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M
2023
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS ABEL SALAZAR
Ana Sofia Esteves Abreu dos Santos
3
Índice
Agradecimentos ............................................................................................................................... 5
Lista de abreviaturas ....................................................................................................................... 6
Lista de Figuras ................................................................................................................................ 7
Lista de tabelas................................................................................................................................. 8
Resumo ............................................................................................................................................. 9
Abstract ........................................................................................................................................... 10
Introdução ....................................................................................................................................... 11
1. Opiáceos ................................................................................................................................. 11
1. Fentanil .................................................................................................................................... 12
2.1 Contexto histórico ................................................................................................................... 12
2.2 Estrutura química e propriedades farmacodinâmicas ............................................................ 13
2.2.1 Estrutura química e principais propriedades ....................................................................... 13
2.2.2 Mecanismo de ação ............................................................................................................ 14
2.2.3 Efeitos farmacodinâmicos e achados na autópsia .............................................................. 15
2.2.4 Toxicocinética ...................................................................................................................... 17
Absorção .................................................................................................................................. 17
Distribuição ............................................................................................................................... 18
Metabolismo de ação ............................................................................................................... 18
Eliminação ................................................................................................................................ 20
2.3 Interações medicamentosas .................................................................................................. 20
2.4 Análogos do fentanil ............................................................................................................... 21
2.5 Prevalência e padrões de consumo atuais ............................................................................ 24
Europa ...................................................................................................................................... 24
Estados Unidos da América ..................................................................................................... 26
2. Métodos de análise ................................................................................................................ 27
3.1 Amostras biológicas ............................................................................................................... 27
3.2 Métodos portáteis para amostras não biológicas .................................................................. 33
3.2.1 Análises colorimétricas .................................................................................................... 33
3.2.2 Análise colorimétrica automatizada ................................................................................ 33
3.2.3 Imunoensaio de fluxo lateral (LFIA) ................................................................................ 34
3.2.4 Espetroscopia .................................................................................................................. 34
3.2.5 Cromatografia gasosa – espetrometria de massa (GC-MS) portátil ............................... 35
3.2.6 Espetrometria de mobilidade de iões (IMS) .................................................................... 36
3.2.7 Espetrómetro de Massa Portátil (HPMS) ........................................................................ 36
Discussão e Perspetivas futuras .................................................................................................. 37
Conclusão ....................................................................................................................................... 44
Referências Bibliográficas ............................................................................................................ 46
4
Agradecimentos
O primeiro agradecimento é dirigido ao meu orientador, Doutor André Castro, por aceitar o
convite e por toda a sua disponibilidade, ajuda incansável e paciência inesgotável.
Agradeço também à minha coorientadora, Engenheira Sónia Tarelho, por todo o apoio
prestado e pela sua disponibilidade.
Um agradecimento à Prof. Doutora Maria José Pinto da Costa que me orientou na escolha
da pessoa para desenvolver esta dissertação e por todo o conhecimento transmitido ao
longo destes dois anos.
Aos meus pais que sempre me apoiaram e incentivaram ao longo da minha vida académica
e que fizeram o esforço e sacrifício para me proporcionarem a oportunidade de atingir os
meus objetivos.
À minha melhor amiga pela confiança, amizade e por ter sido o meu pilar durante toda esta
jornada.
5
Lista de abreviaturas
6
Lista de Figuras
7
Lista de tabelas
8
Resumo
O consumo de fentanil e dos seus análogos tornou-se uma grande preocupação para a
saúde pública devido à sua elevada potência, ao seu consumo ilícito crescente e à
constante produção e introdução de novos análogos no mercado ilícito.
Outra situação que dificulta a identificação e análise dos análogos de fentanil é o constante
desenvolvimento de novos compostos. Os novos análogos são compostos desconhecidos
com estrutura química alterada e, consequentemente, nem todos os métodos analíticos
utilizados têm capacidade para identificá-los.
9
Abstract
The consumption of fentanyl and its analogues has become a major concern of public health
due to its high potency, its increasing illicit consumption and the constant production and
introduction of new analogues on the illicit market.
Initially, fentanyl was used for anesthesia and pain analgesia. Currently, there is a large
illicit consumption of this substance. Fentanyl analogues, legal and illicit, have been
developed due to the high demand for this substance.
Fentanyl and its analogues are difficult compounds to detect in the analysis of biological
samples. The available analytical methods do not have the necessary sensitivity for the
detection of these compounds because the concentration of fentanyl and/or its analogues
present in the samples is extremely low.
Another situation that hinders the identification and analysis of fentanyl analogues is the
constant development of new compounds. New analogues are unknown compounds with
altered chemical structure and, consequently, not all analytical methods are able to identify
them.
