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PARTE III
QUÍMICA DO SOLO
+ + + + + + + + + + + + + + contraions
Prof. Dr. H.A. De Wit ┌────────────────────────────┐
T │- - - - - - - - - - - - - - │ Tetraedros
(com pequenas modificações)
├────────────────────────────┤
O │cristal elementar de argila │ Octaedros
1. INTRODUÇÃO ├────────────────────────────┤
T │- - - - - - - - - - - - - - │ Tetraedros
└────────────────────────────┘
A química do solo é um dos ramos mais antigos e mais bem + + + + + + + + + + + + + + contraions
estudados da Ciência do Solo. É interessante notar que a química
do solo, ao contrário da química e física básica, se desenvolveu da Figura III-1 lamela de argila com
prática, principalmente em relação à nutrição de plantas, para contraions(+) adsorvidos
depois tentar ajustar esta realidade encontrada às bases
científicas. Apesar que os problemas resolvidos com ajuda da
química do solo envolvem bilhões de dólares (sem ela não seria Quando colocar esta partícula de argila em água destilada, os
possível alimentar o mundo neste momento), muitos fenómenos cations adsorvidos nas superfícies da lâmina difundirão pela água
químicos no solo ainda carecem duma explicação detalhada. Isto é sobre uma certa distância, para achar o ponto de equilíbrio entre
devido à grande complexidade do ambiente do solo em entropia máxima e energia mínima (i.e. minimizar a energia livre de
comparação àquilo encontrado em tubos de ensaio. Na prática Gibbs). Então os cations difundidos formarão uma "nuvem" de
também é impossível distinguir os limites exactos entre a cargas positivas na água em volta da partícula. O total das cargas
mineralogia, química, física e biologia do solo, pois há interacções positivas continuará equivalente ao total de cargas negativas da
múltiplas e dinâmicas. partícula de argila. Este sistema de ARGILA - / NUVEM de
CATIONS + na solução do solo chama-se "camada dupla difusa
A sequência das matérias discutidas nesta parte dos (CDD)" [Ing: Diffuse double layer] (Figura III-2).
apontamentos não segue esta cronologia. Nos primeiros capítulos
tratar-se-á a química do solo principalmente do ponto de vista da T O T
química básica. Isto providencia uma ligação com a base química ┌─┬─┬─┬───────────────────┐
da maioria dos estudantes, facilita a abstracção, ajuda a explicar │ │ │ │ + + +
│ │ │ │++ + │
muitos fenómenos naturais e possibilita efectuar cálculos derivados │ │ │ │ + ++ +
de leis básicas. Os últimos capítulos tratam mais dos aspectos │ │ │ │+++ + ++ │
práticos da química do solo, onde pode-se verificar que muitos │ │ │ │++ + +
│ │ │ │+ + + + │
problemas não podem ser resolvidos sem ajuda de relações
│ │ │ │ ++ + +
empiricamente estabelecidas; mas mesmo assim, as ciências │ │ │ │++ ++ + + │
básicas sempre servem de apoio ao raciocínio. │ │ │ │+ ++ + +
└─┴─┴─┴───────────────────┘
cargas - d ──>
Reconhece-se que muitos aspectos da química do solo ficam
sub-tratados, devido ao espaço limitado de tempo. Procurou-se
Figura III-2 Camada Dupla Difusa (d) e
então destacar alguns aspectos extremamente importantes para a
distribuição dos cations com
agricultura Moçambicana: a salinidade e a sodicidade.
valências diferentes
Cca2+
Na Figura III-3 as concentrações dos ions Na+ e Ca2+-
adsorvidos diminuem para c = c0 ≈ 0 às distâncias OA e OB
C respectivamente. Consideramos agora o seguinte sistema
simplificado: argila - ions Na+ adsorvidos - solução do solo com
concentração de NaCl=c0>> 0 (veja Figura III-4). A concentração
de Na+-adsorvido diminui gradualmente com a distância da lâmina
de argila até o nível de c0 (Na). A distância d, da extensão da CDD
é menor do que na situação com c0 ≈ 0 (Figura III-2). Usando a
CNa+ fórmula de Boltzmann (eq.1) pode-se mostrar que a extensão da
CDD diminui com o aumento da concentração de sais. No sistema
d da Figura III-4 também ocorrem anions, cuja concentração está
O B A
indicada pela curva c (Cl-). A concentração dos anions diminui com
+ 2+ a aproximação da superfície de argila, pois a carga negativa das
Figura III-3 Concentrações de Na e Ca na
partículas de argila "expulsa" anions. Este fenómeno chama-se
CDD em relação com a distância
"exclusão de anions" [Ing: anion exclusion].
