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INVENTÁRIO PARTICIPATIVO CULTURAL DO

HIP HOP PARAIBANO

2023
INVENTÁRIO PARTICIPATIVO CULTURAL DO HIP HOP
PARAIBANO

ORGANIZAÇÃO:
PRISCILA LIMA - WITCH
(GRAFITEIRA, AGENTE CULTURAL, PRODUTORA CULTURAL)
INGRID RODRIGUES
(ANTROPÓLOGA, AGENTE CULTURAL)
ANDREZA ARYANNE CARVALHO - YRA
(PRODUTORA CULTURAL E MUSICAL)
LEANDRO SILVA SANTOS - FATOS
(GRAFITEIRO, AGENTE CULTURAL)

EQUIPE TÉCNICA:
COORDENAÇÃO GERAL - PRISCILA LIMA (WITCH)
COORDENAÇÃO ADMINISTRATIVA - PRISCILA LIMA (WITCH)
COORDENAÇÃO ADMINISTRATIVA - LEANDRO SILVA SANTOS (FATOS)
SUPERVISÃO DE PESQUISA - ANDREZA ARYANNE CARVALHO (YRA)
CONSULTORA TÉCNICA - INGRID RODRIGUES

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COLABORADORES:

ISADORA PALHANO (ISADROGA) ROBERTO BATISTA VIANA (DOM)


CYBELE DANTAS (CYBER) CLAUDIO ROBSON SILVA (RAPPER CB)
MAZURKIEWSKY SILVA (MAZUKY) MOAB PEREIRA)
VALMIR VAZ (VANT) YANN SOARES sILVA (CAOS MC)
LUCAS FERREIRA (PERNINHA) ELIZAMA DA SILVA (CJ MC)
SÉRGIO MARTINS CASSIANO (CASSIANO JEAN DE LUCENA (KENSHIN)
PEDRA) KALYNE LIMA
WESLLEY DA SILVA BEZERRA (MAGO) FRANKLIN DE AQUINO (FRANK)
ADAILTON AGUIAR (TILDAL) MARCOS CRISTIANO DA SILVA (PERFECT)
ALEXSANDRO ARAÚJO SILVA (A-LEX) BRUNO PEDRO DA SILVA (BBOY BRUH)
IVAN DE PAULA (DJ GRIÔ) GLEYDSON TAVARES (GBLACK)
TEREZA RAQUEL DOS SANTOS SILVA VICTOR LIN-HAY FERREIRA (RISKO)
(PRINCESA RAQUEL) RISLAYANNE DE ARAÚJO (LAY LUZ)
WANDERSON GOUVEIA (BUCK) VINICIUS DOS SANTOS (VINNI)
JOSY NASCIMENTO EDIGAR ANTÔNIO DOS SANTOS
NATALIE DE QUEIROZ (BRUTA) (MC EDSGRAÇA)
JEFERSON ARAÚJO (SNOOP) FÁBIO DOS SANTOS ARAUJO
WESLLEY MOREIRA DA SILVA (NOSFERATUS)
MATHEUS LIRA SARTOR (SART) JOEL VITOR ALVES (JV 2K)
THIAGO DA SILVEIRA CUNHA (CAMÔ) LEONARDO PORTO (MC PORTO)
RAFAEL WILLIAM MONTEIRO (MANO DW) VALDER JONES NÓBREGA DE OLIVEIRA
MARIA LUIZA DA SILVA (KALU) (JONES OLIVEIRA)
THAYNARA NEGREIROS (THAYNHA) LEONARDO FREITAS FILHO (LEONN)
PEDRO HENRIQUE CASTRO ( PETER)) STHEPHANY FREIRE (AMAGA)
RAYSSA ROSANY DE CASTRO (MAGA) WILL JEFERSON( WILL MC)
LUCIANO ALVES DA SILVA (RAITECK) LUCAS CALMON FARIAS (KALMON MC)
LIAJÚ SCHENKEL (NAYD) LIVINGSTON BORGES(LSE7E MC)
JOFRE CARLOS CORREIA (JOF175) CARRAZERA DA SILVA
LEANDRO PEREIRA DA SILVA (LOGAN) CÍCERO RAELSON - MC BROTHER
ALBERTO CASSIANO LIRA (CASSIO) JOEL SANTANA
VINICIUS NICACIO AVELINO (SPAWN) NATAN DO CARMO LIMA
PEDRO ALLAN VITAL (DROPÊ) JANDDERSON MATHEUS PESSOA
EVERTON SILVA (BOBBY083) HÉLIO BARBOSA
RODRIGO ARAÚJO (DIONR) THIAGO ALCÂNTARA (DJ JOH)
WAGNER RODRIGUES (MUSEU)

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ÍNDICE

Prefácio ……………………………………………………………………… 4
Apresentação ………………………………………………………………… 7
Metodologia …………………………………………………………………. 7
Sítio Inventariado ……………………………………………………………. 9
Representações Culturais …………………………………………………… 10
DJ ………………………………………….…………….……………...10
Rap / Batalhas de Rima / Batalhas de Poesia (Slams) …..………….… 10
Danças Urbanas ……………………….………………….…………… 12
Graffiti ………………………………….………………………………12
Conhecimento ………………………………………….……………… 13
Referencial Teórico ……………………………………………………….… 14
João Pessoa ………………………………………………………….… 14
Campina Grande …..…………………………………………………… 18
Patos ………………………………………………………….………... 25
Bayeux ………………………………………………………….………26
Monteiro ………………………………………………………….…… 27
Lagoa de Roça ………………………………………………………… 27
Queimadas ………………………………………………………….…. 28
Cabedelo ………………………………………………………….…… 29
Guarabira ………………………………………………………….…... 29
Cajazeiras ………………………………………………………….….. 30
Referências ………………………………………………………….………. 32
Anexos ………………………………………………………….…………… 33
João Pessoa …………………………………………………………… 33
Campina Grande ……………………………………………………… 42
Patos …………………………………………………………………... 54
Cabedelo ……………………………………………………………… 58
Guarabira ……………………………………………………………... 59
Cajazeiras …………………………………………………………….. 60

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INVENTÁRIO CULTURAL DO HIP HOP PARAIBANO

PREFÁCIO

O Hip hop é um movimento artístico e cultural que nasceu no bairro do Bronx, em


Nova York, no início dos anos 60, nas comunidades jamaicanas, latinas e afro-americanas.
Foi um momento crescente da luta pela equidade de raças, onde grandes nomes do
movimento negro surgiram como Malcom X, Martin Luther King, os Panteras Negras e etc.
As maiores tensões sociais ocorreram justamente nos bairros periféricos de Nova York, onde
o Hip Hop nasceu, por isso o movimento tem seu cunho social e político muito forte em sua
base, como nos aponta Marília Patelli Lima (2006) em seu trabalho A atual crise social e os
jovens da região metropolitana de São Paulo: Desemprego, Violência e Hip Hop. Segundo a
autora, a formação do movimento aconteceu através da junção de diversos jovens que sofriam
opressões diárias e tinham uma realidade de mundo parecida, e utilizavam os instrumentos ao
seu alcance para criar e promover cultura.

A etimologia do termo vem da união de duas palavras do inglês: “hip”, que significa
algo atual, que está acontecendo no momento, e “hop”, que faz referência ao movimento da
dança. A história e o início do movimento são muito atribuídos a Keith “Cowboy” Wiggins e
Grandmaster Flash, que são até hoje creditados com a primeira aplicação do termo, em 1979.
O DJ Kool Herc também foi muito importante para a popularização do movimento. Apesar
de ser conhecido por seu nome de DJ, seu verdadeiro nome é Clive Campbell, natural da
Jamaica mudou-se para os Estados Unidos na década de 60. Começou a fazer remixes com
seus beats no início dos anos 70, enquanto Flash provocava um amigo que acabava de
ingressar no exército dos EUA, proferindo as palavras “hip hop, hip hop” imitando a cadência
rítmica dos soldados, mais tarde, Cowboy determinou a cadência das músicas como
referência para o MC no palco. No início do movimento, os grupos eram frequentemente
compostos por um DJ e um rapper, sendo que os artistas eram chamados nessa época de
“hip-hoppers”. O nome foi concebido originalmente como um sinal de desrespeito, mas logo
foi incorporado e passou a denominar a cultura de maneira geral.

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O movimento Hip Hop no Brasil chega no final dos anos 80, e acaba se encaixando
com nossa realidade social, como coloca o autor Fragoso (2011) em seu trabalho
Convivialidade e performance na experiência dos jovens hip hopers. Os jovens se
encontravam na Rua 24 de maio no centro de São Paulo, posteriormente na parte externa da
estação do metrô São Bento, que possuía chão liso para treinos de passos de dança de rua,
além de ser um espaço amplo para encontros de diversas Crews que começavam a surgir,
tanto para dançar o Breaking, como para cantar RAP ao som de toca discos e boombox que
são instrumentos de simbologia forte na cultura hip-hop.

Nesta época, a comunicação se dava por meio de cartas, matérias de jornal impresso e
fanzines, este último foi a principal fonte de troca de informações sobre a cultura que
começava a ocorrer em diversos estados no Brasil. Com o tempo, a estação São Bento se
tornou ponto de referência para organizações de festivais, que tinham campeonatos e mostras
de breaking, apresentações de grupos de rap com a presença de mestres de cerimônias, que
animavam os eventos, DJs e grafiteiros que ilustravam jaquetas e calças jeans para crews. A
São Bento, na década de 80 trouxe homens e mulheres que se deslocavam de suas
cidades/estados para participarem desses encontros e festivais em São Paulo.

