Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PORTO ALEGRE
2020
GUILHERME BARROCA CRUZ
__________________________________________
Nome do Professor
__________________________________________
Nome do Professor
PORTO ALEGRE
2020
Dedico este trabalho XXXXX
“Deixei de jogar futebol porque já tinha feito tudo
aquilo que podia. Precisava de algo que me
entusiasmasse tanto como o futebol havia feito”.
(Éric Cantona)
RESUMO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 06
2 A REGULAMENTAÇÃO DOS CLUBES DE FUTEBOL NO BRASIL........... 07
2.1 NATUREZA JURÍDICA DOS CLUBES ASSOCIATIVOS............................ 08
2.2 CASO BOSSMAN E O FIM DO PASSE...................................................... 12
2.3 ANÁLISE ECONÔMICA DOS CLUBES BRASILEIROS............................. 16
3 MODELOS INTERNACIONAIS ..................................................................... 21
3.1 COLÔMBIA.................................................................................................. 21
3.2 INGLATERRA.............................................................................................. 24
3.3 PORTUGAL................................................................................................. 27
4 MODELO PROPOSTO PELA PROJETO DE LEI 5.082/16.......................... 31
4.1 NATUREZA JURÍDICA DA EMPRESA....................................................... 28
4.2 SOCIEDADES EMPRESÁRIAS PREVISTAS NO MODELO...................... 29
4.3 CLUBE EMPRESA ..................................................................................... 29
5 CONCLUSÃO ................................................................................................. 30
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 31
9
1 INTRODUÇÃO
Ao passar dos anos, com a difusão do esporte pelo país, o futebol naturalmente
passou a se profissionalizar. Com isso, o Estado passou a perceber a necessidade de
atenção, consequente do Poder Judiciário, principalmente o ramo trabalhista, dado
fato de pessoas passaram a tratar laborar pelo esporte3. Além da necessidade de
normatização, o futebol foi notado pelos governantes como grande arma de
entretenimento e propaganda para os seus regimes políticos. O primeiro a perceber
isso foi Getúlio Vargas, primeiro governante a normatizar, não só o futebol, mas
também o esporte.
1997.
3 ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os atletas profissionais de futebol no direito do trabalho. São Paulo:
LTr, 1998.
12
Passado mais de cem anos desde a sua chegada ao Brasil, poucas coisas
mudaram no sistema de organização dos clubes de futebol brasileiros. Baseados no
modelo associativo, com poucas exceções, as equipes profissionalizaram todos os
aspectos ao seu redor, como jogadores, preparadores, técnicos e médicos, salvo a
sua própria gestão. Assim, grande parte dos cargos são preenchidos por indicações
políticas.
As associações são instituições caracterizadas pelo Código Civil em seu artigo
53: “Constituem-se as associações pela União de pessoas que se organizem para fins
não econômicos”4. Assim, constituíram-se os clubes no seu amadorismo, unindo um
grupo de pessoas com o fim de subsidiar as necessidades advindas de materiais
esportivos, deslocamento, sua própria participação nas partidas e até mesmo a
construção de uma sede social, como local para sediar os eventos.
Assim define Carlos Roberto Gonçalves, a relação entre os membros da
associação:
Educação, 2018.
6 CALDAS, W. O pontapé inicial: memória do futebol brasileiro. São Paulo: Editora Ibrasa, 1989.
Ebook..
7 SARMENTO, Carlos Eduardo. A regra do jogo: uma história institucional da CBF/Coordenação
Adelina Maria Novaes Cruz, Carlos Eduardo Sarmento e Juliana Lage Rodrigues; Texto Carlos
13
Eduardo Sarmento. Rio de Janeiro: CPDOC, 2006. F. 176. Disponível em: <
http://cpdoc.fgv.br/producao_intelectual/arq/1669.pdf>. Acesso em: 04 jun. 2020.
8 BRASIL. Decreto-lei nº 3.199, de 14 de abril de 1941. Disponível em:
<https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-3199-14-abril-1941-413238-
publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso em: 26/03/2020.
9 MELO FILHO, Álvaro. Novo Regime Jurídico do Deporto: comentários à Lei 9.615 e suas alterações.
ser previamente consultado pelo clube que está vinculado antes de qualquer
transação11.
Após constituinte de 1967, com sua alteração mediante a Emenda
Constitucional nº 01 de 17 de outubro de 1969, em seu art. 8, inciso XVII, alínea q, foi
determinada que a União era competente para legislar de normas gerais acerca do
desporto, não se utilizando mais de Decretos-Leis para normatizar o tema, mas sim
de Lei. Posteriormente, criada em meio ao regime militar, mais especificamente no
governo sob a presidência de Ernesto Geisel, visando a adequação das relações
trabalhistas entre clubes e atletas, como prazo de contrato, mas principalmente a
legislação acerca de transferências de jogadores tanto entre clubes brasileiros como
para as que envolvessem clubes do exterior12.