(d) da lâmina de argila
Como interpretar isto em relação à CTC (γ)? A CTC = γ
A concentração de Na+ torna-se aparentemente igual a c0 no representa a superfície entre as curvas de c (Na+) e c (Cl-). A
ponto A (distância OA é a extensão máxima da "nuvem" de ions Figura III-5 mostra isto graficamente.
Na+); O ponto B indica a distância onde c (Ca2+) = c0.
Matematicamente: CTC = γ (cations) = Σ(cations) - Σ(anions).
Parece que a distância OA = 2OB, o que significa que os
ions Na+ ficam duas vezes mais afastadas da superfície da lâmina A situação para o sistema argila - Ca2+ads - solução do solo
de argila do que os ions Ca2+. As superfícies abaixo das curvas c com CaCl2 é, em princípio idêntica, mas a distância d' é apenas a
(Na+) e c (Ca2+) na Figura III-3 representam o total das cargas metade da distância d para o sistema com Na+.
negativas da lâmina de argila. Esta carga negativa total é Pode-se concluir que a extensão da CDD e a distribuição dos
compensada pela quantidade equivalente de cations, sendo a cations adsorvidos dependem de:
soma de ions de Na+ e Ca2+ na camada dupla difusa. (a) a valência dos cations adsorvidos (ze); cations monovalentes
Capacidade de Troca Catiónica (CTC) difundem sobre uma maior distância da lâmina de argila do
que cations 2- ou 3-valentes.
Se um material (argila) tiver uma carga negativa = Γ meq.cm-
2
na sua superfície, e uma superfície específica de S cm2.g-1, a (b) a quantidade de sais e o teor de água no solo (determinam a
carga total será de Γ*S meq.cm-2 * cm2.g-1 = S.Γ meq.g-1. concentração de sais na solução do solo = c0); maior
N.B. Γ = gama (maiúscula, grega). concentração de sais livres resulta numa redução da
Esta carga total é igual à Capacidade de Troca Catiónica (CTC), e extensão da CDD.
é indicada pela letra γ (gama minúscula, grega). O valor de γ é (c) o tipo de mineral de argila (preferências para certos
expresso em meq/100g ou, recentemente, como cmol (+).Kg-1 cations; o valor de ψ depende da densidade de cargas);
(numericamente iguais).
É interessante considerar mais detalhadamente o efeito do
Portanto: γ = S.Γ. (2) teor de água no solo porque é uma característica muito dinâmica
APONTAMENTOS DE CIÊNCIA DO SOLO
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(muda ao molhar por irrigação ou precipitação; e ao dessecar por
drenagem e evapotranspiração).
d
+
Figura III-4 Sistema argila – Na - ion
adsorvidos e solução do solo com
2
concentração de sais livres (NaCl) = Co
C
Consideramos a situação extrema, quando o espaço em
volta das partículas não seja limitante para o desenvolvimento da
CDD. Na prática esta situação ocorre quando o material está 1
disperso numa suspensão. Num solo saturado com água a CDD
também pode-se desenvolver bem. A parte da água fora da
influência da CDD é electroneutra e contém sais "livres" na Co
2 1
concentração c0.
Se o solo não estiver saturado com água, a lâmina de água O valor médio da espessura, d, da "camada" de água que se
em volta das partículas em geral não terá uma espessura suficiente encontra em volta das partículas da fase sólida pode ser calculado
para o desenvolvimento completo da CDD: a CDD ficará truncada. como:
A Figura III-6 mostra esta situação.
A B C
C
Co Co Co
∑ (Cat)
∑ (ani)
A B C
C γ+ (cati)
Co Co Co
∑ (Cat)
W.Co(Cat)
No caso de solos salinos há uma situação diferente. Nesta situação 2.4 Alguns dados da prática
a γ- (anions) excede 5% e a Σ(cations) (= cations adsorvidos mais
cations "livres") excede muito a soma dos "excessos" de cations: Convencionalmente a CTC (=γ) é expressa em meq/100 g
de solo, ou, mais recentemente, em cmol(+)/kg de solo
γ+(cat) = Σ(cat) - W.c0(cat) < Σ(cat) - Σ(an) (numericamente iguais). A CTC depende principalmente dos teores
de argila e de húmus (matéria orgânica) e da mineralogia da argila.
A diferença é γ-(an), que não é desprezível neste caso! Para Em solos tropicais com clima húmido os hidróxidos de Al e Fe
calcular as quantidades dos cations adsorvidos é necessário formam um componente importante do complexo de troca. Solos
calcular (se a CTC for conhecida) ou determinar (se a CTC não for argilosos cujo mineral principal é montmorilonita podem ter CTC
conhecida) a soma dos anions, Σ(an), no sistema. maior que 50 meq/100 g. Solos arenosos são normalmente pobres
e a CTC depende principalmente do teor de matéria orgânica.
