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T912
v.81
DEDALUS - Acervo - FFLCH-HI
A emocao corinlhians.
'rOMBO: 11959'7
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SBD-FFLCH-USP
IWS3
40 anos de bons livros
r
Copyright ©Juca Kfouri
Capa:
Newton Mesquita
Revisão:
Elvira da Rocha
Vladimir A. Sachetta ÍNDICE
~os
\~j;) PRIMEIRA PARTE
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II Perdão, objetividade 7
A glória que Pelé não teve 10
No Mineirão nunca mais 14
b Ob 10 60·t/ 11
No Maracanã nunca mais 17
• E no Morumbi? Bem, no Morumbi... 19
No Beira-Rio nunca mais . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 22
Um é ótimo, dois é estupendo, três é magnífico. 2S
'+tr Não chorem por mim, Osmar e Mauro . . . . . . .. 30
a fantasma corintiano .. . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 32
a Corinthians precisa ser explicado? ... . . . . .. 34
SEGUNDA PARTE
1lP
editora brasiliense s.a.
01223 - r. general jardim, 160
a torcedor dentro do campo. . . . . . . .. . . . . . . .
A pequena grande história. . . . . . . . . . . . . . . . ..
42
S9
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Gol de Basílio. Gol da libertação.
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A Emoção Corinthians 11
o algoz só não teve um orgulho. "que pena", "azar seu" ou ·"bem feito.). •
A Emoção Corinthians 15
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20 Juca Kfouri
A Emoção Corinthians 21
líssima. I-
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A promessa de não ir ao Maracanã foi mantida ::;;
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a duras penas, e se arrependimento matasse ... o
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Mas o Beira-Rio ainda não tinha sido alvo de ..:
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semelhante homenagem. Ainda. w
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A invasão do Maracanã.
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24 Juca Kfouri
férias dos jogadores, quando o entrosamento do con- não explicava por que então um era campeão mun-
junto inimigo já não pudesse ser o mesmo do final da dial e o outro estava na Taça de Prata.
Por conta da petulância, tome pau.
temporada.
Mas são insondáveis os mistérios do futebol. O
A artimanha deu certo, certíssimo. Ganhamos
Corinthians não só arrancou-se logo da Taça menor
dos palmeirenses nas semifinais e fomos pegar outra
como acabou a de Ouro em honroso terceiro lugar,
vez a Ponte Preta, pobre dela.
numa metamorfose nunca antes imaginada, benefi-
Não houve sofrimento, então. A primeira par-
ciado pelo regulamento que permitia tais peraltices e
tida ficou num proyidencial O a O e, na segunda, a
por uma garra comovente.
dupla formada pelo agora renomado Doutor Sôcra-
O Campeonato Paulista foi sopa. O Corinthians
tes e Palhinha liquidou a pinimba com um golaço de
ganhou o primeiro turno com três rodadas de ante-
cada um.
cedência, perdeu o segundo no olho mecânico para o
Surgiram dois lemas na cidade: "Ano sim, ano
não, Corinthians campeão" e "Já tô com o saco cheio São Paulo e foi ganhar sua primeira decisão, em 28
anos, contra um grande, velho rival,
de ser campeão".
O resto daquele ano que começara tão bem pas- Tudo saiu como devia. 1 a O, gol de Sócrates, no
sou inteiramente sem novidades dignas de registro. primeiro jogo, e 3 a 1 no último, com dois gols de
Veio 1981. Ano de sim, pois não. Biro-Biro e um de Casagrande. O estádio tricolor,
Um descuido imperdoável, no entanto, levou a palco das finais, passou a ser chamado de Morurn-
nau corintiana ao naufrágio total, incapaz até de biro e o cartão de Natal chegou à redação de Placar
classificar-se para a Taça de Ouro do ano seguinte. irônico, ferino, feliz:
Era preciso mudar, apagar os resquícios pré-histô- "Porque não queremos ser um Flamengo." As-
sinado, "Adílson".
ricos que teimavam conviver no Parque São Jorge.
