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CURITIBA
2022
NATHÁLIA CRISITNA WOS MARTINS
CURITIBA
2022
NATHÁLIA CRISTINA WOS MARTINS
_________________________
Prof. Dr. Sandro Mansur Gibran
Orientador
_________________________
Prof.ª Membro da Banca Karin Bório
The present study do you want to demonstrate that football clubs nowadays
should no longer be considered a non-profit civil society, but rather become a Club
Company as they fit into a business activity, since it aims to the profit. The present
work will make a brief comparison with foreign teams in order to demonstrate that it is
a model that has already demonstrated success in other countries. It will explain Bill
5516/2019 so that any misinterpretations of the text of the Law can be remedied. It will
also be analyzed the step by step of a transformation into a joint-stock company of
football, the process and consequences of opening the capital of a S.A., the process
and consequences of a possible judicial recovery and bankruptcy in a company club,
and also a brief exposition about a possible new item of suspicion and impediment of
judges. With the conclusion that the transformation is a solution for football clubs in
relation to their greater professionalization.
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 11
2. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS .......................................................................... 13
2.1. Associação sem fins lucrativos x Sociedade Empresária ................................ 13
2.2. Histórico Legislativo sobre Clube Empresa ..................................................... 14
2.3. A estrutura do clube de futebol como Associação e seu Estatuto ................... 15
3. A MODERNIZAÇÃO DO FUTEBOL EM AMBITO INTERNACIOAL.............. 18
3.1. Inglaterra ......................................................................................................... 18
3.2. Alemanha ........................................................................................................ 19
3.3. Itália ................................................................................................................. 20
3.4. Portugal ........................................................................................................... 20
4. A MODERNIZAÇÃO NO BRASIL................................................................... 22
4.1. A constituição da Sociedade Anônima do Futebol .......................................... 23
4.2. Administração da Sociedade Anônima do Futebol .......................................... 27
4.3. Financiamento e Tributação das Sociedades Anônimas do Futebol ............... 30
4.3.1. A problematização da Lei 14.193/2021 ........................................................... 32
5. AS AÇÕES DA SOCIEDADE ANÔNIMA DO FUTEBOL ............................... 34
5.1. Companhias de Capital Aberto e Fechado ...................................................... 34
5.2. Diferentes valores das ações .......................................................................... 35
5.3. Tipos de acionistas .......................................................................................... 37
5.4. As ações na SAF ............................................................................................. 38
5.4.1. A abertura do capital das SAF ......................................................................... 40
5.4.2. Os Pros e Contras da abertura do capital ....................................................... 45
6. A POSSIBILIDADE DE FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL NO
FUTEBOL ................................................................................................................. 50
6.1. Recuperação judicial ....................................................................................... 51
6.2. Falência ........................................................................................................... 54
6.3. O risco de suspeição e impedimento do julgador ............................................ 59
7. CONCLUSÃO ................................................................................................. 62
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 64
11
1. INTRODUÇÃO
dos juristas estarem prontos para possíveis atuações dentro dessa nova área
societária, sendo de suma importância estarem cientes acerca desta transformação.
2. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Mas por que um clube de futebol ainda é considerado uma associação sem
fins lucrativos, uma vez que hoje a atividade já passa a ser econômica? Para
responder a esta pergunta é necessário compreender o cenário de vários anos atrás.
As chamadas “entidades desportivas” – nome técnico atribuído a um clube de futebol
– surgiram de uma união de pessoas que tinham o interesse em comum de praticar o
futebol apenas pelo gosto ao esporte, sem nenhum objetivo econômico ou social,
levando em conta que naquela época quem custeava os gastos do futebol, eram os
próprios associados do clube3, e não se tinham patrocinadores ou investidores como
se tem hoje. Por isso ainda são considerados como associações civis, pois foi o
primeiro formato de um clube que até hoje perdura.
