Você está na página 1de 16

guia de ciencias do esporte

ALTORENDIMENTO

A CIÊNCIA PARA SER MELHOR


TREINADOR
ALTORENDIMENTO

APRESENTAÇÃO
A CIÊNCIA PARA SER UM MELHOR TREINADOR

Embora dar treino seja frequentemente referido como uma “arte”, a ciência está começando a
demonstrar que algumas abordagens e métodos podem ser melhores do que outros, reafirmando o
conceito de treinador baseado em evidências.

Este guia apresenta uma série de estudos que mesmo os profissionais mais interessados não têm
tempo de ler. Escolhemos os melhores artigos sobre o tema de fontes como "The Performance
Digest", "Sport Science Monthly" e "S&C Research", que vale a pena conhecer para que você possa
colocar em uso com seus atletas - sabendo que são confiáveis e baseadas nas últimas pesquisas
científicas.

Resumimos todas as informações e fornecemos conselhos práticos, além de links para mais artigos
complementares. Independentemente do esporte , coletivo ou individual, e do nível de seus atletas,
juvenis ou profissionais de elite , você encontrará neste e-book diversos recursos práticos para ajudá-
lo a começar a implementar o que aprendeu nos estudos em sua prática de treinador.
EDIÇÃO TREINADORES
ALTORENDIMENTO

O IMPACTO DE DIFERENTES FORMAS DE


FEEDBACK NO DESEMPENHO ATLÉTICO
JSCR: November 2020 - Volume 34 - Issue 11 - p 3157-3163

O impacto do feedback no desempenho esportivo é bem conhecido e documentado, como o estudo de Marcora et al
(2007) que relatou que ao fornecer feedback na forma de incentivo durante jogos reduzidos de futebol, os
treinadores tiveram o maior impacto nas demandas físicas dos jogadores quando comparados às mudanças no
tamanho do campo e no envolvimento do jogador.

Feedback e encorajamento podem vir de muitas formas que não apenas da forma verbal. Atualmente os atletas têm
acesso a uma variedade de ferramentas tecnológicas, como os tablets e smartphones, que podem fornecer feedback
visual em tempo real (ex: aplicativos mostram a velocidade e potência de forma instantânea a cada repetição).

ESTUDO
Este estudo comparou o desempenho de atletas durante exercícios de força usando diferentes formas de feedback.
Foram sujeitos 12 jogadores semiprofissionais de rugby. O protocolo era uma série de 10 repetições de agachamento
a 75% de 3RM durante quatro condições diferentes:

1. Feedback cinemático verbal = pesquisador informando a velocidade média da barra.


2. Feedback cinemático visual = o atleta visualizava as imagens do tablet.
3. Incentivo verbal = incentivo (ex: “Vamos lá, empurre!”).
4. Controle = nenhum feedback fornecido.

A diferença na velocidade média concêntrica da barra foi então comparada nas quatro condições. O “grau de
empenho próprio” dos jogadores (ou seja, o comportamento que é “responsável, confiável, persistente e voltado para
a realização da tarefa) também foi avaliado.

RESULTADOS
A velocidade média concêntrica foi maior em todas as condições de feedback em comparação com o controle
(6,6% de melhoria).
Houve pequenas diferenças entre as diferentes formas de feedback, porém sem alto grau estatísca
Houve uma relação inversa pequena entre “grau de empenho próprio” e o uso de feedback cinemático verbal, e
uma relação inversa maior ao usar o encorajamento verbal.

NA PRÁTICA!
A principal descoberta deste estudo foi que houve melhora no desempenho com qualquer forma de feedback em
comparação a nenhum feedback. Apesar de parecer ser um resultado um tanto previsível, ele envia uma mensagem
clara sobre a importância de dar feedback.

Infelizmente, não ficou claro qual forma de feedback é o mais efetivo para o desempenho, necessitando pesquisas
futuras. A segunda parte do estudo, no entanto, destaca que o uso do incentivo verbal parece ter maior impacto para
aqueles atletas que relataram baixo nível de empenho no exercício. Como os autores sugerem, isso é importante,
pois são esses atletas que também podem apresentar menor comprometimento e persistência durante tarefas
desgastantes.
EDIÇÃO TREINADORES

Fica claro para a comissão técnica que não importa tanto o tipo de feedback contanto que esteja fornecendo algum.
O que deve ser considerado por todo treinador é o que pode ser mais adequado para o seu contexto e para os
atletas individualmente; nem sempre é o caso de um mesmo tipo de feedback ser o mais adequado para todos os
atletas.
ALTORENDIMENTO

QUAL É A MELHOR MANEIRA DE TREINAR


JOVENS ATLETAS?
Journal of Sports Sciences - Volume 36, 2018 - Issue 17

Existem vários modelos que tentam explicar como os jovens atletas desenvolvem habilidades motoras. A maioria
conhece a teoria da 'Prática Deliberada' (ou a regra das 10 mil horas) que sugere uma forte relação entre habilidade e
um grande número de horas praticando de maneira focada e deliberada para melhorá-la.