Brunoro enfatiza a importância da legislação principalmente na área trabalhista,
visando cada vez mais o bem estar do profissional do futebol:
Seção III
DO DESPORTO
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-
formais, como direito de cada um, observados:
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a
sua organização e funcionamento;
II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto
educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não-
profissional;
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação
nacional.
§ 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às
competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça
desportiva, regulada em lei.
§ 2º - A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da
instauração do processo, para proferir decisão final.
§ 3º - O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social15.
Com o novo modelo jurídico nacional, trazido pela constituição em 1988, foi
necessária a criação de legislações infraconstitucionais que se adequassem a tal.
Dessa maneira, partindo de Arthur Antunes Coimbra, popularmente conhecido com
Zico, Secretário de Esportes na época, foi responsável pela reformulação da
legislação desportiva nacional. Bebendo das inovações realizadas no futebol inglês,
com a abertura do capital dos clubes na bolsa de valores16, a legislação foi elaborada
de forma que fosse realizada a transição do modelo associativo para entrada de outro
modelo jurídico dentro do esporte, as sociedades com fins lucrativos17.
Dessa maneira, a chegada da Lei Zico, foi a primeira vez em que a proposição
da transformação dos clubes associativos em empresa apareceu no cenário
nacional18. Buscando uma maior profissionalização do esporte em terras brasileira,
trouxe, em seu art.11, a faculdade para os clubes se transformarem em empresa:
Não só de regressos viveu a Lei Pelé, que trouxe a inovação do fim do passe,
alteração gerada pelo caso Bossman, evento paradigmático que foi fato gerador de
grande revolução no futebol. Dado o fato de sua grande importância, irá ser esmiuçado
no próximo subtópico.
como Royal Standard de Liège, estava em vias de findar o seu contrato com o clube
ao fim do mês de junho de mil novecentos e noventa.
Após tentativa de renovação frustrada devido à redução salarial significativa
proposta pelo clube, e conforme era previsto nos moldes da época, mesmo sem
renovar seu contrato, o passe do jogador ainda era vinculado ao clube. Procurado
pelo Dunkerque FC, da França, o jogador acertou seu salário e demais valores junto
à segunda equipe, mas acabou por ter sua saída impedida devido a federação Belga
de futebol afirmar que os valores referentes a transferência não poderiam ser arcados
pelo Dunkerque. Cabe ressaltar que no momento Bosman não possuía mais contrato
vigente junto ao Liègeois28.
De mãos atadas, o atleta, sem poder exercer sua atividade laboral, enfrentou o
padrão estabelecido por todo o sistema futebolístico imposto na época. Em entrevista
ao The Guardian, vinculada pelo portal IG, Bosman expressou o seu sentimento na
época:
“Eu estava no fim do meu contrato com Liège. Eles me ofereceram um novo
contrato com valor quatro vezes menor do que eu recebia no anterior e para
me vender para Dunkerque eles estavam exigindo quatro vezes o preço que
haviam pago por mim anteriormente. Em outras palavras, eles pensaram que
eu havia me tornado quatro vezes melhor se eu quisesse sair e quatro vezes
pior se eu quisesse ficar e assinar novamente com eles29.”
28 Kampff, Andrei. CASO BOSMAN MUDOU RELAÇÃO DE JOGADORES NO MUNDO TODO. Lei
em campo, 07 de janeiro de 2019. Disponível em: < https://leiemcampo.com.br/caso-bosman-mudou-
relacao-de-jogadores-no-mundo-todo/> Acesso em: 01/04/2020.
29 BOSMAN, Jean-Marc. Entrevista concedida ao Jornal The Guardian, vinculada pelo portal IG.
realizado por Bosman, sob a justificativa de infração já que não foi permitido a
circulação do jogador de forma livre pelos países da União Europeia, pois seu contrato
já não estava mais em vigência31. Prevê dessa maneiro o artigo 48 do Tratado de
Roma:
Artigo 48:
1. A livre circulação dos trabalhadores deve ficar assegurada, na
comunidade, o mais tardar no termo do período de transição.
2. A livre circulação dos trabalhadores implica a abolição de toda e qualquer
discriminação em razão da nacionalidade, entre os trabalhadores dos
Estados-membros, no diz respeito ao emprego, à remuneração e demais
condições de trabalho.
3. A livre circulação dos trabalhadores compreende, sem prejuízo das
limitações justificadas por razões de ordem pública, segurança pública e
saúde pública, o direito de:
a) Responder a ofertas de emprego efetivamente feitas;
b) Deslocar-se livremente, para o efeito, no território dos Estados-membros;
c) Residir num dos Estados-membros a fim de nele exercer uma atividade
laboral, em conformidade com as disposições legislativas regulamentares e
administrativas que regem o emprego dos trabalhadores nacionais;
d) Permanecer no território de um Estado-membro depois de nele ter exercido
uma atividade laboral, nas condições que serão objetivo de regulamentos de
execução a estabelecer pela Comissão32.
