÃO
Na Itália, por exemplo, segundo dados do site Terra (2007), cuja seleção
sagrou-se tetracampeã mundial na última Copa do Mundo, disputada na
Alemanha, em 2006, o futebol representa o equivalente a 3% do PIB nacional.
Para mensurar, brevemente, a importância e a relevância desse dado, a Itália
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Por fim, com o presente material, pude compreender de forma muito mais
clara, objetiva e crua, paixão e preferências à parte, como uma parte deste
“mundo” se organiza e se movimenta. Além disso, quem sabe, imagino poder ter
um pouco menos de dificuldade de acesso a empresários, viabilizando, quem
sabe em um futuro não muito distante, uma oportunidade de emprego nesse
concorrido e fascinante meio.
– Objetivo Geral
– Objetivos Específicos
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para tentar averiguar com a maior exatidão possível, dentro dos variados
limites impostos, será realizada uma pesquisa de caráter exploratório, com base
qualitativa, por meio de estudos e entrevistas com alguns dos personagens que
compõem esse grupo. Foram entrevistados dirigentes e representantes de clubes
de futebol gaúcho e nacional, bem como atletas de futebol, cuja abrangência será
também local e nacional. Mais tarde, os dados serão analisados à luz do método
de análise de conteúdo.
Para que se tenha uma breve idéia do negócio que tem se tornado o
futebol, dia a dia, atualmente, é movimentado algo em torno de 215 a 250 bilhões
de dólares por ano no mundo. Existem 1,5 milhões de times de futebol e 127
milhões de jogadores. Além disso, são 720 mil árbitros e 450 milhões de
empregos, diretos e indiretos, gerados mundialmente. Por fim, a entidade máxima
do futebol, a FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado), possui 204
países filiados. Na Copa de 2006, disputada na Alemanha, cerca 4 bilhões de
pessoas acompanharam as transmissões das 64 partidas da competição.
Nos Estados Unidos, por exemplo, segundo relata Meggyesy (1992), foi
criada, em 1986, a Associação dos Jogadores da Liga Nacional de Futebol
(NFLPA), pois, ao longo da década de 70, houve inúmeros problemas entre os
jogadores e os donos dos clubes. Nesse caso, registre-se, o “football” em questão
é o surgido e praticado lá, denominado, por aqui, de futebol americano, e não o
futebol com o qual estamos habituados. Essa entidade tinha, entre outras
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Conforme relata Baker (1990), citado por Masson e Duquete (2005), a partir
da década de 60 os salários começaram a subir e, assim, os atletas começaram a
requerer um planejamento financeiro e administrativo adicional. Com isso, difunde-
se, no final da mesma década, segundo Barnes (1985), Fraley e Harwell (1989),
citados, novamente, por Masson e Duquete (2005), os agentes no esporte
profissional, cujos pioneiros Bob Woolf e Marty Blackman iniciam assessorando
jogadores de futebol americano e basquetebol com o intuito de participar e influir
nas negociações contratuais.
1. Salário
2. Taxa
3. Porcentagem do salário dos atletas (ligada à performance)
4. Alguma combinação dos primeiros três métodos (Schubert, 1986), citado
por Masson e Duquete (2005).
Com base no que foi relatado acima, Masson e Duquete (2005) afirmam ser
possível perceber que representar atletas profissionais é uma profissão,
potencialmente, lucrativa, em especial para os agentes qualificados e
dramaticamente afetada por mudanças globais.
Centralidade
Equilíbrio e Transitividade
Coesão Social
subculturas (Hanneman, 2001; Hanneman e Riddle, 2005; Scott, J., 2000), sendo
base para a solidariedade, a identidade e o comportamento coletivo em maior
intensidade entre esses atores de dentro do grupo do que com os de fora. Esse
fenômeno é conhecido como homofilia (De Nooy, Mrvar e Batagelj, 2005).
Além do nível local, há métodos que avaliam a rede em nível global. Alguns
avaliam as propriedades dos relacionamentos de forma geral, já outros analisam o
ajuste de modelos de análise posicional (quarta fase da análise posicional). O
segundo método é conhecido como Stochastic Blockmodel (Wasserman e Faust,
1994). Todos os métodos são úteis, variando sua aplicabilidade de acordo com as
necessidades teóricas e com o tipo de dados relacionados apresentados.
