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RESUMO ABSTRACT
Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São Paulo, v.7. n.23. p.25-34. Jan./Fev./Mar./Abril. 2015. ISSN 1984-4956
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De acordo com Greco e Silva (2008), a frequência de 3 a 4 vezes por semana, com
fórmula de combinar a recepção de duração de 60 minutos ao longo de 5
informação com a pressão na motricidade leva semanas. O objetivo foi avaliar o nível de
a criança à execução de diferentes tarefas que coordenação motora após intervenção
oportunizam a melhoria do desempenho, pedagógica. Comparando os resultados do
proporcionando possibilidades de Grupo Experimento no pré e pós-teste, apenas
desenvolvimento da sua coordenação. na tarefa 4 (Transferência sobre Plataformas)
Para se treinar a coordenação motora foi encontrada diferença significativa. Na
é necessário dificultar as ações das crianças, comparação das médias do Grupo
a fim de promover um aprendizado mais Experimento e Controle no pós-teste, todas as
aprimorado e completo da aprendizagem, variáveis avaliadas apresentaram diferença
realizando conforme Kröger e Roth (2002), significativa.
exercícios diversificados (mão, pé, Montezuma e colaboradores (2011)
raquete/bastão). verificaram a ocorrência de modificação da
Resumindo, quanto mais difícil e coordenação motora, atenção, participação,
complexo o treinamento da coordenação interação, autoestima e compreensão em
motora, claro, de forma gradativa, melhor será cinco adolescentes do sexo feminino com
a resposta àquele estímulo e o deficiência auditiva (entre 13 e 18 anos), após
desenvolvimento da criança será mais efetivo, a realização de aulas de dança de jazz. Após
servindo de base para o desenvolvimento dos a intervenção todos os sujeitos do estudo
fundamentos específicos do futsal. apresentaram melhora da coordenação motora
Apesar de existirem muitos estudos estatisticamente significativa após as aulas de
que avaliaram a coordenação motora, como os dança.
estudos de Catenassi e colaboradores (2007), As aulas de um projeto esportivo de
Gorla, Duarte e Montagner (2008), Collet e escolinha de futsal, desenvolvido como
colaboradores (2008), Lopes e colaboradores atividade de extensão de uma universidade
(2003), Nunes, Kemper e Lemos (2011) e federal, foram eleitas para se verificar se as
Saker e colaboradores (2012), apenas estudos inserções de atividades coordenativas em 15
com deficientes compararam seu resultado sessões de treino seriam capazes de produzir
após a aplicação de um programa de melhoria na coordenação motora dos alunos
intervenção. matriculados.
Os estudos a seguir avaliaram a O objetivo do presente estudo foi
coordenação motora após um processo de verificar o nível de coordenação motora antes
intervenção utilizando o Teste de e depois de um programa de intervenção de
Coordenação Motora (KTK) como instrumento. 15 sessões de aulas de futsal, compará-lo
Com o objetivo de contribuir na entre dois grupos (10 e 11 anos) e (12 e 13
melhoria do nível da coordenação motora, anos) e entre diferentes tempos de prática (até
Strapasson e colaboradores (2009) avaliaram 2 anos de prática) e (2 anos de prática em
oito alunos deficientes auditivos com idade diante). Além disso, verificou-se se houve
entre 8 e 13 anos antes e depois da aplicação modificação da classificação da coordenação
de 20 aulas de Educação Física, com a motora após o programa de intervenção.
duração de 60 minutos Os resultados obtidos
foram (pré-teste): 4 alunos apresentaram MATERIAIS E MÉTODOS
perturbação na coordenação motora e 4
apresentaram coordenação normal, mantendo- Amostra
se a mesma classificação no pós-teste.
No estudo de Pena e Gorla (2010), A amostra foi composta por dois
participaram alunos regularmente matriculados grupos inicialmente divididos por faixa etária: o
em uma instituição de ensino para crianças grupo 1 foi composto por 10 alunos (10 e 11
com deficiência auditiva (5 meninas e 6 anos) e o grupo 2 por 12 alunos (12 e 13
meninos). Os grupos foram divididos em anos), totalizando 22 sujeitos do sexo
Grupo Experimento (n = 6) e Grupo Controle masculino com idade entre 10 e 13 anos
(n = 5). A idade das crianças variou entre 8 e (11,68±1,21), se caracterizando como não
11 anos. A intervenção consistiu-se em 12 probabilística por conveniência (PIRES e
aulas de iniciação ao basquetebol, com colaboradores, 2006). A seguinte divisão de
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Os resultados levam a crer que tanto coordenação boa (41,7% do grupo). Após a
nos testes de entrada quanto nos testes de intervenção, um aluno apresentou
saída, os grupos, neste caso divididos por perturbações na coordenação (8,3% do
faixa etária, apresentaram homogeneidade grupo), nove foram classificados com a
nos resultados. coordenação boa (75% do grupo) e dois foram
Na comparação do nível de elevados à coordenação normal (16,7% do
coordenação motora considerando o tempo de grupo).
prática não encontrou-se diferença significativa Tanto no 1º, quanto no 2º grupo houve
nos resultados após a intervenção. evolução na classificação da coordenação dos
A tabela 4 a seguir exibe a análise alunos, demonstrando que após a intervenção
descritiva do número de sujeitos que pedagógica, um total de 20 alunos se
melhorou, piorou ou manteve a classificação classificou com a coordenação boa e normal.
