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Teoria da obra vanguardista

Conceito de obra de arte para os produtos de vanguarda traz problemas! Quais?

*Os teóricos sustentam estar a categoria de obra ultrapassada, porém se percebe pelos
dadaístas, que utilizaram-se de atos que fazem jus a obra.

A obra de arte de vanguarda não nega a unidade geral, mas um determinado tipo de unidade a
relação entre a parte e o todo.

Crise do conceito de obra de arte (colocada pelos vanguardistas) - não é evidente.

1. Decomposição da unidade da obra de arte -tendência coletiva da modernidade


2. Independência e coerência da obra questionam-se conscientemente e talvez se
destruam mutuamente. (BUBNER,R.Acerca de algumas condições da estética
contemporânea, p.49) ... decorra daqui a renúncia estética atual do conceito de obra.

Para o vanguardista o material da obra não é nada mais que material.

A obra já não é vista como um todo orgânico, mas produzida sobre fragmentos

Caráter enigmático do produto, resistência quanto ao intento de captar o sentido. Não há


como descrever uma parte da obra.

Encontrar os princípios constitutivos para apreender a obra – novo tipo de recepção nascido
com a arte de vanguarda

A causa da possibilidade de uma síntese dos métodos formal e hermenêutico é a ideia de que
a emancipação das partes, mesmo na obra de vanguarda não resulta nunca numa completa
cisão do todo da obra.

Para a recepção, isto significa que a obra de vanguarda também deve entender-se segundo o
processo hermenêutico (quer dizer, como totalidade de sentido), com a ressalva de que a
unidade assumiu a contradição. A harmonia das partes não constitui o todo da obra, que
consiste agora na relação contraditória das partes heterogêneas. O método de análise formal
das obras de arte adquire grande importância no seio de uma hermenêutica crítica. Uma
hermenêutica crítica, em vez do teorema sobre a necessária harmonia do todo e das partes,
estabelecerá a investigação das contradições entre os níveis da obra, e deste modo procurará
deduzir em primeiro lugar o sentido do todo.

Alegoria de Benjamim

Categoria própria para englobar o aspecto da produção, quer do efeito estético das obras de
vanguarda.

As formas artísticas devem a sua origem a um contexto social, mas não mantém nenhum
vínculo com tal contexto nem com situações sociais análogas, podendo assumir outras funções
em contextos sociais diferentes.

Conceito de alegoria:
1.O alegórico arranca um elemento na totalidade do contexto social, isola-o, despoja de sua
função. Alegoria é essencialmente um fragmento. Contexto de intuição alegórica – a pintura é
fragmento. A falsa aparência da totalidade desaparece.

2.O alegórico cria sentido ao reunir os fragmentos de realidade isolados. Trata-se de um


sentido dado, que não resulta do contexto original dos fragmentos.

3.Função do alegórico como expressão de melancolia. Quando o objeto se torna alegórico pela
melancolia, deixa escapar vida, fica como morto, fixado para a eternidade. Objeto totalmente
incapaz de irradiar significado ou sentido(somente o que o alegórico lhe traz).

4. Alegoria representa a história como decadência- da história como primitiva paisagem


petrificada do que a vista oferece.

A categoria de alegoria reúne dois conceitos do tratamento da produção do estético que diz
respeito a:

1.Tratamento do material (separação das partes do seu conceito).

2.Constituição da obra (ajuste de fragmentos e fixação de sentido) com uma interpretação dos
processos de produção e recepção(melancolia nos produtores, visão pessimista da história nos
receptores)

Semelhanças entre o alegórico barroco e o alegórico vanguardista em termos de produção dos


produtores.

A segunda interpretação da estética da recepção, que Benjamim dá o conceito de alegoria( a


alegoria mostra a história como história da natureza, ou seja como história fatal da
decadência.

Se se toma o eu surrealista como protótipo de atitude vanguardista, verificamos que na base


dessa conduta está a redução da sociedade a natureza. O eu surrealista pretende restaurar a
originalidade da experiência, encarando como natural o mundo produzido pelos homens.
Deste modo a realidade social fica protegida contra a ideia de uma possível transformação.

A desvalorização do barroco em função do além transforma-se na vanguarda numa posição


entusiasta do mesmo mundo.

A obra de arte orgânica oferece-se como uma criação da natureza, a arte bela deve ser
considerada como natureza por mais que se tenho consciência de que é arte.

Dupla missão do realista em contraste com o vanguardista:

1.Descoberta intelectual e a configuração artística dessas relações abstraídas e trabalhadas, a


superação da abstração (o que Lucaks designa por recobrir) -aparência de natureza.

