Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FARMÁCIA
Belo Horizonte
2022
AMANDA NASCIMENTO DO AMARAL
HENRIQUE APOLINÁRIO DA SILVA
KIMBERLY NAYARA SILVA DOS REIS
LOURRANY PEREIRA DA SILVA
NATÁLIA LOURDES MOURA CELESTINO
NICOLLY GABRIELA ROCHA FERRAZ
PEDRO PAULO PEREIRA DA SILVA
SINDY LAUREN OLIVEIRA FERREIRA
Belo Horizonte
2022
1. Introdução
1
mundo, a OMS reconhece que grande parte da população dos países em
desenvolvimento depende da medicina tradicional para sua atenção primária, tendo
em vista que 80% desta população utilizam práticas tradicionais nos seus cuidados
básicos de saúde e 85% destes utilizam plantas ou preparações destas. BRASIL.
Plantas Medicinais e Fitoterápicos (2006). Apesar da rica biodiversidade existente no
Brasil, e a utilização de ervas tidas como medicinais por grande parte da população,
pouquíssimos são os dados científicos existentes sobre o uso terapêutico e possíveis
efeitos tóxicos das mesmas. Além disso, historicamente, o uso de ervas medicinais
desde os tempos remotos, têm mostrado que fazem parte da evolução humana e
foram os primeiros recursos terapêuticos utilizados pelos povos, incluindo os
indígenas, desde o período colonial. Portanto, é de extrema importância o
conhecimento sistemático acerca de plantas medicinais e fitoterápicos, a fim de
capacitar o futuro profissional de saúde sobre o emprego correto desses insumos, de
forma segura e racional, além de promover a saúde da população por meio do
estabelecimento de requisitos de qualidade e segurança, e assim apoiar as ações de
vigilância sanitária e induzir o desenvolvimento científico e tecnológico nacional.
O presente trabalho tem como objetivo a elaboração de um artigo científico,
com a finalidade de aprofundar os conhecimentos acerca de plantas medicinais,
especificamente a espécie Cymbopogon citratus (DC.) Stapf, bem como sua forma de
uso, aspectos químicos e farmacológicos, controle de qualidade e estudos inovadores
que envolvam a espécie.
2. Metodologia
2
constituição fitoquímica além das normas de qualidade associado aos compostos
químicos da espécie, preconizados pela Farmacopéia brasileira. Buscou-se também
conhecer sua atividade farmacológica, além de estudos inovadores que envolvam a
espécie, para que seu uso seja identificado e reproduzido com respaldo científico,
possibilitando assegurar eficácia e segurança, além de otimizar futuros estudos
acerca da espécie.
Nessas pesquisas foram buscados principalmente os seguintes termos:
fitoquímica, controle de qualidade, Cymbopogon citratus, capim-limão, citral,
finalidade terapêutica, origem, toxicidade.
Além disso, tanto a Farmacopeia Brasileira volume 2 como a Farmacopeia
Brasileira, 6ª Edição (última atualização pela RDC nº 609, de 9 de março de 2022),
foram utilizadas como referência, em razão da padronização de informações. Acerca
da janela temporal eleita para a procura dos dados, escolheram-se as referências de
2002 a 2022.
