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Trabalho apresentado para obtenção do diploma de técnico de Ensino

Médio em Eletromecânica – 2019

Sistema Autossustentável de Tratamento de Água


para Comunidades Afastadas
(Processos Físicos - Químicos)

André Luis Ossowsky1, Caio Henrique dos Santos2e


Leonardo RuamTrentini Sabim3
Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Garcia da Silva 4,*

1
ossowsky17@gmail.com; 2caiohds140301@outlook.com; 3leosabim@gmail.com;
4,*
rodrigo.garcia@ifpr.edu.br;

1Instituto Federal do Paraná. Rua Engenheiro Tourinho, 829–Vila Solene; CEP 83607-140 – Campo Largo, Paraná,
Brasil

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Trabalho apresentado para obtenção do diploma de técnico de Ensino
Médio em Eletromecânica – 2019

Sistema Autossustentável de Tratamento de Água para Comunidades Afastadas


(Processos Físicos - Químicos)

Resumo

O presente trabalho apresenta o protótipo SATACA: um sistema de tratamento de


água baseado em processos físico-químicos, voltado ao atendimento das necessidades das
comunidades alocadas em regiões remotas e de difícil acesso.O objetivo central dessa
proposta é desenvolver um arranjo portátil, de fácil manuseio e manutenção, bem como que
atinja os requisitos de sustentabilidade e reduzidos custos, direcionado à produção de água
potável obtida a partir de fontes não atingidas por contaminantes orgânicos, compostos
esses que apresentam potencialidade mutagênica e/ou carcinogênica. Desenvolveu-se um
projeto de protótipo baseado em uma infraestrutura simples, de fácil reprodução,
implementação e manutenção, reutilizando baldes alimentícios, rejeitos de construção,
dispositivos elétricos básicos e outros materiais de reduzido custo. Os processos de
tratamento são baseados em etapas distintas, partido da concepção das impurezas de nível
macroscópicas (retenção de material particulado visível) para as microscópicas (alguns
contaminantes iônicos e moleculares, e.g. cloro e íons ferro), passando também pela
remoção dos organismos vivos presentes, via ação da radiação ultravioleta incidida dentro
de uma câmara especificamente desenvolvida para este projeto, peça modelada em
software exclusivo e confeccionada com a tecnologia da impressão 3D, o que proporcionou
um reduzido custo de produção e possibilidade de customização do produto; essa peça
contém escrita em Braille para propiciar melhor compreensão da sua funcionalidade para
pessoas com deficiência visual. Diferentes conceitos foram desenvolvidos para o
desenvolvimento do protótipo, permeando por conteúdos das áreas de eletromecânica,
hidráulica e fluidos, bioquímica, sustentabilidade, acessibilidade e inclusão, modelagem e
impressão 3D, dentre outros. A fim de verificar a eficácia do processo de tratamento de água
proposto, serão realizadas análises químicas e biológicas nas amostras pré- e pós-
tratamento, contemplando análise de turbidez, pH, temperatura, coliformes totais e cloro
residual. Para além, serão investigados também parâmetros como o fluxo e autonomia de
produção de água potável, levantamento total do custo de produção em R$/L, bem como o
consumo energético médio ao empregar os dispositivos elétricos como as bombas de fluxo
e a lâmpada germicida. Faz-se importante esclarecer que este protótipo busca atender as
necessidades da comunidade local, sendo que todo o projeto e detalhamento experimental
serão disponibilizados via documento impresso e recursos digitais, fortalecendo as
atividades de extensão do presente campus do IFPR, indo de encontro para com suas
responsabilidades sociais.
.
Palavras-chave: Ecologicamente Correto; Excelente Custo-benefício; Portátil;
Renovável;Viabilidade.

