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INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1
9.2 Corrida................................................................................................ 39
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 50
INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
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1 TREINADORES DE FUTEBOL DE ALTO NÍVEL: AS EVIDENTES
DIFICULDADES QUE CERCAM A PRODUTIVIDADE DESTES
PROFISSIONAIS
Fonte: desporto.sapo.cv
Visto como uma atividade de grande popularidade, o futebol deve isto graças
a seu fascínio, à facilidade de poder ser praticado em pequenos espaços e
ao baixo custo do material, pois, uma simples bola feita de meia velha,
recheada de papel, jogada por pés descalços, excita, diverte e socializa uma
coletividade. (LEAL, 2000, p.25)
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Hoje, busca-se através do futebol, uma comercialização de sua popularidade,
bem como o aperfeiçoamento de sua prática, na busca infinita de superação e
modernização.
Numa visão mundial, vive-se um momento de transformação com a era da
globalização, onde os avanços tecnológicos proporcionam uma maior integração entre
diversas culturas e maior facilidade na obtenção e interpretação de dados que
contribuem nas mais diversas atividades. Portanto, fica evidenciada a necessidade de
evolução no futebol, buscando-se contribuições que possam auxiliar neste processo.
No Brasil, o futebol vem atravessando um momento de reestruturação em sua
organização e tem atraído cada vez mais, a atenção de empresários e,
consequentemente, o interesse de uma participação mais ativa neste novo mercado,
onde as possibilidades na exploração do marketing e a supervalorização dos
profissionais envolvidos são pontos fundamentais para o interesse econômico. Surge
então, a era do clube-empresa.
Existem ainda inúmeras questões administrativas que acabam por afetar a
prática do futebol nos clubes, pois com os diversos interesses envolvidos, a
preocupação na estrutura e organização do trabalho específico acabam ficando sem
a atenção necessária.
Portanto, a metamorfose administrativa que o futebol brasileiro atravessa,
requer também uma nova proposta de organização do trabalho nas diferentes ações
do clube, desde sua diretoria, comissão técnica e jogadores e, sabe-se, que a
organização do trabalho em qualquer instituição, é um dos principais fatores que
levam uma empresa a alcançar seus objetivos, portanto as adoções de postura
profissionais e de planejamento, são ações de suma importância para o seu
desenvolvimento.
3
No Brasil, a formação deste profissional bem como sua especialização é
razão de constantes discussões. Por ser o futebol amplamente divulgado pela
mídia e com a evolução e modernização do mesmo, a função do treinador
envolve responsabilidades que exigem uma formação qualificada,
conhecendo a cultura geral deste esporte, bem como suas formas de
expressão e comunicação. (LEAL, 2000, p.211)
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análise do jogo a ser considerada instrumento fundamental para a elaboração de
estratégias de ação que resultem em uma maior produtividade.
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[...] o que Charles Muller trouxe, em 1894, foi um esporte universitário e
burguês, elegante e obediente a um código. Esporte de ‘Gentleman’,
exatamente como são o tênis e o golfe hoje. [...] pelo menos dez anos
seguintes, o futebol continuou um jogo inglês e de elite: os jogadores eram,
na sua esmagadora maioria, técnicos industriais e engenheiros ingleses
(SANTOS, 1981 apud FREITAS, 2000, p.3).
Porém, em pouco tempo, sua prática não era mais privilégio das elites, sendo
praticados em clubes, em fábricas pelos operários e em camadas menos favorecidas.
A importância que as pessoas atribuíam ao futebol pode ser justificada pela
possibilidade da disputa em condições de igualdade com representantes de países
que na vida social sempre foram superiores.
Entretanto, no campo de futebol, uma vitória é prova de uma superioridade e
este resultado transcende ao próprio jogo, expandindo suas conquistas e honrarias
ao grupo que está diretamente ligado ao vencedor (neste caso o torcedor, o qual se
sente tão importante quanto o próprio jogador), sintetizando pode-se dizer que o êxito
obtido pelo indivíduo passa diretamente para o grupo.
O clube de futebol é uma das formas de organização e ocupação do espaço
social que revela um duplo movimento de configuração da sociedade, pois, ao mesmo
tempo em que o clube se constitui um elemento de integração do imigrante na
sociedade local, o imigrante, por sua presença populacional dá a cidade uma nova
configuração sociocultural (RIBEIRO, 1998 apud FREITAS, 2000).
Buscam-se explicações para a grande popularidade do futebol no Brasil. Uma
justificativa seria a ideia de que os negros, cujo número é grande no Brasil, possui
características físicas e culturais da raça que propiciariam a expressão corporal,
destacando-os em atividades de ritmo e coordenação, como a capoeira, o samba e
outras atividades de origem do continente Africano.
Outra razão para a o sucesso do futebol no Brasil também poderia ser a
facilidade de ser praticado, pelas possibilidades de execução em vários espaços e
com materiais simples e adaptados. Além disto, suas regras são consideradas simples
se comparadas a de outros esportes como voleibol e o basquetebol.
Estas análises, ou seja, a facilidade de sua prática e as possíveis vantagens da
miscigenação racial existente na prática do futebol brasileiro, levaria a uma relevante
contribuição para justificar sua popularidade. O Futebol, somado as vantagens citadas
a um contexto cultural de nossa população, atenderia as necessidades do brasileiro,
sendo mais do que apenas um jogo lúdico, possibilitando situações características do
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jogo, que traz contribuições na formação cultural do homem, na compreensão dos
seus limites, vivenciando vitórias e superando derrotas, comum no cotidiano de uma
sociedade.
O futebol é uma forma que a sociedade brasileira encontra para se expressar.
É uma maneira do homem nacional extravasar características emocionais profundas,
tais como, paixão, ódio, fidelidade, felicidade, tristeza, prazer, dor, resignação,
coragem, fraqueza e muitas outras (DAMATTA, 1997).
O carisma por clubes e pela seleção nacional de futebol chega, em
competições como a Copa do Mundo, a renovar o espírito nacionalista de um povo,
espírito este esquecido pelas dificuldades enfrentadas pela população mais carente.
O futebol está presente no dia a dia do brasileiro. Em jornais, revistas,
televisões, rádios, nos ambientes de trabalho, enfim, ao analisar o cotidiano da
população brasileira nota-se músicas, filmes e novelas sempre destacando o futebol
em suas programações.
Terminologias futebolísticas fazem parte do nosso vocabulário: "pisar na bola",
"bater na trave", "gol de letra", "bola murcha", entre outras; expressões incorporadas
às manifestações diárias.