The aim of this bibliographic review is to describe the existing obstacles in the identification
and analysis of new fentanyl analogues and to compile information, in order to obtain more
knowledge about the characteristics of fentanyl and its analogues in order to, in the near
future, develop an accessible method for its identification and analysis, making possible the
premature identification of new fentanyl analogues, favoring the fight against its illicit
consumption and reducing its risk to public health.
10
Introdução
1. Opiáceos
Os opiáceos são um importante grupo de substâncias que têm sido utilizados no tratamento
e controlo da dor há centenas de anos.1,2 Estes atuam nos recetores opioides, que se
encontram localizados ao longo da via nociceptiva.1, 2
Ainda que os opiáceos sejam eficazes contra praticamente todos os tipos de dor, a dose
necessária para o alívio da dor pode, por vezes, ser elevada e, por isso, podem ocorrer
efeitos adversos problemáticos após a sua utilização.3
Atualmente, a morfina é utilizada como analgésico para a dor severa.4,5 Esta substância
sempre apresentou um grande potencial de adição e, em 1898, foi desenvolvida outra
substância para a substituir: a heroína.5,6 A heroína começou por ser utilizada como
substituto da morfina, com o objetivo de aliviar os sintomas da abstinência causados pelo
consumo desta.6 Porém, ficou provado que a heroína era muito mais viciante e que podia
criar dependência em apenas algumas semanas.6 Assim, em 1924, a sua produção tornou-
se ilegal.6
11
análogos representam uma ameaça para a vida, o que os torna uma preocupação especial
para a saúde pública.9,10
1. Fentanil
Antes da descoberta do fentanil, o principal composto usado para anestesia era a morfina.11
Porém esta causava uma grande mortalidade no bloco operatório e vários efeitos adversos,
tais como hipertensão e recuperação de consciência durante a intervenção cirúrgica.10,11
Apresentava também um efeito aditivo relevante a médio prazo, com todas as
consequências individuais e sociais diretamente associadas ao fenómeno de adição. Estes
fatores conduziram à necessidade de desenvolvimento de alternativas mais seguras e mais
potentes.11
O Dr. Paul Janssen, fundador da Janssen Pharmaceutical, tinha um grande interesse por
esta temática e, a partir de 1950, propôs-se descobrir um analgésico mais potente.11,12,13
Inicialmente, descobriu a dextromoramida, o que estimulou o seu interesse pelos
narcóticos sintéticos.11 O desenvolvimento destes estudos permitiu verificar que a
solubilidade lipídica é o fator chave para a travessia da barreira hematoencefálica por parte
das substâncias medicamentosas (ou outras).11
Janssen começou por analisar a estrutura da meperidina, um opioide, considerado por ele
simples o suficiente para testar a sua estrutura.12 Porém, este mostrou-se inadequado
devido à sua baixa potência, ou seja, eram necessárias grandes quantidades desta
substância para se obter o efeito necessário.12 A conclusão deste estudo sugeria que a
alteração da estrutura básica da meperidina aumentaria a sua solubilidade lipídica,
aumentando, consequentemente, a sua potência e, talvez, a sua especificidade.12 O
aumento da especificidade é um fator importante, uma vez que o aumento desta permitiria
uma utilização mais segura do composto.11
A síntese do fentanil concretizou-se em 1960.12 Após a sua síntese, este composto foi
estudado em contexto clínico.12 George DeCastro, um anestesiologista, terá sido um dos
primeiros clínicos a avaliar o uso de fentanil.12 Com os relatórios positivos que DeCastro
forneceu, iniciaram-se estudos na Europa, o que conduziu à aprovação do uso de fentanil
como anestésico em contexto clínico hospitalar nos países da Europa Ocidental em
meados do ano 1960.11,12,14
12
Nos Estados Unidos era necessária a aprovação pela Food and Drug Administration
(FDA).12 Colocaram-se vários entraves à aprovação do uso de fentanil, nomeadamente, o
receio do seu efeito aditivo, com potencial de abuso.12 Assim, tornava-se necessário
averiguar se a substância traria mais riscos do que vantagens. Inicialmente, a aprovação
do uso do fentanil implicava a sua administração em conjunto com outro anestésico, o
droperidol, que causava efeitos psíquicos muito negativos.7,12,13 Esta técnica de anestesia
não se tornou muito popular e, em 1968, a FDA aprovou o uso único de fentanil.15,16
Durante os anos 80, o fentanil passou também a ser usado como analgésico na terapia da
dor em contexto oncológico e em contexto pós-operatório.10,11,13
Assim, o fentanil passou a ser o principal agente analgésico e anestésico devido à sua
elevada potência, à sua absorção rápida e ao tempo mais curto para início dos efeitos.4
Outro ponto a favor do uso desta substância envolve os custos de produção inferiores
comparativamente à morfina devido à biodisponibilidade de percursores sintéticos.10
13
Figura Nº.1 - Estrutura química do Fentanil (pubchem)
Apresenta um rápido início de ação, curta duração e uma elevada potência.4 É, também,
eliminado do plasma com rapidez, após a sua distribuição pelos tecidos. Posteriormente,
é redistribuído do tecido adiposo e do tecido músculo-esquelético para o plasma,
prolongando a duração da sua eliminação.10 Este processo encontra-se detalhado mais
abaixo.