A presença de calcário e/ou gesso no solo (salino ou não Solos arenosos com 1 a 2% de C-orgânico têm uma CTC de 3 a 6
salino) causa complicações adicionais na determinação da meq/100 g de solo. Solos com mineralogia dominada por caulinita
quantidade total de cálcio no solo, porque estes sais são extraídos e sesquióxidos apresentam valores de CTC da mesma grandeza.
em quantidades geralmente desconhecidos durante a percolação Nestes solos a CTC depende muito do pH por causa da presença
da amostra com extratante (acetato de amónio). de minerais com cargas variáveis (caulinita e Fe, Al-hidróxidos;
Vide Parte I).
Nota-se que, no primeiro exemplo, a concentração de sódio na
solução do solo era 6 vezes maior do que a concentração de Valores indicativos da distribuição de cations adsorvidos no
cálcio. No entanto, a quantidade de cálcio adsorvido no complexo complexo de troca são:
de troca era muito maior do que a de sódio. Este fenómeno está
relacionado com as leis de troca. O complexo de troca mostra γ+(H,Al) + γ+(Ca) + γ+(Mg) > 90% da CTC e
preferência para cálcio sobre sódio. Há três causas para isto: γ+(Na) + γ+(K) + γ(NH4) < 10% da CTC
(1) a valência do ion;
(2) o complexo de troca tem preferência para o cálcio; Em solos ácidos (pH<5): γ+(H,Al) > 50% da CTC.
(3) a concentração de sais na solução do solo é baixa. Solos com pH elevado (pH>8.5) geralmente tem percentagem de
sódio trocável maior que 15%.
A B C
C
Co Co Co Co
γ- (ani) W.Co(ani)
∑ (ani)
3. ANIONS NO COMPLEXO DE TROCA Ao diluir a solução do solo com água, a concentração de sais
livres diminuirá mais que proporcionalmente. Por exemplo, fazendo
3.1 Princípios da exclusão de anions uma diluição de 2x (adicionar a mesma quantidade de água, W,
que à que já está presente no sistema); o novo teor de água será
A exclusão de anions é determinada só pelas forças de 2W.
electrostáticas. O raio do ion não importa como no caso de cations. I II
Por conseguinte, a distribuição dos anions na CDD corresponde
C
com aquela segundo a lei de Boltzmann (veja Cap. 2.1). É possível
calcular e indicar a "distância efectiva" (d-) de exclusão de anions
num sistema: veja Figura III-11.
C+
Usando a formula de Boltzmann pode-se deduzir:
q
d − (an) = +
*Å γ+
z . ∑ Co
Co Co
em que γ-
d- = distância efectiva em Å (= 10-10m = 10-8cm) ∑(an)
q = constante ≈ 6
z+ = valência do dominante cation adsorvido d- d 2d
Σ(c0)= normalidade total da solução de solo (= c0(an))
Figura III-10 Efeito da exclusão de anions
Para o sistema tratado (exemplo de cálculo) pode-se agora na diluição de sais
calcular:
d-(an) ≈ 6/2._ 0.001+0.006 ≈ 35.85 ≈ 36 Å; Na Figura III-10, as distâncias d e 2d representam os
volumes W e 2W respectivamente; d- corresponde com W-, o
Esta camada é muito delgada! É claro que com base nesta fórmula "volume efectivo" da zona de exclusão de anions. Os sais livres
as concentrações mais elevadas de sais livres e na presença de ocupam o volume (W - W-). Agora o volume W é adicionado. Então
cations divalentes a distância efectiva de exclusão deve ser menor. os sais livres serão distribuídos pelo volume W + (W - W-) = 2W -
Quando há cations monovalentes (Na!) e uma concentração baixa W-, o que é maior que duas vezes o volume (W - W-) = 2W - 2W-.
de sais livres temos o oposto. Consequentemente a diluição de sais livres será efectivamente
mais que duas vezes.
APONTAMENTOS DE CIÊNCIA DO SOLO
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A B
C
C
Γ+
Co Co Co Co
Γ-
∑ (an)
d- d- d-
-
Figura III.11 Distância efectiva da exclusão de anions (d )
- -2
A – distância efectiva (d ); cargas em meq.cm
-
B – posição de d ; superfícies marcadas têm áreas iguais;
C – parte do sistema que contém “efectivamente” os sais livres.
3.2.2 Concentração de sais livres no extracto obtido Consequentemente, a concentração de sais extraídos com a solu-
por pressão ou sucção ção também diminuirá. Nota bem que a concentração de cations na
solução extraída sempre será igual à concentração de anions
Se a quantidade inicial de solução no sistema da Figura III- (solução electroneutra!).
12, situação I for reduzida até a situação II, por sucção ou pressão,
a concentração de sais no extracto será inicialmente igual a c0.
Prolongando a extracção, até depois do ponto A, a concentração 3.2.3 Filtragem de sais livres
de anions diminuirá seguindo a curva c-.