O brasileiro sofre pelo seu time. Quanto maior a dificuldade parece que o amor
aumenta. "No Brasil, essa fidelidade vem desde o nascimento, quando o garoto
recebe um nome, uma religião e um time de futebol para o qual vai torcer a vida toda"
(DAOLIO, 1998, p.3).
O reconhecimento global da importância do futebol brasileiro justifica-se por ser
o Brasil o único país pentacampeão mundial, o único a participar de todas as Copas
do Mundo, ser ainda o maior exportador de craques, ter o maior estádio do mundo,
entre outros aspectos em comum conhecimento daqueles contempladores desta
modalidade.
Porém, tudo isto, contradiz com problemas tais como: calendário com jogos
constantes que sacrificam clubes, jogadores e torcidas; a média salarial é baixa em
relação a poucos jogadores de grandes equipes; os clubes estão endividados em com
salários atrasados; demissões de jogadores e comissão técnica são frequentes, não
existindo o respeito a um planejamento a médio ou longo prazo; evasões de renda e
administração amadora onde, em muitos casos, políticos utilizam-se do clube apenas
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para arrecadar votos, investindo em períodos eleitorais e abandonando-os em
situações desastrosas após as eleições.
Fonte: www.curiosidadesnota10.com
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objetivos além da formação de professores de Educação Física a de técnicos
desportivos, entre eles o de futebol.
Sabe-se que a organização de um trabalho passa necessariamente por
diversas fases, a do conhecimento da empresa (clube), o conhecimento do trabalho a
ser exercido e o dos executores deste trabalho (atletas e comissão técnica). Com este
conhecimento, pode-se levantar possíveis falhas na elaboração da tarefa e aplicar
recomendações com o objetivo na melhora da produtividade.
Neste processo, as funções de um treinador, em razão da popularidade do
futebol, exigem do mesmo um conhecimento amplo da modalidade bem como uma
boa comunicação, pois as formas de se expressar serão de suma importância em sua
vida profissional. Para MARQUES (2001), quem quer ter sucesso como treinador no
desporto de alto rendimento tem que ser dono de um conjunto vasto de recursos em
conhecimentos e competências, uma vez que somente com intuição e inspiração não
se obtém resultados.
Os treinadores de futebol, conforme características em suas formas de
comandar suas equipes, são muitas vezes definidos como estrategistas, uma vez que
esta designação atribui a este profissional um grande conhecimento da prática do
jogo, organizando seus jogadores em campo de uma forma harmoniosa, procurando
explorar seus pontos fortes e amenizar os pontos fracos de seu elenco, com a
capacidade de mudar sua forma de jogo para jogo, com vistas a sucessivos
progressos, atingindo desta forma seus objetivos com uma economia de esforço.
Além do estrategista, treinadores são chamados de disciplinadores, ditadores,
democráticos, casuais, versáteis, psicólogos, enfim, conforme a característica de ação
mais utilizada. Estas denominações podem significar pontos positivos e ou negativos
da formação deste profissional, devendo cada um, saber o momento certo e as formas
de utilização destes determinados comportamentos.
Assessorado por uma comissão técnica, formada normalmente por
profissionais de diversas áreas, o treinador de futebol é hoje responsável por toda a
programação a ser desenvolvida pela equipe. Não somente pelos treinamentos
técnicos e táticos, mas também nos dias de folga do elenco, horários de viagens,
concentrações, ida ou não em viagens de integrantes da comissão técnica, enfim
funções múltiplas que acabam por atrapalhar seu desempenho específico, mesmo
que estas funções busquem auxiliá-lo. Este problema está sendo repensado pelos
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clubes, cuja organização do trabalho começa a ser realizada de forma mais
profissional.
Os treinadores normalmente trabalham com dois tipos de treinamento: o
técnico e o tático. O treinamento técnico serve para melhorar a qualidade dos atletas
no trato com a bola nos fundamentos do futebol, ou seja, domínio, condução, passe,
drible, chute, cabeceio e desarme. O treinamento tático é aplicado para distribuir os
jogadores dentro do campo observando-se as características individuais, sem tirar sua
criatividade e capacidade de improvisação, buscando-se assim uma maior
produtividade.
Fonte: www.uel.br
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Estes resultados demonstram que a busca de resultados imediatos e os
constantes jogos que impedem qualquer planejamento, aliados a pressões de
diretoria, imprensa e torcidas, acabam por impor barreiras ao profissional Treinador
de Futebol. Esta instabilidade comprovou-se pelas constantes mudanças ocorridas
nos clubes durante a 1ª fase do campeonato Brasileiro de 2001.
Houve 26 mudanças no comando técnico das 28 equipes participantes da 1ª
Fase do Campeonato Brasileiro, ou seja, 15 profissionais perderam seus empregos
no período de quatro meses; cinco profissionais trocaram de clubes e apenas 11 dos
28 clubes mantiveram seus treinadores do início ao fim da 1ª fase do campeonato,
cuja durabilidade foi de apenas quatro meses.
Outro dado significante mostra que dos oito clubes finalistas da competição,
seis mantiveram seus treinadores desde o início, ou seja, acreditaram da necessidade
de tempo para a aplicação e consequente resultados de um planejamento.
Estas informações demonstram a importância e o resultado do trabalho quando
executado com tempo adequado e planejamento. Além disto, pode indicar aos clubes
que realizaram tais mudanças e não obtiveram sucesso, que o problema possa ser de
ordem organizacional do próprio clube e não das funções e competências dos
treinadores.
A organização do trabalho de treinadores de futebol, algumas das suas
principais dificuldades e estratégias de ação na busca de uma maior produtividade,
relacionando a importância de fatores alheios ao instante do jogo em todo seu
contexto.
Passamos a perceber que o futebol, pelo seu papel de destaque no cenário
mundial, exige do profissional Treinador de futebol uma atenção especial em relação
às evoluções em diversas áreas. Novas formas de organização do trabalho na busca
constante de uma melhor performance e consequente aumento de produtividade
devem ser preocupações diárias desta classe.
Na intenção de amenizar a questão da instabilidade profissional, principal
dificuldade relatada pelos treinadores, ousamos propor o início de um estudo
relacionado à inclusão no regulamento dos campeonatos (inclusão esta imposta pelo
órgão máximo diretivo do futebol), de uma eventual limitação na troca de treinadores
numa mesma competição. Acreditamos que isto poderia contribuir para trazer uma
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maior estabilidade além de propiciar um consequente favorecimento de
planejamentos mais adequados para o trabalho destes profissionais.
