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O que é a alma? Ela é imortal?

Ler Platão sobre a alma

Erro = Imortalidade é um apêndice eterno desta vida. Como se existisse uma outra vida depois tão
abstrata que malmente serve para influenciar nossos atos. São consideradas apenas duas
qualidades, totalmente etéreas e folclóricas, da imortalidade e não a sua substância mesma, pode
ser boa ou ruim, mas o que é ela?

Solução = Sou imortal desde já, não se torna imortal depois da morte. Não é uma outra vida
totalmente diferente. É a linha verdadeira de tempo na qual essa parte da vida está incluída. Antes
da modernidade todos os filósofos já sabiam disso. Imortalidade é a medida verdadeira do que
sabemos, podemos e somos

Camadas do eu (sentidos da palavra 'eu')

• Eu presencial = eu recebo as sensações e percebo elas. Esse perceber é a consciência. Inclusive


porque só noto aquelas sensações que eu presto atenção e não todas. Alguns estímulos parecem
valiosos então me atento a eles. Essa consciência, esse perceber os estímulos que me parecem
importantes no momento é o eu presencial. Ele sempre está presente, mas não de maneira
contínua. Porque ele se resume as coisas que eu percebo, as coisas que percebi a 5 minutos atrás
não tem nenhuma ligação com o que percebo agora.

• Eu social = Minha relação com os outros seres humanos. Tecido de obrigações, planos,
expectativas e objetivos que tenho para com uma pessoa e para com outras. O que se espera de
mim e o que eu espero dos outros. Ele muda muitas vezes, mas normalmente se mantém um
pouco. Esse tecido muda quando mudo de emprego, bairro, ganho ou perco dinheiro, mudo de
colégio etc.

• Eu biográfico = Ao narrar a minha vida, recordando ou contando a outro. Um episódio de 5 min


pode durar capítulos, mas um período de 2 anos pode ser contado brevemente. Agora eu conto a
vida que eu penso que tive, mas daqui a 10 anos eu posso contar de outra forma essa coisas. Não
foi o passado que mudou, mas sua forma de contar.

Se tudo isso é incontinuo quem mantém o eu? Quem custura todos esses elementos? Quem
mantém essa experiência de identificação comigo mesmo? Esse senso de indentidade que não
muda? Afinal nunca me confundi com outra pessoa

Esse eu contínuo sempre esteve presente e nunca falha. Mesma no momento que nasci em que
nenhum desses eus existiam mas eu sei que era eu.

Ou seja, esse sentimento de continuidade do eu existe, mas não sei de onde ele veio, e ele sou eu
mesmo

Todos esses elementos esparsos tem uma unidade nesse sentimento que não sei de onde vem

Consciência de imortalidade =
• Perceber a unidade do eu durante toda minha vida e ter o sentimento de continuidade. Se tudo
mudou de quando eu era criança pra cá, o que se manteve?

• Não são imagens mentais nem nada, apenas a aceitação da própria presença. É tão simples e
imediata que escapa as palavras

• Ver o fluxo de pensamentos, ver que para aceitar eles e o meu corpo como meus tem que ter uma
consciência por trás. Perceber essa unidade debaixo de todas as várias mudanças da minha
mente e de cada célula do meu corpo
• Não sou meus pensamentos, memórias, sentimentos, mas tudo isso fundado numa base infinita
que sou eu mesmo, não é algo externo a mim, pelo contrário

Remote vision = Vida além da Vida

Filosofia moderna define o ser humano como


• Uma inteligência servida por órgãos, como um cavaleiro e um cavalo. Que é como Descartes
propunha. Duas coisas tão distintas que foi um problema para explicar a junção das duas no
mesmo espaço. Corpo e alma. Um ser que é físico e outro que pensa, e onde está a minha pessoa?
Eu sou apenas uma junção de duas coisas no mesmo espaço? Então eu não existo?
• Conjunto de órgãos que produzem a consciência. Cérebro produz a consciência
Esses dois se impregnaram no imaginário atual, que dificultam a noção de imortalidade

Nenhuma experiência provou que o cérebro produza a consciência. Por outro lado, várias
experiências mostram a consciência longe do corpo. Existem duas situações de 'visão remota':
• Um sujeito que tem certas habilidades e que enxerga coisas de outro lugar. Como por exemplo o
Skylab nos anos 70 e vários outros. Os institutos de pesquisa militares se interessam bastante por
isso.
• Morte clínica sem atividade cardíaca e até cerebral. Ao ressucitar descreve o que se passou na
sala e em salas vizinhas. E em todos os casos a pessoa vê o próprio corpo de fora, e a vida inteira
deles aparecia totalmente completa e inteligível sem nenhum esforço cognitivo

Nesses casos é como se a pessoa fosse pura consciência sem as limitações dos outros eus, ou
seja, os três eus são adaptações da consciência para esta vida terrestre. O cérebro portanto não
produz a consciência mas limita para a condição de vida terrestre.