3. Referencial Bibliográfico
(...) Erva perene, frondosa e robusta, que cresce formando touceiras de até 1 m ou
mais de altura, com rizomas curtos, colmos simples ou ramificados, eretos, lisos,
glabros. Folhas moles, basais, glabras; bainhas fechadas na base, mais curtas que
os entre-nós, estriadas; lígula membranácea ou árida, 4-5 mm de comprimento;
lâminas eretas, planas, longo atenuadas na base da lâmina estreita, para cima
atenuada, na ponta setacea, cerca de 1 m de comprimento, 5-15 mm de largura,
margens escabrosas e perto do ápice costa forte em baixo, alvacentas na face
superior. Inflorescências normalmente em pares de racimos espiciformes, destes um
ou outro solitário, e terminais no colmo ou nos ramos de colmo, 30- 60 cm de
comprimento, eretas, entrenós da ráquis semelhante aos pedicelos da espigueta
3
pedicelada; racimos desiguais, 3-6 cm de comprimento; pedicelos lineares, planos na
face ventral, dorsalmente convexos, normalmente com cavidade no ápice, vilosos,
arroxeados. Espiguetas sésseis desarmadas, canaliculadas no lado ventral, 4,5-5,0
mm de comprimento, 0,8-1,0 mm de largura, margens crescentes, ciliadas. Glumas
iguais ou subiguais, a inferior lanceolada, bilobulada no ápice, bicarinada, com
margens agudamente curvadas do meio para cima, a superior lanceolada, 4,3-4,5
mm de compr., normalmente 1-nervada. Lema estéril lanceolado, 3,5 mm de
comprimento, 2-nervado ciliolado. Lema fértil linear, 2,5 mm de comprimento, bífido,
1-nervado, ciliolado (1982, p. 23).
4
mesmo orienta a realizar o corte das folhas a cada 40 dias. Ressalta ainda a possibilidade
de ser atacada por cochonilhas de raiz e indica o plantio desta espécie em curvas de nível
para conter a erosão.
5
Orientações para o preparo: preparar por infusão, durante 5 a 10 minutos,
considerando a proporção indicada na fórmula. Devem ser utilizadas as folhas secas
(MELO-DINIZ et al., 2006).
*Preparação extemporânea: Toda preparação para uso em até 48h após sua manipulação, sob
prescrição médica, com formulação individualizada BRASIL, Conselho federal de Farmácia,SP. (2022).
5. Análise Fitoquímica
7
com a tecnologia disponível. Rotineiramente, são realizados testes com reações
químicas de coloração e precipitação em tubos de ensaios e placas de toques.
Todavia, são também feitas detecções e fracionamentos cromatográficos com
reagentes distintos, acompanhados de testes farmacológicos simples (CUNHA 2014,
SIMÕES 2010).
Estudos fitoquímicos realizados por SOUZA, RIBEIRO, SOARES, SODRE E
ASCÊNCIO (2015, p.2 a p.7), com a planta Cymbopogon citratus sucedeu-se da
seguinte maneira:
O extrato bruto foi obtido pelo decocto de 2 g do pó em 20 mL de etanol 70 %
seguido de filtragem em papel filtro.
Para investigação da presença de fenóis, flavonóides, e antraquinonas seguiu-se
a metodologia descrita por (MOUCO 2003), que consistiu em diferentes reações de
colorações e precipitações, incluindo:
8
Tabela 3- Dados para detecção da presença de Subclasses de Flavonóides pela técnica de
acidificação, alcalinização e aquecimento.
Foi realizada também uma análise por cromatografia em camada delgada (CCD)
de acordo com o método descrito por (RODRIGUES 2004), com poucas modificações.
As classes de flavonóides detectadas para os extratos secos de folhas de C.
citratus, estão à mostra na Tabela 4. Como é possível observar, foram detectadas
quatro classes de flavonóides: Antraquinonas, Flavonóis, Flavonas e Xantonas,
estando em consonância com alguns resultados na literatura científica (GOMES 2011).
9
Figura 2 - Reação para detecção de alcalóides em extrato de C. citraus. (A) Solução do extrato em HCl;
(B) Reagente Dargendorff; (C) Mistura de A e B formando precipitado (seta) indicando a presença de
alcalóides.
Figura 3: Reação para detecção de saponinas. (A) com o teste de espuma; (B) solução controle.
10
A caracterização de fenóis por CCD (Figura 4), permitiu a pré-identificação de 03
possíveis compostos. Uma mancha característica do extrato (Rf = 0,84) coincide com o
da substância padrão quercetina (Rf = 0,84). Outra mancha do extrato (Rf = 0,93)
coincide com a distância do padrão morina (Rf = 0,93) e por último, outra mancha do
extrato (Rf = 0,18) foi coincidente com o padrão do ácido elágico (Rf = 0,18). Outras
manchas foram detectadas no extrato de C. citratus, indicando a necessidade da
utilização de mais padrões de referência e/ou outros tipos de eluentes no
desenvolvimento da técnica (ASCÊNCIO, RIBEIRO, SOARES, SODRE, SOUZA,
2015).