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Introdução

Um crescente problema que atinge grande parte da população brasileira é a precária


disponibilização de água potável de forma suficiente, de boa qualidade e com o menor impacto
ambiental possível na sua obtenção. Para consumo ou uso doméstico, muitas famílias
acabam recorrendo ao uso da águas das chuvas, de rios e córregos. Mas, nesse processo,
nem sempre o tratamento é feito de maneira adequada devido a diversos fatores, entre eles
a condição financeira e a falta de informação sobre o assunto, causando diversas
consequências na qualidade de vida dessas pessoas.
A atual alternativa para a melhora da qualidade da água escolhida por moradores de
comunidades remotas caracteriza-se pela adaptação de um filtro baseado apenas em
compostos que fazem a filtração primária (pedregulhos, argila expandida e areia). Que é de
grande importância, porém, acaba não sendo eficaz contra microrganismos presentes no
ambiente que trazem sérios danos à saúde pessoal.
Mesmo em grandes cidades com um sistema de tratamento eficaz oferecido pelas
empresas responsáveis contratadas por órgãos públicos, ainda optam por utilizar compostos
químicos. O mais vasto composto utilizado é o Cloro, capaz de eliminar bactérias, mas não
faz a distinção entre as nocivas à saúde e as essenciais presentes na flora intestinal, ideais
para o funcionamento digestivo do corpo. Outro composto é o flúorque em determinadas
doses pode modificar funções endócrinas. Tornando-se necessário a criação de normas e
padrões em adições no tratamento, como a Portaria 518/04 que controla o valor máximo de
flúor na água.
Levando todos esses fatores em consideração, desenvolvemos através de criteriosas
análises, um sistema alternativo e eficaz em todos os processos de administração de padrões,
livre de quaisquer compostos químicos citados anteriormente, que foram substituídos por um
novo método tecnológico por meio da irradiação ultravioleta (UV), com a mesma função, mas
sem causar malefícios. Tendo como finalidade, o tratamento eficaz da água, para realizar o
consumo, ofertando um melhor custo-benefício, econômico, e sustentável.

Material e Métodos

A instalação principal do projeto e seus acessórios foram desenvolvidos nas


dependências do Instituto Federal do Paraná – Campus Campo Largo. Todos os tipos de
equipamentos de corte, soldagem, impressão 3D e diversos outros, foram utilizado os da
dependência.

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Fonte: arquivos dos autores

Processo estrutural:
O projeto é constituído por equipamentos feitos de diferentes materiais e processos de
fabricação. A base estrutural é composta por 4 baldes, descendentes de uma indústria
alimentícia, com tampas devidamente vedadas, e em sua composição é utilizado o plástico,
material ótimo para objetivo de tratamento de água, pois não afeta de maneira alguma as
propriedades da mesma. No primeiro balde, acontece a filtração primária, que ocorre através
de uma sequência específica que melhora o desempenho da filtração. No segundo balde,
ocorre a decantação, essa, que está em um aperfeiçoamento. No terceiro, ocorre a filtração
secundária, que é feita através de velas de carvão ativado, e por fim, o quarto balde é utilizado
como tanque de armazenamento. Para a movimentação da água contra o sentido da
gravidade, é utilizado duas bombas localizadas antes do primeiro balde e depois do segundo
balde. Também foi implementada a lâmpada UV e seu suporte, essa que auxilia no tratamento
químico-biológico. Para a ligação entre cada etapa – que não contabiliza a ligação intra baldes
- foi utilizados mangueiras e conectores.

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Processo elétrico:
O arranjo elétrico é constituído por componentes com diferentes funções dentro do
circuito. Neste circuito elétrico, utilizamos somente componentes elétricos básicos para
manter uma relação de baixo custo de projeto, que foi um dos objetivos propostos pela
equipe. Segue o esquema elétrico, que tenta apresentar o que foi feito na realidade.

Fonte: arquivos dos autores


O esquema, apresenta alguns erros de compatibilidade com simbologias adotadas em
normal, pois o programa utilizado não oferecia ferramentas para finalidade desejada.
A lógica de acionamento, foi pensada para ser o mais acessível possível para pessoas
sem conhecimento específico na área, para assim o projeto ter acessibilidade e alcançar um
maior número de pessoas que necessitam de água potável para consumo.
Dessa maneira, o indivíduo irá visualizar na caixa de comando – a qual se encontra os
componentes elétricos – dois botões, esses devidamente nomeado. Sendo um desses, que
comanda o ligamento/desligamento da bomba de coleta (Bomba primária B01). O fato da
bomba, ser alimentada por uma tensão de 127V, e os sensores, que fazem a proteção do
circuito, operar à 12V, foi necessário a utilização de relés para que fosse possível a
implementação de dois componentes de diferentes tensões de alimentação, pois esses
utilizam a tensão do circuito, nesse caso 12V, para energizar uma bobina que aciona um
contato auxiliar que pode ser alimentado em outra tensão, mas seguindo os comando da
circuito principal. Para o funcionamento da bomba de coleta, a única restrição é não operar

