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RESPOSTAS DE EXERCÍCIOS
QUÍMICA DO SOLO
Docentes:
Prof. Doutor Armindo Cambule
Engº Rogério Borguete A. Rafael, MSc
Engº Abel Lumbela, BSc
Monitores:
Eulália Muandula
Ângelo Saimone
1. Dum solo argiloso (tipo de argila desconhecido) existem os seguintes dados químicos do sistema
solo - solução:
-1
CTC (=) = 25.24 cmolc.kg c0(Cl) = 0.0108 N
(Na) = 5.50 cmolc.kg
-1
c0(Na) = 0.0100 N
(Ca) = 20.04 cmolc.kg
-1
c0(Ca) = 0.0008 N
W (% H2O)= 50% (percentagem a saturação);
Os valores de c0 dos ions dados foram obtidos a partir do extracto saturado.
Não ocorrem outros ions no sistema.
a) Calculo dos valores de +(Na), 2+(Ca) (excessos de cations no sistema), e -(Cl) (deficiência de
anions).
+ (Na) c0(Na)
------- = KG-----------
2+(Ca) [c0(Ca)/2]
2. Um solo contém 2% de matéria orgânica. Sua fracção mineral consiste por 45% de argila, 20% de
limo e 35% de areia. Destes componentes temos os seguintes dados analíticos:
CTC da argila:
SSargila = S/M
onde
S = superfície de partícula laminar (m2) incógnito
M = massa de partícula laminar; (kg) incógnito
Equação 2.2:
CTCargila = argila * SSargila =
= 2.10-3 mmolc.m-2 * 549.103 m2.kg-1 = 1098 mmolc.kg-1
CTC do limo:
S 4.r2 6
SSlimo = ------ = -------------- = ------ (2.5)
V * 4/3 .r3 * d *
onde
V = volume da partícula (m3)
d=2r = diâmetro da partícula = 20 m =20 10-6m
= densidade da partícula estimada em 2.6 103 kg.m-3
CTC da areia:
S 6.d2 6
SSareia = ------ = ------- = ------ (2.7)
V* d3 * d *
onde
V = volume da partícula (m3)
d = diâmetro da partícula = 0.1 mm = 10-4m
= densidade da partícula estimada em 2.6 103 kg.m-3
Substituindo os resultados de CTCMO, CTCargila, CTClimo e CTCareia na Equação 2.1 para a CTC do solo:
CTC= 0.02*CTCMO + 0.98*(0.45*CTCargila + 0.2*CTClimo + 0.35*CTCareia)
=> CTC = 0.02*2500 + 0.98*(0.45*1098 + 0.2*0.575 + 0.35*0.115) = 534 mmolc.kg-1 = 53.4 cmolc.kg-1
Note a similaridade entre Eq 2.7 e Eq 2.5 !!!
Nota-se que as contribuições de areia e limo à CTC do solo são desprezíveis, devido à pequena superfície
específica das partículas maiores. A SS da argila é muito grande porque as lâminas são muito finas (14 Å); não
porque o diâmetro das partículas é pequeno!
A contribuição da MO neste caso não é muito grande, mas é fácil verificar que aumenta muito para solos menos
argilosos!
3. Num extracto 1:6 (1 parte de solo : 6 partes de água (peso)) encontra-se uma concentração de sais
de 147 mg.l-1; o único sal presente é CaCl2.2H2O (cloreto de cálcio).
a) Estime a concentração de sais no extracto saturado em mg.l-1 e em mmolc.l-1, supondo uma
humidade do solo saturado de 60% (peso de água/peso de solo seco);
b) Estime a conductividade eléctrica a saturação (CEe).
Resposta:
a) O solo tem um certo teor de sais. Este teor diluído no extracto solo:água 1:6 resulta numa
concentração de 147 mg.l-1. CaCl2 é um sal bem solúvel; então, no extracto saturado, que
corresponde com relação solo:água 1:0.6 a concentração deve ser 6/0.6 = 10 vezes maior =>
1470 mg.l-1.
-1
Para transformar este valor para mmolc.l , temos que dividir primeiro pelo peso molecular
-1
de CaCl2.2H2O, para obter concentração em mmol.l e depois multiplicar por 2 para transformar
-1 -1
mmol.l para mmolc.l :
a) Calcule o "Valor Final" (VF) da razão entre +(Na) e 2+(Ca) que vai resultar do uso desta água.
Calcule também (Na) e (Ca) do solo em cmolc.kg .