3. PANORAMA DA BOLA
113.000 profissionais;
15.481.000 amadores (18 anos ou mais);
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Esta foi uma das poucas vezes em que México e Estados Unidos
participaram, o que somou um mercado de mais de 500 milhões de pessoas. Para
o governo de Hugo Chávez, o evento não foi trivial. O presidente declarou a Copa
“assunto de Estado” e encarregou o vice-presidente Jorge Rodríguez de organizá-
lo. Além disso, investiu US$ 4,2 milhões em nove estádios.
A contratação de David Beckham por cinco anos, pelo Los Angeles Galaxy,
dos Estados Unidos, por exemplo, rendeu ao clube cerca de dez milhões de euros
meses antes de sua efetiva estréia no clube norte-americano. Tais ingressos
provêm, em maior parte, da venda de assinaturas e assentos premium. O clube
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espera obter ainda outros 185 milhões de euros com patrocínios e vendas de
camisetas.
- Idade do jogador.
- Temporadas de experiência como profissional.
- Número de partidas jogadas na temporada anterior.
- Número de gols marcados na temporada anterior.
- Número de jogos internacionais.
- Número de gols marcados em partidas internacionais na carreira.
- Posição no campeonato anterior do clube que vende.
- Posição no campeonato anterior do clube que compra.
Segundo Urrutia (2007), os cinco erros mais comuns na hora das grandes
negociações para adquirir um jogador de futebol iniciam pela compra, por um valor
elevado, de um jogador quando ele ainda é jovem, pois se adquire também a
expectativa de futuro. Ele traça um paralelo com o mundo empresarial e explica
que isso também ocorre na Bolsa de Valores, em especial nos momentos de
“boom”. Compram-se ações com valores elevados, pois há a expectativa de
benefício no futuro.
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Nesse ponto, Urrutia (2007) faz referência à maneira como são realizadas
algumas contratações de atletas de futebol, tornando-se uma verdadeira disputa.
“Às vezes um jogador é comprado por um valor acima da média porque os clubes
entram em uma verdadeira batalha para contratá-lo. Se quem o vende é bom e
inteligente, a oferta é feita para muitos clubes poderosos. Se o primeiro que tentou
entrar na disputa oferece cinco milhões de euros por um atacante, o preço pode
acabar se multiplicando por três ou quatro, pois há muitos intermediários e muita
gente que esconde a informação que o preço sobe.”
Além disso, conforme relata Urrutia (2007), pode haver a pressão dos
meios de comunicação, que tradicionalmente são os que fazem as indicações
sobre que jogador o clube necessita ou criam polêmicas, muitas vezes infundadas,
declarando que tal agremiação pode perder determinado jogador.
O segundo erro mais comum é vender barato quando o jogador tem fama
internacional. Foi o caso, por exemplo, de Michael Owen, grande atleta que foi
vendido pelo Liverpool, da Inglaterra, para o Real Madrid, da Espanha, por
somente 12 milhões de euros. Pouco mais de um ano depois, sem conseguir
sucesso nos gramados espanhóis, o clube madrilenho arrecadou 25 milhões de
euros por ele.
ele quer sair do clube e, com isso, a venda tem que ser realizada, mesmo que o
valor seja abaixo do esperado, já que o ciclo dele está esgotado”.
Por isso, outro erro é “ter pressa em vender”. E foi exatamente o que
ocorreu com David Beckham. O jogador quis sair do Manchester United por seus
seguidos desentendimentos com o treinador Alex Ferguson e o clube só obteve 25
milhões de euros do Real Madrid, clube que teve, rapidamente, grande
rentabilidade em temos de mídia com o atleta inglês, ao ponto de Urrutia
classificar a transferência de Beckham como “o maior efeito na conta de
resultados de outro clube”.
perante o rival Real Madrid por 60 milhões de euros. Ter tanto dinheiro em caixa
pode fazer com que a cotação dos atletas se eleve rapidamente, como ocorreu
com Cristanval (17 milhões de euros), Saviola (35,9), Petit (15), Overmars (40),
Geovani (21), Gerard (24) e Alfonso (10,5). “A pressão de ter recebido tanto
dinheiro pode fazer com que se tomem decisões rápidas para manter a ilusão dos
torcedores pela vinda de um ídolo (Pitarch, 2007).