Após esse episódio, foi criado um impasse, pois havia clubes europeus que
não pertenciam à União Europeia. Porém, todos os grandes clubes europeus
eram de países- -membros, deste modo, teriam que resolver tal questão, do
contrário poderiam ser prejudicados em uma decisão futura33.
31 SPINELLI, Rodrigo. A cláusula penal nos contratos dos atletas profissionais de futebol. São
Paulo: LTr, 2011, p. 28.
32 UNIÃO EUROPEIA. Tratado de Roma (CEE), de 24 de março de 1957. Disponível em: <
72,60%
72,20%
71,80%
68,10%
82%
62,80%
61,10%
60,40%
59,40%
58,80%
54,50%
54,00%
53,90%
48,40%
46,40%
41,90%
30,80%
22,20%
royale belge des sociétés de football association ASBL contra Jean-Marc Bosman e outros e Union
des Associations de Football Européennes (UEFA) contra Jean-Marc Bosman, acórdão de 15 de
Dezembro de 1995, Colectânea de Jurisprudência de 1995, página L-4921. Disponível em:
<https://www.fd.unl.pt/Anexos/Downloads/197.pdf> Acesso em: 01/04/2020.
36 Demographic Atlas developed by the CIES Football Observatory. Disponível em: <https://football-
Por fim, apesar de julgar que recebe pouco crédito pelo paradigma que criou, o
próprio Bosman acabou por concluir que os clubes também foram muito beneficiados
pelas mudanças por ele gerada37.
37 STEIN, Leandro. Bosman: “Fiz algo bom, dei direito às pessoas. Mas nunca recebi nada que me
prometeram”. Trivela, 14 de dezembro de 2015. Disponível em: <https://trivela.com.br/bosman-fiz-
algo-bom-dei-direito-as-pessoas-mas-nunca-recebi-nada-que-me-prometeram/> Acesso em:
01/04/2020.
38 SALGADO, Diego. No auge, Romário foi do Barça ao Fla há 25 anos com custo menor que
clubes, como venda de atletas, direitos de TV, bilheteria e patrocínio, sofreu redução,
ficando abaixo dos três anos anteriores.
A maior parte da receita dos clubes se dá pelos direitos de transmissão de TV,
comum em todos os países do mundo, valor que demonstra crescimento entre 2013
até 2015, com posterior estabilidade. O que mais surpreende é o
crescimento/necessidade dos valores referentes a transação de atletas, por parte dos
clubes. Somadas com os direitos de TV, as vendas de atletas somam 48% da receita
das equipes, tendo um aumento representativo em 23% em relação ao ano de 2017,
enquanto receitas relativas a patrocínio e propaganda caíram em 23%40.
Relativo ao tema, a análise aponta:
Na realidade corporativa diz-se que “custo é igual unha: tem que cortar
sempre”. Não parece uma realidade dos clubes, talvez porque eles não vivam
uma realidade corporativa, de busca incessante pela eficiência. Mas como
nenhuma generalização é justa, analisaremos os clubes de maneira individual
a seguir43.
Somado a isso, conforme notícia vinculada pelo portal do jornal Estadão, dez
clubes da série A do campeonato brasileiro estão inscritos na Dívida Ativa da União e
do Fundo de Garantia por Tempo de serviço44. Conforme visualizado pelo próprio
estudo, a renegociação de dívidas por parte dos clubes com a União é de suma
importância, aumentando o período para pagamento dos débitos, diminuindo o
impacto anual das despesas nos cofres45. De qualquer maneira, esse proveito dos
clubes foi dado graças ao PROFUT, Lei imposta pelo Estado para renegociação, e
que será abordada no subcapitulo seguinte.
O Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do
Futebol Brasileiro, o PROFUT, Lei 13.155/15, visou a readequação da forma de
gestão dos clubes, de maneira impositiva, como era trazido anteriormente nas Leis
Zico e Pelé, e em contrapartida o Estado aceitaria o parcelamento das dívidas fiscais
dos clubes junto à União.
Sendo de aderência facultativa, os clubes possuem exigências, previstas no
artigo 4º da lei, para seguir fazendo parte do benefício como:
a) a partir de 1º de janeiro de 2017, para até 10% (dez por cento) de sua
receita bruta apurada no ano anterior; e
b) a partir de 1º de janeiro de 2019, para até 5% (cinco por cento) de sua
receita bruta apurada no ano anterior;
VI - publicação das demonstrações contábeis padronizadas, separadamente,
por atividade econômica e por modalidade esportiva, de modo distinto das
atividades recreativas e sociais, após terem sido submetidas a auditoria
independente;
VII - cumprimento dos contratos e regular pagamento dos encargos relativos
a todos os profissionais contratados, referentes a verbas atinentes a salários,
de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, de contribuições
previdenciárias, de pagamento das obrigações contratuais e outras havidas
com os atletas e demais funcionários, inclusive direito de imagem, ainda que
não guardem relação direta com o salário
VIII - previsão, em seu estatuto ou contrato social, do afastamento imediato e
inelegibilidade, pelo período de, no mínimo, cinco anos, de dirigente ou
administrador que praticar ato de gestão irregular ou temerária.