+ 2+ -1
+(Na) c0(Na)
VF = ------ = KG ----------- = 0.5*0.015/0.03 = 0.25
2+(Ca) (c0(Ca))
+(Na) + 2+(Ca) = 36 cmolc.kg-1
+(Na) = 0.25 2+(Ca) => 1.25 2+(Ca) = 36
2+(Ca) = 28.8 cmolc.kg-1
+(Na) = 7.2 cmolc.kg-1
b) Usando o resultado obtido sob 4a como situação inicial, calcule a concentração mínima necessária
de cálcio (em normalidade) na água de rega para que seja possível obter um "Valor Final" entre
+(Na) e 2+(Ca) de 0.125 dentro duma camada de 0.80 m de solo com densidade global = 1250
kg.m-3, aplicando uma quantidade de água de rega de 2.00 m por ano durante um período de 5
anos. Qual seria a concentração correspondente de sódio na água de rega? Que valor de PST
resulta (em %)?
+(Na) c0(Na)
VF = 0.125 = ------ = KG -----------
2+(Ca) (c0(Ca))
Então:
+(Na) + 2+(Ca) = 36 cmolc.kg-1
2+(Ca) = 8 +(Na) => 9 +(Na) = 36
+(Na) = 4 cmolc.kg-1
2+(Ca) = 32 cmolc.kg-1
Portanto, 2+(Ca) aumentou de 28.8 para 32 meq/100g nos 80 cm superficiais. Esta quantidade provém da água
de rega, durante 5 anos.
Fazendo o cálculo para 1cm2:
80 cm de solo contém 80 * 1.25 = 100 g de material
=> por cm2 deve-se aplicar no mínimo 3.2 mmolc de Ca2+ durante 5 anos na água de rega. Então são aplicados
3.2/5 = 0.64 mmolc de Ca2+ por ano por cm2.
Por ano aplica-se 200 cm3 de água de rega por cm2 de superfície do solo. Portanto, a concentração de Ca na
água de rega deve ser minimamente: 0.64/200 = 32. 10-4 meq.cm-3 = 16. 10-4 mol/l
c0(Na) c0(Na)
VF = 0.125 = KG -------- = 0.5 -------- = 0.5*c0(Na)/0.04
(c0(Ca)) (16.10-4)
=> c0(Na) = 0.125*0.04/0.5 = 0.01 mol.l-1
c) Simplificações que tinham de ser feitas para poder resolver as questões (a) e (b):
Para 4a e 4b:
- CTC constante; é justificável, se as cargas da argila forem permanentes e/ou o pH não mudar muito.
Isto é de esperar quando o CTC é elevado (montmorilonita ou vermiculita), exceto no caso de alofanos
que praticamente não ocorrem nos solos Moçambicanos.
- Rega em excesso para assegurar a remoção dos excessos de sais: É justificável, pois 2000 mm/ano + a
água da chuva deve ser suficiente para lavar excesso de sais.
- Exclusão de anions desprezível: É justificável, pois o solo não será salino.
Para 4b:
- Eficiência de troca de 100 %, i.e. todo o Ca2+ na água de rega é usada para melhorar a relação
+(Na)/2+(Ca). Isto é uma simplificação grosseira. Na realidade o período necessário será mais ou
menos o dobro dos 5 anos indicados, ou a concentração de Ca2+ na água de rega deveria ser
aproximadamente o dobro para atingir o resultado no período requerido.
5. Temos um solo com as seguintes características na camada 0-20 cm:
+(Na) = 3 cmolc.kg-1
2+(Ca) = 22 cmolc.kg-1
-(Cl) = 0 cmolc.kg-1
c0(Na) = 0.006 N
c0(Ca) = 0.001 N
c0(Cl) = 0.007 N
W = 0.40 l.kg-1
KG = 0.5
densidade global = 1500 kg.m -3
Calcule os valores de W, (Na), (Ca), c0(Na), c0(Ca) e c0(Cl), sob um novo equilíbrio e supondo
+ 2+
(Cl) = 0.
-
Resultado
Situação inicial: Equilíbrio:
Onde W é teor de água (0.40 l.kg-1) e o fator 100 é necessário para transformar molc.kg-1 para cmolc.kg-1.
+(Na) 100.W.c0(Na)/(100.W)
------ = KG -----------------------
2+(Ca) (100.W.c0(Ca)/(200.W))
ou seja:
+(Na) cw(Na)/(100.W)
------ = KG -----------------
2+(Ca) (cw(Ca)/(200.W))
Da camada de 0-20 cm com densidade 1500 kg.m-3 tira-se 1 cm de água e 10 kg.ha-1 de Ca.
Para 1 m2 de superfície, a camada de 0-20 cm representa um volume de 0.2 m3 com massa de 0.2*1500=300 kg
de solo. Estes 300 g de solo continha inicialmente 0.4*300 = 120 kg de água.