O oposto a essa teoria é o “Modelo de Desenvolvimento de Participação Esportiva”, que incentiva a participação
multiesportiva em grandes volumes de atividades lúdicas. É importante entender que ambos têm suporte para a
obtenção e desenvolvimento de habilidades motoras. Pesquisas recentes também apoiam uma combinação dos dois
modelos anteriores (conhecidos como “Hipótese de Engajamento Precoce”), que reconhece o engajamento desde o
início na prática específica do esporte e no jogo.

Conhecer esses diferentes modelos é importante no contexto atual do esporte, pois hoje é prática comum que
grandes organizações esportivas identifiquem e desenvolvam futuros atletas profissionais em escala mundial,
adotando um desses modelos como base na esperança de criar a próxima superestrela.

Nesse estudo, foi avaliada a relação entre a prática específica do futebol e as atividades lúdicas durante a infância e
as avaliações das habilidades do treinador (técnicas, táticas, físicas e criativas).

ESTUDO
Os treinadores avaliaram as habilidades específicas do futebol (técnicas, táticas, físicas e criativIdade) de jogadores
juvenis de elite (~15 anos) em períodos ao longo de 5 anos, em categorias de base de clubes ingleses de elite. Para
cada período (T1=15 anos, T2=17.5 anos e T3= 20 anos), os jogadores e treinadores avaliaram suas habilidades
específicas no futebol e relataram os tipos de atividades em que estavam envolvidos.

Como é de se esperar, o número de jogadores avaliados no estudo foi diminuindo ao longo do tempo devido a
alguns jogadores não progredirem dentro do programa do clube.

RESULTADOS
A velocidade média concêntrica foi maior em todas as condições de feedback em comparação com o controle
(6,6% de melhoria).
Houve pequenas diferenças entre as diferentes formas de feedback, porém sem alto grau estatísca
Houve uma relação inversa pequena entre “grau de empenho próprio” e o uso de feedback cinemático verbal, e
uma relação inversa maior ao usar o encorajamento verbal.

ANÁLISE DOS AUTORES


Os resultados do estudo sugerem que um maior uso de jogos com jogadores de futebol juvenil pode não ser tão
eficaz no desenvolvimento de habilidades técnicas, táticas, físicas e criativas quanto a prática técnica específica do
futebol. Nem parece que aumentar a quantidade de jogos permite aos treinadores distinguir melhor entre as
diferentes habilidades dos jogadores nos diferentes estágios de suas carreiras. Em outras palavras, aqueles
envolvidos na prática mais específica do futebol podem ser mais diferenciados dos treinadores quando procuram
juniores talentosos dentro dos sistemas dos clubes. No geral, as medidas de habilidade usadas no TP1 não parecem
ser bons preditores de sucesso no nível adulto. Deve-se observar que muitas das correlações relatadas no presente
EDIÇÃO TREINADORES

estudo não foram consideradas significativas e, portanto, esses resultados devem ser lidos com cautela.
.

NA PRÁTICA!
A maneira como um treinador projeta uma sessão de treinamento pode não apenas ter efeitos para a próxima
partida, mas também efeitos de longo prazo sobre como os atletas vão desenvolver uma ampla gama de habilidades
técnicas diferentes que são importantes para seu futuro.
ALTORENDIMENTO

De acordo com as conclusões desse estudo, indo em contra a convenção atual, o uso de estruturas de prática
técnicas mais específicas pode ter mais influência no desenvolvimento de habilidades de longo prazo do jogador. Isso
não quer dizer que os treinadores devam desconsiderar o uso de atividades lúdicas baseadas em jogos.

O ambiente no qual os atletas treinam pode influenciar muito seu desenvolvimento. Já foi demonstrado que o
treinamento baseado em jogos melhora efetivamente a habilidade tática de atletas de esportes coletivos. Sessões de
treinamento mais estruturadas, entretanto, normalmente fornecem um maior volume de atividades relacionadas à
habilidade, que alguns treinadores podem achar úteis para seus jogadores.

Com nisso, aqueles envolvidos com atletas juvenis deveriam usar uma combinação de prática técnica específica e
jogos aliado a orientações eficazes dos treinadores. Lembrando que este é um estudo europeu, as condições de
países chaves na formação do futebol como o Brasil precisam ser verificadas.