A primeira lei que cita a ideia de Clube Empresa criada no Brasil foi a Lei
Zico (Lei 8.672/93), posteriormente veio a Lei Pelé (Lei 9.615/98) cujo trouxe
aperfeiçoamento a legislação anterior, e foi a primeira a abordar a falência no mundo
desportivo, porém, com a problemática da obrigatoriedade dos clubes de futebol se
tornarem clube empresa, a Lei 9.981/00 revogou o artigo da Lei Pelé que trazia esse
4TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial: Teoria Geral e Direito Societário. 9ª Edição.
São Paulo: Saraiva Jus, 2018. Página 67.
15
Por fim, foi criado o Projeto de Lei 5516/19 pelo Senador Rodrigo Pacheco
(DEM/MG), cujo “Cria a figura da Sociedade Anônima do Futebol, cuja atividade
principal consiste na prática do futebol em competições profissionais, define seu
financiamento, administração, governança e controle; e estabelece regime especial
de apuração de tributos federais aplicável à espécie7.” Ou seja, nos traz um ramo
totalmente novo de sociedade, criada especificamente para o futebol, concretizando
então a ideia da profissionalização antes mencionada necessária.
Página 9.
16
Por fim, a Diretoria de um clube merece maior atenção, pois além de ser o
único órgão que pode receber uma remuneração, ela própria a define,
descaracterizando o conceito de “sem fim lucrativo”. Alguns especialistas dizem que
a possibilidade dá Diretoria obter remuneração seria por conta da terceirização da
função, e por ser uma parte totalmente atuante dentro do clube, tem a possibilidade
também de contratar funcionários para composição do quadro interno da mesma. As
funções da Diretoria se baseiam em prestar contas do clube, fiscalizar, dar parecer e
avaliar as contas de orçamento, acarretando no problema de que ela própria fiscaliza
seus próprios atos, pois isso deveria ser exclusivamente responsabilidade do
Conselho Fiscal.10
estrutura organizacional dos clubes de futebol brasileiros: o que dizem os estatutos? Revista de
Contabilidade e Organizações, [S. l.], v. 11, n. 31, p. 47-57, 2018. DOI: 10.11606/rco. v11i31.134462.
Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rco/article/view/134462. Acesso em: 1 out. 2021. Página 54
11 BRASIL. Estatuto da Confederação Brasileira do Futebol – CBF. 2021. Disponível em:
3.1. Inglaterra
3.2. Alemanha
Apesar de ter-se tomado como exemplo dois grandes times para mostrar
que o modelo de Clube Empresa, sendo ele total ou hibrido, pode se perceber que é
um investimento de certa forma certeiro ao nível de serem foco de grandes empresas
internacionais, diferente da Inglaterra, na Alemanha, a maioria dos clubes ainda são
formados como associações. Nesse parâmetro observa-se que mesmo a Alemanha
sendo um país de primeiro mundo e mais rico que a Inglaterra no âmbito econômico,
nos momentos de disputa de compras de jogadores, e até mesmo dos campeonatos
do futebol, os times ingleses se sobressaem em razão de seu maior profissionalismo
organizado como empresa, questão essa que diversas vezes faz os times alemães
13GUSSO, Felipe. A Modernização do Futebol Brasileiro por Meio do Direito Societário Empresarial.
Página 23 e 24
20
repensarem se permanecer como associações por conta da tradição social dos times,
ainda é uma característica positiva.
3.3. Itália
3.4. Portugal
14GUSSO, Felipe. A Modernização do Futebol Brasileiro por Meio do Direito Societário Empresarial.
Página 16 e 17.
21
4. A MODERNIZAÇÃO NO BRASIL
15 CAMPINHO, Sérgio. Curso de Direito Comercial: Sociedade Anônima. 4ª Edição. São Paulo.
Editora Saraiva Jus. 2019. Página 30.