O fentanil atua no recetor μ-opioide no cérebro.5 Existem três tipos de recetores opioides:
μ, κ e δ, que pertencem à família dos recetores acoplados das proteínas-G (GPCRs – G
protein-coupled receptors).19
A atividade dos recetores μ-opioide é expressa através dos sistemas nervoso central e
periférico e está associada à analgesia e ao desenvolvimento de dependência,
apresentando efeitos de sedação, euforia, vasodilatação e insuficiência respiratória.4,10,19
A ligação do fentanil ao recetor μ-opioide vai ativá-lo, fazendo com que a guanosina
trifosfato (GTP), presente no complexo da proteína-G, se altere para guanosina difosfato
14
(GDP).4,19,20 Esta alteração regula negativamente a adenilato ciclase, reduzindo as
concentrações de monofosfato cíclico de adenosina (cAMP) intracelular.4,19 A molécula
cAMP ativa a proteína quinase A (PKA), que é responsável pela fosforilação de várias
proteínas, de canais de iões e de enzimas, resultando na sua ativação/inibição.19 Portanto
a redução de cAMP faz com que a proteína quinase A fique inativa levando, assim, à
inibição do influxo de iões de cálcio para dentro da célula.4,19,20 Este processo resulta na
hiperpolarização da célula e subsequente redução da libertação de vários
neurotransmissores, reduzindo, assim, a excitabilidade neuronal que, consequentemente,
vai reduzir a neurotransmissão de impulsos nociceptivos (Figura 2). 4,19,20,21 Este processo
vai resultar num efeito analgésico e eufórico.22
O fentanil não deve ser utilizado em simultâneo com álcool e/ou benzodiazepinas.25 A
causa de morte mais comum devido a overdose fatal por várias substâncias é a
15
combinação de opioides e benzodiazepinas.5,25 A causa destas overdoses acidentais
serem mais recorrentes deve-se ao facto de que a combinação do álcool e/ou de
benzodiazepinas com opioides potencia e/ou prolonga os efeitos de depressão respiratória
causada pelos opioides, uma vez que as benzodiazepinas são fármacos depressores do
Sistema Nervoso Central, ou seja, diminuem a sua atividade.25
Devido à alta potência desta substância, facilmente é consumida uma quantidade tóxica
inadvertidamente, fazendo com que as overdoses de fentanil ocorram rapidamente.4 Em
diversos relatórios de casos médico-legais, nos quais a causa de morte foi overdose, são
descritos episódios nos quais o cadáver é encontrado com a agulha ainda no braço,
indicando que o consumidor faleceu antes de conseguir retirar a agulha.4 Estes episódios
demonstram a rapidez de atuação da substância no corpo. Esta circunstância, associada
à dose tóxica e à potência da substância, poderá contribuir para a justificação do contexto
descrito anteriormente.
Apesar de todos estes achados nos exames postmortem, o mais consistente é o edema
pulmonar porque os opiáceos são depressores do sistema nervoso central, resultando na
16
morte por depressão respiratória.5,18 Porém, tal como noutras fatalidades com outros
opioides, os achados patológicos não são totalmente específicos de um só tipo de
opioide.5,18 Assim, é necessário realizar uma análise toxicológica para auxílio na
determinação da causa de morte.5,18
2.2.4 Toxicocinética
Absorção
A via intravenosa apresenta uma ação mais rápida do fentanil.26 Porém a duração da
analgesia é mais curta.26 É usada, geralmente, na dor pós-operatória e é, também, indicada
para a indução, manutenção e recobro da anestesia.26
A via intramuscular proporciona uma analgesia mais prolongada do que a via anterior, mas
a sua absorção poderá ser irregular.27 É recomendada quando é necessária apenas uma
única dose.27
A via oral é recomendada para uso prolongado, sendo que é realizada através da toma de
comprimidos, bucais ou sublinguais, e pastilhas sublinguais.13 Esta via é utilizada para o
controlo da dor oncológica.28
A via nasal é realizada através de sprays.30 A sua utilização é indicada para o tratamento
da dor em pacientes que já estejam a realizar uma terapêutica opioide de controlo da dor
17
oncológica crónica.31 O uso de sprays nasais não é recomendado a pacientes que nunca
tenham recorrido à utilização de outros analgésicos narcóticos.32
Distribuição
Metabolismo de ação
18
Por norma, a metabolização apresenta 2 fases: a fase I envolve oxidação, redução ou
hidrólises, e a fase II engloba a conjugação.8,39 A metabolização do fentanil, que foi descrita
anteriormente, apenas engloba a fase I, não existindo fase II na metabolização deste
composto.8,39
19
Eliminação
Como tal, o uso de inibidores potentes do CYP3A4 não deve ser realizado em conjunto
com o uso de fentanil, uma vez que a utilização de ambos pode provocar um aumento das
concentrações plasmáticas de fentanil.13,18 Esta ação pode aumentar as reações adversas
do fentanil provocando depressão respiratória grave.13,18 Isto ocorre porque o fentanil é
metabolizado pelo CYP3A4 e a sua inibição faz com que esta metabolização não ocorra,
aumentando os seus níveis. Dentro dos inibidores potentes de CYP3A4 encontra-se o
ritonavir, um medicamento antirretroviral.10
Do mesmo modo, a utilização conjunta de derivados do ácido barbitúrico com fentanil deve
ser evitada, uma vez que a depressão respiratória causada pelo fentanil pode ser
aumentada.44
20
temperatura corporal, espasmos musculares e ansiedade ou delírio.45 Estes medicamentos
são, maioritariamente, antidepressivos.