Procuramos ainda, apresentar contribuições à organização do trabalho de
Treinadores de Futebol no Brasil, porém, é evidente a necessidade de novos estudos
para uma maior compreensão e evolução do futebol brasileiro e em especial deste
profissional, sem desconsiderar, é lógico, pontos extremamente importantes que não
podem deixar de ser mencionados.
Tal menção se apresenta no instante em que trazemos à tona detalhes como a
formação profissional dos treinadores de futebol, a necessidade em se obter uma
formação específica, a situação em ter sido ou não um ex-jogador, o tempo (anos) de
atuação profissional como treinador e por que não dizer o tempo necessário para que
se possa estar implantando uma filosofia de trabalho, além de outros aspectos que
são de relevante consideração ao se tratar do assunto em questão e que, neste
momento, cabe-nos apenas levantar tais circunstâncias para que se possa
estabelecer um campo imaginário de contemplação e complexidade da situação.1
Fonte: www.footurefc.com.br
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condicionamento e a evolução dos atletas. Portanto, percebe-se que a preparação
física evoluiu de tal maneira que seria impensável a falta de um profissional
especializado em treinamento físico integrando a comissão técnica de uma equipe.
As capacidades físicas que exercem influência no futebol são: força muscular;
velocidade; potência, resistência (aeróbia e anaeróbia) e flexibilidade. No futebol, um
bom rendimento em todas as capacidades físicas é mais importante que o
desempenho excepcional em somente uma delas. O futebol é um esporte
caracterizado por atividades intermitentes. Ele exige grande demanda física, o que
requer um elevado grau de habilidade, técnica, força, velocidade e agilidade. Trata-se
de um jogo com bastante trabalho anaeróbico seguido de exercícios contínuos de
corrida. Alencar, (2009).
Segundo Guerra et al, (2004), que o futebol moderno exige um jogador forte,
rápido, capaz de vencer resistências, suportar cargas intensas e, ao mesmo tempo,
ter pouca fadiga durante o jogo. Logo, o atleta precisa manter força, velocidade,
resistência e flexibilidade de forma conjunta.
Durante o jogo o atleta submete-se a diferentes tipos de esforços, como saltos,
arranques curtos, piques, giros, etc. É necessário ao atleta ter uma boa aptidão física
nos diferentes sistemas energéticos (aeróbio e anaeróbio lático e alático). Apesar de
tratar-se de uma modalidade em que tática e técnica e habilidades individuais são
fundamentais, tem se notado uma preocupação especial no aprimoramento físico do
atleta. Hoje em dia são encontrados diversos estudos que procuram estabelecer as
características da movimentação ou carga fisiológica imposta ao atleta durante o jogo.
A motivação para o desporto é algo interessante de ser estudado e pesquisado, pois
revela inúmeras facetas que envolvem não apenas a motivação em si, mas também
toda a preparação física e psicológica de atletas, implicando ainda as relações
humanas entre atletas, treinadores e/ou educadores físicos. Buriti, (2001).
Hoje em dia, na opinião da maioria dos profissionais, a preparação física é um
fator fundamental para o êxito de uma equipe, até porque o futebol moderno é
baseado na velocidade dos atletas. Isso acabou tornando o atleta multifuncional, ou
seja, os laterais são marcadores e atacantes, como pontas ou elemento surpresa pelo
meio do campo, os volantes e meias que compõem o meio-campo interagem entre si
na parte de criação e marcação, os zagueiros hoje em dia fazem muito mais gols por
terem muita liberdade nos sistemas atuais de jogo e os atacantes, antigos criadores e
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finalizadores apenas, hoje são os primeiros marcadores quando o time está sem a
posse da bola. Porém esse estilo de jogo exige muito treinamento, priorizando muito
mais a parte coletiva do que o talento individual como era o futebol antigo.2
Fonte: biomecanicadomovimentohumano.blogspot.com.br
Nos últimos anos o interesse pela análise da técnica do gesto motor no futebol
tem aumentado, principalmente pelos profissionais que trabalham com esporte,
visando um melhor entendimento da habilidade motora, que possa gerar planos de
treinamento mais eficazes, em diferentes setores; seja na aprendizagem básica ou no
treinamento desportivo de alto nível. O profissional de Educação Física tem no estudo
do movimento o seu principal objetivo. Para isso, estes profissionais buscam estudar
as habilidades dos esportes e os movimentos do cotidiano. A partir desta análise,
pode-se definir um padrão cinemático de movimento, ou seja, encontrar um modelo
para uma habilidade motora ou movimento. Com isso, poderão ocorrer intervenções
na prática, corrigindo o movimento visando à melhora na execução. Para que ocorra
uma definição de um padrão cinemático de movimento, este necessita ser analisado
Fonte: www.def.ufla.br
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É tarefa da Biomecânica das atividades esportivas a caracterização e melhoria
das técnicas de movimento através de conhecimentos científicos. Atualmente, está
ciência tem muita importância e traz muitas contribuições para o esporte, dentre estas
contribuições podemos citar a análise e melhoria da técnica desportiva, prevenção de
lesões, desenvolvimento de equipamentos esportivos, etc. Se classifica a
biomecânica em: interna e externa (3), sendo a primeira responsável em determinar
as forças transmitidas pelas estruturas internas do corpo humano e a segunda em
determinar modelos de gestos desportivos ou de movimentos padrões cotidianos, a
fim de diagnosticar e corrigir os erros encontrados. No futebol os métodos mais
utilizados num laboratório de biomecânica são: cinemetria (filmagem do movimento
do atleta em 2D ou 3D, medindo posição, velocidade e aceleração no espaço),
antropometria (elaboração de modelos matemáticos ou das medidas por exemplo do
centro de massa do atleta, do centro de gravidade), dinamometria (medidas de forças
externas, com destaque para a análise da força de reação do solo, utilizando
plataformas de força ou análise do centro de equilíbrio postural, utilizando plataforma
de equilíbrio), eletromiografia (objetivo de verificar a atividade muscular de superfície
ou detectar o nível de fadiga muscular que ocorre com o atleta no período de
treinamento e recuperatório pós jogos); Também como suporte para estes, ocorre a
aplicação dos conhecimentos da microeletrônica e informática (4).