IX - demonstração de que os custos com folha de pagamento e direitos de
imagem de atletas profissionais de futebol não superam 80% (oitenta por
cento) da receita bruta anual das atividades do futebol profissional; e
X - manutenção de investimento mínimo na formação de atletas e no futebol
feminino e oferta de ingressos a preços populares, mediante a utilização dos
recursos provenientes46.
3. MODELOS INTERNACIONAIS
3.1. COLOMBIA
Com grande destaque no final dos anos oitenta, início dos anos noventa, o
futebol colombiano viveu seu apogeu com nomes de peso como Valderrama, Asprila
e Higuita, que disputaram as Copas do Mundo de 1990, 1994 e 1998. Somado a isso,
51 DE LIMA, João António Pais. A criação da figura da sociedade anónima desportiva. Que
inovações trouxe ao desporto profissional e que benefícios colheram os seus intervenientes.
2016. 98 f. Tese (Mestrado em Ciências Jurídico-Empresariais) Universidade de Lisboa, Lisboa,
2016. Disponível em: <https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/37500/1/ulfd137159_tese.pdf>. Acesso
em: 23 mai. 2020.
52 ROCCO JUNIOR., Ary José. Clubes esportivos. GV-executivo, [s. l.], v. 6, n. 3, p. 53–58, 2007.
53 Quais foram todas as finais da história da CONMEBOL Libertadores? Disponível em: <
https://www.copalibertadores.com/pt-br/noticias/quais-foram-as-finais-da-historia-da-conmebol-
libertadores/1ck9k0er6cb2e17ituldu439qp> Acesso em: 22/04/2020.
54 Atlético Nacional, o grande campeão de 2016. Disponível em: <
anônimas desportivas (SAD). Em seu artigo quarto, a lei traz como será realizada a
transição57:
57 Colômbia. Ley 1445, de 12 de maio de 2011. Art. 04. Disponível em: <http://www.suin-
juriscol.gov.co/viewDocument.asp?id=1680648>. Acesso em: 23/04/2019.
58 Colômbia. Ley 1445, de 12 de maio de 2011. Art. 03. Disponível em: <http://www.suin-
3.2 INGLATERRA
60 Colômbia. Ley 1445, de 12 de maio de 2011. Art. 03. Disponível em: <http://www.suin-
juriscol.gov.co/viewDocument.asp?id=1680648>. Acesso em: 23/04/2019.
61 Colômbia. Ley 1445, de 12 de maio de 2011. Art. 02, §1º. Disponível em: <http://www.suin-
Castelo-Branco, Natalie Gedra, Ulisses Neto e Renato Senise. Londres. 24 de outubro de 2017.
Podcast. Disponível em: https://soundcloud.com/correspondentespremier/26-a-historia-dos-hooligans-
ingleses. Acesso em: 18/04/2020.
65 BRAYAN, Rafael. A origem dos hooligans no futebol inglês. Premier League Brasil, 26 de
Os fatos acabaram por levar os clubes para uma elitização do futebol inglês,
rompendo os lastros com a federação de futebol nacional e acabando por criar uma
liga apartada, hoje conhecida como “Premier League”. Os clubes que desde o seu
princípio já possuíam uma forma empresarial societária, passaram a negociar seus
direitos de televisão e grande parte delas iniciaram suas atividades nas bolsas de
de: João Castelo-Branco, Natalie Gedra, Ulisses Neto e Renato Senise. Londres. 19 de abril de 2019.
Podcast. Disponível em: <https://soundcloud.com/correspondentespremier/especial-hillsborough-
jamais-serao-esquecidos>. Acesso em: 18/04/2020.
69 GRAFIETTI, Cesar. Análise Econômico-financeira do Itaú BBA, 16 de julho de 2019. p. 35.
valores. Dessa forma, os clubes deixaram de lado o amadorismo dos seus dirigentes
para serem tratados de vez como empresas70.
Acerca do modelo seguido pelo futebol inglês, pontua Melo Filho:
Hoje em dia na terra da rainha, os clubes já não são somente clubes, pois se
tratam de multinacionais que giram milhões de dólares por ano. Antes do seu
falecimento em 2014, Malcom Glazer, empresário estadunidense, era dono de mais
de setenta e cinco por cento das ações do Manchester United. A sua última aquisição,
quando ainda não possuía tamanha fração do clube, o milionário gastou
aproximadamente um bilhão e quatrocentos milhões de dólares para comprar uma
fatia equivalente a quinze por cento do clube73.
Rocco Junior explica as cifras milionárias ligadas ao futebol inglês:
70 PRONI, Marcelo; LIBIANO, Joao. O futebol brasileiro na bolsa de valores? Texto para discussão,
Campinas, 2016. IE, 2016, Campinas.
