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Introdução

Os fenótipos para traços mais complexos relacionados com a saúde, a inteligência e a


personalidade estão sujeitos tanto à forças hereditárias quanto ambientais.

Mesmo que um traço seja fortemente influenciado pela hereditariedade, o ambiente pode, muitas
vezes ter um impacto substancial, uma vez que as influências genéticas raramente são imutáveis.
A individualidade é uma característica fundamental da natureza humana. A componente
biológica, por sua natureza foca-se nos processos internos e na genética. Por mais importância
que esses processos tenha para a compreensão da personalidade, ou seja, comportamento
individual, eles não são a única influência desse comportamento. O comportamento do indivíduo
é influenciado pela combinação de factores genéticos e factores ambientais.
Interligação entre Hereditariedade e Meio Ambiente na Terminação do Comportamento

A terminação do comportamento é uma área de estudo complexa que envolve a interação entre
factores genéticos e ambientais. A hereditariedade, ou seja, a transmissão de características de
uma geração para outra através do material genético, desempenha um papel importante na
determinação do comportamento. No entanto, o meio ambiente também pode influenciar o
comportamento, muitas vezes interagindo com os factores genéticos.

Um exemplo clássico de interação entre hereditariedade e meio ambiente é o estudo realizado


por Caspi et al. (2003) sobre o gene MAOA e o ambiente familiar na predição de comportamento
agressivo. Os pesquisadores descobriram que o gene MAOA estava associado a um risco
aumentado de comportamento agressivo apenas em indivíduos que haviam sido expostos a
eventos traumáticos na infância. Ou seja, o efeito do gene MAOA no comportamento agressivo
foi modulado pelo ambiente familiar.

interligação entre hereditariedade e meio ambiente na terminação do comportamento é um tema


complexo e estudado por muitos autores na área da biologia comportamental e da psicologia
evolutiva. Tung et al. (2016) e Barragan-Jason et al. (2018) são dois autores que abordam essa
temática sob diferentes perspectivas.

Tung et al. (2016) estudaram a interação entre a genética e o ambiente no comportamento social
de primatas não humanos, mais especificamente nos macacos vervet. Eles identificaram que a
personalidade dos macacos, incluindo traços como agressividade e timidez, é influenciada tanto
por fatores genéticos quanto pelo ambiente em que eles crescem. Os pesquisadores observaram
que os macacos que cresceram em ambientes mais desafiadores, com menos recursos
disponíveis, eram mais agressivos do que aqueles que cresceram em ambientes mais ricos. No
entanto, esses efeitos do ambiente foram mais pronunciados em macacos com certas variantes
genéticas, indicando uma interação complexa entre os genes e o ambiente na determinação do
comportamento.
Barragan-Jason et al. (2018), por sua vez, estudaram a interação entre genes e ambiente no
comportamento de ratos. Eles identificaram que a privação de sono na adolescência pode afetar a
expressão de genes relacionados à regulação emocional no cérebro dos ratos, o que pode levar a
comportamentos de ansiedade e depressão na idade adulta. Além disso, eles observaram que a
sensibilidade dos ratos a esses efeitos ambientais varia dependendo de suas variantes genéticas.

Outros autores também têm estudado a interação entre genes e ambiente no comportamento,
incluindo os pesquisadores Belsky e Pluess (2009), que propuseram a teoria da sensibilidade
diferencial ao ambiente. Segundo essa teoria, algumas pessoas são mais sensíveis aos efeitos do
ambiente, sejam eles positivos ou negativos, do que outras, e essa sensibilidade é determinada
por fatores genéticos e ambientais. Outros autores, como Rutter (2006), também destacam a
importância da interação entre genes e ambiente na determinação do comportamento humano,
especialmente em relação a transtornos mentais.

Em resumo, a interligação entre hereditariedade e meio ambiente na terminação do


comportamento é um tema complexo e estudado por muitos autores. Tung et al. (2016) e
Barragan-Jason et al. (2018) destacam a importância da interação entre genes e ambiente na
determinação do comportamento em primatas não humanos e ratos, respectivamente, enquanto
outros autores têm proposto teorias e estudado essa interação em diferentes contextos.

Um estudo seminal sobre o gene MAOA e o comportamento agressivo foi realizado por Caspi et
al. (2002). Os pesquisadores examinaram a interação entre o gene MAOA e a exposição a maus-
tratos na infância na predição de comportamento agressivo em adultos. O estudo descobriu que
os indivíduos que tinham a variante de baixa atividade do gene MAOA e haviam sido expostos a
maus-tratos na infância apresentaram um risco significativamente aumentado de comportamento
agressivo na vida adulta.

Outro estudo interessante é o de Frazzetto et al. (2007), que investigou a relação entre o gene
MAOA e o comportamento pró-social. Os pesquisadores descobriram que a variante de alta
atividade do gene MAOA estava associada a um maior envolvimento em comportamentos pró-
sociais, como a cooperação e a generosidade, em comparação com a variante de baixa atividade.
Além disso, um estudo mais recente de Buckholtz et al. (2015) investigou a interação entre o
gene MAOA, o ambiente social e o comportamento agressivo em uma amostra de homens
adultos. Os pesquisadores descobriram que a variante de baixa atividade do gene MAOA estava
associada a um maior risco de comportamento agressivo apenas em indivíduos que haviam
experimentado uma infância adversa, destacando a importância da interação gene-ambiente na
determinação do comportamento agressivo.