Utilizando esses métodos, o movimento esportivo pode ser descrito e modelado
matematicamente, permitindo maior compreensão sobre os mecanismos internos,
reguladores e executores do movimento. Pode ser analisada sob âmbito quantitativo
ou qualitativo, sendo o primeiro mais aplicável e com resultados mais fidedignos. O
ensino e a pesquisa em biomecânica, ainda requerem padronizações metodológicas
e incremento para formação de teorias com explicação experimental do movimento
humano; as pesquisas nesta área podem proporcionar a melhoria do conhecimento
sobre uma estrutura muito complexa, que é o corpo humano, pois leva em
consideração cada área que compõe sua formação, sendo considerada uma ciência
multidisciplinar.
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6.2 Contribuições da Biomecânica para o esporte
Apesar de ser uma área que vem sendo estudada há algum tempo,
principalmente nos EUA, o estudo da biomecânica aplicada aos esportes, e em
particular no futebol, no Brasil é recente. Atualmente alguns clubes no Brasil e na
Europa utilizam os recursos da análise biomecânica, com destaque para o Sport Club
Corinthians, SP e no exterior para o Porto, Real Madrid e Milan. Os resultados são
evidentes e as análises dos atletas são realizadas por profissionais de diversas áreas
integradas. A implantação de laboratórios de biomecânica nos clubes de futebol ainda
“esbarra” em vários obstáculos, que vão desde o alto custo para implantação do
sistema integrado, tais como: estrutura física, equipamentos e materiais utilizados,
mão de obra especializada, entre outros; e alguma desconfiança dos investidores e
dirigentes que esperam sempre um retorno visível e que seja imediato. Sabe-se que
a biomecânica atua na melhoria gradativa, seja do atleta ou de um grupo de atletas,
mas os resultados somente são percebidos através do feedback com outros setores,
tais como: departamento médico, preparação física e comissão de planejamento
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técnico; as informações advindas destas áreas são primordiais para o sucesso do
programa desenvolvido pela biomecânica à equipe.
É importante destacar que em biomecânica esportiva deve-se analisar o
movimento de maneira cinemática, através de imagem ou filmagem de um
determinado evento; e cinética, através da força vertical ou aceleração do membro,
entre outros aspectos que podem ser explorados numa análise quantitativa deste
movimento. Ainda há muito a evoluir nesta área, mas os resultados são cada vez mais
visíveis, seja na recuperação de lesões, na melhoria da performance ou
condicionamento físico; os clubes ou associações desportivas que utilizarem os
recursos biomecânicos largarão à frente dos demais, tendo em vista os avanços
tecnológicos e exigências que não permitem mais que os clubes trabalhem com seus
profissionais de maneira “amadora” ou empírica. Um profissional bem-sucedido deve
tão somente conhecer a proposta do movimento que está sendo analisado, mas
também conhecer os fatores que contribuem para uma excussão habilidosa do
movimento. Uma técnica má realizada impedirá que o atleta coloque suas
potencialidades físicas (força, flexibilidade, resistência, etc.) crescentes a serviço de
uma performance específica superior.
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6.5 Instrumentação Biomecânica aplicada ao futebol
Fonte: www.def.ufla.br
20
6.6 A Biomecânica aplicada com sucesso no futebol: o caso Sport Club
Corinthians Paulista
7 LESÕES NO FUTEBOL
Fonte: cienciadotreinamento.com.br
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Assim, Inklaar (1994) considera a lesão do futebolista todo o tipo de dano
causado pelo futebol. Esta definição apresenta-se, em nossa opinião, muito genérica
não atendendo à gravidade de lesão nem ao consequente tempo de inatividade. Nela
todos os casos são englobados incluindo as lesões menos graves que, sendo as mais
frequentes (Keller et al., 1987), não implicam qualquer período de paragem.
Por seu lado, Luthje e colaboradores (1996) definem lesão como um incidente
ocorrido ao longo de uma época desportiva, durante um jogo ou treino, obrigando o
atleta a abandonar a atividade e a consultar um médico. Na nossa perspectiva, a
sintomatologia dolorosa que poderá impedir o atleta de prosseguir a atividade
levando-o a consultar o médico, poderá não se traduzir em lesão efetiva. Pelo que,
esta definição também não se ajusta plenamente ao pretendido.
Ekstrand e Gillquist (1983), Jorgensen (1984) e outros autores utilizaram uma
definição comum onde lesão no futebol era definida como a ocorrência de um dano
físico durante a época desportiva, em situação de jogo ou preparação, que impedia o
atleta de participar no treino ou jogo seguintes. Esta definição está de acordo com
Keller e colaboradores (1987) que consideram que só os casos de afastamento da
prática ou competição devem ser incluídos nas estatísticas, e sugere para futuras
investigações que este parâmetro seja observado como principal medida de gravidade
de lesão.
No entanto, Larson e colaboradores (1996) ao perceberem que a maioria das
lesões no futebol são de menor gravidade e requerem menos de uma semana de
paragem, sugeriram que só após um período de afastamento desta duração a lesão
fosse contabilizada. Com efeito, o contato frequente com outros atletas ou com a
superfície de jogo contribui para um elevado número de pequenas lesões que não
assumem uma gravidade significativa. Estas situações, cuja recuperação é
conseguida num curto espaço de tempo e onde se torna possível a participação na
competição seguinte, não devem ser contabilizadas dado não constituírem um
prejuízo efetivo para a equipa e para o próprio atleta.
Assim, a definição geral de lesão do futebolista será todo o tipo de dano físico
observado ao longo de uma época desportiva e ocorrido numa situação de treino ou
competição. Contudo, neste estudo apenas serão considerados os casos de lesão
dos quais resulta um período de inatividade igual ou superior a uma semana e/ou
indisponibilidade para participar na competição seguinte. Esta é uma situação de
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incapacidade para treinar e competir, e da qual resultam consequências nefastas para
o atleta e para a equipa.
25
função protetora das partes rígidas do esqueleto, propicia a ação nefasta de vectores
externos, principalmente em atividades desportivas onde se verifica o contato físico,
das quais é exemplo o futebol. Esta evidência acaba por justificar a elevada
percentagem de contusões musculares diagnosticadas. Os vectores intrínsecos
prendem-se, por exemplo, com os processos de descoordenação neuromuscular que
podem, efetivamente, provocar o aparecimento de lesão (Massada, 1989).