O começo de 1982 encontrou o glorioso em si-
tuação humilhante. Não restava outra alternativa
que não a de disputar a Taça de Prata. "Por que o
Corinthians não é um Flamengo?", perguntava opor-
tunamente a revista Placar, para obter a atrevida
resposta do jovem e barbudo diretor de futebol Adíl-
son Monteiro Alves: "Time por time somos melho-
res".
Verdade que ele, um sociólogo nas horas vagas,
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A Emoção Corinthians 31
Jl
A Emoção Corinthians 33
o CORINTHIANS PRECISA
SER EXPLICADO?
Sôcrates, mas é para o último que sobram as ridí- tentando ajustar o cinto. Tanto bastou para ser re-
culas acusações de subversão e etc. preendido pelo árbitro que julgou que o craque esti-
Será interessante conhecer, primeiramente, es- vesse dramatizando uma falta comum. Indignado,
tes três ídolos nascidos, criados e revelados no Corin- Neco gesticulou com o cinto na mão e deu a impressão
thians, pois eles representam a massa dentro do aos torcedores de que ele pretendia agredir o juiz.
campo e são por ela reverenciados. A época de Neco, o futebol era ainda um esporte
Manoel Nunes, o Neco, começou sua carreira de elite. Atletas e torcedores viviam um mundo à
em 1911, no infantil ....do Corinthians, e s6 a encerrou parte, e o Corinthians teve papel fundamental para
em 1930, passando uma temporada, em 1915, no quebrar o elitismo.
Mackenzie, atendendo apelo do próprio Corinthians, Seus fundadores, seus torcedores e seus craques
que, por não participar do campeonato daquele ano, eram em esmagadora maioria gente humilde. Prova
não quis deixá-Io inativo. Oito vezes campeão pau- disso é que Neco mesmo viveu uma situação exem-
lista, transformou-se, ao lado de Friedenreich, no plar nesse aspecto.
grande herôi do Campeonato Sul-Americano de 1919, Logo após conquistar o Sul-Americano de 1919,
quando a Seleção ganhou seu primeiro título inter- Neco acabou sendo recebido em São Paulo, ao lado
nacional. de seus companheiros paulistas, com grande festa.
Não aceitou nenhuma das propostas milionárias Foi carregado em triunfo pelas ruas numa recepção
que lhe eram feitas por clubes argentinos e uru- que culminou no Palácio Campos Elísios, onde o
guaios, assim como as do Fluminense do Rio. Jogava governador Altino Arantes prestou as homenagens
por amor ao Corinthians, sem receber um tostão e oficiais. Festa finda, teve que ir a pé para casa, sem
está imortalizado por uma estátua que a torcida fez um centavo no bolso para tomar o ônibus.
erguer no Parque São Jorge. Dia seguinte, acordou cedo e excitado, imagi-
Diz a lenda que ele ameaçava os árbitros com o nando a acolhida que teria ao chegar no emprego
cinto de seu calção e que uma vez buscou a bofe- com tantas glórias para contar. A expectativa virou
tadas, no Rio, um irmão que preferiu sair do Corin- frustração quando soube que estava demitido por
thians. abandono de trabalho.
Na verdade, a história do cinto tem uma expli- Onze anos depois de Neco ter encerrado a car-
cação que virou fantasia. É que num jogo contra o reira, em 1941, a situação já era bem diferente, e um
Palestra, em 1920, ele entrou em campo com uma novo ídolo nascia no Parque.
faixa de couro para prender o calção. Ao sofrer uma O futebol estava popularizado e, desde 1933,
jogada mais dura do adversário, caiu e ficou no chão, profissionalizado no Brasil. No Corinthians, um me-
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·46 Juca Kfouri A Emoção Corinthians 47
nino que a partir dos sete anos de idade fugia de casa a torcida chega a ser paternalista com ele, tratando-o
para ir ao Parque São Jorge ensaiava seus primeiros como se fosse um filho desprotegido.