71 MELO FILHO, Álvaro. Nova Lei Pelé: Avanços e Impactos. Rio de Janeiro: Ed. Maquinária, 2011.
72 GRAFIETTI, Cesar. Análise Econômico-financeira do Itaú BBA, 16 de julho de 2019. p. 35.
3.3 PORTUGAL
Artigo 20.º
Clubes desportivos e sociedades com fins desportivos
(...)
2 - Legislação especial definirá as condições em que os clubes desportivos,
sem quebra da sua natureza e estatuto jurídico, titulam e promovem a
constituição de sociedades com fins desportivos, para o efeito de proverem a
necessidades específicas da organização e do funcionamento de sectores da
respectiva actividade desportiva.
3 - A participação de clubes desportivos em actividades de natureza
predominantemente comercial sem incidência directamente desportiva é
condicionada, em especial, quanto aos que titulem ou hajam titulado o
estatuto de pessoas colectivas de utilidade pública, à observância de regras
que salvaguardem os direitos dos associados, o interesse público e o
património desportivo edificado, em termos definidos em regulamentação
própria.
4 - Nos casos previstos nos n.os 2 e 3, é imperativo legal que o produto das
sociedades ou das participações societárias reverta para benefício da
actividade desportiva geral do clube e que o património desportivo edificado
não possa ser oferecido livremente como garantia imobiliária ou concurso de
capital.
74 ROCCO JUNIOR., Ary José. Clubes esportivos. GV-executivo, [s. l.], v. 6, n. 3, p. 53–58, 2007.
Disponível em: http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=bth&AN=37586756&lang=pt-
br&site=eds-live. Acesso em: 17 abr. 2020.
75 Portugal. Lei nº 01/90, de 13 de janeiro de 1990. Disponível em: < https://dre.pt/pesquisa/-
(...)77.
Artigo 7.º
Capital social mínimo nas competições profissionais
1 - No momento da respetiva constituição, o valor mínimo do capital social
das sociedades que participem nas competições profissionais de futebol não
pode ser inferior a:
a) (euro) 1 000 000 ou (euro) 250 000, para as sociedades desportivas que
participem na 1.ª Liga, consoante adotem o tipo de sociedade anónima ou de
sociedade unipessoal por quotas;
b) (euro) 200 000 ou (euro) 50 000, para as sociedades desportivas que
participem na 2.ª Liga, consoante adotem o tipo de sociedade anónima ou de
sociedade unipessoal por quotas.
2 - As sociedades desportivas que ascendam da 2.ª Liga para a 1.ª Liga não
podem ingressar nesta se não dispuserem de capital social igual, pelo menos,
ao montante referido na alínea a) do número anterior.
3 - O capital social mínimo das sociedades que se constituam para participar
noutras competições profissionais é de (euro) 250 000 ou (euro) 50 000,
consoante adotem a forma de sociedade anónima desportiva ou de
sociedade unipessoal por quotas desportiva.
77 Portugal. Lei nº 01/90, de 13 de janeiro de 1990. Art. 20, Disponível em: < https://dre.pt/pesquisa/-
/search/333524/details/maximized>. Acesso em: 24 mai. 2020.
78 Portugal. Lei nº 10/13, de 25 de janeiro de 2013. Art. 2 n.º 1, Disponível em: <
81 Portugal. Lei nº 01/90, de 13 de janeiro de 1990. Art. 7, Disponível em: < https://dre.pt/pesquisa/-
/search/333524/details/maximized>. Acesso em: 24 mai. 2020.
82 Portugal. Lei nº 01/90, de 13 de janeiro de 1990. Art. 23, Disponível em: < https://dre.pt/pesquisa/-
Mesmo com as modificações realizadas nas Leis Zico e Pelé, não surtindo os
efeitos com que foram planejadas, a ideia começou a ser posta em prática certos
clubes, que não deixaram o modelo associativo, mas entraram em sociedade com
grandes empresas, para a administração do futebol, como Palmeiras e Parmalat.
No atual momento, o Projeto de Lei 5.082/16 propõe a criação da SAF, tendo
esse seu capital aberto, de modo a poder negociar livremente as suas ações, podendo
vender a porcentagem que for desejada. Além disso, traz as proposições já realizadas
na Lei 6.404/76, como na responsabilidade dos acionistas ser limitada ao preço de
suas ações e a transformação da associação sem fins lucrativos em S.A89. Dessa
maneira, o modelo adotado não dissolve a associação, mas sim, passa a constituir
uma SAF e transfere a gestão do futebol.
Assim, parte dos clubes a capitalização por parte da formação da SAF, através
dos mecanismos oferecidos pela Bolsa de Valores. Trazendo a venda de ações na
Bolsa de Valores como uma possível fonte de recursos ainda inexplorada pelos clubes
de futebol, já que são constituídos como associações sem fins lucrativos.
Marvio Leoncini explica a transformação do modelo de gestão, juntamente com
sua inserção na bolsa de valores:
modelo de gestão estratégica nos clubes de futebol. 2001. 177 f. Tese (Doutorado) - Curso de
Engenharia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001. Disponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3136/tde08122003-165621/publico/TESE.pdf. Acesso
em: 21/11/2019.