As lesões musculares podem ser condicionadas por mecanismos agudos
(overstress) ou crónicos (overuse) que atuam no seio da própria massa muscular
(Massada, 1989). A lesão muscular será aguda quando um esforço súbito e intenso
se concentra numa determinada área muscular momentaneamente fragilizada na
sequência de um movimento que ultrapassa a sua resistência mecânica (overstress).
Por outro lado, a lesão poderá surgir como resultado da hiperfunção de um
determinado grupo muscular em que as fibras musculares se fragilizam por fadiga
(overuse).
Sobre esta problemática das lesões no futebol, Larson e colaboradores (1996)
reconhecem que a distinção entre lesão aguda e crónica não é muito clara. Apesar
disso, consideram que, na generalidade dos casos, o início do processo lesionai é
agudo, muito provavelmente devido aos numerosos sprints, arranques, mudanças de
direção e velocidade, bem como colisões com outros atletas, com a bola ou a
superfície de jogo. Pelo contrário, Tucker (1997) considera que a lesão muscular tem,
normalmente, uma origem crónica e de "overuse", embora o resultado final seja
descrito como uma dor súbita ocorrida de forma aguda.
Ekstrand e Gillquist (1983) classificam as lesões no futebol, tendo em conta o
mecanismo de lesão subjacente, em lesões traumáticas (agudas ou crónicas) e de
stress (overuse). As primeiras ocorrem predominantemente em jogo, enquanto que as
lesões de "overuse" são frequentes durante as sessões de treino. São também as
lesões de "overuse" que contribuem para a elevada percentagem de lesões na pré-
época (Ekstrand e Gillquist, 1983), provavelmente pelos esforços intensos e inabituais
que normalmente são efetuados nesse período. Além disso, quando se compara a
incidência de lesões traumáticas e de "overuse" conclui-se que as lesões traumáticas
ocorrem predominantemente durante os jogos e são cerca de 3 vezes mais frequentes
que as de "overuse" (Ekstrand e Gillquist, 1983; Engstrom et al. 1990).
26
7.3 Tipo, localização e gravidade das lesões no futebol
27
Fonte: repositorio-aberto.up.pt
28
Fonte: epositorio-aberto.up.pt
8 LESÕES DO JOELHO
29
8.1 Aspectos anatómicos e funcionais da articulação
O joelho é uma articulação que, como qualquer outra, estabelece a junção entre
ossos permitindo o movimento dos segmentos corporais. Mais do que uma
articulação, o joelho é um complexo articular constituído por duas articulações
distintas, a articulação pateiofemural, entre a rótula e o fémur, e a articulação
tibiofemural, entre a tíbia e o fémur. Embora ambas as articulações possam ser
atingidas, a verdade é que é a segunda que sofre a maior parte das lesões (Moore et
al. 1994).
As superfícies ósseas articulares são revestidas de cartilagem articular que é
superficialmente lisa e macia para permitir o movimento. Entre as superfícies
articulares existe a cavidade sinovial preenchida por um líquido que lubrifica a
articulação e nutre a cartilagem articular, denominado líquido sinovial (Howe, 1996).
No joelho, a dupla função de estabilidade, por um lado, e mobilidade por outro, é
assegurada por uma complexa interação de ligamentos, cápsulas, cartilagens e
ossos. Esta interação é posta em causa quando ocorre um dano ou lesão de um ou
da combinação de vários componentes, particularmente, a lesão de um dos quatro
principais ligamentos: ligamento cruzado anterior, ligamento cruzado posterior,
ligamento lateral interno e ligamento lateral externo (Howe, 1996).
Situada anteriormente, a rótula atua como proteção de todo este complexo
articular face a traumatismos anteriores. A cartilagem articular da rótula é a mais
densa do corpo humano, o que reflete o seu importante papel no aparelho extensor
do joelho (Marzo et al. 1994). A rótula possui também algumas estruturas
estabilizadoras, como o tendão quadricipital situado superiormente e o tendão
rotuliano situado inferiormente. Lateralmente encontram-se o retináculo lateral e o
músculo vasto lateral, e a nível medial situam-se o retináculo medial e o músculo vasto
medial (Marzo et al. 1994). Importa ainda salientar a presença de duas estruturas
cartilaginosas, medial e lateral, entre as superfícies ósseas articulares (tíbia/fémur),
cujo objetivo é reduzir o impacto das forças de torção e compressão, a que chamamos
meniscos.
Após esta breve referência a algumas considerações anatómicas, será de
referir que outras particularidades deste âmbito serão descritas quando abordarmos
especificamente as lesões no joelho.
30
8.2 Lesões de "overuse" no joelho
Uma tendinite é uma inflamação de um tendão que pode ser originada pelo
desgaste provocado pelo uso excessivo, por traumatismos diretos ou por processos
degenerativos inerentes ao próprio tendão (Marzo et al. 1994).
A tendinite rotuliana é uma lesão de "overuse" caracterizada por alterações
patológicas na parte distai do sistema extensor do joelho, mais concretamente, ao
nível do tendão rotuliano. A primeira descrição da tendinite rotuliana data de 1921
31
quando Sinding - Larson e Johansson detectaram alterações patológicas na inserção
proximal do tendão rotuliano. Contudo, só em 1973, Blazina e colaboradores
descreveram detalhadamente o quadro clínico e o tipo de terapia a utilizar,
introduzindo o termo Jumper's knee (joelho do saltador). Esta é uma lesão frequente
em atletas que, nas suas atividades desportivas, desenvolvem uma grande
sobrecarga sobre o aparelho extensor dos joelhos, através de numerosos saltos ou
longos períodos de corrida (Pecina et al. 1993). O síndroma ocorre, basicamente, por
sobrecarga do músculo quadricípites que se contrai excentricamente na fase de
recepção após salto. A tendinite rotuliana é, por vezes, diagnosticada em futebolistas,
muito embora sejam os voleibolistas, basquetebolistas, e saltadores em comprimento
ou altura, quem mais revela este tipo de lesão. O calçado inadequado e as superfícies
duras podem potenciar o aparecimento desta tendinite.
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Pacientes com uma trajetória anormal da rótula durante o movimento de
flexão/extensão do joelho, experimentam uma sensação de instabilidade, uma certa
"cedência do joelho" durante a flexão, provocada pelo deslocamento lateral da rótula.
Os principais indícios da sub-luxação prendem-se com a laxidez ligamentar, o
deficiente alinhamento do membro inferior (joelho valgo ou varo) e uma posição
proximal ou distai da rótula com o membro inferior em repouso (patela alta ou baixa).
Esta patologia está muitas vezes associada a outros problemas como a dor anterior
do joelho (Marzo et al. 1994).