O transporte de água no solo acontece através dos poros. Num
II I solo argiloso as paredes dos poros finos têm uma carga negativa, e
C
boa parte dos poros estará dentro da CDD. A Figura III-13 mostra a
situação em que uma parte considerável do poro (ao longe da sua
parede) é ocupada pela zona de exclusão de anions. Moléculas de
água podem passar livremente pelo poro (diâmetro R), mas os
anions (e por consequência os sais livres) só podem passar sem
nenhuma "obstrução" pela parte com diâmetro R'.
Consequentemente água salina passando através duma coluna de
C+
argila sairá menos salina.
FIGURA III.12 Efeito da exclusão de anions (a) Na maioria dos solos a CTA é muito menor que a CTC (CTA =
na concentração de sais em extracto por 1-5% da CTC). Em solos ricos em hidróxidos e caulinita isto pode
sucção ser diferente. Em casos extremos a CTA pode mesmo ser maior
que a CTC.
APONTAMENTOS DE CIÊNCIA DO SOLO
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Tabela III-2 V-(an) em cm-3/100g e γ-(an) em meq/100g, (entre parêntesis) para sistemas com extensão completa da camada
dupla difusa
-3
10 N NaCl 10-2N NaCl 2.10-2N CaSO4 10-3N NaCl
50% ilita 80 25 12 8
S=80 m2/100g (0.08) (0.25) (0.12) (0.8)
γ=12 meq/100g
Fase sólida =
R parede do poro
solução do
C+ solo
C+
d- R’ d-
Co
C- C-
R’
d- d-
(V-) (V-)
R R
Poro Poro
(Vista longitudinal) (Vista transversal)
(b) A CTA depende muito do pH do solo e da concentração de sais 4. EQUAÇÕES DE TROCA DE CATIONS
livres. Sob condições de concentrações elevadas de sais livres ou
pH baixo ocorrem mais cargas positivas nas margens de argila. 4.1 Equações para sistemas homovalentes e heterovalentes
+
Na presença de SiO44- e/ou PO43- outros anions não serão adsor- γ (1) c0(1)
vidos. Em solos com alto teor de caulinita, sesquióxidos ou ────── = K1,2 ────── em que
+
alofanos uma grande parte dos fosfatos aplicados como fertilizante γ (2) c0(2)
pode ser retida de tal maneira que não fica disponível para as
plantas. Este fenómeno chama-se fixação de fósforo (Ing.: (1) = cation 1; (2) = cation 2;
phosphate fixation). K1,2 = uma constante (factor de preferência, veja mais
adiante);
APONTAMENTOS DE CIÊNCIA DO SOLO
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Exemplos de sistemas homovalentes: Li < Na < K ≈ NH4 < Rb < Cs (cations monovalentes)
e
- Um sistema com apenas Na+ e K+: Mg < Ca < Sr < Ba (cations bivalentes)
+
γ (Na) c0(Na) O cation trivalente mais comum em solos é o alumínio (Al). Este ion
────── = KNa,K ────── é mais preferido que os cations acima indicado. O H+-ion
+
γ (K) c0(K) (monovalente!) é comparável com o Al3+-ion neste respeito.
- Um sistema com apenas Ca2+ e Mg2+: Os valores do constante de preferência (K) para sistemas
2+
γ (Ca) c0(Ca) diferentes devem ser determinados empiricamente, i.e. com base
─────── = KCa,Mg ────── em experimentos. A Tabela III-3 mostra valores indicativos de K
2+
γ (Mg) c0(Mg) para vários sistemas e dois tipos de argila.
Nota-se que a constante K não tem dimensão; seu valor é Exemplo: Podemos calcular KG usando os dados do modelo de
independente das unidades usadas para expressar γ e c0. cálculo discutido no parágrafo 2.3:
Situações homovalentes não ocorrem em solos naturais. γ+(Na) = 3.04 meq/100 g; c0(Na)=0.006 N =0.006 mol/l
Mais interessantes são os sistemas heterovalentes, i.e. com γ2+(Ca)=22.06 meq/100 g; c0(Ca)=0.001 N =0.0005 mol/l
cations de valências diferentes; especialmente aqueles com Na e
Ca. Para sistemas com apenas cations monovalentes e divalentes Substituindo estes dados na equação de Gapon:
achou-se empiricamente o seguinte tipo de equação:
γ+(Na)/γ2+(Ca) = KG.[c0(Na)/c0(Ca)1/2]
+
γ (1) c0(1)
─────── = KG ─────── em que Tabela III-3 valores indicativos de K1,2
√c0(2)
2+
γ (2)
montmorilonita Ilita
(1) = cation 1, monovalente; (2) = cation 2 (divalente);
K/Na 4 6 ou mais
KG = uma constante;
K/Ca 1.2 4
Na/Ca 1 0.5
Por convenção expressa-se γ em meq/100 g de solo e c0 em
Ca/Mg 1 1.2
Mol/l. Portanto, KG tem dimensão [concentração] -1/2, e deve ser
H/Ca - 6
expresso em (l/mol)1/2.