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a bomba à seco – sem água na circulação – pois pode danificá-la, após ligada ela opera até
o momento que o sensor do tanque de decantação, sensor de máximo, identifica haver água
na sua capacidade nominal, assim, na configuração adotada o sensor comuta, e interrompe
a corrente elétrica no circuito, por conseqüência desligando a bomba de coleta.
Já a bomba secundária ( Bomba tratamento UV B02), ela é alimentada à 12V, e tem a
função de circular a água da decantação, através da lâmpada UV (127V) e posteriormente ao
balde da filtração secundária. Ela tem a restrição de somente funcionar ao mesmo tempo em
que a lâmpada, para não haver água sem tratamento e nem sobreaquecimento da lâmpada,
pois com a circulação da água, faz o próprio resfriamento da lâmpada. Esse circuito, é então
composto pela bomba (B02) e lâmpada UV, e pelo mesmo motivo da utilização do relé no
circuito da primeira bomba, esse circuito também tem essa necessidade. Ele é comandado
por um botão, que liga/desliga simultaneamente o conjunto Bomba-lâmpada, e opera ate o
momento em que o sensor de mínimo do balde de decantação acuse retração do nível da
água, assim encerrando a operação do conjunto.
Para construção, utilizamos componentes tais como: terminal olhal, reator lâmpada UV
(necessário para funcionamento da lâmpada), bomba submersa 127V, bomba de água 12V,
lâmpada UV, relé de 12 V, botões alavanca, entre outros.

Processo detalhado:
A água proveniente de córregos ou da chuva é encaminhada para a bomba primária
submersa com fluxo de 400 L/h, sendo o ponto de partida a fim de fornecer o abastecimento
para as outras etapas. Todo esse fluxo é levado ao primeiro balde onde acontece a filtração
primária organizada em 3 camadas. O primeiro contato da água se dá na camada de
pedregulho (4kg). Esse primeiro contato é muito importante, pois é onde ficarão os resíduos
com maior densidade. Após passar pelo pedregulho, a água entrará em contato com a argila
expandida (3kg) que vai ajudar para conter alguns resíduos que sobraram do processo
anterior. Para finalizar a filtração primária, a água passará pela areia (10kg), que é o
tratamento onde ficarão os resíduos menores. Um detalhe muito importante é que entre cada
camada foi instalado uma manta filtradora, para que nenhuma camada se misture com a outra.
Além disso, a manta filtradora serve para conter a passagem de alguns resíduos indesejados
que podem afetar a qualidade da água.
Após essa primeira etapa, através de pequenos orifícios feitos entre o fundo do
primeiro balde e o início do segundo, se dá a segunda etapa de todo o processo, onde
acontece a decantação, que é o processo de separação de misturas heterogêneas, como
areia ou resíduos de maior densidade em relação a água. O recipiente decantador apresenta
diversas barreiras em seu interior para que dificulte ainda mais a passagem de detritos

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indesejáveis (em instalação). Devido a esse fundamento, são acumulados no fundo do balde,
todas as impurezas que ainda podem existir mesmo depois da filtração primária,
consequentemente, a água propícia ao consumo acaba ficando na parte superior do balde,
encerrando a segunda etapa.
É utilizado uma segunda bomba (360 L/h), com o objetivo de mobilizar a água
proveniente da decantação e através de mangueiras, realizar a passagem para a terceira
etapa, que consiste no tratamento através de radiação ultravioleta irradiada pela lâmpada
através do fluxo elétrons por meio do vapor de mercúrio ionizado de lâmpadas germicidas,
que precisam romper a membrana celular e assim adentrar no corpo celular afim deromper o
material genético de microrganismos antes que os mesmos se reproduzam. Para que haja
uma garantia de eficiência, o fluxo obrigatoriamente deve passar entre o suporte e a lâmpada
e ainda permanecer tempo suficiente perante a radiação, somente após essa exposição,
encerra-se a terceira etapa.
Ainda sob efeito da segunda bomba, a água já pronta para consumo é direcionada
para outro balde, dando início a quarta e última etapa. Nesse recipiente, foi feita a instalação
de três velas de carvão ativado que tem como principal objetivo remover impurezas através
da absorção química de contaminantes. Novamente, não existe outro caminho alternativo
para que a água siga, portanto deve passar necessariamente pelas velas que após aumentar
a qualidade da água, redireciona o produto final para um último recipiente de armazenamento
de 20 L para abastecer as necessidades de um grupo de até 10 pessoas, levando em
consideração um consumo médio recomendado por órgãos de saúde competente de 2 L por
dia.