O Real Madrid, por sua vez, terá uma nova marca estampada em seu
uniforme a partir da temporada 2007/08. O clube assinou contrato com a Bwin, site
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10 milhões de euros (R$ 25,7 milhões) nos próximos cinco anos, quando expira o
contrato com o clube milanês (Behs, 2007).
Segundo ele, existem argumentos fortes para mostrar como o Brasil está
longe de transformar o esporte em um negócio lucrativo e benéfico para
organizadores, patrocinadores e atletas.
O esporte sempre foi e será uma questão cultural. Porém, nas últimas duas
décadas, passou a ser também uma indústria, que movimenta cifras astronômicas,
negocia contratos milionários com veículos de comunicação e eleva os esportistas
ao patamar de celebridades, atraindo milhares de pessoas para estádios, arenas e
ginásio. Mas estamos falando de forma genérica. Nem todos seguiram a cartilha.
Alguns países europeus e da América do Norte investiram nessa tendência. O
Brasil está no outro extremo, que reúne nações com potencial esportivo, mas que
administra as modalidades de forma amadora, à espera de alguns poucos atletas
talentosos que tragam visibilidade e projeção internacional para o país.
Outro exemplo, apontado por Aidar e Leoncini, foi o acordo firmado entre o
Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, e o Bank of América, que resultou na criação
da Vasco da Gama Licenciamentos. A instituição financeira controlava os
negócios do clube carioca, como, por exemplo, os contratos de TV, bilheteria dos
jogos e venda de produtos oficiais, enquanto a agremiação gerenciava o
departamento de futebol. Hoje o acordo é objeto de litígio na justiça.
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O Centro de futebol do Zico (CFZ), criado à luz desse modelo, foi o primeiro
clube-empresa do país a entrar em atividade. Diferentemente do que ocorre com
as associações esportivas tradicionais, cuja a fundação é marcada pela assinatura
de uma ata, um clube-empresa passa a existir na data em que é registrado seu
61
contrato social. O CFZ entrou em atividade no dia 12 de julho de 1996, seis meses
depois do primeiro aniversário do Centro de Futebol, no recreio dos Bandeirantes,
na cidade do Rio de Janeiro.
Para se ter uma idéia de como funciona o modelo de gestão dos principais
clubes da Inglaterra, basta verificarmos a relação dos proprietários das
agremiações. O Liverpool, por exemplo, anunciou, em abril, a venda de seu
controle acionário. Desde então, a equipe é administrada pela empresa norte-
americana Kop Football Ltda. O clube inglês foi vendido por 174 milhões de libras
ao consórcio administrado pelos empresários George Gillet e Tom Hicks.
3.6 Mídia
sugere que o volume de investimentos deve aumentar ainda mais nos próximos
anos.
Vários aspectos podem ser citados para justificar isso. O primeiro deles é a
visibilidade que eventos esportivos têm na mídia, bem como a possibilidade de se
transmitir uma mensagem ao consumidor em momento de lazer e relaxamento. O
segundo aspecto tem a ver com o fato de que a comunicação pode ser feita
durante o espetáculo esportivo, e não somente nos intervalos - como é feito nas
formas tradicionais de divulgação.
A revista Forbes publicou em fevereiro deste ano a lista oficial dos eventos
esportivos mais valiosos do mundo. A grande surpresa foi a primeira colocação
obtida pelo Super Bowl – final do Campeonato de Futebol Americano (NFL) dos
Estados Unidos –, avaliado pela pesquisa em US$ 379 milhões, contra US$ 176
milhões de Jogos Olímpicos e US$ 103 milhões da Copa do Mundo da Fifa, que
ocuparam a segunda e a terceira posições, respectivamente.