Deste volume de água retira-se 0.01 m3, que corresponde com 10 kg de água. Portanto, o novo valor de W =
(120-10)/300 kg/kg = 0.3667.
A extração de Ca de 10 kg.ha-1 corresponde com 1 g.m-2 com 300 kg de solo; ou seja Ca diminue com 1/300
g.kg-1= 3.3 mg.kg-1.
1 mmol de Ca corresponde com 40 mg => 3.3 mg corresponde com 0.0825 mmol ou seja, o teor de Ca no solo
diminue com 0.0825*2/10 = 0.0165 cmolc.kg-1.
Supondo que, em primeira instância, o Ca é todo extraido da solução, então não haverá equilíbrio:
+(Na) cw(Na)/36.67
------ KG ----------------------------
2+(Ca) ((cw(Ca)-0.0165)/(2*36.67))
3+x 0.5*(0.24-x)/36.67
---- = ----------------------
22-x ((0.0235+x)/(2*36.67))
Agora podemos considerar duas funções: ya e yb:
Note que: a função ya é muito menos sensível para mudanças de x do que a função yb. A quantidade de cations
adsorvidos é muito grande em comparação com a quantidade de cations retirados e com a quantidade em
solução: Função tampão do solo
No novo equilíbrio:
W = 0.3667 kg.kg-1;
+(Na) = 3+x = 3.0137 cmolc.kg-1; c0(Na) = (0.24-x)/36.67 = 0.00617 N;
++(Ca) = 22-x=21.9863 cmolc.kg-1; c0(Ca) = (0.0235+x)/36.67 = 0.00101 N;
6. Uma água de rega tem a seguinte composição:
co(Na) = 5 mmolc.l-1
co(Ca) = 0.4 mmolc.l-1
co(Mg) = 0.1 mmolc.l-1
Esta água é avaliada para uso na irrigação de dois solos:
-1
Solo 1: argiloso (montmorilonita); CTC de 54 cmol c.kg ;
Solo 2: franco argiloso (tipo de argila é ilita); CTC de 26 cmol c.kg-1.
b) RAS e PST esperada com uso prolongado desta água, usando o nomograma na Figura III-16 dos
apontamentos. Resposta: RAS ± 9.8; PST ± 11.5%
c) PST esperada com uso prolongado desta água, usando a equação de Gapon (equação 1 do parágrafo
4.5; usando os seguintes valores indicativos para KG:
Montmorilonita: 1 l.mol-0.5; Ilita: 0.5 l.mol-0.5
Solo 1:
+(Na)/++(Ca) = 1.0*r = 0.316
+(Na)+++(Ca) = CTC = 54 cmolc.kg-1 }=> +(Na)=0.316*++(Ca);
++(Ca) = 41.03 cmolc.kg-1; +(Na) = 12.97 cmolc.kg-1
PST = 100%*+(Na)/CTC = 100*12.97/54 = 24.0%
Solo 2:
+(Na)/++(Ca) = 0.5*r = 0.158
+(Na)+++(Ca) = CTC= 26 cmolc.kg-1 }=> +(Na)=0.158*++(Ca);
++(Ca) = 22.45 cmolc.kg-1; +(Na) = 3.55 cmolc.kg-1
PST = 100%*+(Na)/CTC = 100*3.55/26 = 13.6%
d) PST esperada com uso prolongado desta água, usando a equação 3 do parágrafo 4.5:
Solos 1 e 2: PST = 100*0.016*RAS/(1+0.016*RAS) = 100*0.016*10/(1+0.016*10) = 13.8 %
e) PST esperada com uso prolongado desta água, usando a equação 4 do parágrafo 4.5:
Solos 1 e 2, para RAS = 10.0:
onde x representa a quantidade de Ca++ adicionada na água de irrigação, expressa em mol c.l-1.
15 0.005 0.005
-- = 0.176 = ------------- => [(0.0005+x)/2] = ----- =0.0284
85 [(0.0005+x)/2] 0.176
1 mol de CaSO4.2H2O tem massa de 172 g; portanto, a quantidade de gipso adicionado deve ser de
0.557*172 = 95.8 g.m-3
Nota bem: O gipso (CaSO4.2H2O) é moderadamente solúvel. Por m3 dissolve-se, no máximo, 2.41 kg
-1 ++
de gipso (14 mmol.l ). Caso a necessidade de Ca ultrapassar este valor, deve-se adicionar sais
mais solúveis de Ca, como CaCl2; aumentando porém o risco de salinização.
Outras características