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RESUMO: O presente artigo tem como objetivo geral do presente artigo é realizar uma pesquisa teórico-prática
visando à elaboração de uma Cartilha informativa quanto aos direitos fundamentais da pessoa com deficiência.
Além disso, este projeto é também um instrumento na busca pela efetivação dos direitos fundamentais dessas
pessoas.Os objetivos específicos teóricos são: discorrer sobre os elementos de formação e desenvolvimento do
Estado Liberal e do Estado Social de Direito; Direitos Humanos; Direito Civil-Constitucional; Estatuto da
Pessoa com Deficiência; Código Civil e Direitos Fundamentais. Já na parte prática, os objetivos são: identificar
na Constituição Federal brasileira de 1988 elementos caracterizadores das configurações Liberal e Social do
Estado de Direito, sob o aspecto aplicável à pessoa com deficiência; contemplar os conceitos-chave do Código
Civil e Estatuto da Pessoa com deficiência; discorrer acerca dos direitos à vida e à igualdade. A metodologia
utilizada foram livros e artigos da CF e através deles foi construído uma cartilha informativa, para promover o
desenvolvimento social e assim as pessoas com deficiência possam reconhecer seus direitos quanto ao transporte
e mobilidade. Sendo assim, o objetivo principal foi atingido com a construção da mesma. Concluindo que, por
meio da cartilha foi possível atingir os objetivos através do conhecimento dos direitos das pessoas com
deficiência, trazendo-os de uma forma simplificada e de fácil compreensão. Também, de que foi possível mostrar
como se efetivar esses direitos para promover o desenvolvimento social e o conhecimento da sociedade.
ABSTRACT:The present article has the general objective of the present article is to carry out a
theoretical-practical research aiming at the elaboration of an informative booklet about the fundamental rights of
the person with disabilities. In addition, this project is also an instrument in the search for the realization of the
fundamental rights of these people. The specific theoretical objectives are: to discuss the elements of formation
and development of the Liberal State and the Social State of Law; Human rights; Civil-Constitutional Law;
Statute of the Person with Disabilities; Civil Code and Fundamental Rights. In the practical part, the objectives
are: to identify in the Brazilian Federal Constitution of 1988 elements that characterize the Liberal and Social
configurations of the Rule of Law, under the aspect applicable to people with disabilities; contemplate the key
concepts of the Civil Code and Statute of Persons with Disabilities; talk about the rights to life and equality. The
methodology used were books and articles of the FC and through them an information booklet was built, to
promote social development and so that people with disabilities can recognize their rights regarding transport
and mobility. Thus, the main objective was achieved with the construction of the same. Concluding that, through
the booklet it was possible to achieve the objectives through the knowledge of the rights of people with
disabilities, bringing them in a simplified and easy to understand way. Also, that it was possible to show how to
enforce these rights to promote social development and the knowledge of society
Keywords:civil capacity- fundamental rights - people with disabilities - right to personality - right to transport
and mobility
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Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Passo Fundo – RS – Brasil 1
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2 DESENVOLVIMENTO
O referencial teórico tem como base os estudos da evolução do Estado, sua passagem
de Estado Liberal até o Social e o surgimento dos Direitos fundamentais, com a convenção de
Nova York e a inclusão de seus fundamentos no corpo do texto constitucional, e a seguir, com
base nisso, apresentar o que está presente no Código Civil sobre os direitos das pessoas com
deficiência e o Estatuto de Inclusão, além de elencar os direitos fundamentais presentes na
Constituição Federal de 1988, principalmente o direito à vida, direito à igualdade e direito ao
transporte e mobilidade.
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Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Passo Fundo – RS – Brasil 3
Para entender como funciona a sociedade atual, é preciso entender como foi no
passado. Incluindo o Estado Liberal, Estado Social e o Estado Democrático de Direito. Atual
modelo da sociedade brasileira do século XXI.
Antigamente, o poder era concentrado na mão dos governantes, o povo somente
obedecia aos mandos e desmandos. Conforme o tempo passou, a sociedade começou a
perceber que eles possuíam o poder.