Em 2006, o Super Bowl alcançou sua melhor audiência nos últimos dez
anos, com aproximadamente 90,7 milhões de telespectadores em território norte-
americano e mais de um bilhão no mundo. Os números justificam os cerca de
US$ 2,6 milhões (R$ 5,7 milhões) cobrados por cada 30 segundos de exibição das
marcas patrocinadoras nos intervalos da partida na rede ABC Sports. Empresas
como UsAmeriquest, FedEx, CareerBuilder.com, Paramount, Anheuser-Busch
(dona da marca Budweiser), Visa e McDonald’s foram as que adquiriram o direito
de exibir seus anúncios.
Para ter uma idéia do efeito de uma exposição nesse horário, que é o mais
caro da televisão norte-americana, o site de empregos CareerBuilder.com
anunciou que sua página na Internet registrou um anúncio na ordem de 20
milhões de novos visitantes por mês e um aumento de 88%, cerca de US$ 107
milhões, nos rendimentos da empresa.
As boas idéias não param por aí. O que dizer das cifras movimentadas por
clubes de futebol da Europa e dos Estados Unidos? A exploração comercial
dessas marcas já ultrapassa patamares nunca antes imaginados. O Real Madrid,
que é clube que mais fatura com a sua marca, arrecadou 135 milhões de euros
(cerca de R$ 370 milhões) em 2006. Para chegar a esse resultado, foi necessária
uma certa dose de ousadia, que pode ser vista nas próximas intenções do seu
atual presidente, Ramón Calderón. O dirigente pretende levar seu clube à NBA -
Liga Norte-Americana de Basquete - para garantir mais visibilidade e, de resto, a
possibilidade de grandes negócios.
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No Brasil, esse segmento voltou a ser assunto após o acerto do São Paulo
com a Warner Bross. O contrato, que demorou dois anos para ser concretizado,
visa à produção de materiais, como cadernos, copos e relógios. Além disso,
futuramente, a imagem de atletas poderá ser associada à de personagens da
Warner, como o coelho Pernalonga e os heróis da ficção Batman e Superman.
Segundo os próprios dirigentes do clube, o acordo com a Warner envolve cifras
nunca antes investidas no país.
Por aqui, foi necessária até a criação de uma loteria federal para saldar as
dívidas de grandes clubes como Corinthians, Flamengo e Palmeiras. O futebol
pentacampeão é incapaz de atrair o interesse de investidores sérios que
permitiriam segurar nossos talentos mais tempo e despertar o interesse do
torcedor em acompanhar com mais assiduidade seu time do coração. O saldo
atual é composto por estádios vazios em diversas competições, bilheterias
dominadas por cambistas e clubes antecipando verbas da TV e dos
patrocinadores de camisa para pagar os salários dos jogadores. Estes últimos, as
estrelas do esporte, percebem o desamparo e não hesitam em deixar o país e
garantir a continuidade da carreira no exterior, mesmo que seja em países com
pouca expressão no futebol, como a Rússia, Arábia Saudita e Grécia.
4. MÉTODO
4.4.1 Dirigentes
4.4.3 Empresários
5. RESULTADOS
5.1 Confiança
"O que faz um jogador acreditar em você é ele ver em você a possibilidade
de ele crescer na bola (sic). Ele tem que comprar a idéia de que você, que eu sou
o cara que vou ‘levantá-lo’.” (Empresário A)
“Eu fui procurado pelo pai do jogador, que, por confiar em mim e no meu
trabalho, pediu uma indicação de empresário para representar seu filho daquele
momento em diante. Indiquei, então, três profissionais, que julgava sérios, e optei
por não indicar somente um nome, mas sim que o atleta e seu pai fizessem a
escolha, entre os indicados, que julgassem mais apropriada para o atleta, sem que
eu interferisse diretamente na escolha.”
"Já tive várias ilusões com empresários. Hoje, eu tenho 30 anos e não
acredito em empresário nenhum.” (Jogador A)
dinheiro para ir treinar. Como cada atleta ganhava U$S 20 por dia durante o
período em que estava disputando o campeonato, o atleta me perguntou o que eu
achava de ele comprar um tênis que custava, à época, U$S 270. Nesse dia, o
dirigente disse ao então garoto que ele deveria se preocupar em ser um excelente
profissional e, mais do que isso, economizar o então pouco dinheiro que recebia.