Pessoas que, ao longo dos anos, se tornaram referências como pioneiros/pioneiras


construindo um legado e servindo de inspiração para a nova escola. Muitos continuam até os
dias de hoje na ativa cantando, dançando, discotecando ou grafitando, além da oralidade em
que trazem da memória, contribuindo para que a história seja contada e recontada
legitimamente por quem vivenciou esta década. No entanto, é necessário evidenciar que
enquanto muitos homens tiveram oportunidades de gravar LPs e se destacarem na cena do
hip-hop como artistas, em matérias nos jornais, venda de discos e músicas tocadas nas rádios,
o caminho das mulheres seguiu de uma forma diferente, com pouco destaque da imprensa ou
investimentos de patrocinadores. A maioria das mulheres que estavam desde o início se
mantiveram firmes, apoiadas muitas vezes apenas pela ideologia, estas mulheres
utilizavam/utilizam o hip-hop como ferramenta de expressão, pois sentem a necessidade de
levar as demandas da mulher através da arte.

O Hip Hop com seus elementos se instalou no Brasil e no mundo, com seu viés
político e inclusivo, misturando diversos estilos musicais, enquanto criava, a partir de suas
referências musicais negras uma nova cultura. Aqui, iremos adentrar na história da cultura do
Hip Hop na Paraíba, mostrando o quanto essa faz parte da nossa história e tem grande
importância cultural e educacional como mostra Norma Takeuti (2010) em seu trabalho

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Refazendo a Margem pela arte e política. A autora nos mostra como o movimento do Hip
Hop e sua dinâmica coletiva utilizam das dificuldades e da cultura para fazer política dentro
da periferia. A autora Ingrid Cirino (2021) em seu trabalho EntrelinhasMob: Entre as trilhas
do trem e do hip hop paraibano aponta da importância educacional e política das rodas de
freestyle, de b-boys e b-girls ou encontros de Graffiti para as comunidades que moram ao
redor dos encontros, que promovem conscientização racial, expressão, acesso a diversos
discursos e assuntos que são negados na educação pública. Assim, o Hip Hop se tornou um
patrimônio imaterial na história da paraíba e vem, ao longo dos anos, trazendo educação, arte,
política e diversas possibilidades para jovens do litoral paraibano ao agreste, como iremos
adentrar nos pontos a seguir.

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1- APRESENTAÇÃO

O Inventário Cultural do Hip Hop Paraibano, elaborado de maneira participativa e


colaborativa por membros atuantes do movimento no estado da Paraíba, é um convite a um
percurso por histórias construídas e vividas por seus participantes. Os modos de vida que
foram reinventados e ressignificados no cotidiano do movimento através das festas, dos
fazeres, organizações coletivas e lutas pela autonomia. Aqui, teremos acesso a como a cultura
do Hip Hop adentrou, transformou e segue reinventando histórias através da arte na Paraíba,
por meio de documentos e trabalhos acadêmicos em conjunto com a história oral advinda dos
participantes que vivenciaram o nascer da cultura.
Este inventário possibilita o reconhecimento de novos valores em novas bases
culturais vinculadas aos anseios e necessidades dos elementos que fazem parte da cultura Hip
Hop, entendidas como sujeitos de cultura. Propõe um olhar que vai além do reconhecimento
dos produtos culturais como festas e músicas, relatando também sobre seus símbolos, fazeres,
memórias, lutas, em que a existência das crews e grupos se materializa em sua história de
vida.

2- OBJETIVO DO INVENTÁRIO

A palavra patrimônio qualifica algo que não se pega, que não se toca, mesmo quando
se fala em patrimônio material, o que está em pauta não é a materialidade, mas o significado,
o valor atribuído. Da mesma maneira, patrimônio imaterial não se constitui sem suportes
materiais específicos. Pensa-se patrimônio como alguma coisa que se transmite de um tempo
para outro tempo, de uma geração para outra, muitas vezes como herança, passada de pais
para filhes. Mas há também as partilhas contemporâneas entre amigos, irmãos, membros de
uma mesma comunidade. O objetivo deste inventário é salvaguardar como se deu o
entendimento e partilha da cultura hip hop no estado da Paraíba, pois é fundamental para o
desenvolvimento de novas práticas e novas abordagens conceituais no campo do patrimônio,
principalmente por se tratar de uma cultura popular com viés comunitário e social.
Trabalhos como os de Ingrid Cirino (2021), Thiago Assis (2017), Priscila Canuto
(2023), Angelina publicou sua tese de doutorado sobre pixação, intitulada "A Sociedade
'Secreta' de Pixadores/as e Grafiteiros/as de Campina Grande (2010) abordam diferentes
elementos do Hip Hop, em diferentes contextos e cidades paraibanas. Todos eles, em comum,

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apontam a importância educacional e social que o movimento provém. Claro, que existem
outros diversos textos teóricos sobre o tema na paraíba, mas a história contada, de forma oral,
pelas pessoas que estavam no início do movimento no Estado são de extrema importância
para entender como esse movimento, através da arte, pode ir além na história de vida de
quem tem acesso a ele, desde formação política, social, racial e de gênero. Esse documento,
que reúne histórias orais, trabalhos acadêmicos e outros produtos midiáticos que podem ser
fonte de pesquisa, como foi apontado no parágrafo acima, tem como objetivo salvaguardar
toda uma história de formação do início do Hip Hop, até sua jornada aos dias
contemporâneos, se tornando um documento histórico para o Hip Hop paraibano.

3- METODOLOGIA

Nos baseando no modelo de pesquisa antropológica, a etnografia, desenvolvemos


nosso trabalho através desse olhar, onde fizemos, a priori, um levantamento bibliográfico
sobre o Hip Hop da Paraíba, através de trabalhos acadêmicos, e registros na internet. Ao
mesmo tempo, foi feito um levantamento a partir da história oral de participantes que
estavam no início da cultura no estado e a fomentaram desde então. Aplicamos um
formulário virtual, para conseguir mapear os diversos coletivos espalhados pelos estados
paraibanos, e assim compreender a movimentação cultural em todo o Estado.
Em uma perspectiva de escuta dos elementos dessa cultura, este trabalho reafirma o
propósito de construir uma política pública de patrimônio que avança de um conceito linear
de tempo e história, e de uma noção imaterial de patrimônio para a aproximação com o
presente e o reconhecimento da atividade, do processo e do produto cultural. Assim, podemos
valorizar uma cultura que está presente por tantos anos no nosso estado, que continua sendo
fomentada pelos seus participantes.
Fazer esse levantamento histórico, antropológico e mapeamento das movimentações
que ainda acontecem pelo estado, é uma forma de gravarmos a importância histórica do Hip
Hop para a sociabilidade de diversas pessoas e jovens. Seu cunho e impacto social aparece
em diversos trabalhos acadêmicos, e mais importante ainda, nas histórias de vidas que foram
abordadas nesse documento.

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4- SÍTIO INVENTARIADO

A Paraíba é uma das 27 unidades federativas do Brasil, localizada a leste da Região


Nordeste. Seu território é dividido em 223 municípios e apresenta uma área de

56.467,242 km². Banhada a leste pelo Oceano Atlântico, limita-se a norte com o Rio Grande
do Norte, a sul com Pernambuco e a oeste com o Ceará. Com mais de quatro milhões de
habitantes, a Paraíba é o 15º estado mais populoso do Brasil. A capital e município mais
populoso é João Pessoa. Outros municípios com população superior a cem mil habitantes são
Campina Grande, Santa Rita e Patos.

Antes da colonização portuguesa, a Paraíba foi habitada por várias tribos indígenas.
Em 1534, foi subordinada à Capitania de Itamaracá, adquirindo autonomia política em 1574
com a criação da Capitania da Paraíba, anexada a Pernambuco em 1756 e recuperando sua
autonomia em 1799, existindo como unidade política separada desde então. No ano de 1930,
Getúlio Vargas indicou o presidente do estado (hoje governador), João Pessoa Cavalcanti de
Albuquerque, como vice-presidente do Brasil. O assassinato de João Pessoa por João Duarte
Dantas foi o estopim para a Revolução de 1930 e o fim da República Velha.

A Paraíba é berço de brasileiros notórios, como Epitácio Pessoa (ex-presidente do


Brasil), Pedro Américo (pintor de renome internacional), Assis Chateaubriand (mais
conhecido por ter fundado o Museu de Arte de São Paulo e a TV Tupi), Celso Furtado (um
dos economistas mais influentes da história latino-americana), além de escritores como
Ariano Suassuna, Augusto dos Anjos, José Américo de Almeida, José Lins do Rêgo, Zé da
Luz, dentre muitos.

Não só por escritores, pintores e políticos o estado é reconhecido. A Paraíba se mostra


rica em representações imateriais de sua identidade. Assim, podemos citar inúmeras formas
de expressões culturais, como danças, brincadeiras e festas, a exemplo do Teatro de Babau,
também conhecido como mamulengo, a Lapinha, Cavalo Marinho, Coco, Ciranda, Nau
Catarineta, Boi de Reis, Tribos Indígenas, Capoeira, Repente e tantos outros saberes e modos
de fazer e viver presentes no estado. O Hip Hop também se inclui nas manifestações culturais
e desde o dia 07 de março de 2023 foi declarado por lei, pela deputada Estela Bezerra,
Patrimônio Cultural Imaterial no estado da Paraíba.

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5- REPRESENTAÇÕES CULTURAIS

O Hip Hop se iniciou com quatro elementos:


1) O DJ, que representa a discotecagem.
2) O Rap (Rhythm And Poetry, ou Ritmo e Poesia), que representa a música;
3) Danças urbanas, que representa coreografias em cima dos beats;
4) O Graffiti, que representa as artes plásticas.
Sendo assim, o Hip Hop ficou conhecido como conjunto de quatro artes. Mas,
atualmente, após a consolidação do Hip Hop, a ONG Zulu Nation, voltada ao movimento,
fundada pelo DJ Afrika Bambaataa, menciona a existência do quinto elemento do Hip Hop, o
“Conhecimento”. Esse elemento estaria presente em todos os outros e foi incorporado
visando a luta contra a comercialização em massa e o sucateamento do Hip Hop. O elemento
Conhecimento está presente reafirmando a origem afro-americana, latina e periférica do Hip
Hop, e sua luta social e política.