Figura Nº.4 - Estrutura química do Alfentanil (pubchem) Figura Nº. 5 - Estrutura química do Remifentanil
(pubchem)
21
Figura Nº. 6 - Estrutura química do Sufentanil (pubchem)
22
imagens abaixo, nas quais a seta laranja indica onde a sua estrutura difere da estrutura
química do fentanil.
Os produtos finais desta produção ilícita são vendidos e usados como substitutos de
medicamentos opioides prescritos, permitindo a automedicação ou tratando os sintomas
23
de abstinência causados pela cessação do uso de opioides legais.9,49 Também podem ser
encontrados como agentes de corte em amostras de heroína.50,51
A facilidade com que se receitam opioides (nos quais se incluí o fentanil) nos Estados
Unidos da América poderá ser outro dos motivos para o crescente consumo de fentanil
ilícito e dos seus análogos.51 Sabe-se que, só em 2015, nos Estados Unidos da América,
foram prescritas 6,5 milhões de receitas de fentanil.54 A facilidade na obtenção de receitas
de fentanil resultou na dependência de muitos indivíduos. Para combater este grave
problema, as autoridades federais desenvolveram processos de controlo de prescrição e
de obtenção do composto mais exigentes.4,54 Esta situação conduziu a uma maior
dificuldade de acesso ao fentanil por parte dos utentes, o que conduziu a uma
impossibilidade de comprar fentanil farmacêutico.4 Consequentemente, acabavam por
procurá-lo na sua forma ilícita ou aos seus análogos.4,51
Outro motivo para o aumento do uso de fentanil não farmacêutico é o facto destas
substâncias serem fáceis de esconder e de transportar, sendo que, com pequenas
quantidades, é possível produzir milhares de potenciais doses de rua. Apresentam também
maior potência comparativamente à heroína, o que faz com que esta seja uma mercadoria
cativante para o crime organizado, uma vez que é mais rentável.55,56,57
Europa
24
Segundo dados fornecidos pelo European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction
(EMCDDA), em 2016 e 2017 existiram treze países que reportaram casos de mortes que
envolviam o fentanil e os seus análogos.58 Os países responsáveis pela maioria dos casos
reportados foram a Estónia, a Alemanha, a Suécia, o Reino Unido e, com números mais
baixos, a Finlândia. Na Europa, em 2016 e 2017 havia, respetivamente, 326 e 333 mortes
que envolviam o fentanil, e 141 e 242 mortes que envolviam análogos de fentanil.58
Entre 2017 e 2018, a Suécia reportou uma diminuição significativa no número de mortes
associadas ao fentanil e aos seus análogos.59 Esta diminuição poderá estar relacionada
com a implementação da classificação de vários análogos do fentanil como narcóticos,
tornando-se puníveis por lei.59 Esta classificação resulta na possibilidade de acusar os
traficantes que vendiam novos opioides sintéticos (NSOs) que ainda não se encontravam
criminalizados pela lei.59
O European Union Early Warning System on New Psychoactive Substances foi criado pela
EMCDDA, para detetar rapidamente e responder a problemas de saúde pública causados
pelas novas substâncias psicoativas.62 Através deste sistema já foram detetados cerca de
50 novos opiáceos sintéticos e, desde 2017, o EU Early Warning System já identificou sete
novos derivados de fentanil que apresentavam problemas para a saúde pública a nível
europeu.58,63
Para controlar a produção e o tráfico de novos derivados de fentanil, a China, de onde são
provenientes a maior parte dos comprimidos contrafeitos de fentanil, também introduziu
técnicas para controlo destes.54,61,64 Inesperadamente, em 2020 e 2021 na Europa, não
foram detetados novos derivados de fentanil, sugerindo, assim, que a legislação criada na
Europa e em países fora da Europa poderá ter contribuído para este desfecho.56,61
Desde 2020 que as mortes associadas ao fentanil e aos seus análogos têm vindo a
diminuir.61 Poderá ter ocorrido devido à diminuição do consumo ou devido à dificuldade de
identificar, nas amostras, o fentanil e os seus novos análogos produzidos ilegalmente.