Além disso, afirmou também que, para vencer no futebol, ele teria que ser
inteligente, não seriam suficientes somente os dotes futebolísticos. Dias mais
tarde, o atleta confidenciou ao chefe da delegação que havia repensado e não
tinha adquirido o tênis. Desde então, sempre que encontra tal dirigente, o jogador,
cujo prestígio e reconhecimento é mundial, me trata com respeito, admiração e
carinho.” (Dirigente D)
5.4 Mercadoria
Em muitos casos, o atleta pode ser visto e/ou tratado meramente como um
produto, uma mercadoria. Uma vez que, quanto mais “valor de mercado” um atleta
tiver, mais rentabilidade ele pode gerar ao clube e ao empresário, mais interesse
essas duas partes têm em valorizá-lo, tal qual, muitas vezes, meramente um
produto, renegando que, antes de tudo, ele é um ser humano, não uma
mercadoria.
que eles próprios têm, de forma verídica, por vezes, de serem vistos somente
como algo extremamente rentável.
“O atleta pode ser visto como um ‘produto’, sem desmerecê-lo, mas com
vida própria, que pode agregar ou perder qualidade, portanto valor de mercado.”
(Empresário B)
5.5 Remuneração
Após uma pesquisa que durou mais de dois anos sobre vários aspectos do
jogo de futebol, a Fifa apresentou em junho de 2007 o relatório final da força-tarefa
designada para o estudo. Um dos principais resultados foi a criação de um novo
conjunto de regras para que empresários de jogadores possam trabalhar com o
esporte.
Anos atrás era muito comum o jogador pagar pelo trabalho de seu
empresário uma porcentagem sobre seu salário. Nos dias de hoje, contudo, tal
prática não tem vigorado em larga escala, sendo mais usual a cobrança de um
percentual quando ocorre a transferência de clube.
“No meu caso, meu empresário tem retorno financeiro apenas quando troco
de clube, e não algum valor e/ou percentual mensal do meu salário.” (Jogador B)
“Via de regra, recebo 10% valor total das negociações, pagos pelo clube
vendedor, já que não cobro percentuais mensais do salário dos atletas que
represento.” (Empresário D)
5.6 Despesas
5.7 Ilicitudes
“Em média, 80% das pessoas que estão no meio do futebol não age de
forma correta. Os 20% restantes, sim.” (Dirigente C)
“Há três categorias de dirigentes: os que trabalham para o clube por amor,
sem receber, financeiramente, nada em troca. Representam menos de 10%. A
segunda categoria é composta de dirigentes que envolvem-se em negócios
ilícitos, geralmente beneficiados por dinheiro. Representam entre 40% a 50%. Por
fim, a terceira categoria é composta por dirigentes que buscam prestígio,
92
“É muito importante que o jogador crie vínculo com o grupo, com a entidade
que, naquele momento, ele representa, independente da questão financeira.”
(Dirigente G)
Ainda assim, quem poderia ser tornar um empresário e/ou se beneficiar dos
serviços por eles prestados, opta, em alguns casos, por ficar à margem.
95
mais prestígio e renome. Elas serão "engolidas" por esses profissionais mais
atuantes e representativos.” (Dirigente G)
5.11 Família
5.12 Tecnologia
“O DVD, hoje em dia, é fundamental, pois, por meio dele, os atletas são
conhecidos pelos dirigentes e, consequentemente, por eles contratados.”