chutes no time infantil. Tinha 11 anos, era franzino, Pequeno, mas incrivelmente forte e vigoroso,
-hurnilde e se chamava Luiz Trochillo, o Luizinho. Wladimir já passou dois anos sem saber o que é uma
Em 1949 estreou como titular na equipe princi- contusão, completando assim o recorde de fazer mais
pal, muito embora fosse o responsável, três anos de 150 partidas seguidas pelo Corinthians.
antes, pela chegada mais cedo da torcida alvinegra Campeão paulista em 1977, 79 e 82, a torcida
que ia vibrar com ele e com o tricampeonato que corintiana nunca se conformou em não vê-Io como
ajudou a levantar no; aspirantes. lateral-esquerdo titular da Seleção e, por isso, um dia
Baixinho, era chamado de "Pequeno Polegar". abriu uma faixa no Pacaembu em sua homenagem:
Jogou 589 partidas oficiais pelo Corinthians, recorde "O Timão é mais importante que a Seleção, Wladi-
na história do clube. Foi três vezes campeão paulista, mir" .
até que, por problemas da política corintiana, passou . Neco, Luizinho e Wladimir. Gente simples, nas-
uns tempos no Juventus. Voltou ao seu time de co- cida corintiana, gente afortunada, querida, amada
ração em 1964 para encerrar as atividades em 1967. pelo povão, gente vitoriosa. A devoção ao alvinegro é
Driblador infernal, adorava sentar na bola para o traço comum aos três, característica que compra o
desmoralizar seus marcadores. Outras vezes corria torcedor para todo o sempre.
com ela presa aos pés acompanhado pelo adversário, Mas existem outros grandes ídolos. E como!
deixava-a para trás, seguia mais alguns passos com o Vamos a eles.
inimigo em seu encalço, para depois voltar e buscar a Comecemos por Amílcar Barbuy, o mais famoso
bola que havia ficado metros antes, abandonada. centro médio do futebol amador brasileiro.
Certa vez, em 1956, ao fazer o único gol da Em 1912, com 19 anos, ele chegou ao Corin-
vitória brasileira contra a Argentina, em Montevi- thians e jogou durante cinco anos como centroavante .
déu, causou a seguinte manchete do jornal El Clarin: do time, além de ser o capitão da equipe a partir de
"EI tiquitito numero ocho nos destrozo". 1914, ano do primeiro título paulista corintiano.
Parou Luizinho, surgiu Wladimir Rodrigues dos Pouco corria, preferindo comandar seus compa-
Santos, ou melhor, Wladimir do Corinthians. Desde nheiros ali pela altura do meio círculo, posição que
1969 no dente-de-leite, começou a se tornar titular do assumiu em 1917. Era de estilo clássico, mas bastava
time principal em 1973 e nunca mais deixou de sê-lo. a violência imperar para que se transformasse num
Ar de eterno menino, sorriso largo onde a bran- bravo lutador.
cura dos dentes perfeitos contrasta com a pele negra, No mesmo Sul-Americano de 1919 que celebri-
48 Juca Kfouri
A Emoção Corinthians 49
inteiro com a cabeça sangrando, protegida apenas o fim da 2!l Guerra, em 1945, marca-o princípio
por uma gaze, na final do Sul-Americano de 1937, de uma nova fase, cada vez mais profissional. E o
em Buenos Aires, quando perdemos para os donos ano da derrota do nazi-fascismo e do fim da ditadura
da casa por 2 a O, mas, por suportar a guerra com de Getúlio Vargas registra, também, a chegada de
valentia e garra, saímos reconhecidos pela própria um ponta-direita de baixa estrutura, atitudes mansas
imprensa local. Jaú, então, virou símbolo de raça e, e que por 13 anos, até 1957, haveria de ser o dono
assim, foi bicampeão pelo alvinegro em 1937 e 38. absoluto da camisa 7 corintiana.