É possível definir o Estado Medieval como uma grande divisão, onde cada pedaço é
um reino independente, cada um com o poder político dividido entre os senhores feudais e
comunas medievais. Porém, nos seus anos finais, essas cidades autônomas conseguiram
conquistar autonomia, através de rebeliões ou cartas régias. É nesse período que iniciam-se as
revoltas contra os estados absolutistas, dando azo ao surgimento do Estado Liberal, que
combatia as idéias absolutistas.
A base do pensamento liberal é “liberdade e igualdade”, a sociedade buscava
autonomia para viver, e para isso era necessário o distanciamento do Estado. Assim sendo, o
Estado não deveria interferir mais que o necessário na sociedade. O Estado liberal visa
garantir a liberdade, liberdade negativa pois o Estado infere o mínimo na vida da sociedade,
ou seja, nos seus direitos.
Para entender o surgimento do Estado socialista, é necessário recorrer à história da
crise do liberalismo:
[...] durante a efervescência das ideias filosóficas do século XIX, a crise do Estado
liberal em solucionar questões públicas da época fomentou a inquietação popular por
garantia de direitos sociais e a criação de partidos políticos e de sindicatos, elementos
essenciais para o surgimento do Estado social, pois, a partir do novo modelo de Estado
moderno, caberia ao Estado garantir um bem-estar mínimo ao indivíduo. Ou seja, o
Estado não somente teria a premissa de assegurar a liberdade democrática, mas seria
responsável por constitucionalizar os direitos de segunda dimensão ou direitos sociais,
vinculados à esfera social do bem-estar da pessoa (MELO; SCALABRIN, 2017, p.
128).
Os Direitos humanos, conforme Mazzuoli (2019, p.27), “são direitos protegidos pela
ordem internacional (especialmente por meio de tratados multilaterais, globais ou regionais)
contra as violações e arbitrariedades que um Estado possa cometer às pessoas sujeitas à sua
jurisdição”. No que se refere à amplitude,
tem-se que os ‘direitos humanos’ (internacionais) são mais amplos que os chamados
“direitos fundamentais” (internos). Estes últimos, sendo positivados nos
ordenamentos jurídicos internos, não têm um campo de aplicação tão extenso quanto
o dos direitos humanos, ainda mais quando se leva em conta que nem todos os
direitos fundamentais previstos nos textos constitucionais modernos são exercitáveis
por todas as pessoas, indistintamente (MAZZUOLI, 2019, p. 28).
a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi delineada pela Carta das Nações
Unidas e teve como uma de suas principais preocupações a positivação internacional
dos direitos mínimos dos seres humanos, em complemento aos propósitos das
Nações Unidas de proteção dos direitos humanos e liberdades fundamentais de
todos, sem distinção de sexo, raça, língua ou religião. Trata-se do instrumento
considerado o ‘marco normativo fundamental’ do sistema protetivo das Nações
Unidas, a partir do qual se fomentou a multiplicação dos tratados relativos a direitos
humanos em escala global. [...]Com fundamento na dignidade da pessoa humana, a
Declaração Universal nasceu como um código de conduta mundial para dizer a todo
o planeta que os direitos humanos são universais, bastando a condição de ser pessoa
para que se possa reivindicar e exigir a proteção desses direitos em qualquer ocasião
e em qualquer circunstância (MAZZUOLI, 2019, p. 86).