3.04/22.06 = KG.[0.006/_0.0005] = KG.[0.26832]
O valor da constante KG depende (1) do tipo de argila e (2)
dos raios hidratados dos cations envolvidos, e pode ser consi- 0.1378 = 0.26832.KG ══> KG = 0.51 ≈ 0.5
derado como um factor de preferência para um cation em compa-
ração com o outro pelo complexo de troca. Esta constante na Comparando este valor com a Tabela III-3, pode-se verificar
equação de troca heterovalente chama-se constante de Gapon e a que o tipo de argila pode ser ilita.
equação: equação de Gapon (segundo Gapon, cientista que
propôs esta equação).
4.2 Mudanças no conteúdo de cations na solução do solo e no
A relação c0(1)/_c0(2) chama-se muitas vezes de razão complexo de troca
reduzida (Ing: reduced ratio).
Com ajuda das equações de troca apresentadas no
N.B: Não confunda a constante K com o símbolo K de potássio! parágrafo anterior também podemos estimar o efeito de mudanças
na composição da solução do solo sobre os cations adsorvidos.
Se as concentrações dos cations na solução do solo - c0(cat) - Diferentes causas/tipos de mudanças na composição química da
forem dados em normalidade (N = Equivalentes/l) a equação de solução de solo que ocorrem na prática são:
Gapon deve ser adaptada: (1) adição de sais (fertilizantes);
(2) aumento da concentração por secagem (evaporação,
+ extracção de água pelas plantas);
γ (Na) c0(Na)
─────── = KG ───────── (3) extracção de íons (nutrientes) pelas plantas;
√(Ca)/2
2+ (4) diluição (rega, chuva, alagamento);
γ (Ca)
(5) mistura com uma outra solução salina, p.e. ascensão capilar
N.B.: c0(Ca) é divida por 2! Porquê? de água freática, rega com água de má qualidade,
alagamento com água do mar.
A preferência do complexo de troca para um cation ou outro,
expressa pelo constante K, aumenta segundo a sequência: Em todos estes casos o equilíbrio que existiu no sistema
será perturbado, e haverá mudanças nas concentrações dos ions
APONTAMENTOS DE CIÊNCIA DO SOLO
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na solução do solo e nas quantidades adsorvidas até que um novo Expressamos c0(+) e c0(2+) em meq/100 g de solo, a fim de
equilíbrio se instale. Estes processos de troca ocorrem com tal ter as mesmas unidades para c0 e γ+. Para tal multiplicamos c0 com
velocidade que o novo equilíbrio estará instalado dentro de um dia. W (W é humidade do solo em cm3/100 g): e obtém-se:
+
O novo equilíbrio pode ser calculado com ajuda de equações γ (+) W.c0(+)/W
de troca. Antes de dar um exemplo de cálculo, que descreve as ───── = KG ─────── (2)
√W.c0(2+)/2W
+
mudanças no complexo de troca quantitativamente, daremos uma γ (2+)
explicação qualitativa.
Para um sistema homovalente com os cations Na e K a
equação de troca é: Agora acontece uma mudança no sistema: por 100 g de solo
são adicionadas: p meq do cation (+), q meq do cation (2+), r ml
+
γ (Na) c0(Na) (cm3) de água.
───── = KNa,K ───────
+
γ (K) c0(K) Em primeira instância as mudanças ocorrerão na solução do
solo, o equilíbrio da equação (2) será perturbado:
Quando houver uma diluição da c0 ou um aumento da
+
concentração da c0, em que a razão entre as concentrações de Na+ γ (+) [W.c0(+)+p]/(W+r)
e K+ fica constante (!), a razão entre as quantidades adsorvidos fica ───── ≠ KG ───────────── (2a)
√{[W.c0(2+)+q]/2(W+r)}
+
igual. No caso que haverá uma mudança na concentração de γ (2+)
apenas um destes ions, a razão γ+(Na)/γ+(K) mudará proporcio-
nalmente à razão c0(Na)/c0(K) (e dependente do constante KNa,K). As mudanças para formar um novo equilíbrio (══> membros
devem ser iguais na equação!) ocorrerão na base de equivalência.
