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Vida em Salzburgo

A cidade de Salzburgo é um dos pontos geográficos mais importantes na


vida de W. A. Mozart.
Foi o cenário da infância feliz do “menino-prodígio”, no seio de uma família
que o amava, e o ponto de partida para muitas das suas viagens pela Europa.
No entanto, a tirania da sociedade hierarquizada, nomeadamente do príncipe
arquiduque Colloredo, acabaram por tornar Salzburgo detestável para Mozart.
A terra natal do compositor foi sempre um local magnífico, sendo
marcada por uma fortaleza (Fortaleza de Hohensalzburg) e palácio que se
erguem nos penhascos, por cima da magnífica catedral barroca, Catedral de
Salzburgo ou conhecida em alemão como "Salzburger Dom”.
(Enquadramento histórico) A cidade-estado independente de Salzburgo,
na época do famoso Mozart, ainda não pertencia à Áustria, país que se formou
anos depois, pertencendo, sim, ao Sacro Império Romano-Germânico (800 a
1806). A maioria das cidades deste Império eram governadas por príncipes-
arcebispos, líderes religiosos que além de desempenharem papéis na igreja
também detinham autoridade política sobre um território específico. Salzburgo
não foi uma exceção, tendo sido governada por uma sucessão de príncipes-
arcebispos durante cerca de mil anos.
O jovem compositor nasceu três anos depois do Arcebispo, Sigismund
Christoph von Schrattenbach, tomar posse. Graças a Leopold Mozart, que na
altura era Vice-Kapellmeister e autor dos tratados para violino,Versuch Einer
Grundlichen Violinschule, o arcebispo conhece os seus filhos musicalmente
prodigiosos, Wolfgang e Nannerl, e apercebe-se de que estes jovens talentosos
poderiam melhorar o estatuto musical de Salzburgo. Deste modo, permitiu,
então, muitas viagens e digressões a Leopold, para o mesmo poder acompanhar
os filhos na sua jornada musical.
A família iniciou a sua primeira grande digressão em 1763, onde
visitaram diversos países como, Alemanha, Bélgica, França, Inglaterra, Países
Baixos e Suíça e cidades como Munique, Viena, Frankfurt, Augsburg entre
muitas outras. A pequena viagem feita no ano anterior a Viena (1762) permitiu
a Leopold receber um salário suficiente para aguentar os seguintes anos de
ausência no seu trabalho.
Voltam a Salzburgo no início de 1766, onde não permanecem muito
tempo, pois em maio desse mesmo ano viajam para Paris, durante dois meses.
Leopold estava relutante em deixar Paris, e antes de voltar para Salzburgo
ainda visitaram Munique. Desta vez, permaneceram durante apenas 3 semanas,
provavelmente causando uma impressão ainda maior do que da última vez, que
tinham lá estado, no início da grande viagem.
Mozart era ainda um rapaz prodígio, mas agora tinha mais 3 anos de
experiência - e 3 anos, em termos de Mozart, eram considerados “eras".
Contudo, a realidade deve ter sido bastante dura quando finalmente, a 29 de
novembro de 1766, chegaram a Salzburgo. Os três anos de viagem de Mozart
tinham chegado ao fim.
De volta a casa, as coisas voltaram ao normal para Leopold. Para o
próprio Mozart, provavelmente não havia uma versão de "normal" a que
regressar. Tinha apenas 7 anos quando saíram de casa e, de qualquer modo,
tinham viajado durante grande parte do ano que antecedeu a sua grande
digressão. No entanto, ele não teve muito tempo para encontrar uma versão
confortável da vida de infância em Salzburgo, porque, menos de 9 meses
depois de terem regressado a casa, Leopold pediu licença para voltar a viajar.
Schrattenbach concordou e a família estabeleceu as coordenadas para Viena.
1769, foi um ano importante para a vida de Mozart em Salzburgo. Passou
praticamente todo o tempo na cidade, o que deve ter sido bastante invulgar para
ele.
Como resultado, as suas composições foram criadas quase exclusivamente para