DJ
Disc jockey – comandante das pick ups ou toca discos, regente das festas, é quem faz
a mistura de músicas, assim como suas seleções. Os/as DJs são muito importantes para o
fomento do rap, eles/as são as pessoas que tocam os/as Mcs nas festas e, portanto, podem
ajudar na projeção de um/a artista do rap. Atualmente, além dos discos de vinil, é possível
utilizar outros equipamentos, entre eles o próprio laptop que munido com alguns softwares
pode ser manipulado para desenvolver técnicas como scratchs, colagens e mixagens, podendo
mesclar, prolongar, repetir ou até transformar músicas.

RAP / BATALHAS DE RIMA / SLAMS


Rhythm and poetry ou ritmo e poesia – “rep” é a rima, a poesia ritmada desenvolvida
pelo/a MC, abreviação de mestre de cerimônias ou rapper; as pessoas que compõem essas
poesias normalmente também as cantam, sendo pouco comum haver apenas intérpretes desse
gênero, o “rep” pode ser cantado à capela, acompanhado pelo beatbox, sons feitos com a boca
que reproduzem as batidas de um instrumental ou o próprio instrumental ou beat que é feito
por um produtor musical também chamado de beatmaker. Esse estilo tem forte influência dos
"toasters", os verdadeiros mestres de cerimônias que participavam de festas Sound System
nas periferias jamaicanas. Os “reps” podem ser letras escritas ou improvisadas e, nesse caso,

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é chamado de free style, ou seja, estilo livre, bastante parecido com a embolada e o repente,
em que o/a cantador/a desenvolve sua lírica de forma improvisada, tendo como inspiração o
ambiente que o/a cerca ou a temática lançada.

Tanto o MC quanto o DJ se encontram presentes nas Batalhas de Rap. Essas batalhas


acontecem normalmente com oito ou 16 MCs que se enfrentarão em duelos de rima
improvisada (freestyle). Existem dois formatos de batalha, o tradicional, em que cada MC
rima por 45 segundos em cada round , o primeiro MC ataca e o segundo MC responde ao
ataque, após o segundo MC acabar seus 45 segundo o DJ muda o beat,iniciando o segundo
round, em que o MC que terminou irá começar atacando por 45 segundos, logo após, o
adversário tem 45 segundos de direito de resposta. O outro formato se chama “bate e volta”,
que acontece num formato “4x4”, em que cada MC rima quatro versos quatro vezes em cada
round alternando entre si. Em ambos os formatos se decide o MC que começa a batalha com
um “ímpar ou par”. A votação para decidir qual MC foi melhor em ambos os formatos se dá
normalmente pela manifestação positiva da plateia e por votos de dois jurados escolhidos
previamente que já tenham contato com as batalhas. Caso aconteça um empate será realizado
um terceiro round antecedido por outro “impar ou par” para decidir qual MC começará o
duelo, o terceiro round possui o formato “4x4”, mesmo que a batalha aconteça no formato
tradicional (45 seg.). Ao final da edição da batalha há um MC campeão e um vice.

Além das Batalhas de Rap, as praças da Paraíba também são ocupadas por outro
movimento periférico chamado Slam, desde 2018. Na Paraíba o Slam criou laços fortes com
as batalhas de RAP, acontecendo em conjunto, como é o caso do Slam do Pedregal, que
acontece com a Batalha do Pedregal. O primeiro Slam de João Pessoa foi o Slam Parahyba
que teve sua primeira edição em 2018 encabeçado por Mari Oliveira, que já trabalhava com
slams em SP, porém, de acordo com os registros, o primeiro Slam da Paraíba surgiu em
Campina Grande, na Batalha do Prado (Slam do Prado). O Slam Subversivas foi o primeiro
slam escolar da capital.

O Slam também é uma batalha, porém, é de poesia marginal recitada e ao contrário da


batalha de rap, que acontece em duelos, no Slam todos os poetas ou Slammers, como são
chamados, competem entre si. Para dar início à batalha é realizado um sorteio para definir a
ordem em que cada Slammer se apresentará, após esse sorteio é realizada a chamada do
slammer sorteado, que se posiciona e recita sua poesia autoral, de tema livre, que diante as
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regras pode ter no máximo 3 minutos, sujeito à penalidade nas notas, explicadas a seguir.
Diferente das Batalhas de Rap, no Slam são escolhidos três ou cinco jurados (caso sejam
escolhidos cinco jurados, a maior e a menor nota não serão computadas) aleatoriamente na
plateia, configurando a ideia de júri popular. Após cada Slammer apresentar sua poesia o
Slam Master pede as notas dos jurados, que darão notas de zero a dez. Assim como na
Batalha de Rap, ao final do Slam há um Slammer campeão, sendo computados também o
segundo e terceiro lugar.

DANÇAS URBANAS
Street dance – estilo de dança que agrega vários elementos, apesar de técnicas
específicas, essa 15 modalidade, igual às demais expressões artísticas do hip hop, também é
de livre construção, dialogando com outras vertentes da dança, das artes marciais e
acrobacias. Surgiu após uma grande crise econômica nos Estados Unidos, o ano era 1929,
dançarinos de cabarés desempregados ocupavam as ruas. O cantor americano James Brown
lançou na década de 70 essa dança junto ao funk, revolucionando a prática e disseminando
para o mundo todo. A razão é que a street dance não é um único estilo de dança, mas um
termo usado para incluir todos os estilos de dança que têm suas origens nas ruas. Além disso,
todos os bailarinos se esforçam por desenvolver a sua própria assinatura dentro do estilo que
representam. Os estilos mais comuns de street dance são: Breaking, Locking, Popping e
House (também conhecido por Housedance).

GRAFFITI
Gênero artístico expressado originalmente em muros e paredes a céu aberto, através
de figuras verbais e não verbais, tendo como matéria-prima a tinta spray, mas não se
limitando a ela, podendo ser utilizado pincel e qualquer tipo de pigmento que imprima cor.
Essa arte possui técnicas específicas, apesar de seu desenvolvimento estético também ser
livre. Seus praticantes podem ser chamados de “writers”, que significa escritores/as. Como a
ideia do resgate social está intrinsecamente ligada ao hip hop, o graffiti também revela um
poder de mobilização juvenil, a mística de expressar na parede seus pensamentos, desejos e
anseios é traduzida como empoderamento, questionamento, provocação social a partir da
visibilidade de temas comuns em periferias como desigualdade social, violência e
preconceito.

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CONHECIMENTO
Conhecido por ser o “Quinto Elemento”, o elemento Conhecimento dentro da Cultura
Hip Hop, está intrinsecamente contido dentro dos outros 4 elementos do movimento. Na
forma de saber o contexto histórico, social e econômico em cada um deles surgiu, conhecer a
ideologia política por trás de suas performances, pois ela existe e precisa ser entendida como
tal, sua importância como vetor de transmissão de saberes populares para além do folclórico e
do exótico, criando uma identidade individual e coletiva com códigos de proteção e
solidariedade mútuas, através de linguagem e estética própria e sua importância ou papel
social no resgate de valores que preservem a vida de seus praticantes. O Conhecimento como
a argamassa que pode ser: Afetiva, Intelectual e Mimética, a qual mantém o Hip Hop, através
da renovação de seus praticantes, vivo!

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6- REFERENCIAL TEÓRICO

JOÃO PESSOA

De acordo com o Dossiê Preto, de Alê da Guerra, na década de 80, existiam encontros
de dançarinos de break e agitadores do movimento negro em frente a loja JetSet, na época,
localizada no Parque Solon de Lucena. Lá os participantes desse movimento dançavam e
discutiam sobre música, arte visual e consciência social, com o intuito de compartilhar coisas
construtivas, ouvir e pesquisar sobre grupos de rap dos Estados Unidos que tinham letras
positivas e que influenciaram muita gente no começo do movimento Hip Hop mundial, como
Public Enemy e Afrika Bambaataa. Como os encontros aconteciam na calçada da loja, o
trânsito ficava interditado muitas vezes, por causa do carro de som. O que chamava a atenção
das pessoas que por ali passavam.
No documentário Parahyba Hip Hop, de Gerrard Miranda, a cena do Hip Hop em
João Pessoa se fala sobre a importância dos em Centros Comunitários e do Espaço Cultural
José Lins do Rego para as apresentações e repasse de conhecimento da cultura na década de
90. O primeiro lançamento de Rap de João Pessoa foi o Melô do Setusa, do grupo Funk Pêso
Brasil e o primeiro grupo de break que se tem conhecimento se chamava O Elétrico, sendo
assim, o Hip Hop chega à João Pessoa com destaque no Rap e no Break Dance/dança de rua.
O elemento do Graffiti, de acordo com o documentário, iniciou-se com maior força no pixo,
depois surgiram os bombs e logo depois começaram a surgir desenhos mais trabalhados pelas
paredes da cidade.
Como precursores do Graffiti em João Pessoa podemos citar Shiko, que iniciou suas
atividades em JP em 1997, Giga Brow, Liziê, Cyber, Dedoverde e Witch, sendo as quatro
últimas as primeiras mulheres que iniciaram no graffiti em João Pessoa - Dedoverde e Witch
criaram a crew Borboletas de Passagem, primeira crew de mulheres escritoras de graffiti.
Nomes importantes no Rap das cidade foram/são: Cassiano Pedra, que em uma viagem à São
Paulo trouxe equipamentos, discos e acessórios do Hip Hop; Princesa Raquel, Pretinha, que
pode ser citada como a mulher MC pioneira da cidade e que está ativa até o momento; Em
seguida Liziê, que tinha o grupo P.R.E.T.A., depois as Afronordestinas, formado por Juliana
Terto, Kalyne Lima e DJ Guirraiz. Enquanto grupos de Rap podemos citar também: Abiarap,
Família Zona Oeste, Caravana Hip Hop, Ruas V.N.M.B, Reação da Periferia, Treta de Favela,
Primatas do Mutirão, Pablo Scobá (in memorian) Gramáticos MCs, Menestréis MCs, entre