Para um sistema heterovalente, p.e. com os cations Na e Ca Por exemplo, uma transferência de x meq do cation (+) da solução
(é uma situação mais relevante na prática), encontra-se no caso para o complexo de troca deve ser acompanhada de uma trans-
duma mudança na c0 uma situação diferente; a equação de troca ferência de x meq do cation (2+) do complexo de troca para a
é: solução do solo (supondo que a CTC tem um valor constante e γ- é
desprezível). Isto pode ser expresso na seguinte equação geral:
+
γ (Na) c0(Na)
+
────── = KG ──────── γ (+)+x [W.c0(+)+p-x]/(W+r)
√c0(Ca)
2+
γ (Ca) ────── =KG ──────────────── (3)
√[W.c0(2+)+q+x]/2(W+r)
+
γ (2+)-x
Quando este sistema é diluído (chuvas, aplicação de água
de rega de muito boa qualidade) haverá uma mudança na Para um exemplo de cálculo podemos usar novamente os
composição do complexo de troca em que mais cations bivalentes dados do modelo discutido no parágrafo 2.3:
são atraídos porque cations bivalentes são preferidos sobre cations
monovalentes nesta situação. Porque a CTC = γ(cat) é constante, γ+(Na) = 3.04 meq/100 g ≈ 3.0 meq/100 g;
uma equivalente quantidade de cations monovalentes movem de γ2+(Ca) = 22.06 meq/100 g ≈ 22.0 meq/100 g;
complexo de troca para a solução de solo. c0(Na) = 0.006 N
c0(Ca) = 0.001 N
Quando ocorre um aumento da concentração de C0 (p.e. W = 60% (= 60 ml/100 g solo)
pela evaporação), a preferência do complexo de troca para cations KG = 0.51 ≈ 0.5 (calculado no parágrafo 4.1).
bivalentes diminui e γ+(Na) aumentará; consequentemente γ2+(Ca)
vai diminuir com uma quantidade equivalente (Ca-ions movem para Supondo uma adição de 140 ml (=r) duma solução que
a solução de solo). contém 9.6 meq Na+ (=p) e 0.50 meq Ca2+ (=q). Substituição na
equação (3) dá:
Para calcular estas mudanças exactamente é necessário primei-
ramente conhecer as condições iniciais de quantidades adsorvidas 3.0 + x
(γ+) e as concentrações de sais na solução do solo (c0). ──────── =
Usando valores de c0 em meq/ml (normalidade, =meq.cm-3) a 22.0 - x
equação geral de Gapon para sistemas heterovalentes é:
[(0.006*60) + 9.6 - x]/(60 + 140)
+
γ (+) c0(+) 0.5 * ─────────────────────────
───── = KG ───── (1) √[(0.001*60) + 0.50 + x]/ 2(60 + 140)
√c0(2+)/2
+
γ (2+)
(9.96 - x)/200
onde (+) e (2+) representam cations monovalentes e bivalentes = 0.5 * ───────────
respectivamente. √ (0.56 + x)/400
APONTAMENTOS DE CIÊNCIA DO SOLO
40
Como esta equação é difícil de resolver analiticamente, c0(Ca) = (0.56 + 2.0)/400 = 0.0064 Mol/l = 0.0128 N
apelamos para uma solução gráfica. Primeiramente considera-se
duas funções: ya e yb: Nota-se que para resolver este problema desprezamos a
exclusão de anions. Se não, a solução ficaria mais complexa.
3.0 + x (9.96 - x)/200 Questão: Quais dados faltam para poder fazer o cálculo levando
ya = ─────── ; yb = 0.5 * ────────── em conta a exclusão de anions?
22.0 - x √(0,56 + x)/400
N.B.: verifique os resultados com ajuda da fórmula de Gapon!
A tabela III-4 apresenta os resultados destas equações para vários
valores de x. A Figura III-14 mostra as equações graficamente.
4.3 Capacidade tampão do solo
Tabela III-4 Resultados de cálculos iterativos
Em solos normais (não-salinos) com valores elevados de
função ya função yb
CTC (γ) a quantidade de cations adsorvidos é muito grande em
x y x y comparação com as quantidades na solução de solo. Por exemplo:
-3 0 -0.56 +∞ CTC = 25 meq/100 g de solo;
0 0.137 0 0.665 c0 = 0.01 N
W = 25% (25 cm3/100 g de solo)
1 0.190 1 0.359
A quantidade de sais livres na solução por 100 g do solo é igual à
2 0.250 2 0.249 25 * 0.01 = 0.25 meq/100 g = 1% da CTC. Esta percentagem está
3 0.316 3 0.176 bem dentro do limite dos erros do método ou da execução da
5 0.470 5 0.099 análise química.