Para afirmar a igualdade entre as pessoas e seus direitos adquiridos, têm-se disposto
no art. 1o da Declaração Universal dos Direitos Humanos que, “todas as pessoas nascem livres
e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação
umas às outras com espírito de fraternidade” (Declaração Universal dos Direitos Humanos,
1948). Frente a isso, conclui-se que,no Século XXI, um tema muito discutido é os direitos
humanos das pessoas com deficiência, pois muitas vezes, os direitos que eram pra ser
garantidos e assegurados, são violados e impedem a plena cidadania. Um exemplo que ilustra
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Projeto de Aperfeiçoamento Teórico e Prático – Passo Fundo – RS – Brasil 6
isso é a violação à liberdade de ir e vir, que é prejudicada pela falta de acessibilidade a locais
e transportes públicos. Dessa forma,
foi criada em 2006 a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,
também chamada de Convenção de Nova York. O Brasil assinou, o Tratado e seu
protocolo definitivo em 30 de março de 2007. Um ponto importante, a ser destacado
é que a Convenção foi a primeira convenção internacional sobre direitos humanos a
ser inserida com status d e Emenda Constitucional, uma vez que seguiu os termos do
§3o, do art. 5o, do texto constitucional de 1988”(DAMASCENO, 2014, s.p, apud
CORRALO; BOANOVA, 2018. p. 12).
pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas
barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em
igualdades de condições com as demais pessoas (Convenção da ONU, 2008).
Mazzuoli (2019, p.403) afirma que “a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência veio a ser o marco mais significativo, no âmbito das Nações Unidas, de proteção
dos direitos dessa classe de pessoas”, porque
no contexto de uma sociedade desigual, em que a opressão pode provir não apenas
do Estado, mas de uma multiplicidade de atores privados, presentes em esferas como
o mercado, a família, a sociedade civil e a empresa. Sem embargo, formada esta
premissa, é preciso avançar, para verificar a forma como se dá esta incidência
(SARMENTO,2010, p. 185).
O Estatuto da Pessoa com Deficiência é instituído pela Lei no 13.146, de 6 julho de
2015, baseado na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo
Facultativo. Conforme seu art. 2o, “considera-se pessoa com deficiência aquela que tem
impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em
interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas” (BRASIL,2015).
Já no artigo 3o, há a conceituação de alguns termos para fins legais, relacionados ao
transporte e mobilidade. A Lei no 13.146/2015 define acessibilidade, no inciso I, como a
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2.1.2.3 Direitos da Pessoa com deficiência no Código Civil: direitos da personalidade,
capacidade civil e representação
O Código Civil brasileiro, no que se refere às pessoas com deficiência, trata na sua
redação sobre os direitos de personalidade, a capacidade civil cabível e a representação. Os
direitos da personalidade, são situações jurídicas existenciais que tem por objeto os bens e
valores essenciais da pessoa, da natureza física, moral e intelectual (AMARAL, 2018, p.353).
Eles são divididos em duas categorias há os inatos, como o direito à vida e à
integridade física e moral, e os adquiridos que decorrem do status i ndividual e existem na
extensão da disciplina que lhes foi conferida pelo direito positivo como o direito autoral
(GONÇALVES, 2018, p.166).
Dessa maneira, estão contidas no Código Civil brasileiro, instituído pela Lei no 10.406
de 10 de janeiro de 2002, no qual, aborda que os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo sofrer limitação voluntária no seu exercício.
No art.12, trata de exigir que se cesse ameaça ou lesão, e podendo reclamar por perdas e
danos, sem prejuízo de outra sanções previstas na lei. Por meio do art. 13 que abrange a
exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição
permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes, também é válido que para
meios científicos ou altruísticos, por meio da disposição gratuita do corpo, no todo ou em
parte, para depois da morte. Já no art. 15, trata de que ninguém pode ser constrangido, a
submeter-se tratamento médico ou a cirurgia (BRASIL, 2002).
Os artigos seguintes, abordam o direito ao nome, compreendidos, o nome e o
prenome, como também não pode usar o nome de outrem em publicações ou representações
que exponham ao desprezo público, mesmo que não haja intenção difamatória. É
expressamente proibido usar o nome de alguém sem autorização em propaganda comercial
(BRASIL,2002).
Caso sejam autorizadas,
Dessa forma, a pessoa com incapacidade absoluta ocorre a proibição total, pelo
incapaz na do exercício do direito. Fica ele inibido de praticar qualquer ato jurídico ou de
participar de qualquer negócio jurídico. Estes serão praticados ou celebrados pelo
representante legal do absolutamente incapaz, sob pena de nulidade (CC, art. 166, I).