16 CAMPINHO, Sérgio. Página 31.
23
limitada. Mas como uma associação sem fins lucrativos se tornaria uma sociedade
anônima do futebol? O art. 2º do Projeto de Lei 5516/1918 nos sana esta indagação:
“Em primeiro lugar, todo o capital social fixado tem que ser
subscrito por pelo menos duas pessoas, isto é, pelo menos duas
devem se comprometer a pagar todo o capital social. Não há,
nesse momento, a obrigação de se pagar todo o capital social,
18 BRASIL. Senado Federal. Projeto de Lei 5516 de 2019. Cria o Sistema do Futebol Brasileiro,
mediante tipificação da Sociedade Anônima do Futebol. Brasília: Senado Federal. Disponível em:
<https://legis.senado.leg.br/sdleg-
getter/documento?dm=8025061&ts=1634829035884&disposition=inline>
19 Artigo 2º, §2 – Projeto de Lei 5516/19
20 TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial: Teoria Geral e Direito Societário. 9ª Edição.
21 As ações de Classe A podem ser classificadas como as ações ordinárias do mercado Americano.
São acompanhadas de mais direitos de voto que as ações de Classe B e geralmente são atribuídas a
alta administração de uma companhia, como os fundadores originais de uma determinada companhia
ou até CEO's. – BANONI, Breno. Classe A das Ações Americanas. Investing.com. Disponível em:
<https://br.investing.com/analysis/classe-a-de-acoes-americanas-class-a-shares-200433592>.
Acessado em 20 de nov. 2021;
22 Artigo 2º, §2º, VIII – Projeto de Lei 5516/19;
23 TOMAZETTE, Marlon. Página 462.
24 Art. 27. As entidades de prática desportiva participantes de competições profissionais e as entidades
redação conferida pelo art. 34 da Lei 14.193/2125, assim os associados do antigo clube
de futebol no formato de associação sem fins lucrativos, se torna um acionista da
SAF.26
Como exemplo fático disso, temos o time Athletico Paranaense, que está
cada vez mais próximo de se tornar uma sociedade anônima e já realizou a devida
convocação de seus associados para realizar a devida votação.27
<https://www.athletico.com.br/noticia/edital-de-convocacao-assembleia-geral-extraordinaria/>. Acesso
em 20 de nov. de 2021;
28 Assembleia Geral Extraordinária 2021: Proclamação dos Votos. Athletico.com, 2021. Disponível
em: <https://www.athletico.com.br/noticia/assembleia-geral-extraordinaria-2021-proclamacao-do-
resultado/>. Acesso em 20 de nov. de 2021.
27
correm o risco de levar o clube a falência, do mesmo jeito que boas decisões podem
fazer o clube se tornar um dos mais ricos facilmente.
O projeto de Lei em seu art. 5º, §2º também afirma que enquanto o Clube
for acionista único da SAF, o conselho de administração deverá ser composto de
conselheiros independentes, adotado assim o conceito de independência para
companhias de capital aberto da Comissão de Valores Mobiliários32.
Pode-se observar que o projeto de lei trouxe grandes mudanças até mesmo
para a administração e acionistas, seguindo por um caminho de maior transparência
que nos modelos atuais não se vê. A transparência é de suma importância pois desta
forma, além da fiscalização dos órgãos direcionados para isto, tem-se a fiscalização
dos próprios torcedores do time e interessados.
32 NOTA EXPLICATIVA À INSTRUÇÃO CVM Nº 308, DE 14 DE MAIO DE 1999 – é dito que é de suma
importância que se tenha auditores independentes, não se trata de uma nova função, mas sim de uma
maior liberdade de fiscalização dos auditores. Disponível em:
<https://sistemas.cvm.gov.br/port/snc/inst308.asp> Acesso em 21 de nov. de 2021.
33 Artigo 5º, §8 – Projeto de Lei 5516/19.
30
empresas, era necessário algo que fosse adaptável ao mundo do futebol cujo boa
parte dos lucros depende do quantos jogos vencerá.
Desta forma, por mais que o ambiente do futebol não seja totalmente
estável, por se dar segurança aos investidores, por ventura chama-os a atenção, o
que atrai mais investidores para os times, assim os projetos desejados conseguem
ser realizados, trazendo mais melhorias aos times.