Tais estudos sugerem que o gene MAOA pode desempenhar um papel na modulação do
comportamento agressivo e pró-social, e que essa relação pode ser influenciada pela interação
com o ambiente. No entanto, é importante ressaltar que o comportamento humano é complexo e
influenciado por uma ampla gama de factores genéticos e ambientais, e a relação entre o gene
MAOA e o comportamento ainda está sendo estudada em detalhes.

O gene MAOA, também conhecido como gene da monoamina oxidase A, que é responsável pela
produção da enzima MAO-A e desempenha um papel importante na quebra e metabolização de
neurotransmissores, como a dopamina e a serotonina, no cérebro humano é apresentado em
pesquisas que sugerem que variações no gene MAOA podem estar associadas a diferenças
individuais no comportamento, incluindo agressividade e impulsividade, bem como a distúrbios
psiquiátricos, como o transtorno de personalidade borderline. Um estudo famoso publicado em
2002 pelo neurocientista James Fallon identificou uma variação do gene MAOA em sua própria
família, que foi correlacionada com comportamento violento e criminoso em membros
masculinos da família. No entanto, é importante ressaltar que muitos outros fatores, incluindo
ambiente e experiências de vida, também desempenham um papel significativo na expressão
comportamental.

Outro estudo relevante é o realizado por Meaney et al. (2007), que investigou o papel do
ambiente materno na expressão de genes relacionados ao estresse em ratos. Os pesquisadores
descobriram que o cuidado materno afetava a metilação do DNA, um processo epigenético que
regula a expressão de genes, em regiões do cérebro dos ratos. Essas mudanças epigenéticas
influenciaram a resposta dos ratos ao estresse na idade adulta.
Outrossim, no estudo conduzido, também, em ratos por Champagne et al. (2004), os
investigadores expuseram filhotes de ratos a diferentes tipos de cuidado materno: alto cuidado
materno, baixo cuidado materno ou cuidado materno negligente. Eles descobriram que a
expressão de genes relacionados ao estresse, como o gene do receptor de glicocorticoides, foi
diferente nos filhotes que receberam alto cuidado materno em comparação com aqueles que
receberam baixo cuidado materno ou cuidado materno negligente.

Meaney et al. (2007) & Champagne et al. (2004) clarificam, em suas ideias, que o ambiente
materno pode ter um papel crucial na expressão de genes relacionados ao estresse em ratos,
como evidenciado em diversos estudos científicos. A interação entre o ambiente materno e a
expressão gênica pode ter efeitos duradouros na saúde e no comportamento dos filhotes.

Um estudo recente de Tung et al. (2016) examinou a interação entre a genética e o ambiente na
determinação do comportamento social em babuínos. Os pesquisadores descobriram que o
comportamento dos babuínos estava influenciado tanto pelos genes quanto pelo ambiente social
em que viviam. Ou seja, a hereditariedade e o meio ambiente social interagiram na determinação
do comportamento social dos babuínos.

Destaca-se ainda o estudo levado a cabo por Barragan-Jason et al. (2018), que investigou a
influência da genética e do ambiente na sociabilidade em babuínos-oliveira. Os pesquisadores
usaram medidas comportamentais e genéticas para examinar a variação individual na
sociabilidade dos babuínos e descobriram que tanto factores genéticos quanto ambientais
influenciavam a sociabilidade desses primatas. Eles também identificaram genes específicos
associados à sociabilidade em babuínos, fornecendo evidências adicionais da interação entre
genética e ambiente na determinação do comportamento social.

Com base nas ideias de Tung et al. (2016) & Barragan-Jason et al. (2018), percebe-se que a
interação entre a genética e o ambiente desempenha um papel importante na determinação do
comportamento social em babuínos, como evidenciado em diversos estudos científicos. A
pesquisa em primatas não humanos, como babuínos, tem fornecido insights valiosos sobre a
interação complexa entre factores genéticos e ambientais na expressão do comportamento social.
Conclusão

As abordagens emanadas dos pensamentos dos autores consultados ao longo da realização do


patente trabalho, conduzem à concluir que os estudos interligação entre hereditariedade e meio
ambiente na terminação do comportamento relevam a complexidade da interação entre
hereditariedade e meio ambiente na terminação do comportamento. Portanto, as características
genéticas podem influenciar a predisposição para um determinado comportamento, mas o
ambiente em que um indivíduo vive pode modificar essa predisposição, levando a uma expressão
comportamental específica. Portanto, a compreensão da terminação do comportamento requer
uma abordagem integrada que leve em consideração tanto factores genéticos quanto ambientais.
Referências bibliográficas:

Barragan-Jason, G., Garamszegi, L.Z., Sánchez-Tójar, A., Carretero-Pinzón, X., Székely, T., &
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