Neste último caso, a dificuldade de detetar o fentanil e os seus derivados em baixas
concentrações pode levar a uma diminuição da notificação de casos relacionados com o
fentanil e os seus análogos.58
25
Na Suécia foram introduzidos rastreios mais abrangentes e foi aumentada a sensibilidade
das análises realizadas, o que resultou na deteção de fentanil em amostras analisadas de
casos de mortes relacionadas com drogas e no aumento do número de casos relacionados
com o fentanil e os seus análogos. Contudo, existem laboratórios que não têm a
capacidade de detetar substâncias menos comuns.63
A atual epidemia de opioides nos Estados Unidos está a avançar rapidamente devido ao
consumo de opiáceos sintéticos, nomeadamente do fentanil e dos seus derivados.63 Estes
últimos tornaram-se um motivo de grande preocupação devido ao seu papel central no
problema dos opiáceos na América do Norte.61
Para dar resposta à epidemia de opiáceos, que já vem de anos anteriores, o Departamento
de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (HHS) declarou, em 2017, o problema
dos opiáceos como uma emergência de saúde pública.65 Em 2019, a China proibiu a
exportação de fentanil para os Estados Unidos, sendo esta uma decisão celebrada pelo
Governo norte-americano. Porém, continuaram a fornecer os precursores químicos do
fentanil, nomeadamente ao México e à América Central, sendo que é nestas regiões que
os cartéis produzem a droga, exportando-a, posteriormente, para os Estados Unidos.66
26
de fentanil não sofreu um grande impacto durante a pandemia e registou, ainda, um
aumento.67
O fentanil está envolvido num maior número de mortes em pessoas com menos de 50 anos
nos Estados Unidos do que qualquer outra causa de morte, incluindo doenças do coração,
cancro, homicídios, suicídios e outros acidentes.68
Várias organizações consideram que 2 miligramas de fentanil já é uma dose letal, sendo
particularmente perigoso para pessoas que não têm tolerância a opioides.68
Segundo várias estatísticas, no período entre Março de 2018 e Fevereiro de 2019, 47%
das overdoses registadas envolviam o fentanil.54 Nos últimos anos, as overdoses causadas
pelo fentanil e os seus análogos têm vindo a aumentar 2.5 vezes mais rápido do que
overdoses devido a heroína.65 Em 2020, as estatísticas indicam que houve 42 700 mortes
por overdose de fentanil e que existiu um aumento de 26% das overdoses entre 2020 e
2021.69
Os diversos casos de overdoses causadas por fentanil e/ou os seus análogos cingem-se
a mais do que um Estado. No Estado de Delaware foi reportado que em 72% das overdoses
ocorridas em 2018 foi detetado fentanil nas amostras pos-mortem.54 E, segundo relatórios
realizados pelo National Drug Early Warning System, no estado da Flórida existiu um
aumento de overdoses fatais causadas pelo fentanil e pelos seus análogos, sendo que os
que apresentam maior prevalência na Flórida são o acetilfentanil e o fluorofentanil. Neste
relatório consta também que no estado de St. Louis existiu um aumento do consumo de
fentanil em pó e que em San Francisco, entre 2017 e 2019, o número de mortes
relacionadas com o fentanil e os seus análogos tem sofrido um aumento significativo.70,71
2. Métodos de análise
27
forense.7,10,47 Estas dificuldades ocorrem devido à frequente similaridade das estruturas
químicas dos análogos e à falta de disponibilidade de padrões de referência, uma vez que
estas substâncias se encontram em rápido desenvolvimento e mudança constante nos
mercados ilícitos.36 Existe uma necessidade urgente de desenvolvimento de métodos de
determinação e análise para os novos análogos de fentanil, uma vez que estes são
utilizados como drogas de abuso ílicitas.7,36
28
espetrometria de massa pode diferenciar-se entre quadrupolo simples (GC-MS) ou triplo
(GC-MS/MS), sendo que este último apresenta uma maior sensibilidade.75 As
desvantagens deste método incluem limites de deteção relativamente altos, conduzindo a
eventuais resultados de falsos negativos, e o consumo elevado de tempo devido ao número
de passos de preparação e derivatização aplicados a cada amostra.48,72,73
O método LC-MS/MS apresenta várias características positivas, tais como a sua alta
sensibilidade e o seu alto rendimento. Porém, o custo para obter esta tecnologia é
extremamente elevado e não tem capacidade para detetar compostos
desconhecidos.47,48,73,74,76
Existe um método que oferece vantagens neste aspeto porque permite a identificação do
desconhecido sem a necessidade de um padrão de referência: a cromatografia líquida
acoplada à espetrometria de massa de alta resolução (LC-HRMS).7,47 Contudo, esta
tecnologia não se encontra prontamente disponível para ser utilizada na maior parte dos
laboratórios forenses ou clínicos porque se trata de uma tecnologia extremamente cara,
necessita de um técnico experiente para a sua utilização e o volume de dados obtido em
cada análise é tão elevado pelo que a sua interpretação se pode tornar morosa.36
29