(Empresário C)
“Um dos trabalhos realizados pelo meu empresário, que mais me agrada,
são DVDs com imagens de erros cometidos por mim durante os jogos. Com base
nesse material, busco o aperfeiçoamento nos treinamentos, tornando-me, como
conseqüência, um profissional mais capacitado.” (Jogador B)
5.13 Paternalismo
5.14 Profissionalismo
“Além disso, esse mesmo jogador, acima referido, percebe também quando
a pessoa que o dirige o faz de maneira amadora ou pouco profissional. E tal
comportamento, embora possa soar estranho, não é de todo raro, pois em um
esporte como o futebol, que envolve tantas pessoas e emoções, o então dirigente
confundir o torcedor, que ele sempre foi e será, com o cargo que executa,
momentaneamente, torna-se, por vezes, normal.” (Dirigente G)
“Há quatro motivos que levam uma pessoa, de maneira amadora, a ser
dirigente de futebol, listados a seguir:
104
Por fim, para explicitar ainda mais que o vínculo que alguns jogadores, ao
menos, estabelecem é estritamente financeiro, o dirigente F cita o exemplo da
conquista de uma competição intercontinental, até então inédita, pelo mesmo
clube. Terminada a partida, o dirigente se dirige ao gramado para participar da
premiação. E, lá mesmo, poucos minutos após a grande conquista, em meio à
comemoração ainda, ele ouviu um jogador dizer para o outro que eles teriam
ganho mais R$ 180 mil, que era o valor da premiação individual em caso de
vitória. Ou seja, o fato de ter conquistado o importantíssimo campeonato, ao
menos para o atleta em questão, privilégio de poucos, parecia nada representar.
Para ele, pelo menos, muito mais importante do que a conquista, e os benefícios
por ela representada, era o valor da premiação.
“Às vezes eu indico alguns jogadores, passo uns relatórios para fora. Aqui,
no clube de uma cidade do interior de São Paulo que ajudei a fundar, estamos
tentando descobrir novos talentos. Mas como eu já vivi, vim do interior, sei das
dificuldades que eles podem passar. Uma vez mandei um menino para Israel e
106
expliquei bem a situação para ele: a proposta é assim, eu vou ganhar isso, você
vai ganhar isso, tem bomba caindo lá. Ele me pediu para mandá-lo no mesmo dia,
disse que tinha uma filha para criar, estava num clube que não recebia o salário
de R$ 300,00 havia três meses e que queria ir. Ele foi, ficou dois anos lá, fez um
dinheirinho e voltou. Hoje tenho alguns jogadores que eu agencio, mas é um
mundo meio de cão. Por mais que você pegue o menino, veja ele crescendo, às
vezes por uma ilusão com dinheiro, um celular, um carro, uma casa, eles acabam
esquecendo tudo o que você fez desde os 14 anos.” (Empresário E)
5.17 Contratações
Não há, no futebol, uma cartilha, para que se siga à risca, de como
contratar jogadores ou, mais ainda, determinado jogador. Seguem, abaixo,
algumas opiniões sobre tal procedimento.
“Optei por não ficar ‘preso’ a nenhum profissional, tendo, dessa forma, a
possibilidade, a ‘liberdade’ de fazer negócios com a pessoa que o fizer a proposta
mais atraente para mim.” (Jogador C)
“Tem jogador que faz contrato com empresários somente para determinada
negociação. Prefiro agir assim também.” (Jogador C)
“Não há como não deixar o menino sair. Quantos desses meninos que
estão aí ficam no clube e depois não viram nada? O moleque às vezes sai daqui,
dá certo lá fora, desenvolve uma maneira diferente de trabalho e vai pra frente! O
próprio Afonso Alves é um exemplo. Saiu cedo, deu certo lá e está tendo a sua
chance. Acho que isso ajuda em várias situações, não tem como segurar o cara
aqui. O Santos, por exemplo, como vai querer manter o salário do Zé Roberto
aqui? Não tem como pagar o que se paga lá fora.” (Empresário E)
5.19 Acessibilidade
À disposição 24h por dia, 7 dias por semana. Talvez esse seja um dos
principais desejos de alguns atletas de futebol em relação a seus empresários. O
fácil contato, independente do meio, parece ser muito valorizado pela classe.
6. CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
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ANEXOS
1 - Pense na sua vida profissional (ou como atleta amador). Tente se lembrar de
alguma situação que você ficou muito aborrecido ou insatisfeito com seu
empresário (jogador ou dirigente). Algo que tenha quebrado a confiança entre
você e seu empresário (jogador ou dirigente). O que aconteceu? O que você fez
após a ocorrência desse problema? O que você fez ou queria muito fazer depois
que ocorreu o problema? Como foi? Como era seu relacionamento com o seu
empresário (jogador ou dirigente) antes de o problema ocorrer? Que mudanças
ocorreram?