Figura 4: Cromatograma (CCD) da solução extrativa de C. citratus; (1) Extrato, (2) Padrão Quercetina,
(3) Padrão Rutina, (4) Padrão Morina, (5) Padrão Ácido Elágico, (6) Padrão Naringina, (7) Padrão Ácido
Tânico e (8) Padrão Galato de Epigalocatequina.
5.1.Rota Biossintética
Os flavonóides pertencem a uma classe de compostos amplamente distribuída no
reino vegetal e representam uma das classes de metabólitos secundários mais
importantes e diversificados entre os produtos naturais. Encontram-se em abundância
nas angiospermas e têm grande diversidade estrutural (PEREIRA, 2016).
12
(...) Uma parte do esqueleto flavonoídico é derivado do ácido chiquímico e a outra do
acetil-CoA . O esqueleto básico dos flavonóides é composto por dois anéis
aromáticos (A e B) e uma junção destes com três átomos de carbono, que formam o
anel C. A via do ácido chiquímico origina o aminoácido fenilalanina, precursora do
ácido cinâmico, responsável pela formação do anel aromático B e a junção com três
átomos de carbono. Já a via do acetil-CoA origina três moléculas de malonil CoA
que, através de reações subsequentes de hidroxilação e redução, levam a formação
dos anéis A e C. Juntamente com processos oxidativos, originam-se diferentes
classes de flavonóides: chalconas, flavanonas, flavonas, di-hidroflavonóis e flavonóis,
de acordo com a presença do oxigênio no átomo de carbono 4, ligação dupla entre
os átomos de carbono 2 e 3 ou a presença de um grupo hidroxila na posição 3 do
anel C.16 (Figuras 4 e 5) (RODRIGUES, 2015, p.8).
13
Fonte: (PEREIRA, I. S. P. et al., 2016. p. 9)
6. Atividade Farmacológica
Na península Malaia é comum que as pessoas utilizem o chá obtido a partir das folhas
contra vários tipos de doenças como a gripe, pneumonia, febre, problemas gastrointestinais
e até como ação sudorífera. Na África e Ásia, a planta é considerada como antitussígeno,
anti séptico, anti-reumático para tratar lumbagos, entorses e hemopatias (ALVES, SOUZA,
1960).
14
Estudos sobre a C. citratus apontam que a planta é atóxica (DUBEY, 2000), ou seja,
não possui toxicidade em seu consumo, indivíduos saudáveis fizeram o uso regular do chá,
pelo método de infusão e não foram constatadas evidências nocivas à saúde. (LEITE 1986,
FARMACOLOGIA 1985, FORMIGONI 1986). De acordo com (MIRSHA, 2001), ratos foram
submetidos ao extrato e não sofreram efeitos adversos, não houve também alterações
bioquímicas no sangue e nem na urina. Ausentes também ação genotóxica e mutagênica
(KAUDERER 1991, SILVA 1991, ZAMITH 1993).
Porém conforme (GUERRA, 2000), nos organismos de animais, podem gerar efeitos
hepatotóxicos e nefrotóxicos com o extrato fluído de 30 a 80%. Resultados coincidentes de
(PAIVA, 1997) demonstraram que o beta-mirceno e o liomoneno foram capazes de causar
nefropatia tubular hialina sexo-específica em ratos machos.
Interação medicamentosa
7. Estudos inovadores
Referências bibliográficas
1. ALVES, A.C. SOUZA, A.F. Nota prévia sobre o estudo fitoquímico de Cymbopogon
citratus (D.C.) Stapf. Garcia de Orta, Lisboa, v. 8, p. 629-638, 196
22