Os escolásticos diziam "composto indecomponível" de alma e corpo, não há separação, apenas


uma mudança de posição. Mesmo após a morte, estando pura alma eu reconheço que aquele
corpo que estou vendo de fora é meu. Refutando a teoria de Descartes.

O corpo é uma etapa da existência, não é o produtor da consciência e nem um instrumento, é parte
de mim

Treinar a consciência do eu substancial, não é pensável mas admitida. Ir lembrando episódios


vividos em outras épocas e tomar a noção que era a mesma pessoa que está aqui agora. Esse eu
susbtancial é como uma corrente constante que pode ser ativado.
Nenhum desses eus é real por si próprio, são apenas adaptações a essa realidade, são apenas
atos mentais. Minha memória é fragmentária, pensamentos, corpo etc. E só tem sentido em cima
de algo profundo e real que cola todas elas, que é eu mesmo. Esse sentimento de identidade é
imutável, mesmo conhecendo mais coisas sobre mim mesmo ele continua igual.

Com qual 'eu' eu me relaciono com outra pessoa? O substancial. Mesmo que ela minta sobre todos
os eus, sabemos que ela existe implicitamente. Toda relação de um ser humano com outro é de
nível ontológico.

Não se é possível pensar uma pessoa completamente, apenas uma parte, e todo o resto nós
conhecemos mas não conseguimos pensar. Conhecimento por presença.

Cidade dos homens = descontínuo. Personagens morrem, línguas, culturas, países desaparecem e
a maioria dos povos nunca tiveram contato uns com os outros. Nunca existiu materialmente a
"História Universal", apenas histórias separadas

Eu vou viver mais do que toda a história do planeta Terra e do Universo. Vou continuar depois
daqui. Essa é a verdadeira linha temporal que eu vivo.
Não se pode pensar Deus, mas aceitar o que eu vejo, o que vem até mim. Conhecimento por
presença de Deus.

Método confessional:
You're not so smart, Confissões, Pensamentos de Pascal e diálogos de Sócrates = observar a
verdadeira sinceridade do que sabe e não sabe

• Os antigos tinham apenas como idéia abstrata. Agostinho explicita através da confissão, que não
é só sacramento mas prática filosófica central e primordial

• Virtude principal é a sinceridade = base da inteligência. Deus quer a minha sinceridade profunda.
Inteligência é capacidade de captar verdades. Buscar a verdade de si mesmo para depois a
verdade das coisas

• Nele vivemos, nos movemos e somos. Nós estamos dentro da Verdade, não o contrário. A
Verdade habita no interior do homem. Não habita na mente, mas no ser. Carrego dentro de mim a
verdade de mim mesmo. Se chega nela pela confissão

• Confissão tem 2 etapas: confissão profunda e depois sacramentar na confissão ritual. Estar
diante do ser onisciente que já sabe toda a verdade, nada posso esconder dele, enquanto confesso
Ele mostra outras coisas por baixo do que conto, implícitas, que eu não tinha percebido. Procurar
os pecados profundos que geram os pecados materiais, pesando bem os pecados, a gravidade
deles, para não se agoniar por um negócio banal, ridículo que todo mundo já fez. Com o tempo as
confissões crescem em sinceridade não pq fiquei mais sincero mas pq estou me abrindo a Ele.
Deus me recompensa pelos meus pecados me dando uma consciência mais intensificada de mim
mesmo

• "Caminhar diante de Deus". Toda hora examinar o que fez e porque, quais as verdadeiras
intenções por trás, perante Deus

• Porque muitas forças ao redor me impelem a mentir, fazer o mal. Isso vai criando marcas de
falsidade. Então devo recuperar a própria voz para falar com Deus

Autoconhecimento = consciência do eu substancial. Ver que eu sou uma ação contínua que está
tentando se tornar algo. Não existe conhecimento pleno de si mesmo, sempre existe uma camada
de mentiras e falsidade. Honestidade só é possível quando se livra da autoimagem, formar um
personagem, ai você não deve agir de forma incoerente com ele. Não agir segundo uma
autoimagem, mas a realidade do eu subtancial perante Deus. É a única orientação que existe, o
resto é ilusão

Existem muitas coisas em mim que não são personalizadas. Pegar essas parte impessoais e
transformar em opções conscientes. Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito. Como
posso ser perfeito se só controlo um pouquinho e o resto eu não tenho controle nenhum? Os meus
impulsos pensamentos que não reconheço como meus, me dão até repulsa, eu não quero mas
isso é eu também. Assumir a responsabilidade desses vícios
O pecado é um elemento constitutivo da nossa condição terrestre, vergonha que todos nós
passamos. Serve para ser apresentado para Deus, pedir que Ele perdoe e me refaça, a vida inteira é
isso

Não preciso saber tudo a meu respeito porque Deus sabe e Ele vai me dar quando for preciso

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