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tantos outros. No elemento do Break citamos Alê da Guerra, que começou sua história com o
movimento juntamente com seu irmão A Mon Há e Vant Vaz, professor de dança de rua que
foi responsável por passar conhecimento do break, sendo um dos primeiros b.boys, como
também a Tribo Ethnos, a Turma do Bairro e o grupo Auto controle. No elemento DJ citamos
como nomes importantes na cidade de João Pessoa o DJ Til Dal, DJ Haiteck, DJ Mauro, DJ
Guto, DJ Adriano, DJ Guirraiz, DJ Isa Queiroz, DJ Isaac.
Em 2014 foi criado o Coletivo Sinta a Liga com mulheres que produziam batalhas,
mutirões e shows, com o intuito de valorizar, incentivar a inserção das mulheres no
movimento Hip Hop e promover ações sociais. Faziam parte do coletivo Islamitha
Nascimento, Pri Witch, Isa Fênix (hoje em dia, homem trans DJ Isaac), Camila Rocha, Luiza
Rocha, Cybele Dantas e Maria Rodrigues. Em julho de 2016, o coletivo se tornou um grupo
de mulheres que se apresentavam com discotecagem, rap, dança e intervenção de graffiti nos
palcos, onde entravam juntamente com Witch e Camila Rocha, as MCs do Afronordestinas,
Preta Langy, DJ Isa Queiroz e a dançarina Giordana Leite. Com o tempo alguns membros do
grupo saíram, entrou o DJ e produtor musical Guirraiz. Em 2018 A Sinta a Liga Crew
promoveu evento de Hip Hop para mulheres da cena do estado, o Campo Minado.
Participaram também artistas e agitadoras culturais de outros estados como Rio Grande do
Norte, Pernambuco, São Paulo e Distrito Federal. Mas em julho de 2017, aconteceu o Black
Woman, organizado pela DJ, na época b.girl, Lane Front, juntamente com as demais
componentes da crew Marias Bonitas, cuja qual fazia parte. Tendo como objetivo reunir
mulheres da cultura Hip Hop para rodas de diálogo e troca de conhecimento, além de
musicalidade e empoderamento feminino e LGBT dentro do Hip Hop. Em 2018 a crew
promoveu mais um evento em prol das mulheres da cena.
Falamos acerca do Hip Hop na cidade de João Pessoa, porém como é exibido no
documentário Parahyba Hip Hop, o movimento se espalhou não apenas na capital mas
também no interior, como é o caso de Alagoa Grande, que teve destaque no Break, Campina
Grande, em que o movimento se iniciou com os elementos MC e o Break, tendo
desenvolvido o Núcleo Hip Hop Campina anos após, Patos, que em relatos se informa que o
Break surgiu nas festividades juninas da cidade e Cajazeiras, que teve também ênfase no
Break e nas danças de rua. Após a criação do Slam Parahyba surgiram o Slam Subversivas, o
Slam das Minas, o Slam da Ryta e o Slam da Paz, todos fundados no período entre 2018 e
2019.

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Sobre as primeiras batalhas da cidade podemos citar a Batalha da Lagoa que acontecia
no centro da cidade, A Batalha da Sul que acontecia no bairro do Valentina e a Batalha da
Caixinha, que produzia suas edições em espaços variados.
Atualmente em João Pessoa e região metropolitana as manifestações mais
visualizadas do Hip Hop são as Batalhas de Rap, acontecendo nove batalhas de rap
semanalmente em praças públicas, sendo essas: Batalha do Geisel, no bairro do Geisel, às
segundas-feiras; Batalha do F1, no bairro Funcionários 1, às terças-feiras; Batalha do
Coqueiral, no bairro Mangabeira, às quartas-feiras; Batalha do Bairro e Batalha do Half, no
Bairro das Indústrias e em Cabedelo, respectivamente, que acontecem às quintas-feiras;
Batalha da BR, no Bairro Costa e Silva, às sextas-feiras; Batalha da Paz e Batalha da
Trindade, respectivamente nos bairros Bancários e Bairro dos Estados, nos sábados; e a
Batalha do Nani, no bairro Ernani Sátiro, aos domingos. O público das batalhas têm perfil
variado, mas em sua maioria é composto por jovens de bairros periféricos da capital.
Já falando sobre o elemento graffiti, temos conhecimento que o artista plástico
Sandoval Fagundes, nos anos 80, fez um mural protestando contra a pesca da baleia na praia
de Costinha. Pintou num muro sem autorização, com rolo, pincel, tinta de parede, cola e
pigmento, talvez esse trabalho possa ser considerado o primeiro graffiti da cidade e ele o
primeiro grafiteiro. Porém, não se pode contar essa história sem antes falar de pixo. Essas
intervenções urbanas aconteceram antes do graffiti em protestos políticos dos estudantes nos
anos 60 contra a ditadura. Nos início dos anos 80 o grupo Nós Também espalhou mensagens
poéticas gays nos muros da cidade em defesa das minorias sexuais.
No início dos anos 90 começou um movimento de pixações nos muros da cidade, dois
grupos de pixadores se formaram o STDP e o SK, criados por estudantes, seus pseudônimos
eram facilmente vistos por toda parte, eles usavam spray, geralmente de cor preta, e faziam
suas inscrições para ganhar fama e prestígio, essa era uma prática perigosa, pois era
combatida e discriminada, como acontece até hoje. No fim dos anos 90 as pixações, por
estarem sendo hostilizadas pela sociedade, foi diminuindo, mas a partir de 2005, a pixação
teve uma retomada, e a cidade ficou tomada por graffiti e pixações. Surgiram as Crews de
pixo e graffiti na cidade, como Os Paraíba, Os playboys, Opa crew, ASN, Pixadores da Torre,
Ratos de Jaguaribe, Infest Crew, entre outras.
Em 2008, aconteceu o Graffiti Postal, idealizado por Gigabrow e Ricardo Peixoto.

Durante esse projeto foram feitas algumas intervenções urbanas e foi produzida uma caixa

com fotografias de doze grafiteiros em formato de postal.Nesse mesmo ano o projeto

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multimídia Graffiti: Visualidades Urbanas, coordenado pelo professor Pedro Nunes, realizou

uma exposição com sessenta fotografias selecionadas dentre mais de duas mil fotos tiradas

em um ano de trabalho, acompanhando os grafiteiros da cidade. Além da exposição

fotográfica foram produzidos vídeos com os grafiteiros Gigabrow, Shiko e Múmia e mais um

documentário de quinze minutos de duração no qual fez um panorama geral do Graffiti na

cidade, mostrando as comunidades os artistas, seu dia a dia e fazendo uma associação com os

outros elementos do Hip-hop.

Esse tipo de projeto foi de extrema importância tanto para os artistas quanto para a cena

de Graffiti na cidade, serviu para que as pessoas passassem a entender e respeitar o trabalho

que vem sendo feito. Outros projetos como o Se essa rua, e o Arte e energia na subestação,

também foram importantes não só por valorizar, mas também, pelos recursos conseguidos

como tintas, por exemplo.

Gigabrow passou a produzir um mutirão que chamou Graffiti Sound System, o primeiro

evento aconteceu na Praça da SOCIC no centro de João Pessoa, mais de quinze grafiteiros se

reuniram e pintaram um grande painel, esse foi o primeiro de seis eventos que aconteceram

em comunidades como Bairro São José em Manaíra e CITEX no Conjunto Ernesto Geisel e

outras, produzidos por Gigabrow e apoiados pelos grafiteiros. Depois que os grafiteiros

passaram a trabalhar juntos nos mutirões, começaram a fazer reuniões com intenção de se

organizar, estabelecer preços para as pinturas, elaborar projetos, dar continuidade aos

mutirões e agregar os grafiteiros de outras cidades do estado. Foi formado então o Coletivo

Graffiti Paraíba, que contava com mais de quinze grafiteiros e com vários parceiros que

trabalhavam juntos e fortaleciam a cena fazendo uma vez por mês, mutirões de graffitis

dentro das comunidades.

Essas produções inspiraram a continuarem produzindo eventos, como o São João

Graffiti, que ocorre dentro do Bairro São José, idealizado pro Cybele e o Acervo 03 e O

Festival de Arte Urbana De Ponta a Ponta, idealizado por Witch, que aconteceu em 8 praças

localizadas na periferia da cidade de João Pessoa. Ambos eventos contam com oficinas para

propagação da cultura do graffiti. Aconteceu em João Pessoa, o Pixurras, primeiro encontro

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de pixadores, que reuniu pessoas do cenário da pixação e do graffiti da Paraíba e de estados

vizinhos, como Pernambuco e Rio Grande do Norte. Hoje em dia também tem o Coletivo

Nós por Nós, Point das Ratas (composto por mulheres e pessoas LGBTQIA+) e Coletivo

Nois Tudin promovendo mutirões de graffiti e ações sociais na cidade.