Defesa bem representada atrás e Servílio, o Bai- . Seu nome, Cláudio Cristóvão do Pinho, o Cláu-
larino, na frente, fazendo gols, sendo bicampeão em dio, o Gerente. Era ele quem comandava o time
1938 e 39, campeão em 1941, artilheiro dos campeo- dentro do campo e sua passagem pelo Parque deixou
natos de 1945, 46 e 47, com 17, 20 e 21 gols. números impressionantes. Jogou 553 partidas como
Baiano, veio do Galícia. Fazia gols ou preparava titular, só perdendo para Luizinho. Foi, porém,
para seus companheiros com a mesma maestria. Jo- quem mais venceu (361 vezes contra 359 de Luizi-
gava na base do um pra lá, dois pra cá, um breque, nho). É o maior goleador da história corintiana, com
uma fustigada, uma recueta, verdadeiro bailarino 295 gols, embora fosse ponta e, na média, perca
num corpo negro, bastante alto, mágico. para Teleco.
Se não bastasse Servílio, o Corinthians tinha Batedor de faltas sem igual, Cláudio era incapaz
também Uriel Fernandes, o Teleco, que poderia per- de dar um chutão ou uma jogada inconseqüente. De
feitamente ter o apelido de Gol. Artilheiro em nada . seus pés saíram a maior parte dos gols de cabeça de
menos do que cinco dos oito Campeonatos Pau listas Baltazar, as viradas que celebrizavam uma fase
de que participou, marcou 243 gols em 234 jogos na corintiana e os títulos de 1951, 52 e 54. Como Wla-
sua vida corintiana. Veio do Paraná, em 1935, e dimir hoje em dia, nunca teve sorte na Seleção, mis-
jogou até 1943, sagrando-se campeão em 1937, 38, tério comparável ao fato de que, depois dele, nem
39,41 e vice em 36,42 e 43. Um vencedor. mesmo Mané Garrincha vestiu a 7 com tanta cate-o
Com Teleco encerra-se um ciclo, o tempo do fu- goria e eficiência.
tebol romântico, a era que começou elitista e que o Com Cláudio, que era do Santos, e sob sua ba-
Corinthians foi fundamental para transformar em tuta, jogou outra leva de ídolos, craques como Gil-
popular, que produziu 15 reis - sete dos quais já mar e Luizinho, ou valentes como ldário e Baltazar.
falecidos (Neco, Amílcar, Tatu, Tuffy, Filó, De Gilmar dos Santos Neves era um goleiro tão
Maria e Jango), embora sejam imortais na emoção excepcional que superou o grande-Tuffy. Na meta
corintiana. corintiana ou da Seleção - onde foi bicampeão mun- .
A Emoção Corinthians 55
54 Juca Kfouri
J demonstrações raras de amor e garra. Disputou, por A galeria de 24 ídolos se encerra com ele, e não é
58 Juca Kfouri
para honrar a dívida e, em seguida, habilmente sur- última temporada de Neco, o menino que liderou a
rupiado na calada da noite por um pequeno grupo de salvação do patrimônio em 1912 e que a partir de
operários liderado pelo garoto Neco, o mesmo que 1913 consagrou-se~mo ídolo no ataque corintiano.
seria ídolo anos depois, pertenciam ao passado. A década de 20 oi, como se viu, particular-
O Corinthians materializava um sonho impossí- mente importante a}vida corintiana e, seria tam-
vel. bém, na história do país. '\
!I Àquela altura ninguém mais se atreveria, por ( Além de ter assistido ao surgimento do charuto .
