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0 FICHA DE AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA 1

NOME: _______________________________________________________ N.O: ______ TURMA: ______ DATA: _________________

GRUPO I

Leia o excerto de uma entrevista do Jornal de Letras à historiadora Isabel de Pina Baleiras.
Em caso de necessidade, consulte as notas apresentadas.

ENTRE NÓS E AS PALAVRAS • Português • 10.o ano • © Santillana 1


ISABEL PINA BALEIRAS
A RAINHA MÁ DA NOSSA HISTÓRIA
Leonor Teles passaria como a rainha má da nossa História […] Era uma mulher
ambiciosa, que foi interveniente politicamente, tanto em decisões régias, partilhadas com
o rei D. Fernando, como na diplomacia internacional. Reza a crónica de Fernão Lopes que
tinha por amante o Conde Andeiro e que manipulava efetivamente o poder. Se o tinha ou
5 não, foi o que Isabel de Pina Baleiras procurou averiguar na investigação de uma tese de
mestrado que agora sai em livro, Leonor Teles, uma rainha inesperada, mais um volume
da coleção Rainhas de Portugal, que a Temas e Debates/Círculo de Leitores tem vindo a
publicar.
JL: Porque escolheu esta rainha tão mal afamada, que passou à História como «a aleivosa1»?
10 Isabel de Pina Baleiras: Se calhar por esse lado supostamente maligno. Já no liceu, a Crise de 1383-1385 foi
um período que me entusiasmou bastante. A época medieval, aliás, é aquela de que gosto mais, na História de
Portugal. E Leonor Teles, realmente, marcou-me, pela imagem de uma mulher bela, sedutora, de alguma forma
perversa. Sempre me atraíram as mulheres polémicas. Quando tive de escolher o tema da tese de mestrado,
interessou-me saber sobre o poder político desta rainha.
15 E teve-o?
Fernão Lopes diz que sim e depois praticamente toda a historiografia 2 o vai repetir. Quis ver se outras fontes
o confirmaram. E creio que efetivamente foi uma rainha que teve poder político. Participou ao lado do marido,
D. Fernando, em muitas doações conjuntas.
Assinaram conjuntamente muitos diplomas, como deixa claro no seu livro.
20 O hábito de os reis fazerem diplomas conjuntos com as rainhas consortes 3 não foi uma prática que tivesse
começado com D. Fernando. Vinha de trás. Mas D. Fernando entende que o seu poder deve ser partilhado com a
rainha, porque ela tem direito a uma parte do regimento 4 do reino. Como comprovei nos documentos,
nomeadamente nas mercês5 dadas ao alto clero e à nobreza. Aliás, D. Fernando era generoso, o que é referido
por Fernão Lopes e pelo cronista castelhano Pero Lopez de Ayala, que foi contemporâneo desses
25 acontecimentos, tendo inclusivamente combatido na Batalha de Aljubarrota. E em relação a Leonor Teles, ele
tem uma posição muito imparcial6; não faz, por exemplo, qualquer comentário sobre a existência de um amante.
Só Fernão Lopes o diz.
Leonor Teles também teve um papel importante na diplomacia?
Nomeadamente na sucessão do reino, que foi sempre tratada por ela nos contratos de casamento da filha,
30 D. Beatriz. Foram cinco os casamentos planeados, consegui documentação relativa a três deles e, nesses tratados
com Castela, a rainha teve sempre participação e influência.
Por que lhe chamou uma rainha «inesperada»?
Porque não correspondia ao padrão que era esperado para uma rainha consorte. Fernão Lopes é claro nesse
aspeto, que, de certa forma, convinha à dinastia de Avis, para quem trabalhava. Quanto mais se denegrisse o
35 reinado de D. Fernando e de D. Leonor Teles, melhor se aceitaria e mais redentor seria o reinado bastardo e o
golpe de estado que foi o que se passou em 1385, porque a herdeira legítima era D. Beatriz. Mas acredito que
Fernão Lopes traduzia também uma certa mentalidade medieval. De facto, D. Fernando casou com D. Leonor
Teles, mas não era isso que se esperava.
Jornal de Letras, Artes e Ideias, 25 de julho de 2012 (com supressões).

Responda aos itens que se seguem, de acordo com as orientações dadas.

1
aleivosa: pérfida; desleal; traiçoeira.
2
historiografia: conjunto de estudos históricos.
3
consorte: esposa de rei, quando este é reinante.
4
regimento: governo.
5
mercê: recompensa; benefício.
6
imparcial: que é isento ao julgar alguém; que julga sem se deixar influenciar.

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1. As afirmações apresentadas de (A) a (G) referem-se a Isabel de Pina Baleiras e baseiam-se em informações
dadas pelo texto introdutório e pela entrevista. Escreva a sequência de letras que corresponde à ordem pela
qual essas informações aparecem no texto. Comece a sequência pela letra (E).
(A) Explica que o poder de D. Leonor Teles fica comprovado pelos benefícios que conferia ao alto clero e à
nobreza.
(B) Reforça a ideia de generosidade de D. Fernando, citando dois cronistas da época.
(C) Publica a sua tese de mestrado com o título Leonor Teles, uma rainha inesperada.
(D) Atribui grande relevância a esta rainha por esta ter dirigido o processo de sucessão do reino, particularmente
na redação dos contratos de casamento de sua filha.
(E) Admite que «a aleivosa» tinha poder político, partilhando com o seu esposo a ação governativa.
(F) Investiga, na sua tese de mestrado, a existência de um amante de Leonor Teles.
(G) Escolhe dedicar-se a esta rainha por ter ficado marcada pela imagem de mulher polémica que a ela se
associa.