(GONÇALVES, 2018, p.133-134).
A partir da publicação, em 2015, da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência, também nomeada de Estatuto da Pessoa com Deficiência, ocorreu uma mudança
no que se entendia por incapacidade. Em uma retomada histórica, Álvaro Villaça Azevedo
analisa que,
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A Convenção Internacional sobre os Direitos das pessoas com deficiência, aprovada
nos Estados Unidos em 2007 e confirmada em nosso País pelo decreto legislativo
186/ 2018, não considera a deficiência mental uma enfermidade. [...] A Lei no 13.146,
de 06.07.2015- Estatuto da Pessoa com Deficiência- confirma tal entendimento
(AZEVEDO, 2019, p. 185).
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ou seja, visa garantir ao ser humano, o respeito à vida, à liberdade, à igualdade e a dignidade,
para o pleno desenvolvimento de sua personalidade” (SILVA, 2012, p.2).
Para Padilha (2020, p. 235), “ os direitos fundamentais são os direitos considerados
indispensáveis à manutenção da dignidade da pessoa humana, necessários para assegurar a
todos uma existência digna, livre e igual”. O mesmo autor, ainda a respeito da temática,
aponta que, “ os direitos fundamentais existem para que a dignidade da pessoa humana, possa
ser exercida em sua plenitude. Caso não haja normas que assegurem e tutelem esses direitos, a
ofensa atingirá a própria dignidade” (PADILHA, 2020, p. 236).
Os direitos fundamentais são, “conceituados como direitos subjetivos, assentes no
direito objetivo, positivados no texto constitucional, ou não, com aplicação nas relações das
pessoas com o Estado ou na sociedade” (MORAES, 2019, p. 165).
A Constituição Federal de 1988, assegura, basicamente, no tocante a acessibilidade, o
que consta nos seguintes artigos:
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Na perspectiva subjetiva, os direitos fundamentais conferem aos titulares a pretensão
a que se adote um determinado comportamento, positivo ou negativo, em respeito à
dignidade da pessoa humana. Na perspectiva objetiva, os direitos fundamentais
compõem a base da ordem jurídica, sendo certo que a afirmação e asseguramento dos
direitos fundamentais é condição de legitimação do Estado de Direito (MORAES,
2019, p. 167)
2.1.3.1.1 Extrapatrimonialidade
Logo, não podemos atribuir valor para comercialização aos direitos individuais. Não
possuem conteúdo econômico-patrimonial, com isso, se atribui o caráter de inalienação,
indisponibilidade e inprescrição.
2.1.3.1.2 Universalidade
Os direitos fundamentais
alcançam a todos que se encontrem no Estado onde vigoram, dentro das suas
especificidades. Não importam aqui considerações quanto a raça, idade, sexo,
religião, ideologia. Claro, há direitos fundamentais que se aplicam às pessoas
naturais, outros às pessoas jurídicas, outros a ambas. O que se quer afirmar é que
eles protegem, dentro das suas peculiaridades, todas as pessoas físicas e/ou jurídicas
que se encontrem no território estatal, sem discriminação de qualquer espécie”
(MOTTA, 2017, p.182).
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2.1.3.1.3 Inalienabilidade
2.1.3.1.4 Imprescritibilidade
2.1.3.1.5 Irrenunciabilidade
O que pode vir a acontecer é seu não exercício, porém nunca a sua irrenunciabilidade.
Ou seja, os direitos fundamentais não podem ser eliminados pela vontade de seu titular.
2.1.3.1.6 Historicidade
Para Moraes (2019, p. 167), a historicidade refere-se que “os direitos fundamentais são
objeto de transformações ao longo da história”. Completando essa ideia, Padilha (2020, p.
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238) afirma que, a historicidade “significa que os direitos são históricos, surgiram
emblematicamente com a revolução burguesa e evoluíram com o passar do tempo”.
Conclui-se, então, que os direitos fundamentais passaram por um longo caminho de
afirmação, lutas e consultas progressivas, além disso, estão em constante evolução, por isso,
são mutáveis e ampliáveis.