O projeto de lei traz a debenture-fut como uma nova e melhor opção para
as Sociedades Anônimas do Futebol, porém, também permite que sejam realizados
qualquer outro título ou valor mobiliário prevista pela CVM, mesmo que não seja
desenvolvido para atividade futebolística.
3535BRASIL. Senado Federal. Projeto de Lei 5516 de 2019. Cria o Sistema do Futebol Brasileiro,
mediante tipificação da Sociedade Anônima do Futebol. Brasília: Senado Federal. Disponível em:
<https://legis.senado.leg.br/sdleg-
getter/documento?dm=8025061&ts=1634829035884&disposition=inline>
36 MASCARI, Felipe. Clube-empresa é “mau negócio” mas projeto ganha força no mercado. Rede
o time que terá que gastar mais dinheiro, entretanto, a cobrança de impostos acaba
por trazer maior segurança fiscal. Vejamos, no Brasil sonegar impostos é um crime,
ultrapassa muito mais do que apenas deixar de pagar uma taxa de cobrança, como o
fato do não pagamento se torna mais sério, o Clube Empresa se vê em uma posição
de obrigatoriedade de realizar o pagamento, e ainda mais de manter a transparência
para onde vai todo o capital que entrou no clube. A segurança fiscal mencionada, quer
dizer que, tudo ficará regularizado, e tanto investidor quanto acionista, quanto
torcedor, terá um vislumbre maior do que acontece com o capital do clube,
consequentemente podendo fiscalizar isso também.
Nesta lei, foi criado o Regime Centralizado de Execução (RCE), este teria
o objetivo de fazer com que a SAF, ao ser constituída ficasse livre das dívidas
pertencentes ao clube em formato de associação civil, assim, caberia ao clube original
pagar estas dívidas. O RCE foi criado pensando diretamente nos credores, para que
eles possuíssem a segurança de receber o que lhes é devido, além disso, o RCE criou
um ambiente excepcional aos devedores, com novos prazos e procedimentos para a
quitação dos débitos, justamente para incentivar os clubes a se transformarem em
S.A. e não deixarem de pagar suas dívidas37, o que seria um bom tanto para credor
como para devedor, o primeiro teria a segurança de recebimento e o segundo tempo
hábil para pagamento.
37
MANSSUR, José e AMBIEL, Carlos. Clubes brasileiros não podem usar Lei da SAF para
institucionalizar o calote. Conjur, 2021. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2021-nov-
23/opiniao-nao-usar-lei-saf-institucionalizar-calote>. Acesso em 21 de nov. de 2021.
38 BRASIL. Lei 10.193/21 de 6 de agosto de 2021. Sociedade Anônima do Futebol.
33
Foi exposto acima, como de fato seria a transformação do clube para uma
sociedade anônima do futebol, e como ela funcionaria, porém, é de conhecimento
geral, que uma sociedade anônima, funciona no sistema por ações, até mesmo é
conhecida como uma sociedade por ações, e não uma sociedade de pessoas,
justamente pelo fato do capital social ser dividido em ações, e não ser necessário a
autorização de sócios para que se possa comprar uma. Antes de adentrar na
problemática das ações do futebol, vamos analisar o que é uma ação. Aos olhos de
Marlon Tomazette:39
Uma vez explicado do que se trata uma ação, e de conhecimento que ela
de fato é sobre valores e investimento, podemos adentrar rapidamente sobre os tipos
O valor nominal será referente ao valor mínimo que cada subscrito 43 ,irá
pagar naquela determinada ação, e esse valor mínimo é obtido em relação ao capital
social, ou seja, dependendo do valor do capital social daquela empresa, o valor
nominal sofrerá alterações. O valor nominal não é de fato uma obrigatoriedade das
ações, os acionistas devem mencionar no estatuto da SAF se as ações terão esse
valor ou não, vale ressaltar que por mais que optem por não incluir este valor, isso
não quer dizer que as ações não terão um valor mínimo, e sim que apenas o valor não
estará escrito nos créditos.
balanço como base, desta forma, foi criada a distinção de valor real e contábil do
patrimônio, o primeiro levaria em conta o valor de mercado, e o segundo o valor
constante nas demonstrações financeiras.