Resultados e Discussão

Ao término das experimentações, foi possível a obtenção de diversos resultados, bem


como entender o funcionamento de cada processo.
O primeiro resultado que obtivemos, foi à análise do consumo energético em “kWh” de
cada equipamento elétrico. Essa primeira conclusão tem uma importância muito grande, pois
é devido a ela que se adquire o cálculo do custo energético em “R$”.
• Na bomba 1 onde se tem 6W de potência, o consumo energético chegou ao valor de
6 Wh ou em 0,006 kWh.
• Na bomba 2 onde se tem 72 W de potência, o consumo energético chegou ao valor
de 72 Wh ou 0,072 kWh.
• Na lâmpada UV onde se tem 5 W de potência, o consumo energético chegou ao valor
de 5 Wh ou 0,005 kWh.

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Com todos esses dados analisados, pode-se chegar a conclusão do valor em R$ do


consumo energético, que é dado em razão do custo do kWh da região. Primeiro deve-se
conferir a tabela mais recente disponibilizada pela companhia de distribuição de energia da
cidade, no caso a COCEL:

Fonte: http://www.cocel.com.br/?page_id=131

Com a informação da tabela, chega-se a conclusão que o preço (R$) para a nossa
instituição do kWh é R$ 0,72619. Assim então se chega ao cálculo do consumo energético
em “R$” de acordo com a tabela abaixo:

Fonte: Arquivo dos autores.

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Conclusão(ões)

O projeto (SATACA) busca auxiliar comunidades ou um certo grupo de pessoas que


não tem acesso a água de qualidade. O trabalho não compreende apenas conteúdo das áreas
técnicas, mas sim um conjunto de todos os aprendizados que se teve ao longo dos 4 anos.
Também foi focalizado para integrar pessoas com deficiência visual a entender sobre o
projeto, com a capsula da lâmpada UV com escritas em braile. Até o presente momento, o
projeto está em processos de análises, mas já com alguns resultados satisfatórios, como a
alta produtividade de água com qualidade e um baixo custo com o consumo de energia. Não
levando em consideração só os custos, isso também é de muita significância, pois
disponibilizará um bom atendimento a comunidades que não tem um bom demando de
energia elétrica.

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Referência
BARROSO, Lidiane. Radiação ultravioleta para desinfecção de água. Disc. Scientia.
Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, S. Maria, 2009

BASTOS, Fernada Pereira. Tratamento de água de chuva através de filtração lenta e


desinfecção UV. Disponível em:
<<http://repositorio.ufes.br/bitstream/10/1933/1/Dissertacao%20Fernanda%20Bastos.pdf>>.
Acesso em 21 mai. 2019

EFICIÊNCIA MÁXIMA. Como calcular o consumo de energia elétrica?. Disponível em:


<<http://www.eficienciamaxima.com.br/como-calcular-o-consumo-de-energia-eletrica/>>.
Acesso em: 25 out. 2019

SINTESE NATURAL. Água – Filtração e Desinfecção. Disponível em:


<<http://www.snatural.com.br/filtracao-agua-potavel-reuso-desinfeccao/>>. Acesso em: 16
jun. 2019

PATERNIANI, José Euclides . Eficiência da pré-filtração e filtração lenta no


tratamento de água para pequenas comunidades. Disponível em:
<<http://ferramentas.unipinhal.edu.br/engenhariaambiental/include/getdoc.php?id=16&article
=7&mode=pdf >>. Acesso em 5 jul. 2019

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