A obra de vanguarda pelo contrário oferece-se como produto artístico, artefato – montagem –
princípio básico da arte vanguardista.

A obra montada dá entender que é composta de vários fragmentos da realidade, acabando


com a aparência de totalidade.

Diferentes modos de recepção estabelecidos pelos princípios construtivos de cada tipo de


obra.
Os momentos concretos da obra orgânica tem sentido em relação a totalidade da obra e os
momentos concretos da obra de vanguarda possuem um elevado grau de independência

Montagem

Categoria que permite estabelecer com exatidão um determinado aspecto do conceito de


alegoria.

Conceito existente no

Cinema – encadeado de imagens – impressão de movimento. Montagem princípio técnico e na


pintura princípio artístico.

Fragmentação da realidade e descreve a fase de constituição da obra.

Papiers colés de Picasso:

a.Ilusionismo

b.Abstração

Fotos montagens de Heartfield – conjuntos de imagens propostas a leitura. Recuperou a velha


técnica dos símbolos e transferiu para o campo da política. O símbolo reúne uma figura com
dois textos diferentes, um (assumindo frequentemente o caráter de denúncia) e outro mais
extenso como explicação.

Incorporação de elementos da realidade, materiais que não foram elaborados pelo artista.
Assim se destrói a unidade da obra como produto absoluto da subjetividade do artista.

Violenta-se um sistema de representação que se baseia na reprodução da realidade, quer


dizer, no princípio o qual a tarefa do artista é a transposição dessa mesma realidade

BUBNER – Pensa no regresso ao kantismo como única estética atual –

As únicas obras consideradas no tempo atual, são aquelas que não são obras.

ADORNO:

Conceito de obra no duplo sentido : num sentido geral (deste ponto a arte moderna possui
possui caráter de obra)

Obra redonda: obra de arte orgânica – este conceito que a vanguarda destrói. Serve para
distinguir entre o significado geral do conceito de obra e um determinado uso histórico.

Adorno e a arte moderna:

Categoria do novo

Categoria se apoia na hostilidade contra a tradição característica da sociedade burguesa


capitalista.

Movimentos históricos de vanguarda – singular ruptura histórica com a tradição.

Dá conta de que a novidade é a etiqueta que o mercado oferece aos seus consumidores.
Sua argumentação torna-se discutível quando proclama que a arte se apropria do mercado
dos bens de consumo.

Outra opinião de Adorno bastante problemática é a de que a mudança sempre rápida de


tendências artísticas corresponde a uma necessidade histórica.

Dialética A acomodação a sociedade de consumo pode constituir uma forma de resistência


ou refluir no problema da concordância fastidiosa entre modas de consumo e aquilo que
deveria chamar-se modas artísticas.

Não fixa com precisão o caráter histórico da categoria do novo. A categoria do novo é a
necessária duplicação no âmbito artístico do fenômeno dominante na sociedade de
consumo.

Na sociedade de consumo não é substancial e sim pela aparência. Quando a arte usa desse
artíficio superficial se serve desse mecanismo para se opor a sociedade.

Adorno chama imitação do estranho – ex. Andy Warhol – a reprodução de 100 latas
Campbells – modo de resistência contra a sociedade de consumo.

Acomodar-se a alienação para ser a única forma possível de resistência contra a mesma
alienação. Reação a impotência do indivíduo burguês, segundo ADORNO – A impotência a
que a tecnologia reduziu o sujeito, desencadeada por ele próprio.

Aplicação ao acaso por um princípio de construção. Ex. Música dodecafônica... material


determina, sem que essa determinação, em si mesma, possa oferecer um sentido” A
produção do acaso por um princípio de construção se verifica na literatura (poesia
concreta, mais tarde do que na música) – renúncia do conteúdo semântico

A montagem na arte moderna para Adorno –

carga revolucionária.

Obras inorgânicas que se apoiam no uso da montagem não provocam aparência de


reconciliação homem e natureza.

Não são sinal da realidade, são a própria realidade.

A arte quer confessar a sua impotência perante a totalidade do capitalismo tardio e


inaugurar a sua abolição.

A negação da síntese é o princípio da criação.

Vinculo nas montagens: caráter sintagmático (oração tem um fim) e paradigmático


(discurso) o que promove dois modos de recepção distintos: círculo hermenêutico e

Negação de sentido produz um choque no receptor. Esta é a reação que o artista de


vanguarda pretende, porque espera que o receptor privado de sentido, se interrogue
sobre a sua particular práxis vital e se coloque a necessidade de transformá-la.