exemplo, a enganar os corintianos, como em 1915, 'I como marca registrada das melhores tradições alvi-
quando, sob a promessa de ser aceito na Associação negras - o torcedor Martins sempre acendia u
Paulista de Esportes Atléticos, mais "nobre" e im- quando o time assinalava um gol -, a década abri-
portante do que a Liga Paulista de Futebol à qual era gou ainda a revolucionária Semana de Arte Ma-
filiado, o Corinthians ficou fora de ambas e não dis- u derna, em 1922, quando Menotti DeI Picchia, um de
putou campeonato algum. seus maiores ativistas, reconheceu que "o Corin
A vontade e entrar na APEA e poder enfrentar hians é um fenômeno sociológico a ser estudado em
clubes como o Paulistano permitiu a falseta, vingada rofundidade" :
no mesmo ano pelo alvinegro, que enfrentou e venceu Os anos 30,'tlO
, entanto, começam mal para o
os dois campeões: o Palmeiras, da APEA, por 3 aO, clube. Quatro <tos melhores craques do time --
e o Germânia, da Liga, por 4 a 1. Ratto, DeI Debbio, De Maria e Filó - são atraídos
No próprio ano da inauguração do Parque, para pelo rico futebol profissional italiano - e o Corin-
provar que sequer o esforço para construí-Io enfra- thians atravessa até 1937 sem nenhum título.
queceu o time, o Corinthians ganhou o título paulista Quando, em J9.33, o profissionalismo é admi-
- desde 1917 o torneio foi unificado, acabando a tido no Brasil, o Corinthians continua se ressentindo
Liga e permanecendo a APEA -, com uma única das ausências mas, em 1937/38 e 39, conquista seu
derrota e iniciou a trajetória para mais um tricam- terceiro tricampeonato, fato inédito no futebol pau-
peonato. lista, sagrando-se ainda, em 1938, e pela quarta vez,
O Corinthians, primeiro clube paulista a ter um campeão invicto, outra façanha exclusivamente co-
rintiana.
I jogador negro - embora o preconceito proibisse a
participação dele, o Davi, no campeonato -, alcan- Aí, o zagueiro DeI Debbio e o ponta-direita Filó
jr: çou o bicampeonato invicto em 1929 e chegou ao tri estavam de volta, eles que fizeram tanta falta nos
no ano seguinte ao esmagar o Santos, na Vila Bel- anos anteriores. Filó, aliás, e De Maria, um ponta-
miro, por 5 a 1. O ano de 1930 marcou também a esquerda de 1,90 metro que chutava com os dois pés.
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64 Juca Kfouri
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~ Tricampeão em 1922/23/24: Gelindo, Rafael, Roeda, Co-
o Corinthians Team em São Paulo, em 1910. lombo, Dei Debbio e Ciasca; Perez, Neco, Pinheiro, Tatu
e Rodrigues.
Os campeões invictos de 1914 e 1916: Sebastião, Fúlvio, Campeão de 1928: Leone, Filó, Grané, Guimarães, Dei
Casemiro, César, Bianco; Pollice, Neco e Aparicio; AmU- Debbio, Munhoz; Napoli, Gambinha, Rato, De Maria
e Tuffy.
car, Plinio e Américo.
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68 Juca Kfouri A Emoção Corinthians 69
Tricampeão em 1930: Tuffy, Nerino, Grané, Guimarães; Campeão de 1941: Jango, Dino, Chico Preto, Brandão,
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Dei Debbio e Munhoz; Filó, Neco, Perez, Rato e De Ciro, Agostinho e o técnico Dei Debbio; Tite, Servilio,
Maria. Teleco, Joane e Milani.
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70 Juca Kfouri A Emoção Corinthians 71
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Campeão dos Centenários, em 1954,' Gilmar, Rafael, Campeão Paulista de 1979: Jairo, Mauro, Luís Cláudio,
Goiano, Homero, Idário, Alan, Nonô, Roberto, Simão, Amaral, Caçapava e Romeu; Plter, Biro-Biro, Palhinha,
Luizinho, Cláudio e Osvaldo Brandão. Sócrates e Wladimir.