a corte do Arcebispo Schrattenbach e para a universidade adjacente. No
outono, mais precisamente a 27 de novembro de 1769, o mundo do jovem
mudou consideravelmente. Foi-lhe atribuído o cargo de Konzertmeister na
corte de Salzburgo e embora não sendo remunerado, era um rapaz de 13 anos a
receber o cargo de compositor e maestro do príncipe arcebispo. Leopold ficou
muito contente com a nomeação, pois Schrattenbach escolheu esse momento
para dar ao seu filho 120 ducados, dinheiro com o qual pai e filho viajam para
Itália, ainda neste ano. Voltaram a casa no fim de 1771, no entanto, um dia
mais tarde, o seu mundo mudou completamente. Schrattenbach, o seu príncipe-
arcebispo, morreu.
No ano novo de 1772, o compositor concentrou-se muito em Salzburgo.
Um novo príncipe arcebispo significava um começo completamente novo para
os Mozart.
O novo príncipe arcebispo chamava-se Hieronymus von Colloredo. No verão
deste ano, ele acalmou alguns nervos na casa de Mozart, pois apesar de achar o
jovem “arrogante” e “mal educado”, confirmou o compositor de 16 anos no seu
cargo de Konzertmeister, com o seu primeiro emprego remunerado.
Já em 1774, Wolfgang passou o ano a ocupar-se com uma variedade de
composições, incluindo missas para o arcebispo, que foram escritas
especificamente para os seus gostos particulares. Deste ano é importante
salientar a Sinfonia nº29, concluída a 6 de abril, que mostra a verdadeira
maturidade da sua música, e o Concerto para fagote, um dos primeiros para
este instrumento durante o Classicismo.
Também nas suas óperas, o compositor avançava a passos largos, dando notas
cada vez mais profundas. Neste ano, foi-lhe encomendada uma ópera de
Munique, a obra resultante, La finta giardiniera (uma ópera buffa).
Naturalmente tiveram que viajar para lá, onde permaneceram até à estreia da
peça, em janeiro de 1775.
O Arquiduque Maximiliano estava prestes a visitar Colloredo e Mozart
foi instruído a fornecer a música para o seu entretenimento, o que fez. Neste
ano compôs os cinco Concertos para Violino. Os mais conhecidos - noºs 3, 4 e
5 (o Thrkish) - mostram o desenvolvimento ainda maior da sua capacidade de
composição. Teriam sido escritos para serem tocados por ele próprio e ele teria
dirigido a orquestra da corte de Salzburgo a partir do violino.
Os anos seguintes foram passados na cidade, até Wolfgang decidir ir
viver com a mãe para Mannheim à procura de trabalho. A mãe acaba por
falecer, e o jovem experiencia um dos maiores desgostos da sua vida, tendo
imediatamente voltado a Salzburgo.
A única coisa que tinha alegrado o ano de 1779, para Mozart, tinha sido
uma encomenda de Munique para uma nova ópera, Zaide. Entretanto,
Colloredo tinha viajado para Viena e ordenou ao compositor que se juntasse a
ele. Esta decisão de se mudar para Viena foi um momento importante na vida
de Wolfgang. Nunca mais voltaria a chamar Salzburgo de casa.
Na manhã de 16 de março de 1781,o músico chega a Viena. À hora do
almoço, este fica desiludido por se encontrar sentado com os criados.
Considerou este facto como um grande insulto. Nesse mesmo dia, numa
reunião com Colloredo, Mozart apercebe-se que a sua relação com o patrão
tinha-se deteriorado completamente nos últimos meses e, pressentindo que
estava prestes a ser despedido, demitiu-se do seu emprego. O jovem músico
estava agora por sua conta. As restantes visitas à cidade, foram para visitar a
família, já casado com Constanze Weber, no entanto nunca mais permaneceu
muito tempo na cidade.
Em suma, podemos concluir que a cidade de Salzburgo foi sem dúvida um
local de extrema importância na vida do compositor. Foi aqui, onde toda a sua
carreira musical começou e foi também graças ao sucesso do músico que a
cidade obteve um estatuto especial na história da música.

Ana Leonor Ribeiro 8ºgrau

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