38
91 TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Teoria geral e direito societário, v. 1. 8. ed.
São Paulo: Atlas, 2017.
92 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
93 BRASIL. Código Civil, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em:
96 TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Teoria geral e direito societário, v. 1. 8. ed.
São Paulo: Atlas, 2017.
97 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
98 TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Teoria geral e direito societário, v. 1. 8. ed.
Saraiva, 2011.
40
103 TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Teoria geral e direito societário, v. 1. 8. ed.
São Paulo: Atlas, 2017..
104 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial: Direito de Empresa 23. ed. São Paulo:
Saraiva, 2011.
105 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial: Direito de Empresa 23. ed. São Paulo:
Saraiva, 2011.
106 TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Teoria geral e direito societário, v. 1. 8. ed.
109 TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Teoria geral e direito societário, v. 1. 8. ed.
São Paulo: Atlas, 2017.
110 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial: Direito de Empresa 23. ed. São Paulo:
Em seu artigo 2º, inciso I, o Projeto de Lei nº 5.082/16, prevê os quatro tipos
societários abrangidos pela lei, quais sejam: Sociedade em Nome Coletivo, Sociedade
em Comandita Simples, Sociedade Limitada e Sociedade Anônima.
A sociedade em nome coletivo está prevista nos artigos 1.039 a 1.044115. Esta
sociedade possui origem na idade média, normalmente se tratavam de negócios
familiares onde os filhos seguiam a atividade do pai116. Conforme afirma Tomazette,
sua principal característica é: “Vale ressaltar que sempre se mantém, como traço
característico, o elemento da confiança mútua, do companheirismo entre seus
membros, vale dizer, tratasse de uma sociedade de pessoas.”117. Em relação a
responsabilidade de seus sócios, todos respondem de forma ilimitada perante suas
obrigações, bem como qualquer um dos sócios pode exercer função de administrador
e ter seu nome aproveitado na nomeação da empresa118. Dado o fato de que é uma
sociedade personalista119, no momento em que ocorre o falecimento do sócio, caso
não haja previsão contratual, a quota do falecido deve ser liquidada para que o
sucessor tenha direito de ingressar na sociedade.
Em se tratando da sociedade em comandita simples, a mesma esta prevista
nos artigos 1.045 a 1.051 do Código Civil120. Esse tipo de sociedade é extremamente
característica, pois conta com dois sócios, o sócio comanditário e o sócio
comanditado121. Sua origem esta ligada ao comércio marítimo realizado no
Mediterrâneo, nos séculos X-XI. Assim como a sociedade em nome coletivo, esta
também possui uma característica personalista, já que é uma sociedade de pessoas,
pois os sócios comanditados possuem responsabilidade ilimitada e a gestão da
115 BRASIL. Código Civil, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 08 jun. 2020.
116 TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Teoria geral e direito societário, v. 1. 8. ed.
122 TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Teoria geral e direito societário, v. 1. 8. ed.
São Paulo: Atlas, 2017. p.439..
123 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial: Direito de Empresa 23. ed. São Paulo:
128 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial: Direito de Empresa 23. ed. São Paulo:
Saraiva, 2011. P. 184.
129 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial: Direito de Empresa 23. ed. São Paulo:
136 TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Teoria geral e direito societário, v. 1. 8. ed.
São Paulo: Atlas, 2017.
137 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial: Direito de Empresa 23. ed. São Paulo:
fruição, são ações que foram totalmente amortizadas, estando o titular sujeito as
restrições e direitos das ações anteriores141.
Necessitando de investimento, as sociedades anônimas possuem a chance de
comercializarem os títulos supramencionados. O investimento pode ocorrer através
do mercado financeira, onde ocorre um empréstimo junto aos bancos, e no mercado
de valores mobiliários, em que as transações são realizadas com o chamado “público
investidor” 142.
A sociedade anônima e constituída por seus órgãos sociais, podem ser
designados outros no estatuto, mas os principais são: a assembleia geral, o conselho
de administração, a diretoria e o conselho fiscal.
O órgão mais importante é a assembleia geral, pois a mesma é composta por
todos os acionistas da sociedade, com ou sem direito a voto143. Sendo estabelecido
por lei, a obrigatoriedade de nos quatro primeiros meses do ano a ocorrência de uma
assembleia-geral ordinária para: tomar as contas dos administradores, examinar,
discutir e votar as demonstrações financeiras; deliberar sobre a destinação do lucro
líquido do exercício e a distribuição de dividendos; eleger os administradores e os
membros do conselho fiscal, quando for o caso; aprovar a correção da expressão
monetária do capital social144. Ademais, suas competências privativas elencadas pelo
art.142 da Lei 6.404, quais sejam: fixar a orientação geral dos negócios da companhia;
eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-lhes as atribuições, observado o
que a respeito dispuser o estatuto; fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a
qualquer tempo, os livros e papéis da companhia, solicitar informações sobre
contratos celebrados ou em via de celebração, e quaisquer outros atos; convocar a
assembléia-geral quando julgar conveniente, ou no caso do artigo 132; manifestar-se
sobre o relatório da administração e as contas da diretoria; manifestar-se previamente
sobre atos ou contratos, quando o estatuto assim o exigir; deliberar, quando
autorizado pelo estatuto, sobre a emissão de ações ou de bônus de subscrição;
autorizar, se o estatuto não dispuser em contrário, a alienação de bens do ativo não
141 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial: Direito de Empresa 23. ed. São Paulo:
Saraiva, 2011. P. 225-226
142 TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Teoria geral e direito societário, v. 1. 8. ed.
145 BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Art. 142. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6404consol.htm>. Acesso em: 20/11/2019
146 BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Art. 138. Disponível em:
149 BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Art. 163. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6404consol.htm>. Acesso em: 20/11/2019.
150 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial: Direito de Empresa 23. ed. São Paulo:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1452633&filename=PL+50
82/2016>. Acesso em: 13 jun. 2020.
49
Apesar de não realizar um uso amplo da Lei nº 6.404/76, em seu artigo 3º, o
projeto de lei exige a adequação dos regimes de informação previstos na lei
mencionada anteriormente e na Lei 9.615/98, bem como deve divulgar as seguintes
informações: informações relevantes sobre as atividades desenvolvidas, as estruturas
de controle, os fatores de risco, os dados econômico-financeiros, os comentários dos
administradores sobre o desempenho e as políticas e práticas de governança
interna156. Como forma de trazer mais transparência para o exercício das atividades,
impõe a divulgação, independente do modelo de sociedade, a divulgação por meio
eletrônico de forma pública informações como: a composição do capital,
especificadamente; informação acerca de alterações no quadro social,
especificadamente; e informação quando houver uma pessoa ou grupo que
represente o mesmo interesse ultrapassar, para mais ou para menos, porcentagens
acima de 5% de mesmas ações157. Ademais, como outra maneira de dar mais
154BRASIL. Projeto de Lei 5.082-A, de 24 de abril de 2019. Art. 1º. Disponível em: <
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1840430&filename=REDA
CAO+FINAL+-+PL+5082/2016>. Acesso em: 13 jun. 2020.
155BRASIL. Projeto de Lei 5.082-A, de 24 de abril de 2019. Art. 2º. Disponível em: <
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1840430&filename=REDA
CAO+FINAL+-+PL+5082/2016>. Acesso em: 13 jun. 2020.
156BRASIL. Projeto de Lei 5.082-A, de 24 de abril de 2019. Art. 3º. Disponível em: <
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1840430&filename=REDA
CAO+FINAL+-+PL+5082/2016>. Acesso em: 13 jun. 2020.
157BRASIL. Projeto de Lei 5.082-A, de 24 de abril de 2019. Art. 3º, §1º. Disponível em: <
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1840430&filename=REDA
CAO+FINAL+-+PL+5082/2016>. Acesso em: 13 jun. 2020.
50
credibilidade para a instituição, ordena a criação de um canal utilizado para que seja
efetuada qualquer tipo de denúncia acerca de possíveis ilegalidades158.
Ainda se amparando em artifícios criados pela Lei nº 6.404/76, novamente
independentemente da espécie de sociedade, casos de responsabilidade de prejuízos
ao patrimônio do clube será regido pela lei supracitada. Acerca da responsabilidade
do administrador na Lei da S.A, esclarece Tomazette:
Uma das inovações trazidas pela lei seria a criação de uma tributação única
para os clubes aderentes ao modelo, o Simples-Fut160. Nesse caso, os clubes
efetuariam o pagamento de mensal do valor equivalente a 5% da sua receita mensal,
sendo esse imposto único correspondente a: pagamento mensal unificado do Imposto
sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), da Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido (CSLL), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins)
e da Contribuição para o Programa de Integração Social e o Programa de Formação
do Patrimônio do Servidor Público (Contribuição para o PIS/Pasep) 161. Ademais, no
parágrafo quinto do artigo 7º, a lei prevê a dedução no imposto de gastos referentes
determinados projetos:
158BRASIL. Projeto de Lei 5.082-A, de 24 de abril de 2019. Art. 3º, §2º. Disponível em: <
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1840430&filename=REDA
CAO+FINAL+-+PL+5082/2016>. Acesso em: 13 jun. 2020.
159TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Teoria geral e direito societário, v. 1. 8. ed.
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1840430&filename=REDA
CAO+FINAL+-+PL+5082/2016>. Acesso em: 13 jun. 2020.
161BRASIL. Projeto de Lei 5.082-A, de 24 de abril de 2019. Art. 7º. Disponível em: <
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1840430&filename=REDA
CAO+FINAL+-+PL+5082/2016>. Acesso em: 13 jun. 2020.