baixo de concentração do analito que é detetado pelo método, e o limite de quantificação
(LOQ), ou seja, o valor mais baixo de concentração do analito que é possível quantificar
pelo método, de uma maneira fiável.78
30
Referência Tecnologia Tipo de Substância(s) Preparação LOD LOQ
utilizada amostra detetada(s) da amostra
73 LC-MS/MS Urina Fentanil Extração 0.10ng/ml 0.1ng/ml
líquido-líquido
73 LC-MS/MS Urina Norfentanil Extração 3.6ng/ml 0.102ng/ml
líquido-líquido
80 UHPLC- Urina Fentanil, 22 Diluição 0.0007- 0.002-
MS/MS análogos e 0.002ng/ml 0.006ng/ml
metabolitos*2
81 GC-MS/MS Urina Acetil fentanil Extração 0.1-1ng/g 10-20ng/g
líquido-líquido
82 HR-LC-MS Urina Fentanil e Acetil Extração Fentanil:5- Ambos:
fentanil líquido-líquido 10ng/ml 10ng/g
Acetil
fentanil:20-
100ng/ml
Tabela 2 – Métodos de análise de amostras de urina
31
Referênci Tecnologia Tipo de Substância(s) Preparação LOD LOQ
a utilizada amostra detetada(s) da amostra
7 UHPLC- Fluídos e Fentanil e 6 SPE Todos:0.5ng/ Todos:1ng/ml
MS/MS tecidos análogos *2 ml Carfentanil:0.2
biológicos Carfentanil:0.1 ng/ml
postmorte ng/ml
m*
46 LC-MS/MS Sangue Fentanil e Centrifugação Todos:0.1 Todos:0.2ng/
humano análogos *3 ng/ml ml
Acetil fentanil, Carfentanil:
fentanil e 10pg/ml
carfentanil:
0.2ng/ml
*2 Acetil fentanil, Furanil fentanil, Carfentanil, Butiril fentanil, β-hidroxithiofentanil e Para-fluoroisobutiril fentanil
32
3.2 Métodos portáteis para amostras não biológicas
Neste tipo de análise os reagentes químicos reagem com o analito e a reação cria uma
certa saturação de cor dependendo da substância testada.86 Dentro deste tipo de análise
podemos encontrar dois métodos.
33
contaminantes ou diluentes adicionais presentes na amostra.86 Os testes colorimétricos
automatizados de fentanil podem ser sensíveis, com limites de deteção geralmente na faixa
dos microgramas.86 No entanto a precisão de deteção e o limite de deteção é altamente
variável consoante o análogo.86
O método LFIA tem sido utilizado para deteção de fentanil em amostras de droga ilícita,
através do uso de tiras de teste que contêm anticorpos específicos para o analito alvo e
que são conjugados com partículas coloridas ou fluorescentes.86,87 O reconhecimento do
analito resulta no aparecimento de uma resposta na linha de teste.86,87
3.2.4 Espetroscopia
34
A identificação de amostras desconhecidas usando métodos de pesquisa na biblioteca
espetral é a função primária de espetrómetros portáteis Raman e Fourier Transform
Infrared (FT-IR), ou seja, de infravermelhos por Transformadas de Fourier.86
O GC-MS portátil é útil na análise de campo de materiais que contêm fentanil ou os seus
análogos devido à variabilidade de concentrações presentes nas amostras, uma vez que
tem a capacidade de separar o analito da sua matriz.86,89
35
3.2.6 Espetrometria de mobilidade de iões (IMS)
A técnica de IMS pode ser utilizada na deteção e identificação do fentanil e dos seus
análogos quando incorporada com resultados de outras técnicas analíticas, como por
exemplo o espetrómetro de Raman ou de infravermelhos.86
Na ciência forense, o IMS pode ser usado para detetar vestígios de droga num local
suspeito de ser um laboratório clandestino para estabelecer a presença destas nessa
localização, mesmo que a substância tenha sido removida do local.86
Este método oferece um conjunto de vários pontos fortes para a análise rápida de
opioides potentes em campo, comparativamente a outras tecnologias.86 Uma das
vantagens que este método oferece é a recolha e introdução de amostras ser realizada
através de cotonetes de baixo custo.86 Apresenta, também, um espetro de massa mais
simples devido à utilização de ionização à pressão atmosférica e uma maior
seletividade.86
36
Discussão e Perspetivas futuras
O consumo de fentanil e dos seus análogos apresenta um perigo para a saúde pública
devido ao aumento do número de consumidores e das overdoses causadas por estes
opioides.9,10 Um dos novos desafios no combate a esta epidemia é o aparecimento regular
de novos análogos de fentanil no mercado ilícito.7 Este desafio é causado pelo facto de os
novos análogos não serem identificados através das técnicas já utilizadas para a
identificação do fentanil e dos seus análogos mais conhecidos porque, por um lado, ainda
não se encontram padrões analíticos de referência e, por outro, porque os seus processos
de metabolização são desconhecidos e complexos de estudar.40 Outro desafio para a
deteção destes novos análogos é que a concentração destes em matrizes biológicas é
normalmente muito baixa.90 Paralelamente, estes novos análogos poderão apresentar
metabolitos que ainda não se encontram referenciados, não sendo possível associá-los à
presença e consumo dos referidos análogos de fentanil.40
Existem vários caminhos a seguir que poderão ser considerados e nos quais se poderá
investir para ultrapassar estas dificuldades e, assim, estar um passo mais perto do controlo
da epidemia crescente de fentanil e dos seus análogos.