Assim, pode-se concluir que para que as ações possam ter seus valores
concretos, é necessário que a sociedade anônima esteja funcionando por um
determinado período de tempo, ou seja, além de ser necessário certos dados para
definição dos valores, são também necessários os acionistas.
As espécies de valores das ações são de suma importância para saber que,
dependendo do quanto será pago, ou da porcentagem que tiver da ação, será o
tamanho da responsabilidade e o quanto o acionista poderá interferir na sociedade.
de ações preferencias, não tem direito a voto e para suprir isto, possuem alguns
privilégios e vantagens (prioridade no recebimento do dividendo e no reembolso) e
são destinadas a gestão da companhia.
IV - as cédulas de debêntures;
V - as cotas de fundos de investimento em valores mobiliários
ou de clubes de investimento em quaisquer ativos;
VI - as notas comerciais;
VII - os contratos futuros, de opções e outros derivativos, cujos
ativos subjacentes sejam valores mobiliários;
VIII - outros contratos derivativos, independentemente dos ativos
subjacentes; e
IX - quando ofertados publicamente, quaisquer outros títulos ou
contratos de investimento coletivo, que gerem direito de
participação, de parceria ou de remuneração, inclusive
resultante de prestação de serviços, cujos rendimentos advêm
do esforço do empreendedor ou de terceiros.
institucionais disciplinadas pela Lei das S.A. nº 6404/76, bem como realizar o pedido
de registro de companhia aberta da Comissão de Valores Imobiliários (CVM),
portanto, é amparado legalmente pela a Instrução CVM n°400/03.
47 CLARK, Ivan e ALVES, Fernando. Como abrir o capital da sua empresa no Brasil. São Paulo,
2011. Página 43. Disponível em: https://www.pwc.com.br/pt/publicacoes/assets/brasil-ipo-guide-
2014.pdf. Acesso em 23 de nov. de 2021.
48 Governança corporativa: o que é e a quem se aplica. Remessa Online, 2021. Disponível em:
https://www.remessaonline.com.br/blog/governanca-corporativa-o-que-e-e-a-quem-se-
aplica/?utm_id=8625638102&matchtype=b&placement=&adgroupid=87163560379&loc_interest_ms=
&loc_physical_ms=9102033&network=g&target=&adposition=&utm_source=google&utm_medium=cp
c&utm_campaign=RM_Search_Desk_DSA_Blog_PF&utm_term=&utm_content=557039173408&gclid
=CjwKCAiA4veMBhAMEiwAU4XRr73GkTG6_t_EtlZeeOhS8F6ngdnsU6PiFDzAgqk1sACLE7E22b8br
xoCAJMQAvD_BwE. Acesso em 23 de nov. de 2021.
49 Due diligence é o levantamento de vários tipos de informações sobre uma empresa que pode
Para uma SAF, caso decida por abrir o capital, esta preparação com
assessoria especializada será fundamental para que o processo se encaminhe
corretamente e conforme a lei, além de que, os clubes de futebol recém transformados
em sociedade anônima, não teriam o conhecimento nem a preparação necessária
para entrar no mercado da bolsa de valores, pode até se dizer que este processo de
preparação supracitado, em uma SAF levaria mais tempo, para assim criarem uma
base firme neste início para futuramente não sofrerem com problemas.
Após a preparação, será colocado em prática tudo que foi discutido pelos
grupos internos e externos, toda a documentação analisada e gerada pelos grupos
envolvidos, serão apresentadas junto a Comissão de Valores Mobiliários com o pedido
de registro para ser uma companhia aberta, se todos os documentos estiverem
corretos e não ser necessário nenhum adicional é realizado o registro em companhia
aberta, caso tenham documentos com informações erradas ou solicitados
documentos adicionais e a companhia não os apresentar, o pedido de registro é
negado.52
52 CLARK, Ivan e ALVES, Fernando. Como abrir o capital da sua empresa no Brasil. São Paulo,
2011. Página 55. Disponível em: https://www.pwc.com.br/pt/publicacoes/assets/brasil-ipo-guide-
2014.pdf. Acesso em 23 de nov. 2021.