Todos os seres humanos, têm direito a vida de acordo com a Declaração Universal dos
Direitos Humanos no seu artigo 3, e isso não é diferente com as pessoas deficientes, de acordo
com o art. 10 da Convenção sobre os direitos das Pessoas com Deficiência, que decorre sobre
o direito à vida, no qual aborda que todos os seres humanos têm esse direito, independente
das necessidades de cada um e serão tomadas as medidas necessárias para assegurar esse
direito com igualdade de oportunidades como as demais pessoas (CARNEIRO et al, 2013,
p.170).
Algumas definições sobre o direito à vida refletem essa dimensão, pois esse direito
consistiria no “direito a não interrupção dos processos vitais do titular mediante
intervenção de terceiros e, principalmente, das autoridades estatais” . Há ainda a sua
dimensão horizontal, que engloba a qualidade da vida gozada e suas facetas sociais,
o que nos leva a discussões sobre a vida digna e sobre o mínimo existencial. Esta
dimensão horizontal leva a promoção do direito à vida a abarcar a tutela à saúde,
educação, prestações de seguridade social e até mesmo meio ambiente equilibrado
(PETERKE, 2010, p.223).
A proteção jurídica em relação à vida, possui traços diferentes dos outros direitos, que
direcionam o conteúdo das obrigações do Estado. O início da mais preciosa garantia
individual, deverá ser dado ao biólogo, cabendo ao jurista, tão somente dar -lhe,
enquadramento legal, pois do de vista biológico a vida se inicia com a fecundação do óvulo
pelo espermatozóide, resultando um ovo zigoto (MORAES, 2019, p.34).
Em primeiro lugar, é pressuposto os outros direitos, em segundo lugar, a violação do
direito a vida é irreversível e irreparável, porém a um desconforto em afirmar o início e fim da
vida, devido aos fatos, religiosos, científicos e morais, que influenciam esse debate
(PETERKE, 2010, p.225).
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2.1.3.3 Direito à igualdade
Já o direito à mobilidade,
se refere aos Estados Partes tomarão medidas efetivas para assegurar às pessoas com
deficiência sua mobilidade pessoal com a máxima independência possível: a.
Facilitando a mobilidade pessoal das pessoas com deficiência, na forma e no
momento em que elas quiserem, e a custo acessível; b. Facilitando às pessoas com
deficiência o acesso a tecnologias assistivas, dispositivos e ajudas técnicas de
qualidade, e formas de assistência humana ou animal e de mediadores, inclusive
tornando-os disponíveis a custo acessível; c. Propiciando às pessoas com deficiência e
ao pessoal especializado capacitação em técnicas de mobilidade; d. Incentivando
entidades que produzem ajudas técnicas de mobilidade, dispositivos e tecnologias
assistivas a levarem em conta todos os aspectos relativos à mobilidade de pessoas
com deficiência (MAIOR, 2007, p.26).
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Para tanto, a avaliação da deficiência é feita considerando, principalmente, o
impedimento nas funções motoras e estruturais do corpo, a limitação no desenvolvimento de
atividades e a restrição na participação da comunidade, baseando-se no art. 2o da Lei n.
13.146 de 6 de julho de 2015.
Há uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC 19/2014)3 que pretende alterar o
art. 5.º da Constituição Federal de 1988, inserindo os direitos à acessibilidade e à mobilidade
aos direitos individuais e coletivos. O novo artigo seria redigido como: “Art. 5.º Todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
acessibilidade, à mobilidade, à segurança e à propriedade [...] (PEC 19/2014)”.
A justificativa empregada foi que na Carta de 1988, “propriamente, não há menção
explícita à mobilidade e à acessibilidade, tão essenciais ao exercício das atividades sociais
corriqueiras: ir de casa para o trabalho, do trabalho para a faculdade, de lá para os hospitais ou
centros de lazer, com agilidade e utilizando a devida infraestrutura” (PEC 19/2014 ).