22 +∞ 9.96 0
Quando há pequenas mudanças na concentração da
Solucão Gráfica
2.500
2.000
1.500
Ya
Y 1.000
Yb
0.500
0.000
-2 0 2 4 6 8 10 12 14
-0.500
Em ambas as equações o valor de y ≈ 0.25 para x=2. i.e, as solução de solo, estas mudanças podem influenciar a composição
curvas se interceptam para x=2. No novo equilíbrio a composição dos cations adsorvidos apenas em grau muito limitado nesta situa-
de cations no complexo de troca será: ção. Fala-se dum solo com grande poder tampão; devem ocorrer
γ+(Na) = 3 + 2 = 5 meq/100 g solo mudanças consideráveis na composição da solução de solo para
γ2+(Ca) = 22 - 2 = 20 meq/100 g solo causar uma mudança significante na composição de cations
γ = CTC = γ+(Na) + γ2+(Ca) = 25 meq/100 g de solo adsorvidos no complexo de troca. De facto, a composição química
c0(Na) = (9.96 - 2.0)/200 = 0.0398 Mol/l ≈ 0.04 N no complexo de troca quase determina a composição dos cations
APONTAMENTOS DE CIÊNCIA DO SOLO
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na solução do solo neste caso. Pode-se dizer também que a "razão Questão: calcule o "valor final" da razão de troca.
reduzida" (de concentrações dos cations na solução) fica quase
constante quando há só pequenas mudanças incidentais na Solução:
+
solução de solo (chuvas, absorção de cations pelas plantas, γ (Na) c0(Na) 0.009
adubação no grau limitado) em solos com CTC elevada (p.e. mais ─────── = KG ───── = 0.5 ───── = 0.201 ≈1/5
√c0(Ca)/2 √0,0005
2+
que 16 meq/100 g). Em fórmula: γ (Ca)
Na prática este processo leva mais tempo do que os 2 anos Equação de Gapon:
acima calculados porque a eficiência do processo de troca é na
+
realidade menor que 100%. Para obter a "razão final" de 16.67% γ (Na) c0(Na)
de sódio trocável um período de 4 a 5 anos é mais realístico. ────────── = KG ───────── (1)
√c0(Ca+Mg)
2+
Deve-se realçar que o Ca-ion é preferido sobre o Na-ion pelo γ (Ca+Mg)
complexo de troca neste solo com argila do tipo ilita!. Figura III-15
mostra isso esquematicamente. Nesta Figura a saturação da CTC com c0(Na,Ca+Mg) em mol/l
com Na+ é indicada pela PST = Percentagem de Sódio Trocável
(Inglês: ESP = Exchangeable Sodium Percentage), ou seja: Razão reduzida r:
PST R.A.S.
───────── = KG ───────
100 - PST √1000
Figura III.16 Nomograma para a determinação do valor de SAR da água de irrigação e estimação do
correspondente valor de ESP do solo que está em equilíbrio com a água
APONTAMENTOS DE CIÊNCIA DO SOLO
44
mente com base em dados químicos obtidos de 50 solos plantas, que ocorrem separadamente ou em combinações, depen-
diferentes: dendo da cultura ou espécie de planta:
• Efeito osmótico que afecta (diminui) a disponibilidade da
100 * (-0.0126 + 0.01475 R.A.S.) água no solo para a planta.
PST = ───────────────────── (4) • Efeitos de competição na absorção de vários nutrientes pela
1 + (-0.0126 + 0.01475 R.A.S.) planta.
• Efeitos tóxicos de certos sais ou ions (p.e. boro, CO32-, Cl-).
Esta equação tem uma validade mais geral que a equação
(3); contudo, há uma grande semelhança entre (3) e (4). Efeito osmótico
O USDA Handbook 60 (USDA H-60) também apresenta um Concentrações elevadas de sais na solução de solo causam
nomograma para estimar a PST dum solo com ajuda de valores de uma seca fisiológica para a planta. Em relação com a CEe existe a
RAS da água de rega (veja Figura III-16). seguinte equação aproximada:
Quando a água de rega contém CO32- e/ou HCO3- ions em Posm ≈ 0.36 * CEe onde
quantidades consideráveis (pH > 8.5!), a razão entre γ+(Na) e
γ2+(Ca+Mg) será menos favorável do que indicada pela Figura 4.5 Posm é o potencial osmótico ou sucção osmótica, em atmos-
com base na RAS (porquê?). feras;
CEe em mS/cm
O diagrama na Figura III-19 mostra a classificação das
qualidades de água de rega em termos de salinidade da água e Exemplo:
risco de salinização em combinação com valores de RAS e o risco CEe = 20 mS/cm (≈ 0.25 N, solo fortemente salino);
de sodificação pelo uso da água de rega duma qualidade definida. Posm ≈ 0.36 * 20 = 7.2 atm. no solo saturado.
Veja também Capítulo 5 sobre solos salinos e solos sódicos.
Segundo USDA H-60 a conductividade eléctrica à
capacidade de campo1 é cerca de 2x (duas vezes) a CEe, e ao
atingir o coeficiente de emurchecimento2 a CE é cerca de 4x o
5. SOLOS SALINOS E SOLOS SÓDICOS valor de CEe. (desconsiderando a diminuição da actividade dos
ions a concentrações elevadas).