EDIÇÃO TREINADORES
ALTORENDIMENTO

O IMPACTO DOS ESTILOS DE LIDERANÇA E OS


MÉTODOS DE TREINAMENTO DO TREINADOR
International Journal of Sports Science & Coaching. May 2021

A participação em práticas esportivas estruturadas pode ter um impacto positivo no desenvolvimento de habilidades
que lidam com comportamentos pessoais e sociais, capacidade cognitiva e definição de metas nos adolescentes.

A influência que os treinadores podem ter no desenvolvimento psicossocial se tornou um campo grande de pesquisa
popular (HERE) e sabe-se que, por meio da promoção da participação, inclusão, trabalho em equipe e diversão, os
treinadores podem facilitar o desenvolvimento positivo dos jovens. No entanto, muito pouca pesquisa foi conduzida
sobre o impacto do estilo de liderança e métodos do treinador no desenvolvimento de atletas jovens.

ESTUDO
Este estudo consistiu em um programa pós-escolar para 541 jogadores brasileiros de futsal juvenil (14 ± 2 anos) e 34
treinadores brasileiros de um programa esportivo em 29 escolas públicas da cidade de Curitiba.

O estilo de liderança do treinador foi dividido em:


Tomada de decisão autocrática vs. democrática
Abordagem centrada no treinador vs. centrada no atleta
Os métodos de treinamento foram divididos em:
Exercícios de habilidade isolados vs. habilidades com oposição
Resultado formal, com foco estreito vs. autodescoberta mais ampla e resolução de problemas (por exemplo,
jogos reduzidos)

Durante o ano letivo, duas sessões de treinamento de 2h foram filmadas e depois mostradas ao treinador e ao atleta
para definir que tipo de exercício era. A percepção do atleta sobre o estilo de liderança do técnico e as respostas do
atleta à Pesquisa de Experiência Juvenil para o Esporte (veja AQUI) foram coletadas.

RESULTADOS
As três categorias principais encontradas após a coleta de dados foram:

1- Método de ensino
Os treinadores que engajaram os atletas na tomada de decisões receberam as pontuações de feedback mais
positivas dos atletas. Os exercícios técnicos fechados não foram tão eficazes quanto os exercícios abertos e jogos
reduzidos na promoção da iniciativa e do trabalho em equipe.

2- Perfil de Liderança
Um estilo de liderança autocrático não promoveu o engajamento de longo prazo dos atletas. Instruções claras para
todos os exercícios e feedback de maneira direta não foram consideradas autocráticas, apesar de a comunicação ser
unilateral.

3- Desenvolvimento Positivo

Os atletas que foram treinados por uma liderança de estilo democrático mostraram uma maior tendência para
estabelecer metas. Eles definem metas mais positivas relacionadas ao esforço contínuo e à participação na escola, na
atividade física e na manutenção de relacionamentos.
Outras descobertas interessantes foram:
EDIÇÃO TREINADORES

Em participantes menos experientes, um estilo de liderança mais autocrático dos treinadores pode ajudar a facilitar o
ambiente de aprendizagem. O treinador pode expressar seus pensamentos e intenções para definir claramente os
objetivos e os resultados de aprendizagem para os atletas. No entanto, os autores não encontraram efeitos negativos
de um estilo mais autocrático no grupo de inexperientes.

Os métodos de treino com exercícios mais técnicos e fechados podem melhorar os resultados de aprendizagem e o
desenvolvimento de habilidades em participantes menos experientes.
ALTORENDIMENTO

Uma evolução no estilo de liderança de autocrático para o engajamento e tomada de decisão democráticos do atleta
foi recomendada pelos autores para facilitar o engajamento, a iniciativa, a colaboração e a reflexão.

NA PRÁTICA!
Para melhorar o desenvolvimento positivo com seus atletas, você pode adaptar seu estilo de treinamento e métodos
de apresentação das seguintes maneiras:

1- Use perguntas abertas para orientar os jovens atletas para uma reflexão positiva, como:
O que você acha que tornou este exercício bem-sucedido?
O que você faria para melhorar este exercício no futuro?
Quais poderiam ser alguns objetivos para a próxima vez que fizermos este tipo de exercício?

2- Considere a estrutura de sessões de treinamento que;


Comece com exercícios de treinamento estruturados, bem definidos e fechados.
Progrida a complexidade do exercício ao longo da sessão movendo-se para exercícios abertos que requerem
tomada de decisão e autonomia dos atletas.