37
aparenta ser uma ajuda neste problema de saúde pública que é a identificação dos
análogos que são produzidos e ainda desconhecidos, oferecendo uma hipótese no controlo
da utilização destes pelo público.
Outra dificuldade que existe é que o fentanil e os seus análogos apresentam um curto
tempo de semi-vida e, consequentemente, apresentam uma curta janela de deteção destes
compostos em amostras biológicas, dificultando a análise à sua presença.92 Porém, a sua
janela de deteção poderá ser prolongada através do conhecimento do metabolismo do
fentanil e dos seus análogos e da possibilidade de determinar os seus metabolitos em
matrizes biológicas, contribuindo, assim, para a identificação exata da substância original.
A determinação da proporção entre um metabolito e o medicamento original, poderá ser,
também, essencial para a distinção entre uma morte rápida ou tardia.92
A identificação dos metabolitos originados pelo fentanil e pelos seus diversos análogos é
essencial para a identificação destas substâncias. Por vezes, quando não é possível
identificar a substância presente, a presença de certos metabolitos comuns, como nor- ou
hidroximetoxi-, irá indicar que se trata de fentanil ou de um dos seus análogos.40 Porém
existem algumas variantes, sendo que já foram detetados novos metabolitos em alguns
análogos, sendo um deles o 4-ANPP.8,81 Por esta razão, é essencial conhecer os
38
metabolitos originados por todos os seus análogos pois quando analisadas amostras
biológicas em casos de overdoses, a presença de metabolitos como biomarcadores pode
ser crucial para a identificação dos compostos. Adicionalmente, o 4-ANPP também foi
considerado um percursor químico intermediário utilizado no processo de sintetização na
produção de fentanil ilícito, logo a sua presença também poderá indicar que o fentanil
identificado foi produzido ilicitamente.93
39
ciclopropilfentanil, entre outros.92 O metabolito mais abundante é o norciclopropilfentanil,
formado por N-desalquilação oxidativa.8
Para estudar a metabolização do fentanil e dos seus análogos foram utilizadas diferentes
tecnologias, mas o uso destas é caro, consome muito tempo e, uma vez que é impossível
replicar exatamente os ambientes biológicos in vivo, os métodos não são precisos. Uma
solução para este problema poderá passar pela utilização de métodos in silico e algoritmos
de Inteligência Artificial (IA), de forma a prever a metabolização e os metabolitos originados
por estes compostos, até porque apesar da informação sobre as vias metabólicas dos
novos análogos de fentanil que emergiram no mercado ser escassa, tornando a sua
identificação em amostras biológicas difícil, o facto do metabolismo do fentanil farmacêutico
se encontrar bem caraterizado poderá permitir a previsão das vias de metabolização
destes.8 Ou seja, a metabolização destes novos análogos, geralmente, poderá envolver
reações de hidrólise, N- e O- desalquilação, entre outras.8
40
obtenção de mais conhecimento sobre a metabolização e os metabolitos originados pelos
novos e diferentes análogos do fentanil.