51
Outro benefício trazido pela lei é o regime especial para a quitação dos débitos
das entidades desportivas de dívidas referentes à tributos ou não, no qual há quatro
modalidades de pagamento. A primeira opção se trata de um pagamento em parcela
única com a redução de noventa e cinco por cento em relação a multas, sessenta e
cinco dos juros de mora e cem por cento de encargos legais; a segunda em três
parcelas mensais com a redução de noventa e quatro por cento em relação a multas,
sessenta e quatro por cento dos juros de mora e cem por cento de encargos legais; a
terceira em seis parcelas mensais com a redução de noventa e dois inteiros e
cinquenta centésimos por cento em relação a multas, sessenta e dois inteiros e
cinquenta centésimos por cento dos juros de mora e cem por cento de encargos
legais; e em doze parcelas mensais com a redução de noventa por cento em relação
a multas, sessenta por cento dos juros de mora e cem por cento de encargos legais163.
Ademais, existe a previsão acerca das dívidas relacionadas especificamente com a
União:
162BRASIL. Projeto de Lei 5.082-A, de 24 de abril de 2019. Art. 7º, §5º. Disponível em: <
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1840430&filename=REDA
CAO+FINAL+-+PL+5082/2016>. Acesso em: 13 jun. 2020.
163BRASIL. Projeto de Lei 5.082-A, de 24 de abril de 2019. Art. 12. Disponível em: <
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1840430&filename=REDA
CAO+FINAL+-+PL+5082/2016>. Acesso em: 13 jun. 2020.
164BRASIL. Projeto de Lei 5.082-A, de 24 de abril de 2019. Art. 20. Disponível em: <
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1840430&filename=REDA
CAO+FINAL+-+PL+5082/2016>. Acesso em: 13 jun. 2020.
52
Esta Lei veio para substituir a antiga legislação brasileira sobre as empresas
em crise, alterando a orientação predominante para a busca da recuperação
das empresas ao invés da buscada a sua liquidação. Nesta legislação, há
disposições gerais aplicáveis aos três institutos, disposições comuns à
falência e à recuperação judicial e disposições específicas para cada um
deles. Dentro dessa organização, vale apena destacar, inicialmente, as
disposições gerais da Lei nº 11.101/2005165.
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1840430&filename=REDA
CAO+FINAL+-+PL+5082/2016>. Acesso em: 13 jun. 2020.
167BRASIL. Projeto de Lei 5.082-A, de 24 de abril de 2019. Art. 27, §3º. Disponível em: <
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1840430&filename=REDA
CAO+FINAL+-+PL+5082/2016>. Acesso em: 13 jun. 2020.
168VACÇÃO DA SILVA CARVALHO, Luiz Eduardo Comentários à Lei 11.101/05: recuperação
5 CONCLUSÃO
Evidente o avanço do futebol desde sua chegada no país até o momento atual,
principalmente nos últimos vinte anos. Em face disso, foi necessária a criação de
mecanismos que pudesse controlar as movimentações milionárias efetuadas pelos
clubes de futebol, de forma a trazer credibilidade, visando o aumento das dívidas
acumuladas, para um mercado extremamente delicado como é o esporte. Através
disso, trazendo uma facilitação de controle e fiscalização por parte do governo, de
modo a gerar repercussões das ações realizadas por gerentes e gestões mal
executadas.
Foram diversas as tentativas realizadas pelos legisladores visando a
implantação de um modelo facilitador. Todavia, sempre houveram excessos nas
tentativas. Legislações são diferentes de país para país e simplesmente implementar,
como tentou a Lei Pelé, a transformação dos clubes em empresas, como os clubes
são geridos desde sempre na Inglaterra, não era solução. Fica latente a tentativa de
somente pegar um modelo sem adaptar as necessidades, pois a própria lei atentava
a autonomia desportiva disposta na Constituição pátria.
Após anos sem legislação acerca do tema, somada a dívidas acumuladas pelos
clubes, sem nenhuma perspectiva de pagamento, e inabilidade de manter elencos
expressivos, se mostrou necessária uma nova tentativa de modernizar o futebol
nacional. Diante disso, foi apresentado um modelo que se adaptasse as necessidades
do futebol nacional. O primeiro texto do Projeto de Lei demonstrou seguir no mesmo
caminho das legislações anteriores, pois trazia um modelo extremamente parecido
com a SAD portuguesa, trazendo certas especificidades acerca de regime tributário,
direitos de preferência, veto e etc.
A evolução normativa, ou a não evolução, em outros países se mostra
extremamente típica. Dos sistemas analisados o único que não apresenta evolução é
o da Inglaterra. Esse que é o grande empurrão para os outros países, sempre existiu
do modo que é até hoje. A evolução no modo de tratar o futebol em inglês foi a
glamorização, com a consequente entrada de capital estrangeiro que foi o real motor
para se tornar o que é atualmente.
A situação brasileira acaba sendo uma soma de outros dois modelos
apresentados, o da Colômbia e de Portugal. O Brasil, atualmente, vive uma crise de
credibilidade, onde não é possível afirmar que com investimentos grandes serão