EDIÇÃO TREINADORES
ALTORENDIMENTO

COMO O CONFLITO ENTRE O TREINADOR E O


ATLETA AFETA O DESEMPENHO
Journal of Sports Sciences - Volume 36, 2018 - Issue 17

Uma relação treinador-atleta de alta qualidade está ligada a resultados positivos de desempenho dentro das
equipes. Raramente vemos estudos que avaliam o impacto que relacionamentos conflitivos entre treinador e atleta
podem ter sobre o desempenho.

Alguns estudos anteriores mostraram que o conflito causado por uma falha na comunicação ou lutas de poder entre
o técnico e o atleta levou a consequências positivas e neutras, bem como emocionais, cognitivas e de desempenho
negativas. Infelizmente, há pouca informação sobre o tema.

ESTUDO
Os autores deste estudo investigaram quais características estavam associadas ao conflito entre o técnico e o atleta,
bem como a natureza desse conflito (ou seja, os processos vivenciados durante o conflito). A pesquisa foi feita por
meio de entrevistas semiestruturadas com 11 treinadores e 11 atletas de uma variedade de esportes individuais e
coletivos.

RESULTADOS
Os resultados sugerem que o tópico ou tema do conflito levou ao processo subjacente no qual o conflito foi
administrado pelo técnico ou pelo atleta. Isso estava ligado às características do conflito, como a frequência com que
ocorreu e quanto tempo durou. Em outras palavras, o conflito entre o técnico e o atleta pode ter consequências
significativas no desempenho, não importa quão grande ou pequena seja a situação.

Treinadores e atletas processaram o conflito de várias maneiras diferentes que se manifestaram em vários
comportamentos diferentes. A avaliação inicial era a primeira etapa desse processo e era caracterizada pelo
treinador ou atleta identificar se o conflito era significativo para eles ou não. Isso levou a uma das três respostas:

1.Escalada (ex: culpar o companheiro, gritar).


2.Incerteza (ex: dúvida, preocupação).
3.Avaliação orientada para o problema (ex: priorização de metas, compreensão da perspectiva do companheiro).

NA PRÁTICA!
Como afirmam os autores, “O conflito é inevitável em qualquer tipo de relacionamento”. É improvável que qualquer
técnico não experimente algum nível de conflito entre ele e seus atletas, mas os técnicos precisam estar cientes de
que nem sempre essa situação pode ser negativa.

Ao compreender as características do conflito (ex: frequência ou tópico) entre o técnico e o atleta, bem como alguns
processos positivos em como resolver uma situação quando o conflito ocorreu, o desempenho pode realmente ser
melhorado. Os treinadores seriam, portanto, mais bem servidos se tentassem abordar o conflito aplicando uma
abordagem que encorajasse a avaliação orientada para o problema.
EDIÇÃO TREINADORES
ALTORENDIMENTO

TREINANDO ATLETAS JOVENS X EXPERIENTES


International Journal of Sports Science & Coaching. 2018;13(2):167-178.

A pesquisa sobre as diferentes abordagens de treinamento que afetam o aprendizado e o desenvolvimento dos
atletas está se tornando cada vez mais importantes. Normalmente, existem duas abordagens para isso: treinamento
dentro de uma perspectiva mais "tradicional" (ex: instrucional, focada na técnica, conduzida por treinador) ou de uma
perspectiva mais "contemporânea" (ex: descoberta guiada, independência do atleta).

Contundo, existem indicativos que o tipo de abordagem usada pelo técnico pode depender do(s) atleta(s) com quem
ele está trabalhando. Por exemplo, quem trabalha com atletas já estabelecidos (os “experientes” da equipe) pode
usar uma abordagem menos instrutiva quando comparados a um técnico que trabalha com atletas mais jovens. Isso
porque os atletas experientes normalmente já têm maior tempo no esporte e, portanto, menos tempo é necessário
para instruir esses atletas sobre como jogar ou se mover.

Essas informações são, no entanto, limitadas e podem não ser bem compreendidas se os treinadores mudam suas
abordagens ao trabalhar com diferentes atletas.

ESTUDO
O estudo procurou obter uma compreensão das diferentes abordagens com o propósito de aprendizagem e
desenvolvimento usados ​por um único treinador de canoa / caiaque, durante as sessões de treinamento com atletas
jovens e veteranos.

Foram realizadas quatro entrevistas (60-90min) com cada grupo sendo o grupo dos jovens formado por cinco
homens e quatro mulheres (14-15 anos de idade) e o grupo dos experientes, formado por 12 atletas (seis homens e
seis mulheres (27-70 anos de idade). Os dados foram analisados indutivamente, resultando em três temas de ordem
principal: (1) comunicação, trocas e interações; (2) treinar com base no autoconceito dos atletas; (3) normas, objetivos
e expectativas de aprendizagem.