Problemática do choque

Estimulo para alteração de comportamento.

Pretendida reação dos receptores


Acabar com a imanência estética

Iniciar uma transformação da práxis vital dos receptores.

Sua essência consiste em ser uma experiência extraordinária.

Com a repetição, o choque é esperado

Novidades

Tipos de novidade:

1.Variação dentro dos estreitos limites de um gênero

2.Efeito de choque previsto nos esquemas estruturais do gênero, novidade como efeito
calculado e estabelecido.

3. A renovação dos processo dentro de uma dada linha literária. (O processo automático)

Caracterização do moderno para ADORNO:

Ruptura de uma tradição. Ruptura com tudo que se considerava até então em vigor.

Obra de arte orgânicas – simbólicas -a unidade do geral e do particular se verifica sem


mediações. Tem a relação da parte com o todo ( o que a caracteriza).

Obra de arte inorgânica (alegórica) - se encontram as de vanguarda

Obra de arte – unidade de generalidades e particularidades.

Dadaístas:

Liquidação da arte enquanto enquanto separada da práxis vital.

Os ready made só tem sentido enquanto se relaciona como obra. Sua provocação a arte
implica em um determinado conceito de arte.

O próprio ato de provocação ocupa o lugar da obra

Fase pós vanguardista / Neovanguarda

Restauração da categoria de obra

Institucionaliza a vanguarda como arte e nega assim as genuínas intenções vanguardistas.

Obra de arte autônoma – nega a reintegração a práxis vital

Superação da arte transforma-se em atos artísticos. Obra independentemente da vontade


dos seus produtores.

Recupera a ruptura vanguardista com a tradição – tende a admitir insensatamente


qualquer pretensão de sentido.

A vanguarda e a instituição arte

Modificações transcendentais no domínio da arte

Fracasso contra a instituição arte


Incapacidade de reintegrar a práxis vital

Status de autonomia

O meio através do qual os vanguardistas esperam alcançar a superação de arte obteve


com o tempo status de obra de arte, a sua aplicação já não pode ser legitimamente
vinculada a pretensão de um renovo da práxis vital.

Destruiu o conceito tradicional de obra orgânica.

Movimentos históricos romper com o sistema de representação herdados e superar a


instituição arte em geral.

Fazer algo de “novo” – distingue-se qualitativamente tanto das transformação dos


processos artísticos quanto da transformação dos sistemas de representação.

Conceito do novo não é falso, mas sim geral e inespecífico e pouco útil para descrição das
obras de vanguarda, por não oferecer também qualquer possibilidade de distinguir entre a
moda e a inovação historicamente necessária.

Transformou a sucessão histórica de processos e estilos numa simultaneidade do


radicalmente diverso

Tarefa central da teoria da vanguarda: desenvolvimento de obras inorgânicas.

Objet Trouvé

Encontro fortuito, não resulta de uma produção individual

Intenção de unir a arte a práxis vital.

Perdeu o seu caráter antiartístico e transformou-se numa obra autônoma com lugar
reservado, como as outras no museu.

A vanguarda surgiu historicamente, então os hapennings não poderiam alcançar o valor de


protesto dos atos dadaístas.

O meio proposto pelos vanguardista perdeu o seu efeito de choque.

O ACASO

Acaso objetivo –

Seleção de elementos semânticos concordantes em acontecimentos independentes uns


dos outros

Coincidência – sentido insusceptível de ser captado

O acaso pode ser provocado (Valery)


Os surrealistas não produzem realmente o acaso. Procuram descobrir momentos de
improvisação na vida cotidiana. A sua atenção concentra em fenômenos que não cabem
no mundo da racionalidade dos fins.

Ao dominar o acaso, o poder repetir o extraordinário.

O aspecto ideológico da interpretação surrealista da categoria de acaso não reside na


tentativa de dominar o extraordinário, mas na inclinação em ver no acaso um sentido
objetivo.

Para os surrealistas existe um sentido nas coisas do acaso, nas constelações de


acontecimentos e dão lhe o nome de acaso objetivo. Abolição do indivíduo burguês – valor
e característica na independência dos fins.

Esperança se explica pela total oposição a sociedade existente.

Porém não se critica a sociedade burguesa capitalista, que faz do lucro o princípio
dominante, mas a racionalidade dos fins em geral.

O acaso na obra de arte ao invés da realidade – Pintura – tachismo, action painting –


desenvolvimento da espontaneidade, o acaso abandona a figuração.

O princípio da construção renuncia a imaginação subjetiva em benefício do abandono da


construção ao acaso

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