53 CLARK, Ivan e ALVES, Fernando. Como abrir o capital da sua empresa no Brasil. São Paulo,
Como foi possível observa, a abertura do capital não é algo simples e fácil,
mas sim algo complexo e difícil, porém não impossível. Para um clube de futebol
recém transformado em sociedade anônima sofreria drásticas mudanças até chega
no ponto desejado.
55 CLARK, Ivan e ALVES, Fernando. Como abrir o capital da sua empresa no Brasil. São Paulo,
2011. Página 57. Disponível em: https://www.pwc.com.br/pt/publicacoes/assets/brasil-ipo-guide-
2014.pdf.
56 A palavra “compliance” vem do verbo em inglês “to comply”, que significa agir de acordo com uma
aquelas que possam afetar de forma negativa o preço das ações. Ao abrir o capital, é
totalmente obrigatório, sem exceção, divulgar as informações do que está
acontecendo dentro daquela companhia e até mesmo informações externas que
venham a afeta-la, será necessário publicar tanto seus ganhos como suas perdas,
assim como informações que possam a vir prejudica-la. Nos modelos de clubes de
futebol como associações, não é costumeiro essa grande divulgação do que acontece
no interno, inclusive é comum “abafar” certos casos que saibam que possa prejudica-
los. A obrigatoriedade da divulgação se torna um contra pois não terão escolha a não
ser a plena transparência, porém, em parte também pode ser considerado um pró,
uma vez que para quem está investido seu próprio dinheiro em um negócio, é
tranquilizador saber que não terão surpresas em relação ao investimento.
Uma solução aos contras citados, seria a espera, por exemplo, assim que
o clube de futebol em modelo de associação civil sem fins lucrativos se transformasse
em uma sociedade anônima do futebol, ela não iria de imediato buscar a abertura do
capital, e sim, esperaria um determinado período de tempo para que se adaptasse ao
novo modelo de empresa, conquistasse espaço como uma SAF, fizesse uma
estratégia de se mostrar confiável, transparente, responsável com as finanças e se
ser um bom investimento, a fim de chamar atenção dos investidores para assim que
abrisse o capital, já teriam investidores de renome interessados.
Com toda certeza a abertura do capital não traz apenas contras, mas
também prós, caso contrário ninguém se interessaria por este nicho. O jornal de
associações do comercio de São Paulo, traz os principais prós sobre a abertura do
capital.
48
57 DEBRES, Felipe Stechman. Abertura de capital em Clubes de Futebol. 2009. 68 folhas. Trabalho
de Conclusão de Curso. Curso de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto
Alegre/RS. Disponível em:
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/26772/000748750.pdf?sequence=1
50
58BERTOLDI, Marcelo e RIBEIRO, Marcia Carla Pereira. Curso Avançado de Direito Comercial. 9ª
Edição. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2015. Página 496.
51
59 ANDRETTA, Felipe. Recuperação Judicial e Falência com novas regras. Uol, 2021. Disponível
em: https://economia.uol.com.br/guia-de-economia/recuperacao-judicial-empresa-falencia-fases-
processo.htm. Acesso em 24 de nov. 2021.
60 BRASIL. Lei 11.101/05 de 9 de fevereiro de 2005. Lei de Recuperação e Falência.
52
O clube que precisar e desejar entrar com recuperação judicial, deverá ter
em mente o processo que passará, e que é algo sério para de fato quitar suas dívidas,
e não apenas um adiamento de cobranças. Para entender como é o processo de
recuperação judicial, vejamos o fluxograma:
em: https://economia.uol.com.br/guia-de-economia/recuperacao-judicial-empresa-falencia-fases-
processo.htm. Acesso em 24 de nov. 2021.