RESULTADOS
Uma série de diferenças relacionadas ao desenvolvimento e aprendizagem dos atletas apareceram entre os dois
grupos, principalmente no que se refere à comunicação entre o técnico e os atletas.
Os atletas experientes notaram uma maior ênfase do treinador em se envolver em interações mais colaborativas (ex:
conversas facilitadas com o treinador, perguntas feitas sobre o que precisava melhorar). No entanto, os atletas
jovens sugeriram que o mesmo técnico era muito diretivo e instrutivo, o que fez com que esses atletas não fizessem
muitas perguntas relacionadas ao seu desempenho.

Os atletas jovens relataram que o técnico ofereceu menos oportunidades para o aprendizado autodirigido durante o
treinamento, com fatores como frequência e comportamento monitorados continuamente pelo técnico. No entanto,
os experientes sentiram que seus níveis de maturidade (em comparação com os atletas jovens) proporcionaram a
eles mais oportunidades de aprendizagem autodirigida.

Os atletas jovens sentiram que o treinador enfatizou um ambiente de treinamento competitivo para prepará-los para
eventos futuros, principalmente com comparações dentro da equipe. Os atletas expereintes, por outro lado,
destacaram como o treinador encorajou o apoio dos colegas e a interação social durante o treinamento para
enfatizar o aprendizado contínuo.

Ao que parece o treinador mudava sua abordagem dependendo do nível dos atletas. Com os jovens atletas, o técnico
parecia seguir uma abordagem mais "tradicional", com um estilo de comunicação mais unilateral. Isso também
incluiu uma maior confiança em um comportamento mais instrutivo, limitando a chance de retenção e transferência
EDIÇÃO TREINADORES

de habilidades.

Em comparação, o mesmo treinador parecia se envolver mais com os atletas principais, especificamente envolvendo-
se em mais conversas bidirecionais e proporcionando mais oportunidades de autodescoberta. Como os autores
sugerem, esse tipo de ambiente pode ter permitido que os atletas máster se tornassem mais intrinsecamente
motivados em comparação com os atletas jovens, permitindo-lhes apreciar mais o processo de aprendizagem.
ALTORENDIMENTO

NA PRÁTICA!
Como os atletas de diferentes esportes, faixas etárias e níveis de habilidade aprendem e se desenvolvem de
maneiras diferentes, os treinadores precisam ser adaptáveis. Junto com um plano de treinamento bem desenvolvido,
o treinador também precisa ter um estilo de comunicação bem desenvolvido e a capacidade de interagir com
diferentes personalidades em uma variedade de situações.

Independentemente da idade ou habilidade, em última análise, são os atletas que participam do jogo, não o técnico.
Nesse caso, os treinadores estariam melhor servidos para permitir que os atletas mais jovens tenham a
oportunidade de se envolver na autodescoberta e ter uma maior participação na sessão de treinamento em si, de
forma semelhante aos atletas principais no estudo atual. Isso não apenas permitiria que esses atletas mais jovens se
envolvessem ainda mais com a sessão e com o técnico, mas também criaria mais oportunidades de tomada de
decisão; uma habilidade vital para o desenvolvimento do atleta a longo prazo.

A limitação do estudo é evidente, pois é a observação de um único treinador. No entanto, observar nosso próprio
estilo de abordagem e refletir sobre o tema com base em aspectos científicos é de grande valor para todos nós
treinadores.

EDIÇÃO TREINADORES
ALTORENDIMENTO

MODELOS DE DESENVOLVIMENTO: UMA


COMPARAÇÃO DE EXPERIÊNCIAS PRÁTICAS
European Journal of Sport Science - Volume 17, 2017 - Issue 10

No esporte profissional, uma quantidade significativa de tempo e dinheiro é gasta no desenvolvimento de jovens
talentos. O uso de práticas estruturadas com enfoque técnico tem sido criticado nos últimos tempos, principalmente
devido ao foco na replicação de padrões de movimento não permitindo aos jogadores uma sensação de liberdade ou
pensamento cognitivo.

Uma abordagem mais atualizada de treinamento é baseada no conceito de Dinâmica Ecológica que vê o atleta como
um sistema complexo que tem a capacidade de examinar e se adaptar ao ambiente em que se encontra. Pesquisas
atuais sugerem que essa abordagem aumenta a oportunidade de um atleta se desenvolver em uma variedade de
áreas.

