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Centro Universitário Belas Artes de São Paulo

Bacharelado em Design Gráfico

GRAVURA

São Paulo, 2024


XILOGRAVURA
Palavra derivada do grego
(xylon = madeira + graphien = escrever)

Apresenta dois sistemas de corte:


Corte a fio - o corte é executado no sentido das nervuras da madeira.
Instrumentos: goivas, facas
Gravura do topo - quando o corte é transversal ao tronco, ou seja contrariando na vertical o
sentido dos fios.
Instrumento: buril (corte raso e linhas de todos os tipos)

Impressão de GRAVURA EM RELEVO – As partes salientes (relevo) possibilitam a imagem.


CORTE A FIO

GRAVURA DO TOPO
Processo muito parecido com um carimbo.

É uma técnica em que se entalha na madeira,


com ajuda de um instrumento cortante, a
figura ou forma (matriz) que se pretende
imprimir. Após este procedimento, usa-se um
rolo de borracha embebida em tinta, tocando
só as partes elevadas do entalhe. O final do
processo é a impressão em alto relevo em
papel ou pano especial, que fica impregnado
com a tinta, revelando a figura. Entre as suas
variações do suporte pode-se gravar
em linóleo (linoleogravura) ou qualquer outra
superfície plana.
Instrumental para gravura, no sentido dos
fios da madeira:

A – Prensa vertical para impressão em


papel de alta gramatura
B – Impressão por frotação com o emprego
de uma colher (papel de baixa gramatura)
C- Suportes de apoio para a prancha de
madeira
D – Marreta e macete utilizado para bater
em goivas e formões de cabo alongado
E – Tinta e lupa
F – Rolo para tintagem
G – Ferramental para cortes na madeira
1 – Goivas em formato U
2 - Formão
3 - Goiva em V
4 - Facas
Sobre a escolha da madeira (gravura a fio):

- A goiva aceita bem o corte em madeira branda e resistente.


- O sistema de corte é executado no sentido favorável aos veios da madeira,
em forma de tábua, também conhecidas como madeira deitada.
- Entre os vários tipos de madeira, as mais comuns são: pereira, nogueira e
cerejeira. Uma alternativa recomendável é o emprego de madeira do tipo
embuia, que, embora resistente, se revela dócil aos cortes e, na impressão da
estampa, apresenta discreta textura.
- Além do corte, o gravador pode-se valer de outros aspectos que podem ser
aproveitados na composição, como os próprios desenhos naturais do lenho que
contribuem para atenuar os negros.
- Lixas grossas podem ser usadas para produzir efeitos especiais.
Sua origem encontra-se ligada à impressão sobre tecido, tendo sido praticada
pelos egípcios, pelos indianos e pelos persas,
tendo também sido encontrada na América pré-colombiana, na China e no
Japão. Mas a xilogravura só vai encontrar seu suporte mais característico mais
tarde, com a invenção do papel

Se a introdução do papel se deu na Europa já no século XII, a xilogravura, no entanto, não foi utilizada na
multiplicação dos livros, preferindo-se antes os livros manuscritos e iluminados, copiados e ricamente ilustrados a
mão. Foi somente no século XIV que o seu uso se propagou, com a difusão do cristianismo: imagens de santos, cenas
religiosas e orações, ainda remanescentes, datam de 1410.
.

A xilogravura teve, assim, até o século XIX, um desenvolvimento que


culminou no nishiki-e,no Japão, nas xilogravuras de Gustave Doré, na
França, e na adaptação da linguagem dos buris e crivos na madeira de topo
por Thomas Bewick na Inglaterra. Ora, todo esse desenvolvimento
desembocou num fazer técnico muito estrito e de certa maneira rígido,
contra o qual se insurgem os artistas que propõem um novo uso da
xilogravura, não de rigor técnico, mas de liberdade expressiva. Nas obras
do norueguês Edward Munch (1863-1928), que começa a trabalhar a
xilogravura colorida por um procedimento todo particular,recortando
áreas de cor num mesmo bloco; nas gravuras do francês Paul Gauguin
(1848-1903), que trabalha os cortes abruptos num desenho forte e de nido,
utilizando muitos dos convencionalismos da xilogravura japonesa; nos
trabalhos dos expressionistas alemães que formaram o grupo Die Brücke,
em 1905, em Dresden (Kirchner, Heckel, Schmidt-Rottluff, Emil Nolde,
Max Pechstein, Otto Müller), que buscavam para a xilogravura a
linguagem sólida e forte do início de sua história, que intentavam “criar
como artistas-artesãos”,e que se utilizaram também da cor como zonas
puras de plasticidade; no trabalho desses artistas todos, no m do século
XIX, surge uma nova xilogravura, em que suas especi cidades técnicas são
abordadas por seu valor expressivo: a xilogravura se liberta como um meio
próprio de linguagem artística. O impacto da Exposição Internacional de
Paris de 1867, na qual foram expostas cerca de cem estampas japonesas,
fruti cou na Europa. Os linólios coloridos de Picasso e de Matisse são
testemunho desse sadio intercâmbio.
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A gravura e suas convenções