do nível de coordenação motora após a
intervenção pedagógica. DISCUSSÃO
De acordo com os resultados, o grupo
de 10 e 11 anos apresentou quatro alunos O presente estudo teve como objetivo
com perturbações na coordenação o que verificar o nível de coordenação motora após
equivale a 40% do grupo e seis alunos com a um programa de intervenção contendo aulas
coordenação boa, equivalente a 60%. Após a de iniciação esportiva aplicada ao futsal para
intervenção, um aluno foi classificado com crianças com idade entre 10 e 13 anos,
perturbações coordenação, equivalente a 10% levando-se em consideração a idade e o
do grupo, oito classificados com a tempo de prática.
coordenação boa (80% do grupo) e um aluno Para a variável idade, o grupo 1(10 e
classificou-se com a coordenação normal. 11 anos) apresentou melhora significativa nos
O grupo de 12 e 13 anos apresentou testes salto monopedal, transposição lateral e
três alunos com insuficiência na coordenação coordenação motora geral após o programa de
(25% do grupo), quatro com perturbações na intervenção pedagógica. No grupo 2 (12 e 13
coordenação (33,3% do grupo) e cinco com a
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anos) houve melhora significativa em todos os Talvez este fato possa ser explicado
testes. pela característica das atividades
Este resultado corrobora com os coordenativas aplicadas aos alunos durante as
estudos de Lopes e colaboradores (2003), que sessões de treino. A tarefa deveria ser
foi realizado com meninos e meninas entre 6 e realizada sobre uma trave de equilíbrio em
10 anos e Saker e colaboradores (2012) retrocesso e nenhuma atividade aplicada
realizado com meninos e meninas entre 10 e durante a intervenção estimulou este tipo de
13 anos. Observou-se que conforme a idade tarefa. Tal resultado corrobora com Metzler
dos meninos foi aumentando, os valores (2006), que aponta que as atividades
médios dos testes também aumentaram. aplicadas em treinamentos devem apresentar
Mesmo que o programa de intervenção possa semelhança com as tarefas testadas.
ter melhorado algumas variáveis, a melhoria Considerando a comparação do nível
pode ter sido provocada pela fase de de coordenação conforme o tempo de prática
crescimento em que as crianças estão nos distintos momentos, pré-teste e pós-teste,
passando, pois segundo Greco e Benda para nenhuma tarefa houve diferença
(1998) percebe-se que o período entre 6 e 14 significativa entre os grupos. Era esperado que
anos se destaca como estágio de o grupo com maior tempo de prática
desenvolvimento da coordenação, conseguisse melhor evolução, mas isto não foi
principalmente entre 9 e 13 anos. Ainda constatado. Talvez pelo fato dos alunos com
conforme os autores supracitados, mesmo menor tempo de prática participarem de outras
durante a adolescência, há a possibilidade de atividades e terem uma vida bem mais ativa,
evolução dos níveis de rendimento das proporcionando maior experiência motora, o
capacidades coordenativas. Porém, é no final que não foi possível verificar no presente
da infância e na puberdade que estas estudo.
capacidades podem ser estimuladas e Os estudos de Pelozin e
aperfeiçoadas com aproveitamento máximo. colaboradores (2009) e Collet e colaboradores
Considerando a idade em grupos (10 e (2008) que também realizaram intervenção
11 comparado a 12 e 13 anos) no pré-teste os corroboram com os resultados supracitados.
alunos mais novos obtiveram melhores Pelozin e colaboradores (2009)
resultados em média do que os alunos mais realizaram uma intervenção com crianças de 9
velhos em todos os testes. No pós-teste as a 11 anos divididos em dois grupos: prática
médias se tornaram mais próximas, porém, esportiva extraclasse e não-prática. O grupo
sem melhora significativa tanto no pré, quanto com prática extraclasse obteve melhor
no pós-teste. Este resultado se aproxima com resultado, concentrando a maioria dos alunos
o estudo de intervenção de Nunes, Kemper e na classificação de coordenação motora alta,
Lemos (2011) realizado com crianças de 9 a enquanto que o grupo sem prática de
10 anos e 11 meses. Na divisão de três grupos atividades extraclasse, em sua maioria, se
(G1- alunos mais novos, G2- médio e G3- classificou com coordenação normal.
alunos mais velhos), quando comparados os Entretanto, não houve diferença significativa
resultados, os alunos mais novos obtiveram na coordenação motora entre os grupos. O
valores maiores do que os dois grupos segundo estudo de Collet e colaboradores
restantes. (2008) foi feito com alunos entre 8 e 14 anos e
Para a variável tempo de prática após apresentou resultados semelhantes.
a intervenção, o grupo com "até 2 anos de Quanto a melhoria da coordenação
prática" apresentou melhora significativa em motora por classificação, no pré e pós-teste a
todas as tarefas e no grupo com "2 anos de maioria dos alunos de 10 e 11 anos foi
prática em diante" ocorreu o mesmo, exceto classificada com a coordenação boa. No grupo
para a tarefa retroceder. Ambos os grupos de 12 e 13 anos idem. Este resultado refuta os
apresentaram uma boa evolução nos estudos de Collet e colaboradores (2008) e
resultados da coordenação motora. Entretanto, Carminato (2010). No primeiro estudo a
no grupo com menor faixa etária e na maioria do grupo de 10 e 11 anos foi
configuração do grupo com maior tempo de classificada com a coordenação normal,
prática, há que se ressaltar que não houve enquanto que a maioria do grupo de 12 a 14
melhoria significativa na tarefa de retroceder. anos foi classificada com a coordenação
baixa. No estudo de Carminato (2010), as
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