ESTUDO
Este estudo forneceu uma visão sobre as práticas de treinamento, através entrevistas semiestruturadas com 16
jogadores de elite e sub-elite da liga britânica de rugby (8 de nível nacionail e 8 de nível internacionais), onde foram
abordados vários temas que destacaram as diferentes práticas em que esses jogadores estavam envolvidos desde a
infância até os dias atuais

O QUE OS AUTORES SUGEREM


A prática de treinamento baseada em uma estrutura de dinâmica ecológica parece ser um ambiente comum tanto
para jogadores de elite como sub-elite. Como afirmam os autores, esse tipo de prática oferece maior oportunidade
para o desenvolvimento de fatores físicos, psicológicos, emocionais e sociais entre os jogadores.

O que é notável é que os jogadores de elite tiveram experiências adicionais e se envolveram em uma série de outros
ambientes de prática, incluindo aprendizagem baseada em cenários e centrada no atleta. Essas experiências e
ambientes adicionais provavelmente moldaram a capacidade desses atletas de identificar informações relevantes em
ambientes mais replicáveis ​em partidas e de se adaptar a esses ambientes em mudança que são representativos do
esporte profissional. As experiências negativas relatadas apenas pelos jogadores nacionais baseiam-se na percepção
de que os treinadores priorizam o condicionamento físico ao invés do desenvolvimento tático e de habilidades. Algo
que não se enquadra no quadro da dinâmica ecológica.

NA PRÁTICA!
As práticas de treinamento adotadas durante os estágios iniciais da carreira de um atleta têm um impacto
significativo no jogador que ele se torna. Embora seja uma prática nos ginásios e academias focar grande parte da
atenção na técnica e em melhorias específicas de desempenho, deve haver espaço para permitir que os atletas
explorem seus ambientes por si mesmos.

Essa abordagem fornecerá mais oportunidades para os atletas desenvolverem padrões de movimento específicos da
competição, juntamente com uma série de outros fatores, como a capacidade de tomada de decisão que às vezes é
negligenciada em prol do aprimoramento físico. Dadas as informações apresentadas a partir deste estudo e
trabalhos anteriores, os treinadores são encorajados a promover ambientes que permitem que seus atletas
explorem e se adaptem ao seu ambiente, ao invés de simplesmente fornecer instruções técnicas específicas.
EDIÇÃO TREINADORES
ALTORENDIMENTO

QUAIS ATRIBUTOS PSICOLÓGICOS


SUSTENTAM OS TREINADORES DE ELITE?
International Journal of Sports Science & Coaching. 2017;12(4):439-451.

Para que um treinador seja realmente eficaz, ele deve reconhecer a influência que pode ter sobre seus atletas, não
apenas planejando sessões de treinamento eficazes, mas também pelas interações sociais e comportamentais que
têm com seus atletas.

A maioria das informações disponíveis para os treinadores e comissão técnica tradicionalmente enfatizam os
aspectos comportamentais da prática do treinador de uma perspectiva quantitativa e observacional, com muito
menos foco nas razões subjacentes por trás desses comportamentos. Em outras palavras, sabemos o que os
treinadores fazem, mas a seguinte questão ainda permanece: por que eles fazem as coisas que fazem?

ESTUDO
O objetivo do estudo foi explorar os atributos psicológicos que os treinadores de elite percebem para sustentar sua
capacidade de treinar de forma mais eficaz e os fatores que influenciam o desenvolvimento dos atributos. Métodos
de pesquisa qualitativa foram implementados em que 12 treinadores de elite (8 homens, 4 mulheres) participaram
de entrevistas semi-estruturadas. A análise temática indutiva gerou nove temas relacionados a atributos psicológicos:

• Atitude (sendo duro, focando nos aspectos positivos)


• Confiança (comunicação, agindo com confiança, confiante na capacidade e conhecimento)
• Resiliência (lidar com contratempos, lidar com críticas)
• Foco (foco no processo ou futuro)
• Impulso para o desenvolvimento pessoal (mente aberta, apetite para aprender)
• Ser centrado no atleta (encorajando independência, diferenciação, adaptabilidade)
• Consciência emocional (de si mesmo e / ou dos outros)
• Compreensão emocional (influência das emoções, emoções do atleta, consequência de emoções negativas)
• Gestão emocional (controle, controle do outro, expressão, incentivo à expressão emocional)

Além disso, três temas de ordem superior foram gerados relacionados a fatores percebidos para influenciar o
desenvolvimento de atributos: (a) educação, (b) experiência e (c) auto aperfeiçoamento consciente.

RESULTADOS
Conforme afirmado pelos autores, os resultados desta pesquisa trazem mais luz à premissa de que treinar é muito
mais do que a transmissão de conhecimento do técnico para o atleta, e se estende além do ensino de habilidades e
táticas. Para ser um treinador de sucesso, o treinador também deve compreender os comportamentos e as
necessidades sociais de seus atletas, além de compreender quais características psicológicas eles devem possuir.