54
6.2. Falência
Além do fato de que deve ser solicitado apenas em último caso, não é
qualquer indivíduo que pode requer falência, o art. 97 e seus incisos da Lei
11.101/0566, traz em seu rol quem tem a legitimidade de fazer o pedido:
I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título
ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos
na data do pedido de falência;
II – executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens
suficientes dentro do prazo legal;
III – pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperação judicial:
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou fraudulento para
realizar pagamentos;
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar
credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou
não;
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os credores e
sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo;
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislação ou a
fiscalização ou para prejudicar credor;
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens livres e
desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores,
abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu
principal estabelecimento;
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação judicial.
69TOMAZETE, Marlon. Curso de Direito Empresarial. Falência e Recuperação de Empresas. 7ª
No caso do pedido ser feito por terceiro, será apresentado petição inicial ao
juízo competente, se necessário será sanado eventuais irregularidades, e feito a
citação do devedor, a postura que ele escolher tomar irá indicar o caminho que o
processo irá. Uma vez citado o devedor pode apresentar recuperação judicial, efetuar
deposito elisivo, contestar o pedido em 10 dias, se manter inerte ou reconhecer o
pedido.71
de todos os credores da massa falida para que recebam de acordo com a ordem legal
de preferencias. É importante destacar que a sentença que decreta a falência,
determina também que seja suspenso toda e qualquer ação e execução que se tenha
contra o falido, para que seja evitado que algum credor receba antes, fora do processo
de falência.
Apesar do processo de falência ser algo sério e que sim, poderá fazer com
que o clube feche as portas e deixe de existir, nem sempre será assim. Em território
europeu temos alguns exemplos de times que foram decretados falidos, mas que
tiveram o apoio de uma administração profissional e hoje são ótimos times.
Como segundo exemplo nota-se o time argentino Racing, que hoje possui
18 títulos vitoriosos em campeonatos de futebol, em 1999 teve sua falência decretada
em decorrência de uma dívida que chegava aos 30 milhões de dólares, porém, como
um último ato de apelo, a diretoria do time resolveu ignorar a sentença de falência e
abrir as portas do estádio para a torcida no jogo que aconteceria no dia seguinte, mais
de 30 mil torcedores compareceram naquele dia, assim, a juízo voltou atrás de sua
decisão de decretação de falência, dando uma segunda chance ao time, que
conseguiu se reerguer ano após ano, apenas em 2008 deu-se fim ao processo de
59
falência, mas nos tempos atuais o time se encontra na série A ocupando boas
posições nos campeonatos.73
O fato complicado desta situação, é que mesmo que seja incluso em lei que
ser um torcedor fanático, seria um caso de suspeição e impedimento em processos
em que uma das partes seja um time rival ao do juiz, ou ele tenha desafeto por aquele
time, seria conseguir comprovar que o caso se enquadraria na hipótese de
impedimento, ou garantia de que o juiz perceberia sua suspeição por sua própria
autoanalise.
Por enquanto, não há uma solução que seja viável e eficaz para o problema
apresentado, o que faz com que fiquemos dependentes que o juiz cumpra com o
princípio de boa-fé e principalmente de imparcialidade, para que analise o caso
concreto, e que perceba que ao se encontrar nesta situação, deve declarar sua
suspeição.
62
7. CONCLUSÃO
Assim, é considerado o melhor meio, não por ser a salvação dos times,
mas sim pelo grau elevado de profissionalidade e visibilidade que os times ganham
perante aos patrocinadores, sendo eles nacionais ou estrangeiros, justamente pela
SAF exigir do clube maior seriedade quanto a sua gestão, finanças e transparência
quanto seus atos e ações.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Senado Federal. Projeto de Lei 5516 de 2019. Cria o Sistema do Futebol
Brasileiro, mediante tipificação da Sociedade Anônima do Futebol. Brasília: Senado
Federal. Disponível em: https://legis.senado.leg.br/sdleg-
getter/documento?dm=8025061&ts=1634829035884&disposition=inline
CLARK, Ivan e ALVES, Fernando. Como abrir o capital da sua empresa no Brasil.
São Paulo, 2011. Página 43. Disponível em:
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