2. Para responder a cada item, de 2.1 a 2.5, selecione a opção que permite obter uma afirmação adequada ao
sentido do texto. Escreva o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
2.1 Com a expressão «rainha má» (linha 1) chama-se a atenção para
(A) a forma como a historiadora classifica o carácter de D. Leonor Teles.
(B) a urgência de se aprofundarem os estudos sobre D. Leonor Teles.
(C) a perspetiva dada pela historiografia portuguesa e pela tradição popular acerca de D. Leonor.
(D) a atitude de D. Leonor face aos sucessores de D. Fernando.
2.2 A expressão «Reza a crónica» (linha 3) indica que
(A) Fernão Lopes suspeita que D. Leonor era uma rainha manipulativa.
(B) a crónica de Fernão Lopes era de natureza religiosa.
(C) a crónica de Fernão Lopes apresenta como verdadeira a relação amorosa entre D. Leonor Teles e o Conde
Andeiro.
(D) a crónica de Fernão Lopes lista as personalidades históricas com quem Leonor Teles se relacionou.
2.3 Isabel de Pina Baleiras considera a escolha da «rainha tão mal afamada» (linha 9) como seu objeto de estudo
como resultado
(A) do seu fascínio pela imagem de mulheres belas, sedutoras e perversas.
(B) do seu entusiasmo pela crise de 1383-1385.
(C) das suas dúvidas acerca do poder político de D. Leonor Teles.
(D) da ideia da suposta malignidade que D. Leonor Teles teria.
2.4 Com o vocábulo «efetivamente» (linha 17), a historiadora pretende expressar
(A) probabilidade.
(B) certeza.
(C) obrigação.
(D) permissão.
2.5 Pela leitura da entrevista, é possível afirmar que
(A) D. Fernando foi inovador ao fazer diplomas conjuntos com D. Leonor.
(B) D. Fernando considerava que a rainha consorte tinha direito a uma parte do governo do país.
(C) D. Leonor Teles foi beneficiada pelo alto clero e pela nobreza.
(D) a generosidade de D. Fernando apenas se atesta nas crónicas de Fernão Lopes.

GRUPO II

1. Classifique as palavras destacadas nas frases que se seguem, indicando a classe e a subclasse.
a) «Fernão Lopes diz que sim e depois praticamente toda a historiografia o vai repetir.» (linha 16)
b) «(…) melhor se aceitaria e mais redentor seria o reinado bastardo […]» (linha 35)

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2. Analise sintaticamente as frases apresentadas.
a) D. Fernando casou com D. Leonor Teles, uma mulher ambiciosa.
b) Naturalmente, ele tem uma posição muito imparcial.

3. Classifique as orações destacadas nas frases seguintes.


a) «Era uma mulher ambiciosa, que foi interveniente politicamente, […]» (linhas 1-2)
b) «[…] acredito que Fernão Lopes traduzia também uma certa mentalidade medieval […]» (linhas 36-37)

4. Reescreva o adjetivo destacado na frase no grau superlativo absoluto sintético.


Leonor Teles passaria para a História como uma mulher má.

GRUPO III

A partir da leitura do texto apresentado, verifica-se que D. Leonor Teles se evidenciou no seu papel de rainha
consorte, quer durante o reinado do seu marido, sendo que D. Fernando apelou à participação ativa da mulher no
governo do reino, quer após a morte deste.
Escreva um texto no qual expresse a sua opinião sobre a igualdade ou as disparidades que existem entre homens e
mulheres na sociedade atual, nomeadamente no mundo profissional, apresentando razões e exemplos ilustrativos
que sustentem o seu ponto de vista.
O seu texto deve ter um mínimo de cento e oitenta e um máximo de duzentas e quarenta palavras.

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0 Correção da ficha de Avaliação Diagnóstica 1

FICHA DE AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA 1

GRUPO I
1. (E)-(F)-(C)-(G)-(A)-(B)-(D)
2. 2.1 (C); 2.2 (C); 2.3 (D); 2.4 (D); 2.5 (B).

GRUPO II
1. a) que: conjunção subordinativa completiva; depois: advérbio de predicado com valor temporal/advérbio
de tempo; toda: quantificador universal.
b) melhor: advérbio de predicado com valor modal «bem» no grau comparativo; aceitaria: verbo aceitar,
transitivo, 3.a pessoa do singular, presente do modo condicional; redentor: adjetivo qualificativo, grau
comparativo de superioridade; o: determinante artigo definido, masculino, singular.
2. a) D. Fernando: sujeito simples; casou com D. Leonor Teles, uma mulher ambiciosa: predicado;
com D. Leonor Teles, uma mulher ambiciosa: complemento oblíquo; uma mulher ambiciosa: modificador
apositivo do nome; ambiciosa: modificador restritivo do nome.
b) naturalmente: modificador da frase; ele: sujeito simples; tem uma posição muito imparcial: predicado;
uma posição muito imparcial: complemento direto; muito imparcial: modificador restritivo do nome.
3. a) Oração subordinada adjetiva relativa explicativa.
b) Oração subordinada substantiva completiva.
4. má: péssima.

GRUPO III
Resposta livre, respeitando a estrutura do texto de opinião, com apresentação de argumentos e exemplos
sobre o tópico sugerido.

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