É de particular interesse o número de atributos associados à natureza emocional do treinador, sugerindo que
treinadores eficazes são aqueles com capacidade de reconhecer, compreender e gerenciar suas próprias emoções,
bem como as de seus atletas.

NA PRÁTICA!
Este estudo sugere que ser um treinador eficaz significa mais do que apenas ter conhecimentos teóricos ou
desenvolver o nível físico e de habilidade de seus atletas. Em vez disso, os atributos psicológicos que cada treinador
individual possui desempenham um papel importante no desenvolvimento e desempenho de seus atletas.

Do ponto de vista do desenvolvimento pessoal, os treinadores devem, portanto, não apenas focar em seu
conhecimento do esporte, mas também como seus atributos psicológicos, particularmente aqueles associados à
emoção, podem ser usados ​efetivamente para influenciar o desenvolvimento e desempenho de seus atletas.
EDIÇÃO TREINADORES
ALTORENDIMENTO

REFINANDO HABILIDADES TÉCNICAS EM


ATLETAS DE ALTO NÍVEL
J Sports Sci 2018 May;36(10):1118-1126

A descrição do papel de qualquer treinador inclui uma série de temas, sendo um deles o desenvolvimento da
habilidade técnica dos atletas. No caso de atletas de experientes, eles já aprenderam a maioria de suas habilidades
técnicas ao longo de sua carreira de jogador e, como tal, o técnico pode apenas precisar refiná-la em vez de ensiná-la.
Carson e Collins (2011) propuseram o ‘Modelo Five-A’, que orienta os treinadores sobre como facilitar este
refinamento técnico em atletas estabelecidos:

• Análise
• Conscientização (Desautomação)
• Ajustamento
• (Re) automação
• Garantia

Com base neste modelo, os treinadores podem usar abordagens baseadas em fatores mentais (ex: pistas auditivas),
design de prática (ex: cenários baseados em jogos) e fatores psicossociais (ex: motivação para o treinamento) para
refinar a técnica de seus atletas.

ESTUDO
Não está claro se a aplicação dessas abordagens é de conhecimento comum entre os treinadores esportivos atuais
portanto, este estudo procurou determinar:

1. Se as ferramentas usadas pelos treinadores de atletismo ao fornecer orientação técnica e treinamento


correspondem às da literatura sugerida anteriormente.
2. Se os treinadores usaram uma abordagem sistemática ao refinar as habilidades técnicas dos atletas.
3. Como os treinadores usam e ganham conhecimento em relação ao refinamento da técnica.

Depois de entrevistar 6 treinadores de atletismo de nível olímpico, uma série de ferramentas foram identificadas
para permitir o refinamento técnico:
• Aderência de atletas
• Parte prática
• Automaticidade
• Atuando sob pressão
• Reflexão

RESULTADOS
No que diz respeito ao uso de uma abordagem sistemática para refinar a habilidade técnica, os autores descobriram
que a maioria dos treinadores seguia um padrão semelhante, embora a ordem e o estilo em que cada treinador
abordasse isso diferisse ligeiramente. Isso incluiu:
• Análise da técnica
• Reformulação técnica
• Envolvimento do atleta
• Preparação para competição

Por fim, todos os treinadores entrevistados sugeriram que nunca receberam nenhuma orientação formal sobre o
refinamento da técnica de domínio. Em vez disso, os treinadores obtiveram essas informações de uma série de
fontes, incluindo:
• A sua experiência como ex-atleta e como treinador.
EDIÇÃO TREINADORES

• O compartilhamento de conhecimento entre treinadores e outras equipes de apoio.


• Trabalhar em diferentes ambientes.

Embora cada treinador entrevistado usasse ferramentas baseadas no "Modelo Five-A" proposto inicialmente por
Carson e Collins (2011) de forma sistemática, nenhum dos treinadores no estudo atual usou o modelo completo. Em
outras palavras, cada treinador usava uma série de ferramentas, ou variações delas, regularmente. No entanto,
nenhum treinador seguiu o modelo do início ao fim.

Apesar das diferentes abordagens adotadas por esses treinadores, eles ainda entendem a necessidade desse
refinamento e, como resultado, continuam a buscar abordagens eficazes para garantir que seus atletas continuem se
desenvolvendo e tendo um desempenho de alto nível.
ALTORENDIMENTO

NA PRÁTICA!
Os treinadores, independentemente do ambiente em que trabalham, são encorajados a usar uma variedade de
ferramentas ao procurar refinar a técnica e habilidade de seus atletas. Também é recomendado que o processo
usado para refinar a técnica de um atleta seja consistente, independentemente do ambiente e do esporte em que
esses treinadores trabalham. Em particular, os treinadores devem gastar tempo para garantir que essa técnica
recém-refinada seja parte do padrão de movimento automático do atleta dentro de um ambiente controlado e
imprevisível / competitivo.