Além disso,
o Estado Social de Direito deve garantir as liberdades positivas aos indivíduos. Esses
direitos são referentes à educação, saúde, trabalho, previdência social, lazer,
segurança, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados. Sua
finalidade é a melhoria das condições de vida dos menos favorecidos, concretizando
assim, a igualdade social. Estão elencados a partir do artigo 6º; (SILVA, 2012, p.2).
Além de ter o Estatuto da Pessoa com deficiência, que por meio de leis regem e
garantem os direitos para essa parcela da sociedade, também são amparados pela Carta Magna
do país, a Constituição Federal. Deve ser destacado que o direito à acessibilidade no
transporte representa uma ferramenta fundamental à inclusão da pessoa com deficiência na
sociedade (FILHO; LEITE ;RIBEIRO, 2019, p.118).
De acordo com o § 4o do artigo 5o , o plano de mobilidade urbana, integrado e
compatível com o plano diretor, é obrigatório para cidades com mais de 20000 habitantes,
mesmo tendo decorrido 3 anos após o cumprimento legal(FILHO; LEITE ;RIBEIRO, p.227,
2019).
3
Proposta de Emenda Constitucional no 19/2014, disponível no link, visto em 21/09/20:
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/118042
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Já no artigo 10 da Lei n. 13.146 de 6 de julho de 2015, reafirma-se que, “Compete ao
poder público garantir a dignidade da pessoa com deficiência ao longo de toda a vida”
(BRASIL, 2015).
Compete à União, ainda, conforme o art. 23, inciso II da Constituição Federal, “cuidar
da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência”
(BRASIL, 1988). Parafraseando a art. 3o da Lei n. 13.146 de 2015, no que se limita a
mobilidade e transporte, constante no inciso I, tem-se a seguinte definição de acessibilidade:
O art. 46o da Lei n. 13.146 de 2015, tem como tema o direito ao transporte e à
mobilidade. Nele, assegura-se que o direito ao transporte e à mobilidade da pessoa com
deficiência ou com mobilidade reduzida é igual às demais pessoas, facilitado por meio da
eliminação de obstáculos e barreiras de acesso. No art. 47o da Lei n. 13.146 de 2015, tem-se
que
Além disso, são asseguradas à pessoa com deficiência prioridade e segurança nos
procedimentos de embarque e de desembarque no transporte coletivo, conforme o disposto no
art.48o , § 2º da Lei n. 13.146 de 2015. Ainda sobre o mesmo artigo, no § 3º discorre sobre a
colocação do símbolo internacional de acesso nos veículos, em que as empresas de transporte
coletivo de passageiros dependem da certificação de acessibilidade emitida pelo gestor
público responsável pela prestação do serviço (BRASIL, 2015).
Com relação ao deslocamento de pessoas com deficiência, por meio de empresas de
táxi, conforme o exposto no art. 51 o da Lei n. 13.146 de 2015, devem reservar 10% de seus
veículos acessíveis à pessoa com deficiência. Por fim, no art. 52o, expõe-se que locadoras de
veículos são obrigadas a oferecer um veículo adaptado para uso de pessoa com deficiência, a
cada conjunto de vinte veículos de sua frota (BRASIL, 2015).
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Assim,
coube à Lei n. 10.098/2000 estabelecer as normas gerais e os critérios básicos para a
promoção da acessibilidade, a qual, no que tange aos transportes e mobilidade
urbana, reservou um capítulo próprio para os elementos de urbanização (Capítulo II)
e outro para o mobiliário urbano (Capítulo III), limitando-se a remeter a
regulamentação dos veículos de transporte coletivo às normas técnicas (art. 16).
(FILHO; LEITE; RIBEIRO, 2019, p.224).
2.2 Metodologia
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Os dados obtidos serão analisados de forma dedutiva, pois partiu-se da perspectiva
geral dos direitos fundamentais da pessoa com deficiência para atingir e integrar a perspectiva
específica do direito ao transporte e à mobilidade. A dedução é caracterizada por partir das
teorias e leis, e na maioria das vezes prediz a ocorrência dos fenômenos particulares,
conforme Lakatos; Marconi (2003, p. 105).