Definições:
Solos salinos: solos com conductividade eléctrica no extracto Por conseguinte, a CE a capacidade de campo é cerca de 40
saturado (CEe) maior que 4.0 mS/cm (miliSiemens por cm; mS/cm, que corresponde com uma sucção osmótico de 14.4 atm.
unidade é tratada mais tarde). Este valor é quase igual à tensão hídrica no ponto de
Solos sódicos: solos em que a percentagem de sódio trocá- emurchecimento, a que as plantas já não são capazes de absorver
vel (PST) excede 15% da CTC; em geral pH > 8.5. água.
Solos salinos-sódicos: solos salinos com PST > 15%;
em geral pH < 8.5. Sob estas condições só culturas muito tolerantes à sali-
nidade podem sobreviver e produzir uma colheita, p.e. algodão,
Estes três tipos de solo podem ocorrer alternadamente numa beterraba de açúcar.
região, as vezes dentro de alguns metros de distância, sendo
relacionados com diferenças na textura do solo ou na topografia Efeitos de competição
(solos intrazonais - veja aulas de classificação de solos); contudo, Ions que são geralmente encontrados em excesso em solos
estes tipos também podem ocorrer em regiões diferentes sendo salinos são Na+, Ca2+, Mg2+, Cl-, SO42-,e HCO3-. O efeito dum
relacionados com factores de formação de solos como rocha mãe, excesso de sódio (geralmente o catião dominante dos sais) sobre o
clima, hidrologia e topografia, vegetação e uso de terra (homem!). crescimento da planta pode ser directo em termos de competição
na absorção de nutrientes (cations) e pelos efeitos específicos
(tóxicos!) e/ou indirecto devido à formação de camadas densas
5.1 Solos salinos (Na-argila!), que impedem a drenagem interna do solo (causando
uma deficiência de oxigénio a humidade elevada) e dificulta o
Uma discussão aprofundada sobre a origem de solos salinos desenvolvimento do sistema radicular da planta.
é apresentada na Parte V, Capítulo 8. Aqui limita-se a dizer que
estes solos são comuns em regiões (semi-) áridas e costeiras. A
salinização manifesta-se especialmente quando o lençol freático é 1. Capacidade de Campo: humidade dum solo inicialmente saturado
elevado, e pode ser induzida por actividades de regadio mal feitas. com água depois de 2 dias de livre drenagem (V. Parte IV)
Tabela III-5 Coeficientes de actividade de diferentes sais em soluções aquosas de diferentes concentrações a 25°C (adaptada
de S. Glasstone, Thermodynamics for Chemists).
Concentração (mol/l)
HCl 0.966 0.928 0.905 0.830 0.796 0.767 0.757 0.809 1.316
H2SO4 0.830 0.643 0.545 0.341 0.266 0.210 0.155 0.131 0.142
NaCl 0.966 0.929 0.904 0.823 0.778 0.732 0.679 0.656 0.719
KCl 0.965 0.927 0.901 0.815 0.769 0.717 0.650 0.605 0.573
NaNO3 0.966 0.93 0.90 0.82 0.758 0.702 0.615 0.548 0.438
CaCl2 0.888 0.789 0.732 0.584 0.531 0.481 0.457 0.509 1.55 ?
uma conductividade eléctrica (CE) de cerca de 1 mS/cm a 25°C Supondo por exemplo um solo com humidade de 25% (peso) com
(=1000 µS/cm a 25°C). CE = 1 mS/cm; 1 kg deste material contém 60*10*250/1000 = 150
Para soluções diluídas existe a relação: mg de sais, ou 0.015% (verifique!).
Solos salinos têm concentrações maiores que 0.04
N na solução dum solo saturado de água (> 4
Tabela III-6 Classes de salinidade do solo
mS/cm).
CEe
(mS/cm) Classe de salinidade Tolerância de culturas Para determinar e avaliar o grau de
0-4 não-salina Só culturas muito sensíveis são afec- salinidade no solo determina-se muitas vezes a
(non-saline) tadas. (entre 2-4 mS/cm) conductividade eléctrica do extracto saturado dum
solo, a CEe (Inglês: ECe). Aparentemente existem
4-8 pouca salina Rendimentos de muitas culturas são
boas correlações entre a CEe de solo e os
(slightly saline) reduzidos até 50% da potencial
rendimentos de várias culturas. Na literatura
8 - 16 moderadamente salina Rendimentos da maioria das culturas existem tabelas referentes à tolerância dum
(moderately saline) reduzidos com valores até 50-100% grande número de culturas à salinidade em termos
> 16 fortemente salina Só poucas culturas muito tolerantes de rendimentos potenciais a diferentes valores da
(strongly saline) ainda têm rendimento. CEe. Veja, por exemplo as tabelas 8.2, 8.3, 8.4 em
"Booker Tropical Soil Manual" (J.R. Landon, editor,
1984).