Antes do Renascimento, os artistas


não costumavam assinar suas
produções.
A venda de gravuras através de bulas
papais, ou a venda de santos nas feiras
e festas religiosas se acentuaram no
final do século XIV.
No século XV, com as impressões sobre
papel, eram raros os artistas que
assinavam. No século XVI, acrescida
dos colecionadores, a gravura eleva seu
prestígio que se assentua no século
XVII.

Folha de rosto de A Most Certain, Strange and True


Discovery of a Witch. 1643.
Na arte da gravura, a matriz e a tiragem são executadas pelo próprio artista ou
através de impressor especializado que trabalha sob sua orientação.
A partir do instante em que a gravura procurou firmar sua autonomia como arte,
teve que estabelecer seus padrões de disciplina através de novas normas. Estas
envolveram desde aspectos éticos ou técnicos, como o formato do papel, até
normas de mercado, parâmetros estes centrados na preservação de sua
originalidade.
Afinal a gravura gradativamente havia passado por transformações, e na procura
de sua autonomia estava saindo das páginas dos livros ou dos álbuns para as
paredes da sala.
No final do século XIX, surgiu a assinatura a lápis, com a função de endosso de
um original mas, sobretudo, pelo processo de valorização da margem.
Livro O Sutra do Diamante: Consciência do Desapego Mental. 686.
No Japão, em 1700, as xilogravuras eram utilizadas com o objetivo de elaborar
imagens refinadas, em um estilo de arte conhecido como ukiyo-e (retratos do
mundo flutuante). Por meio desse movimento, cenas do cotidiano e de paisagens
eram registradas com o intuito de mostrar a brevidade da vida.

Katsushika Hokusai. Toto Asakusa Honganji. c.1830.


Na Europa, a técnica ressurgiu
no fim do século XIX e início
do século XX, quando artistas
como Paul Gauguin e Edvard
Munch, passaram a utilizar
esse método com o objetivo
de levar inovação às suas
obras.

Munch
Numeração e assinatura

A assinatura do artista nas provas, resultante de uma matriz, confere múltiplos


originais. Desse modo, a prova de gravura deve receber a indicação não somente
da assinatura do artista mas também da tiragem.
Uma tiragem de vinte exemplares apresenta convencionalmente no lado
esquerdo da estampa a numeração 1/20 até o limite de 20/20 e, no lado
direito, a assinatura do artista, e o ano da produção.
Nos dias atuais, a prova do artista (P.A.) é muito valorizada. Pela raridade de
cópia, deveria ocorrer com muito mais sentido com a prova de estado (P.E.), ou
com a prova do impressor (P.I.), por tratar-se de cópia única (P.U.), ou seja,
mais rara.
Para cada 10 provas, uma é reservada P.A. De modo que de uma tiragem de trinta
exemplares teremos três provas de artista, emprega-se geralmente a numeração
romana.
Luciano Ogura
Käthe Kollwitz As mães. 1921-22.
Lasar Segall
J. Borges
https://www.recantodasletras.com.br/cordel/4105817
Renina Katz
Hansen Bahia
Oswaldo Goeldi
Marcelo Grassman
Axel Leskoschek
Gilvan Samico
Fayga Ostrower
Luise Weiss
Ulysses Bôscolo
Ernesto Bonato. Mão. Xilogravura impressa s/ Seiksho. Tiragem:
12 exemplares. 2006. 65 x 65 cm.
https://totenart.pt/blog/tutoriais/linogravura-passo-a-passo/
Glauco Rodrigues,
linoleogravura, 1ª série ( Álbum
12 linoleogravuras originais de
artistas brasileiros - do Clube
dos Amigos da Gravura - Porto
Alegre),
Introduction to wood block printing and carving
https://www.youtube.com/watch?v=EStW0dpgPFY
FONTE
DESENVOLVIMENTO HISTORICO DA XILOGRAVURA NO
JAPÁO EM CONFRONTO COM O DESENVOLVIMENTO DA
GRAVURA NA EUROPA Madalena Natsuko Hashimoto

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