Com base nisso, foram realizadas pesquisas bibliográficas em doutrinas, sites e
principalmente, na Constituição Federal. O referencial teórico, primeiramente, foi
desenvolvido apresentando a passagem do tempo do Estado Liberal até chegar ao Estado
Democrático de Direito, que é o modelo adotado no Brasil. Após isso, foi pesquisado sobre a
convenção de Nova York, que tinha como tema os Direitos das Pessoas com Deficiência, foi
assinada em 30 de março de 2007, porém só entrou em vigor a partir do dia 03 de maio de
2008. É considerada o marco mais significativo no âmbito das Nações Unidas de proteção de
direitos das pessoas com deficiência.
Para fazer essas abordagens, baseando-se na passagem e transição de tempo,
utilizou-se do método histórico que
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Logo após, as características dos direitos fundamentais foram apresentadas, de
maneira a basear e dar a devida importância para os direitos fundamentais que foram
adquiridos no decorrer do tempo. Eles se caracterizam principalmente pelo seu caráter
extrapatrimonial, universal, inalienável, imprescritível, irrenunciável, indivisível e histórico.
Foi realizado um estudo mais aprofundado nos conceitos de direito à vida, à igualdade e o
direito ao transporte e a mobilidade.
A Cartilha Informativa, parte prática do projeto, tem por finalidade principal informar,
promover o desenvolvimento social e o conhecimento, além de reafirmação dos direitos das
pessoas com deficiência, quanto ao transporte e mobilidade. Isso foi possível a partir do
encontrado com o referencial teórico pesquisado e exposto.
2.3.2
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao chegar no fim deste trabalho, pode considerar-se que ele apresenta uma tentativa
de trazer ao leitor, uma maior compreensão sobre os direitos das pessoas com deficiência, em
especial o direito ao transporte e à mobilidade, também de buscar uma forma com que esses
mesmos direitos se efetivem.
O primeiro passo para a realização da pesquisa foi apresentar a história da evolução do
Estado, desde a época do Estado Medieval, até o modelo atual da sociedade. Mostrando,
como foi uma grande luta para que os direitos fossem válidos para todos. Há, também a
intenção de entender a diferença entre os regimes políticos e seus sistemas.
Paralelamente, foi pesquisado sobre os direitos humanos e direitos civil-constitucional.
No qual foram apresentados os conceitos básicos do Estatuto da Inclusão no Código Civil e os
direitos das pessoas com deficiência, onde foi exposto sobre os direitos da personalidade, e
capacidade. Assim, com o objetivo de conscientizar a todos sobre quais são seus direitos e a
maneira de efetivá-los.
O último passo, foi apresentar ao leitor as características dos direitos fundamentais,
que são elas: extrapatrimonialidade, universalidade, inalienabilidade, imprescritibilidade,
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irrenunciabilidade e historicidade. Foi tratado mais a fundo, sobre o direito à vida, à
igualdade e ao transporte e à mobilidade. Onde é comentado sobre o conceito de
acessibilidade e a sua importância para as pessoas com deficiência.
Com a análise dos resultados encontrados com a pesquisa, na busca pelo
aprofundamento do conhecimento dos direitos das pessoas com deficiência e mostrando
como a inclusão e o aprendizado sobre os direitos que essas pessoas possuem é muito
importante para que vivam uma vida mais plena e autônoma, sem medo e com mais
segurança.
Conclui-se que, que por meio desta cartilha, foi possível aprofundar o conhecimento
dos direitos das pessoas com deficiência, trazendo-os de uma forma simplificada e de fácil
compreensão. Também, de que foi possível mostrar como se efetivar esses direitos para
promover o desenvolvimento social e o conhecimento da sociedade. Além de atingir o
objetivo geral do trabalho, que foi por meio de uma pesquisa teórico-prática com o foco em
elaborar uma Cartilha informativa quanto aos direitos fundamentais da pessoa com
deficiência, para elucidar a importância da informação para o público alvo.
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