EDIÇÃO TREINADORES
ALTORENDIMENTO

REFINANDO HABILIDADES TÉCNICAS EM


ATLETAS DE ALTO NÍVEL
J Sports Sci 2018 May;36(10):1118-1126

A descrição do papel de qualquer treinador inclui uma série de temas, sendo um deles o desenvolvimento da
habilidade técnica dos atletas. No caso de atletas de experientes, eles já aprenderam a maioria de suas habilidades
técnicas ao longo de sua carreira de jogador e, como tal, o técnico pode apenas precisar refiná-la em vez de ensiná-la.
Carson e Collins (2011) propuseram o ‘Modelo Five-A’, que orienta os treinadores sobre como facilitar este
refinamento técnico em atletas estabelecidos:

• Análise
• Conscientização (Desautomação)
• Ajustamento
• (Re) automação
• Garantia

Com base neste modelo, os treinadores podem usar abordagens baseadas em fatores mentais (ex: pistas auditivas),
design de prática (ex: cenários baseados em jogos) e fatores psicossociais (ex: motivação para o treinamento) para
refinar a técnica de seus atletas.

ESTUDO
Não está claro se a aplicação dessas abordagens é de conhecimento comum entre os treinadores esportivos atuais
portanto, este estudo procurou determinar:

1. Se as ferramentas usadas pelos treinadores de atletismo ao fornecer orientação técnica e treinamento


correspondem às da literatura sugerida anteriormente.
2. Se os treinadores usaram uma abordagem sistemática ao refinar as habilidades técnicas dos atletas.
3. Como os treinadores usam e ganham conhecimento em relação ao refinamento da técnica.

Depois de entrevistar 6 treinadores de atletismo de nível olímpico, uma série de ferramentas foram identificadas
para permitir o refinamento técnico:
• Aderência de atletas
• Parte prática
• Automaticidade
• Atuando sob pressão
• Reflexão

RESULTADOS
No que diz respeito ao uso de uma abordagem sistemática para refinar a habilidade técnica, os autores descobriram
que a maioria dos treinadores seguia um padrão semelhante, embora a ordem e o estilo em que cada treinador
abordasse isso diferisse ligeiramente. Isso incluiu:
• Análise da técnica
• Reformulação técnica
• Envolvimento do atleta
• Preparação para competição

Por fim, todos os treinadores entrevistados sugeriram que nunca receberam nenhuma orientação formal sobre o
refinamento da técnica de domínio. Em vez disso, os treinadores obtiveram essas informações de uma série de
fontes, incluindo:
• A sua experiência como ex-atleta e como treinador.
EDIÇÃO TREINADORES

• O compartilhamento de conhecimento entre treinadores e outras equipes de apoio.


• Trabalhar em diferentes ambientes.

Embora cada treinador entrevistado usasse ferramentas baseadas no "Modelo Five-A" proposto inicialmente por
Carson e Collins (2011) de forma sistemática, nenhum dos treinadores no estudo atual usou o modelo completo. Em
outras palavras, cada treinador usava uma série de ferramentas, ou variações delas, regularmente. No entanto,
nenhum treinador seguiu o modelo do início ao fim.

Apesar das diferentes abordagens adotadas por esses treinadores, eles ainda entendem a necessidade desse
refinamento e, como resultado, continuam a buscar abordagens eficazes para garantir que seus atletas continuem se
desenvolvendo e tendo um desempenho de alto nível.
ALTORENDIMENTO

LANÇAMENTO EM BREVE!

QUERO SABER MAIS!

Se você gostou desse conteúdo e quer continuar se atualizando, em breve vamos lançar o guia de
ciências do esporte Alto Rendimento, onde todo mês trazemos reviões dos mais recentes artigos
em FORMTAO DIGITAL com tópicos específicos da preparação física como:

treinamento força
monitoramento de cargas
pliometria
periodização
recuperação e reabilitação
desenvolvimento de talentos

entre outros...

Fique atento para não perder nossa promoção especial de lançamento!

Considere fazer parte dos nossos canais de comunicação (abaixo) para receber regularmente
conteúdos sobre treinamento de ALTO RENDIMENTO!

CANAL TELEGRAM

INSTAGRAM
EDIÇÃO TREINADORES

SITE

PODCAST

Você também pode gostar