CAMPINA GRANDE

No início da década de 90, em Campina Grande, uma nova cultura urbana começou a
se manifestar através dos bailes e a presença marcante e frequente do Maurício do Rap
animava as festas realizadas pela cidade. Grupos de jovens de Street Dance, geralmente
localizados na periferia da cidade, começam a tomar protagonismo, nos bairros como
Pedregal, Santa Rosa, Malvinas, Quarenta, Liberdade, entre outros, se reúnem para dançar e
expressar sua criatividade. Esses grupos variavam em tamanho, indo de 20 pessoas ou mesmo
duplas, mas o até que importava era a participação ativa dessa juventude nas noites culturais
das periferias da cidade.
Com o passar do tempo, por volta dos anos 92, diversos grupos de Rap se destacaram
no Brasil, como Racionais MC's, Detentos do Rap, Gog, Consciência Humana e muitos
outros. E em Campina Grande, o Rap também encontrou sua voz, com o rapper Fiel, da zona
leste da cidade, ganhando destaque com um estilo mais Old School em 1996/1997. Além
disso, outros jovens influenciados pela cultura alternativa, com inspirações do rock,
manguebeat, maracatu e mpb, também aspiravam a se expressar com um estilo mais livre,
originado do skate. Foi nessa fase que os primeiros grafiteiros da cidade, como Gorpo e
Charleston, apareceram , as pichações de vários grupos vieram a surgir por toda cidade. O
Breakdance também ganhou espaço nesse movimento cultural.
Por volta de 1998,como bandas alternativas misturavam o rock progressivo e batidas
regionais em suas músicas, mc´s e djs já compartilhavam algumas vezes o mesmo palco que
eles dando assim um sentido maior ao hip-hop municipal. Enquanto os Crews de Bboys
vinham ganhando destaques individuais, pixadores da LPE e OPZ comemoravam mostrando
força e notoriedade, cada vez mais atraindo jovens que consumiam a cultura e davam o
suporte inicial para a formação de vários grafiteiros que até os dias atuais vem exercendo um
trabalho no cenário do graffiti.
Durante o início dos anos 2000, os coletivos de hip-hop de Campina Grande se
tornaram mais organizados e unidos em todos os elementos da cultura. Os grafiteiros da UZS
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CREW, OPZ, MMS e MUS se destacaram ainda mais com suas artes urbanas, enquanto a
banda Pratica Ninja, que posteriormente se transformou no Projeto Binário, e o coletivo
Power Movie de Bboys continuaram a contribuir com a cena musical e de dança da cidade.
Em 2004, novos coletivos de hip-hop famosos em Campina Grande, como os grafiteiros da
PZO, PMO, OPI, ATCB, e outros, reforçaram ainda mais o cenário cultural do hip-hop na
cidade.
Foi em 2006/2007 que o coletivo NH2C se formou, unindo todos os elementos do
hip-hop em torno de uma única sigla. Esse coletivo levou suas apresentações com os 4
elementos do hip-hop para todas as zonas da cidade, com um grande número de artistas se
apresentando de forma gratuita aproximadamente 50 artistas por apresentação. A partir desse
momento, o movimento hip-hop em Campina Grande cresce exponencialmente, com os
artistas ganhando destaque nas grandes mídias e participando de eventos de grande porte na
cidade, culminando no Encontro Nacional RapRepente.
O ano de 2007 foi um período de grande destaque para a cultura hip-hop em Campina
Grande e no Nordeste do Brasil. Nesse ano, ocorreu o Encontro Nacional RapRepente, um
evento que contou com o apoio do Ministro da Cultura Gilberto Gil e reuniu grandes nomes
do cenário nacional do hip-hop, como Emicida, Gog, Marechal MC, entre outros. A presença
desses artistas deu grande visibilidade para a cultura hip-hop na cidade e consolidou a força
do movimento na região.
Além disso, no mesmo ano, uma equipe de Campina Grande se juntou para participar
do Encontro Nordestino de Hip Hop, que aconteceu em João Pessoa. Neste evento, estiveram
presentes importantes nomes da cultura hip-hop nordestina, como a banda Afronordestinas e
o grafiteiro Frank do Juazeiro do Norte, que ganhou o Prêmio Hutuz. A participação da
equipe de Campina Grande no evento contribuiu para ampliar a visão sobre o potencial do
hip-hop na cidade.
Já em 2008, a cultura hip-hop continua em expansão em Campina Grande. Esse foi o
ano em que surgiram as batalhas de MCs na cidade. Nesse período veio o aparecimento de
novos grupos de rap, como Mc Onários por incentivo do coletivo NH2C e Responsáveis.
Além disso, houve intervenções coletivas em diversas outras cidades e iniciadas do projeto
Quebrando os Muros do Preconceito, que promovia um dia de hip-hop para detentos do
presídio Serrotão, com a realização de grafites, pocket shows, oficinas de DJ e apresentação
de skatistas . Esse projeto ganhou grande repercussão em todas as mídias do estado.
Também em 2008, o hip-hop marcou presença no Encontro para a Nova Consciência, e foi
nesse ano que surgiu a grife de pixo PCN. Nesse mesmo período, um grupo de MCs de peso,
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a Firma MC, composta por Sweetcrak, Mordecai, Trane e Triplo G, fez sua primeira aparição
na cidade. Tudo isso mostra que o hip-hop teve uma presença marcante na cultura e no
cenário musical de Campina Grande durante esse período histórico.
O ano de 2009 foi marcante para a cena hip hop de Campina Grande. A cidade viu
surgir um novo núcleo com a criação da Articulação Hip Hop, formado por antigos membros
do NH2C, que continua promovendo batalhas de MCs, mutirões de graffiti, rodas de diálogo
e outras atividades importantes para o fortalecimento da cultura hip hop na cidade. O
movimento hip hop também ganhou destaque no Festival de Inverno de Campina Grande,
onde os quatro elementos da cultura se reuniram no mesmo palco, um marco para a época.
Além disso, a cidade viu a abertura do Bar e Arte, um espaço que abriu muitas portas
para grupos de rap, exposições de graffiti e outras manifestações artísticas, iniciando uma
nova fase na história da cultura hip hop em Campina Grande. As batalhas de MCs realizadas
no local se tornaram um ponto de encontro para os artistas e fãs do hip hop, confiantes para a
confirmação da cena na cidade.
Outra novidade importante naquele ano foi a abertura da primeira loja de Campina
Grande voltada especificamente para o público do hip hop, a Urban 189, localizada no Centro
Babilônia. A loja se tornou um ponto de encontro para os amantes da cultura hip hop,
oferecendo roupas, acessórios e outros itens relacionados à cultura.
No ano de 2010, Campina Grande foi palco de um importante evento que marcou a
união do NH2C com a CUFA, a Central Única das Favelas. Essa parceria gerou diversos
frutos ao longo do ano, incluindo o Bradan - Festival de Break Dance do Brasil 2010 etapa
Paraíba, realizado no CUCA. Além disso, diversos outros eventos foram realizados no
mesmo espaço, como o Primeiro Ato Público 5º Elemento, promovido pela Nação Hip Hop
Brasil, UZS Crew, Power Move e UJS. O objetivo desses eventos era chamar a atenção dos
órgãos públicos para as políticas voltadas para o hip hop em Campina Grande e alertar sobre
a conscientização das classes para os integrantes da cultura de rua.
Nesse mesmo período, a pesquisadora Angelina publicou sua tese de doutorado sobre
pixação, intitulada "A Sociedade 'Secreta' de Pixadores/as e Grafiteiros/as de Campina
Grande - PB", que viria a ser o primeiro registro acadêmico nesse sentido na cidade. Já em
2011, o movimento hip hop continuou muito ativo na cidade, como controlado pelo projeto
"Ação Hip Hop Campina", aprovado pelo Fundo de Incentivo à Cultura - FIC Augusto dos
Anjos, do Governo da Paraíba. O objetivo desse projeto era divulgar a cultura hip hop e
utilizá-la no processo de inserção social por meio da arte e da cultura. As atividades foram
realizadas em diversas comunidades periféricas da cidade, incluindo oficinas de penteado
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afro, break, discotecagem, desenho e stencil art.
Durante a programação, doze grafiteiros da cidade produziram telas utilizando a arte do
graffiti, e shows com o rapper pernambucano, o Projeto NH2C, de Campina Grande, e grupos
de João Pessoa também foram realizados. A proposta dos realizadores do projeto
contemplava ainda a produção de um CD com músicas dos artistas que participaram do
encerramento da programação. Em 2011, no 20º Encontro da Nova Consciência, foi realizada
a atividade "O Hip Hop Como Ferramenta Educacional" no SESC Centro de Campina
Grande. A mesa teve convidados como o educador e DJ, o professor, o vereador, MCs (dois
deles vencedores do Prêmio Hutuz, a principal premiação do Hip-Hop brasileiro) e educador
social. O objetivo era mostrar que o hip-hop é uma forma de inclusão social e alternativa na
vida dos jovens.
Em 2012, a cidade de Campina Grande continuou sendo palco de importantes eventos
relacionados à cultura hip hop. Um dos destaques foi a batalha de MCs que aconteceu no bar
do Vitrola, atraindo um grande público e mostrando a força da cena rap na cidade.
Outro acontecimento relevante no mesmo ano foram as várias intervenções de graffiti
realizadas por artistas locais em diversos pontos da cidade, reivindicando a reabertura do
Cine São José, um espaço multicultural que estava abandonado na época.
Essas intervenções artísticas foram importantes não só para chamar a atenção das autoridades
para a importância da preservação do patrimônio histórico-cultural da cidade, mas também
para mostrar a força e a criatividade dos artistas locais.
Nesse mesmo ano houve o surgimento da crew feminina ATF, dando voz às mulheres
e figuras femininas em geral, incluindo outras personagens que vinham chegando na cena
campinense figuras essas de todas as zonas da cidade. Durante anos a sigla foi atuando com
points femininos, inclusive foram elas as pioneiras nos primeiros points femininos na
Paraíba..
Em 2013, a cultura hip hop em Campina Grande continua a crescer e se expandir. O
coletivo CGZOO, formado no ano anterior, se consolidou como um importante movimento
na cena do rap local, reunindo alguns dos artistas mais talentosos da região. Nesse ano, eles
lançaram o álbum "Bem Vindo a Selva", que foi produzido de forma colaborativa e mostrou a
diversidade de influências e vertentes musicais presentes na cultura hip hop.
Além disso, o ano de 2013 marcou o início de um projeto audiovisual chamado Cine
Periferia, que tinha como objetivo compartilhar conhecimento e informação com a
comunidade, em especial com as pessoas que viviam nas periferias da cidade. A iniciativa foi
criada por um estudante universitário Hugo Rafael, que sentia a necessidade de devolver à
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sociedade o que havia aprendido na universidade, e buscava mostrar que as comunidades
periféricas não deveriam ser noticiadas apenas nas páginas aguardando, mas também por suas
histórias e suas conquistas culturais.
Em 2014, a cena hip hop de Campina Grande registrou momentos históricos
importantes. O primeiro deles foi a Sopa de Letras, realizada em maio daquele ano. O evento
foi organizado com o intuito de promover a união entre as diferentes tripulações presentes na
cidade, selando uma paz entre todas elas. A sopa foi realizada no Capitólio, que era um ponto
de pixo na época.
Em setembro de 2014, ocorreu uma importante reunião e oficinas para a elaboração
do prêmio de fomento à cultura hip hop, oferecido pela Fundação Nacional de Artes
(FUNARTE). O evento ocorreu no Cine Teatro São José, espaço cultural que havia sido
reivindicado pela cena hip hop da cidade, que lutava pela sua reabertura.
Em 2015, um grupo composto por DJs, MCs, grafiteiros e produtores culturais se uniu
para criar o projeto "Hip Hop tá na área". A ideia era percorrer as comunidades da cidade,
fortalecendo os integrantes do movimento na quebrada e promovendo um festival itinerante.
Ao longo de seus 8 anos de existência, o projeto realizou 10 edições em diversos bairros de
Campina Grande, incluindo Pedregal, Prata, Malvinas, José Pinheiro, Catolé e Universitário.
Em agosto de 2015, surgiu o selo da produtora Undergang. Em parceria com o Centro
Interativo de Circo, foi realizada a batalha das Boninas em frente à extensão Vitrola,
culminando com um show do rapper carioca Gutierrez. O projeto fortaleceu os mutirões de
graffiti e favoreceu a criação e divulgação de diversos MCs e grupos de Rap, como o
Conexão 903, que vem exercendo um belo trabalho no bairro do Mutirão, Saudosa Maloca do
bairro das Malvinas, Xamãs da Rima, DVSS, Lay Luz, Yoshida, entre outros.
Em setembro, aconteceu uma intervenção que reivindicava a abertura do CUCA
(Centro Universitário de Cultura e Arte). Mais de 30 grafiteiros da cidade se uniram nesse
protesto, colando seus grafites em vários pontos da cidade. No mesmo ano, o Teatro
Municipal Severino Cabral foi palco para o lançamento do DVD "Repentista Sonâmbulo" do
OIAK, com a participação da 189 Records.
No ano de 2016, a cena cultural de Campina Grande ganhou destaque com a iniciante
da marca de roupas Sketch Brush, criada pelos sócios L7 (MC Onários) e Italo Sponja
(grafiteiro). A empresa investiu pesado em diversos eventos, artistas e ajudando a fortalecer a
cultura local. A marca ganhou reconhecimento em todo o Brasil, artistas de diferentes
estados, como na Okupação Kuka e na passagem da Van Filosofia, em novembro daquele
ano. Em maio de 2016, um dos eventos mais aguardados foi o Baile Oxente Nigga,
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promovido pela CGZOO e Undergang na Cachaçaria de Rose, com uma grande batalha de
rimas. Alguns meses depois, o selo Zeven Zegels se uniu à Conexão Brasil Holanda,
originado em uma das principais Cyphers da Paraíba. Ainda em 2016, a Conteúdo Soluções
Audiovisuais (PB) e a Visão da Favela Brasil (RJ) produziram em Campina Grande o clipe
do Rapper Fiell (PB\RJ) “Na zona leste eu aprendi”. O clipe mostra a criação e a formação do
rapper em diversos bairros da zona leste da cidade, retratando a cena cultural da época.
Em 2017, a presença das mulheres no hip hop de Campina Grande foi um destaque
importante. As artistas traziam em suas letras temas relevantes como feminismo, negritude,
representatividade LGBTQIA+ e violência contra a mulher, além de atuarem em coletivos e
movimentos que promoviam a igualdade de gênero na música e no hip hop.
MC Turmalina lançou seu álbum de estreia, intitulado "O Grito", que contém diversas
músicas autorais compostas pela própria artista, incluindo uma colaboração com a poetisa
pernambucana Jéssica Preta. As letras abordam temas importantes como a luta contra o
racismo e o machismo, os direitos das mulheres e a justiça social.
A evolução do Selo Medusa Records também marcou o ano de 2017, trazendo uma nova leva
de MCs que mesclavam estilos diferentes como Trap, Boom Bap e Horrorcore.
Também foi lançado o EP solo "Rimando a Vida’’ Eminero, além do álbum "Veneno" do
rapper Rimael, a mixtape "Sem Money", o EP "Fora de Órbita" e "Cripta Keeper" do MC
Sweetcrack. Outro trabalho significativo foi o álbum "Anotherplace" do artista OHlLIF,
lançado em dezembro.
Além disso, houve o ressurgimento da Batalha do Obelisco, a primeira batalha de
MCs da cidade que havia parado por um tempo. Com isso, houve um aumento de batalhas de
MCs na cidade, como a Batalha do Prado. Também ocorreram eventos culturais importantes
como a Caravana Cultural e a Poesia das Ruas, que marcaram o final do ano.
Em 2018, o carnaval se tornou palco para diversos eventos relacionados à cultura
urbana, especialmente ao Hip Hop. Durante o 27º Encontro para a Nova Consciência, houve
apresentações de Hip Hop, com destaque para a Medusa. Além disso, a abertura da loja da
marca Sketch Brush com graffiti e pocket shows fortaleceu a presença da arte urbana na
cidade.
No âmbito musical, o ano de 2018 também foi marcado pelo lançamento de vários
álbuns e mixtapes. A cantora Lay Luz lançou o álbum "Caminhada de Luz Sem Sol",
enquanto o artista solo Chuck MC lançou o álbum "Eu Lírico". A cena do Hip Hop na cidade
também viu a ascensão de vários bboys e bgirls, bem como uma grande quantidade de
intervenções urbanas realizadas por pixadores e grafiteiros.
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Para finalizar o ano com chave de ouro, houve o primeiro baile do Prado, evento que contou
com a presença de diversos artistas do Hip Hop paraibano.
Em 2019, a cultura do Hip Hop continua a crescer e se desenvolve na cidade, com
destaque para as batalhas de MCs. O ano começou com a criação da Batalha da Marvel no
Açude Novo, seguida pela criação da Batalha dos Feras em março e da Batalha do Pedregal
em junho. Além disso, foi iniciada a seletiva para o Duelo Nacional de MCs e em dezembro
surgiu a Batalha das Quebradas.
Outro marco importante no cenário musical do Hip Hop em 2019 foi o início do
projeto do Drill paraibano, Muita Balla, que teve grande destaque no cenário nacional. Em
setembro, aconteceu o Mutirão Cultural com a participação da banda NSC e várias outras
bandas de Campina Grande.
Também foram lançados alguns álbuns e mixtapes durante o ano, como o álbum
"Campina Grande" e o álbum paraibano do MC Rimael, além da mixtape da Medusa. Tudo
isso mostra como a cultura do Hip Hop continua a se fortalecer na cidade, com a criação de
novos eventos e projetos que valorizam e promovem a arte e a expressão da juventude
urbana.
Em 2020, durante o 29º Encontro para a Nova Consciência, a Medusa se apresentou
em destaque, mostrando a força da cena musical do Hip Hop na cidade. Além disso, nesse
mesmo ano, o grupo Cotidiano em Batidas lançou seu álbum, que trouxe uma mensagem
forte e contundente sobre a realidade urbana.
Também em 2020, tivemos o lançamento do EP "Campina Grande" do MC Rimael,
que trouxe novas narrativas e reflexões sobre a vida na cidade. O rapper Znok também lançou
seu álbum "Ruídos Eletrônicos em Crônicas de Urbania". No mesmo ano, Ohlif lançou seu
álbum "A Lotus Negra de Gorgona", que apresenta um novo olhar sobre a vida e a cultura
urbana. E o rapper Yosh lançou o seu EP "NNGN", que traz uma mistura de sonoridades e
estilos. Todos esses lançamentos mostram como a cultura do Hip Hop continua a se
desenvolver na cidade, trazendo novas vozes e perspectivas para a cena musical local.
No ano de 2022, a cena Hip Hop na cidade continua a crescer e se destaca. O 5º Baile
do Prado foi um dos principais eventos do ano, reunindo artistas locais e de outras regiões em
uma celebração da cultura e da música Hip Hop.
Além disso, houve a ida de Bboys da cidade para o palco nacional do Red Bull,
mostrando a qualidade e o talento dos dançarinos locais em um dos principais eventos de Hip
Hop do país.