8.7 Bursites
Uma "bolsa serosa" é um saco lubrificado pelo líquido sinovial com a função de
permitir movimentos de uma estrutura sobre a outra. Em geral, situa-se em torno de
articulações e entre estruturas anatómicas móveis, atuando como fator anti-atrito
(Massada, 1985).
Uma bursite é uma inflamação da bolsa sinovial como resposta a
manifestações reumatológicas, causas infecciosas ou como resultado de
traumatismos. A bursite poderá ter uma origem aguda ou crónica, aparecendo na
sequência de micro ou macro traumatismos. As alterações crónicas surgem por
afecção do mecanismo que controla a produção de fluídos, em que as paredes da
bursa se tornam mais densas e espessas, com possíveis calcificações. A título de
exemplo, a bursite pré-patelar, situada na parte frontal do joelho entre a pele e a
superfície óssea da rótula, possibilita o movimento da pele sobre a rótula durante o
movimento de flexão/extensão do joelho. Dada a sua localização esta é a bolsa
sinovial mais exposta a macro traumatismos provocados pelo contato direto com
adversários, postes ou superfície de jogo. Deste modo, desenvolve-se a bursite pré-
patelar também conhecida pelo "joelho da beata" (Massada, 1985).
33
sobre as estruturas laterais e pode causar a compressão de pequenos nervos,
resultando em dor (Fulkerson et al. 1985).
Quando este síndroma surge por alterações da cartilagem articular, o paciente
tem tendência a experimentar crepitação com o movimento. O trabalho de
flexibilidade, predominantemente sobre o quadríceps e estruturas laterais, constitui
um importante meio de prevenção. O calçado desportivo deve possuir uma boa
capacidade de absorção dos choques para reduzir a carga compressiva sobre a
articulação patelofemural. Como meio de prevenção, são também utilizadas técnicas
de mobilização da rótula que parecem promover uma certa proteção contrariando o
desenvolvimento deste síndroma. Faltam, no entanto, estudos para demonstrar tal
eficácia (Marzo et al. 1994).
34
(Radin, 1985; Dandy, 1986; Fulkerson et al. 1990;). A dor na parte anterior do joelho
pode ser desencadeada por uma excessiva pressão lateral ou por lesão de um tendão,
sendo o rotuliano o mais frequente (Dandy, 1986). As alterações ósseas onde se
incluem as doenças de Osgood - Schlatter e Sinding - Larson - Johansson e as fraturas
da rótula, poderão também estar na base da dor anterior do joelho. De entre vários
outros possíveis fatores causais contam-se as lesões ligamentares, meniscais e
bursites infra patelares (Dandy, 1986).
35
Qualquer das estruturas ligamentares mencionadas pode ser danificada pela
combinação de forças intrínsecas e extrínsecas. Estas forças podem ser oriundas de
agentes externos, como o contato com outro jogador, poste ou outro, que a literatura
vulgarmente classifica de 'lesões de contato', ou por forças geradas pelo próprio atleta,
como uma súbita torção para evitar um adversário ou simplesmente uma contração
muscular súbita e violenta, consideradas 'lesões sem contato' (Moore et al. 1994;
Reilly et al., 1996).
Em seguida iremos atender aos mecanismos de lesão de contato e sem contato
físico, isoladamente.
36
lesão possam ocorrer em diversas ocasiões no futebol, Reilly e Howe (1996) referem
que é em situações de jogo como no tackle (carrinho) que o risco de lesão aumenta.
A lesão dos ligamentos cruzados anterior e posterior poderá ocorrer em
situações de contato ou sem contato. Ekstrand e Gillquist (1983) defendem que a
lesão do LCA surge mais frequentemente por contato (60%) que em situações sem
contato (40%). Contrariamente, os resultados encontrados por Feagin e
colaboradores (1985) revelam que as lesões do LCA surgem predominantemente em
situações sem contato físico. Para aumentar a controvérsia de resultados, Cross
(1998) constatou que o número de lesões do LCA sem contato é sensivelmente
idêntico ao observado em situações de contato.
O mecanismo de lesão do LCA com contato resulta da hiperextensão do joelho
e rotação externa (Ekstrand et al. 1983). Moore e colaboradores (1994) consideram
que o LCA poderá ser atingido conjuntamente com outras estruturas, mas também,
de forma isolada. Johnson e colaboradores (1993) acrescentam outros possíveis
mecanismos de lesão do LCA para além da hiperextensão e rotação externa, como a
desaceleração com o joelho em flexão e o stress varus com o joelho flectido.
O ligamento cruzado posterior (LCP) poderá igualmente ser danificado por
mecanismos de contato. A lesão deste ligamento é menos frequente mas poderá
surgir com a hiperextensão do joelho, com uma força sobre a parte anterior da tíbia
quando o joelho se encontra em flexão, ou numa recepção após salto com o joelho a
90° da flexão (Moore et al. 1994; Tucker, 1997). Será importante salientar nesta altura
que a principal função do ligamento cruzado posterior é impedir o deslocamento
posterior da tíbia em relação ao fémur (Reilly et al., 1996), função esta que é posta
em causa quando a tíbia sofre um traumatismo no sentido anteroposterior.
37
verdade, este será talvez o principal mecanismo de lesão isolada do LCA. O drible,
conjuntamente com o tackle (carrinho) e a mudança de direção constituem momentos
específicos onde poderá ocorrer uma rotura do LCA.
Situações em que se verifica uma hiperextensão do joelho podem traduzir-se
em rotura dos ligamentos cruzados, como acontece quando o atleta dá um passo em
falso. Uma recepção ao solo após salto realizada de forma descontrolada surge
também referenciada como possível mecanismo de lesão dos ligamentos cruzados
(Moore et al. 1994). Em suma, alguns mecanismos de lesão subjacentes a técnicas
desportivas estão perfeitamente identificados entre os quais salientamos: (I)
movimentos de desaceleração com mudança de direção em que o joelho se aproxima
da extensão, o que sucede por exemplo na tentativa de o atacante iludir o defesa com
uma rápida mudança de direção; (II) recepção ao solo após salto com os membros
inferiores em extensão, ou seja, sem amortecimento da queda por parte dos joelhos,
como pode ocorrer após um cabeceamento sem controlo do salto; (III) paragem num
só apoio, isto é, o atleta tenta parar e mudar de direção num só apoio, o que surge
por exemplo quando o defesa se aproxima do jogador com bola, para rapidamente
num apoio e então tenta mudar de direção reagindo ao movimento do atacante
(Henning et al., 1994). Eis-nos perante alguns movimentos particulares, realizados ao
longo do jogo, que acarretam um risco mais elevado de lesão do ligamento cruzado
anterior e, como tal, devem ser tidos em consideração.