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Campeão de 1977, 22 anos depois: Zé Maria, Tobias, Campeão Paulista de 1982: Solito, Sócrates, Ataliba, Ca-
Moisés, Ruço, Ademir e Wladimir; Vaguinho, Basílio,
Geraldo, Luciano e Romeu. I',I sagrande, Zenon e Biro-Biro; Mauro, Daniel Gonzales,
Alfinete, Pau/inho e Wladimir.
72 Juca Kfouri A Emoção Corinthians 73
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A Emoção Corinthians 75
74 Juca Kfouri
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tiro, a vitória do corintiano não se resume aos cam-
peonatos. Não terá sido por acaso que outra pesquisa a transformação e se manifesta também - até prin-
cipalmente, às vezes - pelo futebol corintiano, tor-
I Gallup - essa de dezembro de 1976, publicada na
revista Isto É de12/10/1977 - mostrou que 59% dos nando a vitória no campo quase secundária.
corintianos votavam no MDB, na oposição, enquanto Quase, porque, como pôde ser percebido, a his-
apenas 27% eram da Arena, da situação, e 14% tória de um time é contada através de suas con-
quistas e nem a corintiana escapa a essa regra, em-
eram indiferentes. Na comparação com os demais
bora ela seja dramaticamente pontilhada de insu-
clubes paulistas, tais dados significavam que o Co-
cessos que, por serem revelados, dão ao Corinthians
rinthians tinha o maior número de emedebistas, e o
76 Juca Kfouri A Emoção Corinthians 77
a sua dimensão inigualável. coisa nova, grande, misteriosa. Foi penetrando nela
Assim é que os 22 anos significaram um intenso aos poucos, entendeu o corintianismo antes de assu-
exercício aparentemente masoquista. Mais ainda mi-lo e mesmo ao Iazê-lo tem, como todos os outros
quando se constata que muitos corintianos não ex- mortais, dificuldade em explicá-lo.
traem mais do time a satisfação daquele período. Como Rivelino, está entre os onze melhores
Mas não era masoquismo; porque a busca corin- jogadores da vida corintiana. Ao contrário dele, no
tiana não terminou como se supõe e, antes pelo con- entanto, teve a sorte de chegar ao clube depois que o
trário, tudo indica que ainda será longa e árdua. A pesadelo havia acabado e, logo em seu primeiro ano,
'- busca, apenas, mudou de qualidade. foi campeão. Provavelmente porque venceu não dá
1 \, Os casos de Rivelino e Sócrates, por exemplo, à vitória a mesma importância que Rivelino, embora,
talvez sejam esclarecedores pelo que têm de comum e ironicamente - e eis aí mais uma medida do Corin-
de antagônicos. thians -, Rivelino seja campeão mundial de 1970 e
Ambos não eram corintianos. Riva era palmei- Sôcrates um sobrevivente da tragédia de Sarriá, na
rense, o Doutor santista. Ambos foram convertidos Copa de 1982.
ao coríntíanísmex O primeiro por neurose, pelo de- Vitórias, enfim, não são comparáveis. Nem so-
sespero da procura do título, o segundo por convic- frimentos.
ção e pelo encontro com a felicidade. Importa saber o que se quer, e nisso os 13 rapa-
Rivelino, quem não sabe, foi dos maiores joga- zes do Bom Retiro foram perfeitos. Transformaram
dores da história alvinegra. Chamado de Garoto do um sonho em realidade, dela novos sonhos nasceram
Parque era mimado e marcado pela torcida. Porque incessantemente, foram sendo atingidos, multipli-
levava o time nas costas, era o responsável por tudo o cados, recriados, e o mais sublime deles não é só a
que acontecesse, para o bem ou para o mal. Acabou melhor das idéias.
por assumir a obsessão inteiramente, passou a ser O sonho Corinthians, definitivamente, não aca-
dominado por ela e foi sua grande vítima, escor- bou.