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Outro destaque do ano foram as novas batalhas de MCs que ocorreram na cidade. Em
março, foi criada a Batalha do Bacural, que se tornou um ponto importante para os amantes
de batalha. Em outubro, a cidade recebeu a Batalha da Pirâmide, que também atraiu um bom
público.
O ano de 2022 também foi marcado pela criação do selo Pelo Corre, que trouxe outros
artistas para a cena local, como, Uvitu, Apache, Juan e o já conhecido LSE7E . O selo foi
uma grande contribuição para o fortalecimento da cultura Hip Hop na cidade e para a
promoção de novos talentos.
No início deste ano, um dos maiores eventos de escrita urbana do underground
ocorreu na cidade, o Pixurras, reunindo artistas locais e de outras regiões em uma celebração
da cultura da rua. A diversidade de estilos e técnicas utilizadas demonstrou a evolução da arte
urbana na cidade e sua importância como forma de expressão.
Em janeiro, a seletiva estadual da União Nacional dos Estudantes (UNE) aconteceu na
cidade e o campeão estadual foi o artista Robson. Sua performance e habilidade na arte do
improviso impressionaram os jurados e o público presente, e ele representou o estado na
próxima etapa do campeonato nacional na cidade do Rio de Janeiro. Mostrando toda força do
hip-hop campinense.