Podemos constatar deste modo, que vários são os mecanismos de lesão do
joelho afetando os seus ligamentos principais, envolvendo situações onde se observa
contato físico, mas também, movimentos realizados pelo próprio atleta sem qualquer
ação de forças externas.
9 LESÕES NA COXA
Tal como foi possível constatar quando nos referimos às lesões no futebol (cf.
ponto 1), a coxa é uma das regiões anatómicas com maior susceptibilidade à lesão.
Em estudos desenvolvidos com cerca de 1200 atletas de várias modalidades
desportivas, Massada (1989) verificou que a coxa é a região anatómica mais
frequentemente lesada, fundamentalmente através de lesões no quadríceps e
isquiotibiais.
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Em seguida, analisaremos alguns estudos em que as lesões na coxa são
referidas. Serão focados os aspectos anatómicos e funcionais, bem como, o tipo de
lesões mais frequentes no futebolista. Atendendo ao importante papel que
desempenham quer no movimento quer na estabilidade da articulação do joelho e à
elevada incidência de lesões, os músculos isquiotibiais e do quadríceps irão ser alvo
preferencial da nossa atenção.
9.2 Corrida
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A corrida pode ser dividida em duas fases, a fase de apoio ou suporte que
ocorre quando o pé está em contato com o solo, e a fase de suspensão que se verifica
quando tal não acontece (Howe, 1996).
Ao iniciar a fase de suspensão, o pé deixa o contato com o solo e as
articulações da anca e joelho estão em extensão. Neste momento, os músculos
isquiotibiais assumem um papel importante na extensão da anca. A recuperação da
perna é conseguida, não só pela ação dos músculos isquiotibiais na flexão do joelho,
mas também, pela ação do quadríceps na flexão da anca.
Na preparação para o contato com o solo, a anca está flectida e o joelho em
ligeira flexão. Então, a extensão da anca e joelho é possibilitada pela ação dos
isquiotibiais e quadríceps, respectivamente. Estes grupos musculares asseguram a
estabilidade do joelho quando o peso do corpo do atleta se encontra sobre o membro
inferior de apoio. Finalmente, o pé prepara-se para deixar o solo e termina a fase de
apoio para, ciclicamente, se iniciar uma nova fase de suspensão (Howe, 1996).
Massada (1989) refere que quando se observa a ação dos músculos
isquiotibiais e do quadríceps em corrida, podemos presenciar verdadeiros fenómenos
paradoxais. Assim, ao atuar em duas articulações distintas, a sua contração possibilita
uma ação que é requisitada para o movimento, enquanto a outra contraria a função
desejada (Paradoxo de Lombard). Por exemplo, quando se pretende a extensão do
joelho e da anca solicitam-se os músculos quadríceps e isquiotibiais, contudo, a
mesma solicitação permite a flexão do joelho e da anca, o que contraria a função
desejada.
Parte da explicação para este facto poderá ser fornecida por Yamamoto (1993)
quando refere que o trabalho dos músculos isquiotibiais é muito complexo do ponto
de vista mecânico e fisiológico devido ao movimento de duas articulações distintas, à
diferente estimulação nervosa e à diferente coordenação muscular.
Face ao exposto anteriormente, será de salientar o importante papel
desempenhado pelos grupos musculares quadríceps e isquiotibiais na corrida, e desta
no desempenho global do futebolista.
40
9.3 Contato com a bola (pontapé)
Existem variadas formas de contatar a bola com o pé. As partes medial e lateral
são geralmente utilizadas para realizar passes curtos e exatos. O "peito do pé" é a
zona preferencial de contato com a bola onde a potência é determinante, como nos
passes longos ou remates (Lohnes era/. s.d.). Um forte contato sobre a bola poderá
promover uma aceleração superior a 120 km/h (Keller et al. 1987). Lohnes e
colaboradores (s.d.) consideram que o típico contato do "peito do pé" com a bola,
possui três fases principais: (i) aproximação, (ii) contato e (iii) pós-contato.
Após a preparação do pontapé em que o membro inferior se desloca para trás
através da ação dos músculos isquiotibiais na extensão da anca e flexão do joelho, a
fase de aproximação ocorre pela flexão da anca levada a cabo pelos músculos da
face anterior da coxa. Posteriormente, verifica-se uma desaceleração da coxa
controlada pela ação dos isquiotibiais e uma forte extensão do joelho através da ação
do quadríceps (Howe, 1996).
Para além das forças exercidas sobre a coxa e abdómen, o jogador de futebol,
e especificamente o seu joelho, terá de resistir a fortes forças rotacionais e
translacionais (Lohnes et al. s.d.). Segundo estudos desenvolvidos por Gainor e
colaboradores (1978) a máxima energia cinética gerada pelo gesto é estimada em
2000 N (força suficiente para fraturar um fémur). Contudo, apenas 15% desta força é
transmitida à bola, sendo a restante absorvida pelo membro inferior do atleta, em
particular, pelos músculos da região posterior da coxa que se contraem
excentricamente nesta fase. É aqui que reside a explicação para a vulnerabilidade
acrescida dos músculos isquiotibiais na realização de um potente pontapé sobre a
bola. O contato acidental com o solo ou com a perna de outro jogador gera uma carga
de impacto adicional e retarda a dissipação de forças, ultrapassando os limites de
tolerância de forças, da qual podem resultar fraturas ósseas ou roturas musculares
(Lohnes et al., s.d.).
10.1 Contusões
42
apenas parcial e, daí por diante, poderá ocorrer a morte celular permanente. Em
situações de maior gravidade está aconselhado o tratamento cirúrgico.
A miosite ossificante é outra lesão que pode surgir de uma contusão muscular
profunda, principalmente na parte anterior da coxa (Lennox, 1993). Walton e Rotwell
(1983) sugerem que o desenvolvimento de miosite ossificante após um traumatismo
resulta de uma deficiente transferência de forças nas camadas musculares mais
profundas. A massagem após a contusão pode facilitar esta situação e agravar um
problema já existente, pelo que, é absolutamente desaconselhada (Lohnes et al., s.d.).