raçado do Parque São Jorge após a decisão do título
de 1974, perdido para o Palmeiras. Ainda hoje faz
Caro leitor:
I declarações de amor ao Corinthians e só tem uma Se você tiver alguma sugestão de novos títulos para
'I frustração na vida: a de não ter sido campeão no time as nossas coleções, por favor nos envie. Novas idéias,
que aprendeu a amar. novos títulos ou mesmo uma "segunda visão" de um
Muito mais racional, Sôcrates chegou ao Corin- já publicado serão sempre bem recebidos.
thians e logo percebeu que estava diante de uma
c; r.:.
Sobre o Autor
A SAIR
A balalada M. de tourdea Janottl çamblcsna Dantel A. Reis Filho
A crise de 1929 Adalberto Mar. 'rejeda O estado ,
Arte e poder no Brasil Imperial Fernando Novaes O Est
ecn A colonização na. amérlcas
Fernando Ncvaes A. clvlllzaçlo
d4 açúcar Vera Ferllnl A crise do
Haroldo Camargo A semana de
arte modorna de 1922 Douglas
Maria S. Bresciane
Arnaldo 'Contrer
O tasclsmo
O macarthismo
.,:
Tufano As internacionais apará- Wladir Dupont O modernismo O
petróleo Bernardo Kuclnskl A
rias M. Tragtenberg As ligas r-
cristandade latina medieval Fren- camponesas e o movimento cem,
Alexandre Eulárlo O movimento --'
ctscc José Silva Gomes A de-
mocracia etentense F. M, Plres/
ponês no nordeste Aspéeta Ce-
operário e a gênese do peronts-
mo José l. B. êetred/Letfcte ~..:
<=a:
margo Capital Monopollsta no V. S. ReIs O populisrno russo
Paulo P. Castro A guerra dos O
Brasil Maria de Lourdes Manzinl lulz Eduardo Prado de Oliveira Or-
farrapos Antonto Mendes Jr A
Covre ·Fome e tensões na scele- Os movimentos de cultura popu. Ul-
história do Carlbe Elizabeth Aze- UlO
dade colonial Maria O. Leite lar no Brasil C. R. Brandão
vedo/tutza V. Sauala/Hlldegard
Guerra do Vletnã Paulo Cbe- Padre Cícero, o mllagreiro
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Herbold A história do espe-
con HIst6rla contamporânea Ibé- Carios A. Dórla Peru 1968: ~w f
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e encenação Fernando
Peixoto A hlst6rla do P.C.B. SII.
A Independênclt'.
rica Francisco Falcon Hlst6rla da
educaçlo brasileira Mlrian Jorge
golpe ou revolução? Adriana Am-
back/Angera M. da Costa/Caro- ._t)
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Warde História da escola ElJana lina Harari Poder e televleãc
dos rUA Suzan Anne Semler A
Marta S. T. lapas História de Alves- Cury Previdência
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Industrialização brasileIra Pren- Antonio .«
ctscc Iglásfas Amarlcan way of
Hollywood Shella Mesan
deira MamonS - A ferrovia fan-
Ma- social
Revolução
no Brasil
cJentlfica
Amélla Cobn
José Aluy.
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life chega ao Braall Gerson Mou- ~eJ
tasma Francisco F.oot Hardman slo Reis de Andrade RevolUçio
ra A redemocratlzaçio brasileira: Muslca e sociedade no Brasil
1942-1948 Oartce Henrlque Oavl- dos cravos Maurc de Mello Leo-
doff A revoluçio de 1935 P.
Maria Ellzabeth
soclsllsta Alberto
Lucas O Chile
Agglo/Leila
nel Jr. Salazar e o estado novo
português Maria Lulza Paschkes.
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Sergio Pinheiro A revoluçio mo- ElJzabete Felipe/Marla Crlstlna