PATOS

As primeiras manifestações que mais tarde dariam surgimento ao Rap e ao Hip Hop,
na cidade de Patos, no Sertão da Paraíba, tiveram início com alguns grupos de dança que
aproveitavam as quadrilhas juninas para dançarem suas músicas favoritas, variando entre o
funk da época do Furacão 2000, e as músicas dançantes da época como Michael Jackson,
dentre outros artistas.
Um pouco mais tarde surgiram os B-boys (depois de 2010), que já saiam do formato
de grupo de funk, para uma apresentação mais solo. O movimento foi crescendo e aconteceu
o Primeiro Campeonato de B-boys da cidade de Patos. O vídeo publicado no YouTube data
do ano de 2014, porém foi gravado um pouco antes.
Mais ou menos nessa época, o cantor e compositor da banda Beatitude Rock Band,
Hélio Barbosa (Cabeça), se junta ao DJ Iorigam, e ao Demerson Filipe (B-boy), e formam o
grupo de rap/hip-hop/eletrônico R.V.A. (Ritmo, Verbo e Atitude). O grupo se apresentou
poucas vezes, mas conseguiu compor músicas próprias e teve aceitação entre os que já

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estavam engajados em escutar rap e hip hop, bem como o eletrônico na linha Prodigy.
Na sequência, o B-boy Demerson Filipe, se junta ao MC Evandro Batista, e formam o
grupo “Elementos do Rap”, surgido numa comunidade periférica conhecida como “Rua do
Meio”, por ficar localizada entre o Centro da cidade e bairros como Jardim Guanabara,
Maternidade, Liberdade e Morro.
Após algum tempo de formação e várias apresentações locais e em cidades
circunvizinhas, Demerson Filipe deixa o Elementos do Rap e Evandro Batista segue carreira
solo como MC Evandro, permanecendo até hoje com seu trabalho solo, com divulgação no
seu canal de YouTube.
Ainda em 2014, a cidade de Patos também foi palco das gravações do documentário
Parahyba Hip Hop, produzido pelo Coletivo CIC Filmes. Os grupos R.V.A. e Elementos do
Rap participaram das gravações e das apresentações na praça Getúlio Vargas, no Centro de
Patos.
Atualmente, em 2023, o movimento rap e hip hop ainda se mantém com as batalhas
de hip hop que acontecem na Concha Acústica da praça Edvaldo Mota (Centro), e pela
continuidade dos trabalhos de MC Evandro e também do rapper, hip hopper e trapper, e Greg,
mais novo da geração hip hop, em Patos.

BAYEUX

Já em Bayeux, surgiu a Batalha da 6 iniciou em 2017 com os artistas Bloock e


Plugmeta organizando e movimentando a cultura local. Da Batalha e movimentação cultural
surgiram muitos artistas locais e também com a criação de grupos locais de rap. Logo a união
dos membros da organização com a ideia de fomentar ainda mais a cultura local da cidade foi
criado um grupo chamado La6Crew e um home studio para produção de músicas de artistas
da cidade como, Gramhma MC, Viela MC, MZG Xulz, Dynho, Mc Betinho, Mc Vitor, Mc
MT entre outros que começaram a cantar por influência da batalha de rima. Como grupo, a
La6Crew formou-se com diversos integrantes de diversos lugares do estado e tornou o
movimento do Rap/Trap relativamente durante sua atividade. Hoje em dia o home-studio
ainda funciona com o mesmo intuito e os artistas que "nasceram" com a Batalha da 6
continuam em atividade e fazendo parte do movimento artístico do estado.

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MONTEIRO

Em Monteiro, a arte de fazer rimas sempre foi presente na cidade, temos como
referência o mestre Pinto do Monteiro que ficou conhecido como a Cascavel do Repente.
O movimento da Batalha do Repente surgiu no dia 17 de março de 2022, com a
intenção de movimentar a cena Hip-hop no interior, e resgatar essa cultura de rimar de uma
forma ativa da cidade, atingindo jovens, adultos e crianças.
Nos três primeiros meses, era realizado dois treinos por semana, onde era ensinado
sobre métricas e formas de rimas, com uma pegada mais didática de ensinar freestyle.
Com isso muita galera que tinha vergonha de começar, teve a oportunidade de tomar
iniciativa e fazer parte do nosso movimento cultural.

LAGOA DE ROÇA

No ano de 2007, um homem de São Paulo que estava de férias em Lagoa de Roça,
Paraíba, foi conhecido por um grupo de jovens. Durante uma conversa e troca de ideias, eles
descobriram que ele treinava Danças Urbanas e ficaram empolgados em aprender também.
Durante a festa de padroeiro da cidade, o homem começou a dançar ao som de músicas de
Chris Brown, o que despertou ainda mais o interesse dos jovens. Eles se aproximaram dele e
ele concordou em ensiná-los.

Eles arranjaram um espaço em uma casa em construção e começaram a ensaiar lá por


dois meses. Em seguida, conseguiram um espaço melhor que atraiu o interesse de muitas
pessoas. Assim, o grupo Garotos do Ritmo foi formado e eles começaram a fazer
apresentações pelo PETI e Projovem. O Projovem passou a fornecer apoio com roupas, tênis
e outros recursos, e o grupo levou a sério durante dois anos. No entanto, depois de algum
tempo, perderam todas as oportunidades por não levarem a sério, o que fez com que todos se
desanimassem.

Com apenas 16 anos na época, Jeferson, um dos membros do grupo, começou a


aprender e ensinar danças urbanas, cobrando uma taxa simbólica de 15 reais por pessoa. Essa
atividade durou 3 anos, mas depois ninguém mais conseguia pagar. Foi então que eles foram
até a prefeitura e pediram para ter aulas de Hip Hop. Assim, o contrato de Jeferson, que tinha

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17 anos na época, foi estabelecido, e ele começou a trabalhar como instrutor de Hip Hop na
cidade.

No entanto, a cultura do Hip Hop na cidade ficou marcada com o grupo Roça City
Breakers, que manteve até hoje a tradição das danças urbanas. O Roça City Breakers surgiu
depois que os Garotos do Ritmo desistiram por falta de apoio financeiro e tiveram que seguir
suas vidas. Como Jeferson acreditava desde o início, ele não conseguiu abandonar a ideia e
assumiu a responsabilidade de criar uma nova etapa e uma nova geração.

Assim, Jeferson e seu grupo criaram os Roça City Breakers e passaram a treinar em
uma associação na zona rural, junto com outros B-Boys. Após aproximadamente 4 anos,
muitos dos membros originais pararam e desistiram, mas Jeferson e alguns outros
continuaram, construindo o Roça City com um total de 9 membros. Eles ganharam vários
concursos em Campina Grande e receberam apoio da TV, o que ajudou a construir a história
do Roça City até os dias de hoje, levando o nome da cidade adiante.

O nome Roça City é uma combinação de "Roça", em referência a Lagoa de Roça, e


"City", em inglês, que significa cidade. Atualmente, Jeferson, juntamente com mais 2
pessoas, continuam criando projetos em escolas públicas, totalizando 3 membros no grupo.
Eles têm um projeto federal aprovado pela lei Federal chamado "Os Sonhadores".

QUEIMADAS

O primeiro contato com a cultura Hip Hop em Queimadas foi através do break dance.
por volta de 2010, de forma espontânea alguns meninos começaram a dançar e a partir dessa
movimentação teve a primeira apresentação de b.boys. Mas a cena de break não durou muito,
com o passar do tempo os b.boys foram parando de praticar pela falta de incentivo e
marginalização da prática na cidade.

Por volta de 2013/2014 surge na cidade uma cena de skate, o skate está intimamente
ligado a cultura Hip Hop podendo até ser considerado um dos elementos do Hip Hop. a
cidade não oferecia nem um lugar propício à prática do skate e por conta disso os skatistas
tinham que viajar até a cidade vizinha Campina Grande para praticar em lugares apropriados
e com isso os skatistas de Queimadas tiveram contato com a pixação, intimamente ligado às

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práticas urbanas, os skatistas trouxeram o pixo pra Queimadas e apartir dai começa uma cena
de Grafite/pixo na cidade tendo como precursores "Shadow" e "Bruxaria" que logo
começaram a espalhar esses nomes pela cidade.

Em 2019 embalados pelas forte cena das batalhas no país, foi organizada a primeira
batalha de Mc's da cidade batizada de "Batalha da Praça" acontecia todas as terças-feiras em
frente a escola Escola Municipal de Ensino Fundamental Antônio Vital do Rêgo - Rua João
Muniz Filho - VILA, Queimadas - PB. desde então a cena das batalhas aqui na cidade vem se
desenvolvendo. surgiu algumas outras batalhas como por exemplo a batalha Nós Por Nós que
acontecia no coreto atrás da igreja matriz. Atualmente só temos uma batalha que mantém
suas atividades que é a "batalha dos crias" que segue fomentando e instigando a cultura hip
hop na cidade.

