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destaca como uma coletânea envolvente de narrativas que explora a realidade de vidas
marginalizadas e esquecidas. Ao longo de sua trajetória como colunista no jornal Zero Hora,
de Porto Alegre, Brum compila relatos que proporcionam uma visão crua e penetrante das
injustiças sociais entranhadas no cotidiano de indivíduos comuns. Esta experiência não
apenas me permitiu refletir sobre as possíveis consequências trazidas pela engenharia, mas
também destacou a importância de ser um profissional comprometido com a causa social.
Contudo, é inegável que a maioria das histórias é permeada por uma atmosfera de tristeza
e desesperança. Brum não hesita em expor as profundas feridas sociais, evidenciando as
cicatrizes deixadas por um sistema que negligencia seus cidadãos mais vulneráveis. A
leitura, por vezes, transforma-se em um exercício doloroso de reflexão sobre as injustiças
persistentes em nossa sociedade.
Entretanto, em minha opinião, as mais marcantes são as histórias de pessoas como Israel,
que "descobriu nos olhos da professora que era um homem, não um escombro", e Adail,
que trabalha em um aeroporto, mas nunca viajou de avião. Este último, a menos de uma
centena de passos das asas do avião, jamais conseguiu alcançá-las, expressando que "me
chateia quando aquele povo exibido que vai pros Estados Unidos desembarca falando mal
do Brasil" e "eu não conheço outros lugares, mas sei que não tem melhor que o Brasil".
Assim, as palavras de Eliane e de seus personagens, como Alverindo, o Sapo, um pedinte
do Centro que não anda e vive no chão, "lambendo com a barriga as pedras da rua", são
incríveis. Questionado sobre como é ver o mundo de baixo para cima, ele responde que "é
mais bonito de baixo para cima do que de cima para baixo. A gente vê muita beleza…".
Em suma, "A Vida que Ninguém Vê" é uma leitura necessária e impactante, capaz de
despertar a consciência do leitor para as mazelas sociais frequentemente negligenciadas.
Mesmo diante da tristeza que permeia grande parte das narrativas, a obra ressoa como um
chamado à ação e à empatia, incitando os leitores a refletirem sobre seu papel na
construção de um mundo mais justo e igualitário.