O β'-fenilfentanil é um análogo de fentanil que foi identificado pela primeira vez em 2017,
na Suécia, e, recentemente, surgiu no mercado ilícito americano.90 O seu metabolismo não
foi estudado e os dados disponíveis sobre os seus efeitos e toxicocinética são escassos.90
O seu metabolismo nos humanos tornou-se um alvo de estudo para identificação e
utilização de potenciais metabolitos biomarcadores. Para ajudar na identificação de
metabolitos deste análogo foi gerada uma lista de reações, recorrendo a métodos in silico
e a análise por LC-HRMS-MS para confirmação.90 Foram identificados 26 metabolitos,
sendo sugerido como principal o β'-fenilnorfentanil. Porém, estas previsões encontravam-
se, maioritariamente, erradas e o destino metabólico do β'-fenilfentanil era
substancialmente diferente.90 Apesar do sucedido, os resultados obtidos poderão ser úteis
na identificação de casos positivos deste análogo pelos toxicologistas em amostras reais.90
O fenilfentanil foi detetado pela primeira vez em 2017, após uma apreensão de droga.96 O
conhecimento sobre este novo análogo e sobre o seu metabolismo é muito reduzido e, por
isso, recorreu-se a métodos in silico.96 A sua metabolização foi estudada através destes
métodos e por LC-HRMS/MS e foram identificados 13 metabolitos, sendo a maior parte
produzidos por N-desalquilação.96 Dentro destes 13 metabolitos, o fenilnorfentanil foi
sugerido como marcador biológico para a presença de fenilfentanil.96
Dentro do conjunto dos métodos in silico destaca-se o planeamento fatorial, que pode
ajudar na coordenação estatística das condições utilizadas numa experiência.95 O
planeamento fatorial já foi utilizado em vários estudos como, por exemplo, do fentanil
transdermal, administração de fórmulas de citrato de fentanil como anestésico e em
pesquisas, de um modo geral, sobre medicamentos que utilizam planeamento no seu
desenvolvimento.95
Outro conjunto de métodos in silico que pode ser aplicado na caraterização de substâncias
conhecidas e desconhecidas, baseado em mecânica quântica, é o Density Functional
41
Theory (DFT).95 Este é um dos mais utilizados no campo da caraterização de substâncias
e já é utilizado para entender propriedades moleculares e de espetroscopia.95
Num estudo realizado, foram utilizados dois modelos generativos de inteligência artificial:
o SeqGAN e o MoldGTP.98 A primeira opção, através da utilização do modelo generativo
SeqGAN, tem como objetivo gerar potenciais análogos de fentanil.98 Este é treinado
através de dados existentes de fentanil e dos seus análogos e utilizado para gerar
moléculas.98 Com este modelo foram obtidas 546 moléculas válidas.98 A segunda opção é
utilizar o MoldGTP e as informações sobre estruturas do fentanil e dos seus análogos para
gerar potenciais análogos.98 Com este modelo foram obtidas 10495 moléculas.98 Após
estes estudos, foi verificada a interseção de moléculas entre ambos, resultando num total
de 164 moléculas em comum.98 Estas foram confirmadas como análogos de fentanil não
reportados através da utilização das técnicas de NMR, MS e IR.98 Estes resultados indicam
que os dois métodos são capazes de aprender através dos dados originais de fentanil e
dos seus análogos e gerar potenciais análogos.98
42
drogas têm sido ativamente estudadas e podem ser uma solução mais eficiente que pode
ser administrada a indivíduos em risco, pacientes em programas de reabilitação ou
socorristas que tenham contacto acidental com substâncias absorvidas pela pele.91,99 No
entanto, existem alguns desafios como, por exemplo, estas vacinas serem desenvolvidas
para atuarem em estruturas químicas especificas de opioides e, no caso do fentanil, este
apresenta diversos análogos alterados quimicamente.99
43
Conclusão
O fentanil e seus os análogos são um risco para a saúde pública devido à dificuldade em
analisar a sua presença nas amostras biológicas, por causa da curta janela de deteção que
apresentam, e devido ao aparecimento constante de novos análogos que não são
identificados pelas técnicas de análise utilizadas diariamente em laboratório. O
conhecimento da metabolização dos novos análogos e dos seus metabolitos é essencial
para ultrapassar estas dificuldades de identificação e deteção, existindo a possibilidade
que o combate a estes opioides seja bem-sucedido.
Com esta revisão é possível concluir que há uma grande necessidade de investir na
identificação dos novos análogos e no estudo dos seus processos de metabolização e
metabolitos de forma a ser possível identificar de forma exata a substância original
presente nas amostras biológicas. É necessário, também, criar melhores condições para a
utilização de técnicas que tenham uma maior sensibilidade e capacidade de analisar
amostras biológicas com baixas concentrações de fentanil e dos seus análogos como por
exemplo a LC-MS/MS e a UHPLC-MS/MS. Entre os dois, a vantagem da UHPLC-MS/MS
é fornecer uma resposta com maior rapidez.
44
caminho a seguir para a identificação destes análogos em amostras biológicas. A utilização
destes também poderá ser útil na previsão de análogos ainda não produzidos ilicitamente
e que poderão surgir, eventualmente, no futuro, facilitando a sua deteção. Os métodos já
provaram ser úteis na previsão de metabolitos, como no caso do carfentanil. Porém, é
sempre necessário existir uma confirmação dos dados obtidos.
45
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