CABEDELO

Na cidade de Cabedelo residem e praticam atividades do movimento Hip Hop pessoas


dos elementos da dança urbana, rap e graffiti. O coletivo Psicoterapixo surge como fruto do
desejo de reverberar a arte urbana nas suas diversas impressões na Cidade portuária. Desde
2020 o coletivo reuniu os artistas visuais, grafiteiros e pixadores de Cabedelo para produzir
mutirões, o mais recente resultou em uma ‘sopa de letras’ no bairro de Camboinha III, onde
contou com a contribuição de 23 artistas da cidade.

GUARABIRA

Existem registros de movimento Hip Hop na cidade de Guarabira desde a década de


90 com o elemento rap como grupo Questão Moral, cujo qual o MC Porto fez parte. Em
2000, Porto lançou um CD solo com o nome de Raciocínio Pesado. Porto promoveu o “1°
Arte na Rua” que contou com vários artistas de graffiti da Paraíba, onde pintaram um beco
abandonado, e segundo os participantes do movimento só não se estendeu para que
houvessem outras edições porque a secretaria de cultura local negou todos os projetos que
foram enviados. Hoje em dia, em Guarabira, os rappers contam com um estúdio de música

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onde é facilitado para artistas que estão começando, produzindo a primeira música sendo
totalmente grátis, dando incentivo para artistas locais começarem sua carreira musical

CAJAZEIRAS

No fim dos anos 80, já existiam na cidade de Cajazeiras alguns grupos de dança tais
como: New Kids cover, Menudos Cover, Grupo Arrepio, Agito Jovem, Rap Cobra Dance,
Garotos do Funk e Street Boys. Os mesmos merecem ser mencionados, pois esses grupos
foram os pioneiros na história da dança de rua na cidade de Cajazeiras. Naquela época os
grupos dançavam músicas eletrônicas e rap de cantores como: Turbo B, Vanilla Ice, Ice Mc,
DJ Bôbo entre outros. Na época não tinha muita informação onde uma boa parte denominava
aquele estilo de dança de “Balanço”. Nos anos 90, foram surgindo outros grupos como:
Laygon Dance, Dragon Dance (atual Grupo MC's), Mega Dance, Mausoléu, Máster Boys,
Acrópole, Street Dance, Ioiô Dance, Top Dance, entre outros. No ano de 1995, Cajazeiras
teve uma grande efervescência na dança chegando a ter cerca de quatorze grupos de dança,
fato inédito em sua história. No fim dos anos 90, outros grupos surgiram, um deles foi o
Backstreet Boys Cover onde teve uma grande parcela de contribuição para o movimento, fato
desconsiderado por algumas pessoas ligadas a Dança de Rua de Cajazeiras.

Anos 2000, uma década repleta de novidades e mudanças no seguimento da Dança de


Rua na cidade de Cajazeiras, pela primeira vez em quase 15 anos de história, era criado um
festival de dança em formato único para solidificar e redimensionar a trajetória da Dança de
Rua da cidade Cajazeiras dando oportunidade não só, aos grupos locais mostrarem seus
trabalhos, mais, de trazer outros grupos da região e de vários estados do Nordeste brasileiro
para cidade de Cajazeiras. A Dança de Rua cajazeirense cresceu, contagiou, ganhou público e
reconhecimento por partes de algumas pessoas que, em outrora, não reconhecia essa forma de
manifestação artística como arte. Hoje em dia o movimento está solidificado e passa por
inúmeras mudanças a cada dia que passa, resta à nova geração saber escolher o caminho que
vai seguir e está sempre ciente como surgiu o movimento e quem são e quem foram
responsáveis por essa conquista e não colocar 25 anos de história a perder.

Junto com a dança, o grafite, os B´Boys e B´Girls, Rappers, entre outras vertentes, se
mostraram presentes durante esse tempo todo. Um dos grandes exemplos do RAP é Lanin,
que começou desde cedo a fazer RAP, mas só nos anos 2000 que conseguiu lançar um

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trabalho autoral junto a produção de um amigo de São Paulo. Lanin foi e é referência na
cultura do Rap da cidade que só aumenta ao decorrer dos anos, com encontros no Leblon de
alguns jovens que gostavam de rimar surgem mais de 18 MC 's na atualidade.

O Coletivo Nossa Caza (criado emeados 2017), coletivo criado na pretensão de


encontros dar conotação ao movimento se tornou a Casa dos mais velhos e mais novos para
trocar ideias e compartilhar conhecimentos sobre o Rap e construir músicas juntos, algumas
das faixas do coletivo está disponível no youtube junto com tantas outras. Outros grupos
aparecem como o Reflexão Mc´s (2018) e outros trabalhos solos são lançados pelos jovens
que aprenderam no dia a dia a rimar, falando do seu cotidiano e de sua realidade, dessas rimas
e dos grupos e coletivos nasce a vontade de ter um evento que levasse para toda cidade os
trabalhos do rap e as produções atuais a boca de todos, assim criaram o CAJARAP (2019),
evento que difunde a cultura rappers em Cajazeiras e propõe oficinas de aprendizado do RAP
a crianças e adolescentes da quebrada.

Após isso surge também a batalha do Leblon (a primeira realizada por Deca, fundador
do grupo nova face, emirados 2017), lugar no centro da cidade onde os meninos e meninas se
encontram para construir e apresentar seus novos trabalhos e treinar o improviso junto com
todos. A Batalha do Leblon (2018) já está na sua 20º edição e já levou jovens do alto sertão a
participarem de batalhas estaduais e trazerem para nossa cidade a garra de continuar com o
trabalho e não achar que é pouco o que se faz para o movimento. Hoje esses jovens e adultos
do mundo do RAP em nossa cidade trás para crianças e adolescentes, a esperança de um
mundo melhor e deles poderem ser protagonistas de sua própria história.

Hoje em nossa cidade o movimento hip hop vive e sobrevive, com a dedicação de
vários jovens e adultos que se dedicam diariamente para que as atividades propostas
aconteçam. Sem patrocinadores do comércio, sem respaldo do município, sem nem um tipo
de suporte para as coisas acontecerem, mas eles conseguem ir atrás e mostrar que basta
querer que aconteça. Com Graffiti, Danças Urbanas, Rappers, MC´s, DJ´s entre outras
vertentes do hip hop, segue nossa cidade lutando pra que essa expressão popular urbana seja
respeitada e incentivada pelos órgãos públicos e civis, que compreendam as situações
denunciadas nas letras, pintadas nas paredes e expressadas nas danças e que possamos ter
uma cidade que respeite a arte como ela deve ser respeitada e uma humanização de todos os
seres humanos.

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7 -REFERÊNCIAS

ASSIS, Thiago Ferreira de. A territorialidade das Pixações Urbanas - O caso do município de
Campina Grande. 2017.
BARROS, Sandra Kalyne de. Campo Minado: Uma história do Hip Hop em João Pessoa.
2016.
DANTAS, Cybele Andrade. Fotografias Recortadas. 2014.
DUARTE, Angelina Maria Luna Tavares. A sociedade secreta dos pichadores/as e
grafiteiros/as em Campina Grande- PB. 2010.
FONSECA, Isadora Palhano. Conhecendo os músicos DJs da cena Hip Hop de João Pessoa.
2020.
HORTÊNCIO, Jean de Lucena. Andanças: A trajetória de Vant Vaz na Cultura Hip Hop e
suas contribuições para a cena das Danças Urbanas em João Pessoa. 2020.
SANTOS, Alê da Guerra. Dossiê Preto, um registro sobre o Hip Hop. 2011.
https://www.youtube.com/watch?v=hOoU_IrTXso Mordekai Rapper NH2C-HIP HOP. 2012.
https://www.youtube.com/watch?v=umi_NbdCklU - Documentário Parahyba Hip Hop. 2013.
https://www.youtube.com/watch?v=HWKuVI--dq4 Dança de Rua da Paraíba - Fora do
Comum- Hot Festival. 2013.
https://www.youtube.com/watch?v=263z3ctNZQg - Documentário Hip Hop Campina
Grande. 2014
https://vimeo.com/121537307 - S3TART - Priscila Witch. 2014.
https://www.youtube.com/watch?v=263z3ctNZQg&t=37s&ab_channel=189RECORDS
Documentário Hip Hop Campina Grande. 2014.
https://www.youtube.com/watch?v=kDvuMaP49r8 - Os Negros PMO / 10 anos. 2016
https://www.youtube.com/watch?v=zRqPT0cU9Yk - Documentário Graffiti Mulher. 2016.
https://www.youtube.com/watch?v=9AYzaAox_io Dificuldade da Dança de Rua na cidade de
Cajazeiras. 2016.
https://www.youtube.com/watch?v=nyfv0qsrvNQ Dança de Rua da PB: “Os Deuses". 2006.
https://www.youtube.com/watch?v=Og4Csj_Co3U - Documentário Por Trás da Tinta. 2018.
https://www.youtube.com/watch?v=DnpAy0Dvhp0 - UZS Crew. 2018.
https://coisasdecajazeiras.com.br/colaboradores/a-danca-de-rua-de-cajazeiras-e-suas-origens/
A dança de rua de Cajazeiras e suas origens. 2021.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Paraiba - Informações sobre o estado da Paraíba.

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8 - ANEXOS

JOÃO PESSOA

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CAMPINA GRANDE

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PATOS

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CABEDELO

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GUARABIRA

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CAJAZEIRAS

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