43
Muito embora os músculos adutores não sejam bi articulares, os constantes
movimentos laterais e diagonais, por vezes associados a acelerações ou travagens
típicas do futebol, solicitam uma grande participação deste grupo muscular e explicam
em parte a grande incidência de lesões a este nível (Reilly et al. 1996). Massada
(1989) constatou ainda que as lesões musculares do quadríceps são mais frequentes
entre futebolistas amadores, enquanto os profissionais contraem maior número de
lesões nos isquiotibiais.
Roturas dos isquiotibiais, quadríceps e adutores são comuns em futebolistas e
resultam em longos períodos de recuperação e inatividade. Avanços recentes no
conhecimento destas lesões têm contribuído para um tratamento e prevenção mais
efetivos (Lohnes et al. s.d.).
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o tempo de jogo, a natureza do esforço em causa (Inklaar, 1994), o nível competitivo
(Nielson et al. 1989; Aglietti et al, 1994) e momento da época desportiva (Ekstrand et
al, 1983; Agliettiefa/. 1994).
A etiologia das lesões no futebol é muitas vezes multifatorial (Ekstrand et al,
1983) e resulta da complexa interação dos vários fatores de risco (Inklaar, 1994).
Existe um consenso generalizado sobre a classificação dos vários fatores de risco em
duas categorias: (i) os fatores de risco intrínsecos que são inerentes às características
do próprio indivíduo e (ii) os fatores de risco extrínsecos relacionados com o tipo de
atividade desportiva, condições exteriores e equipamentos (Inklaar, 1994; Larson et
al., 1996).
45
mecanismo de lesão, Nielsen e colaboradores (1989) verificaram que 80% dos atletas
tiveram a primeira entorse da tibiotarsica ao realizar um tackle (carrinho) e que todos
os casos de entorse do tornozelo provocados pela corrida eram redicivantes.
No que se refere à entorse do joelho, Ekstrand e Gillquist (1983) verificaram
que atletas que haviam sofrido de entorse sem contato físico padeciam mais
frequentemente de entorse no joelho com instabilidade mecânica residual, quando
comparados com atletas lesionados durante colisões. A instabilidade mecânica e
funcional predispõe o atleta para a entorse do joelho e tornozelo (Inklaar, 1994), o que
significa que atletas com entorse prévia possuem um risco acrescido de contrair novas
entorses (recidivas).
Não apenas as entorses articulares, mas também as roturas musculares
possuem um elevado risco de recidivas. Deste modo, a reabilitação assume um papel
particularmente importante na recuperação do atleta, dado que, uma inadequada
reabilitação resulta num importante fator de risco de aparecimento de lesões
redicivantes.
A par da reduzida flexibilidade articular já referida e do inadequado
"aquecimento", os desequilíbrios de força muscular constituem um forte fator de risco
de lesão na coxa (Poulmedis, 1988; Yamamoto, 1993). As fragilidades musculares,
principalmente ao nível dos músculos isquiotibiais, são um importante fator de risco
de lesão nesse grupo muscular e na articulação do joelho, como veremos adiante.
Ekstrand e Gillquist (1983) ao submeter 180 futebolistas seniores amadores ao
teste isocinético, verificaram que os atletas que haviam sofrido de lesões no joelho
sem contato físico denotavam reduzidos níveis de força de extensão do joelho
comparativamente a atletas não lesionados (p< 0.05). Com efeito, a falta de força
muscular capaz de gerar desequilíbrios bilaterais ou a alteração da relação
flexores/extensores do joelho, aumenta o risco de o atleta se lesionar no joelho ou na
coxa. Na detecção e diagnóstico destes desequilíbrios e fragilidades musculares, o
dinamómetro isocinético apresentasse como um instrumento fundamental (Kannus et
al. 1990).
46
11.3 Fatores de risco extrínsecos
É mais fácil prevenir que recuperar, como tal, as preocupações devem incidir
sobre a prevenção de lesões. O treino deve ser o principal meio de prevenção de
lesões (Larson et al. 1996). A falta de treino é, por si só, um fator de risco de lesão ao
limitar as capacidades físicas do atleta. Reduzidos níveis de força e flexibilidade são
aspectos que conduzem frequentemente a lesões e, como tal, devem ser contrariadas
no treino. Graves lesões no joelho poderão ser evitadas recuperando a estabilidade
articular, e reforçando adequada e equilibradamente as estruturas musculares
envolventes, concretamente os músculos do quadríceps e isquiotibiais.
As lesões no ligamento cruzado anterior poderão ser contrariadas, segundo
Henning e colaboradores (1994) desenvolvendo no treino técnicas de corrida,
desaceleração, mudanças de direção, impulsão para salto e recepção ao solo
adequadas. As lesões na coxa estão especificamente associadas à falta de
"aquecimento muscular" e reduzidos índices de flexibilidade (Ekstrand et al. 1983;
Larson et al., 1996). A rotura do reto anterior acontece, não raras vezes, na realização
de fortes remates sem adequada ativação muscular (Larson et al., 1996). Estudos
experimentais em modelos animais revelaram que músculos previamente ativados
podem absorver mais energia antes de ultrapassar o limite da sua capacidade,
relativamente a músculos inativos (Safran et al. 1988). Ou seja, após aquecimento
muscular é necessária uma carga superior para provocar uma rotura muscular.
De igual modo, os desequilíbrios musculares bilaterais e recíprocos são um
forte fator de risco de lesão e, como tal, devem ser contrariados através de programas
adequados de reforço muscular das estruturas fragilizadas. Neste âmbito, a
informação proveniente da avaliação em dinamómetro isocinético reveste-se de
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grande importância na prevenção de lesões no futebol. Perfis de força angular
poderão ser determinados a partir da avaliação de força isocinética, não obstante a
importância do movimento em toda a sua extensão (Perrin, 1993). A reabilitação,
muitas vezes inadequada e responsável por recidivas, sai também favorecida com o
uso deste dinamómetro de força, ao permitir o reforço muscular de ângulos articulares
específicos de força reduzida (Reilly et al. 1996). Ekstrand (1994) referiu-se à
preponderância da avaliação de força máxima a partir de um dinamómetro isocinético,
com especial atenção para os músculos extensores e flexores do joelho.3
VEIGA, Paulo Henrique Altran; DAHER, Carla Raquel Melo; MORAIS, Maria Fernanda
Fernandes. Alterações posturais e flexibilidade da cadeia posterior nas lesões
em Atletas de futebol de campo. Ver. Bras. Ciênc. Esporte, 2011.