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série

ADULTOS
VidaCristã
ESCOLA BÍBLICA - GRUPOS PEQUENOS - ESTUDOS BÍBLICOS
Copyright © 2005, diretor
Editora Cristã Evangélica Abimael de Souza
11a reimpressão, 2013

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edição reservados. consultor
John D. Barnett
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ção da Editora Cristã Evangélica (lei n° 9.610
de 19/02/1998), salvo em breves citações, com
indicação da fonte. editor assistente
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assistentes editoriais
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Regina Okamura
Selma Dias Alves

autores
As citações bíblicas foram extraídas da versão Agnaldo Faissal J. Carvalho
Almeida Revista e Atualizada (ARA), 2a edição Ann G. Barnett
(Sociedade Bíblica do Brasil), exceto indicações Betty Bacon
de outras versões. Enoque Vieira de Santana
Esli Pereira Faustino
Jessé Ferreira Bispo
John D. Barnett
José Humberto de Oliveira
Silas Arbolato da Cunha

revisor
Aydano Barreto Carleial
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De Deus é o poder; tudo o que a Ele pertence pode ser nosso por meio da
oração. Deus estende Suas mãos plenas e abundantes e nos diz: "Pedi, e âar-se-
-vos-a. A pobreza espiritual e a falta de poder de muitos crentes têm explicação
nas palavras de Tiago 4.2 e 3: "Nada tendes, porque não pedis; pedis e não recebeis,
porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres".

As vezes, perguntamos a nós mesmos: “Por que prospero tão pouco na vida
cristã?”. E Deus responde: “Porque negligencia o lugar da oração”.

A história da igreja, desde o seu princípio, demonstra esse ensino da palavra


de Deus sobre a oração. Homens e mulheres de todas as categorias que creram nas
promessas da Bíblia sobre a oração revolucionaram nações inteiras com o poder
da oração. O que a igreja necessita hoje não são novos métodos de trabalho, novos
programas, mas de homens e mulheres a quem o Espírito possa usar - gente de
oração - homens e mulheres poderosos na oração. E. M. Bounds, no seu clássico
Poder através da oração, afirma: “O Espirito Santo não se derrama através dos
métodos, mas por meio de homens e mulheres, não de métodos. Não vem sobre
maquinaria, mas sobre homens e mulheres. Não unge planos, mas gente de oração”.

Há muitas orações na Bíblia, e não foi fácil decidir quais incluir nesta revista.
Como estudamos recentemente o livro de Salmos (que é praticamente um livro
de orações), não incluímos orações dele. Tentamos escolher uma variedade de
orações para nos ajudar nas diversas situações nas quais procuramos o auxílio
divino. Esperamos que, por meio destas lições, aprendamos a orar mais e melhor
e conheçamos de maneira mais íntima o nosso Deus, que sempre toma a iniciativa
de comunicar-Se com Seus filhos.
John D. Barnett

Recomendamos os seguintes livros:


1. Ousadia na Oração. John White, ABU Editora (este livro trata de vários personagens
bíblicos e suas orações);
2. O poder de uma vida de oração. Paul Miller, Edições Vida Nova.
índice
Senhor,
ensina-nos a orar............................ 06

Jó, ousadia
na oração......................................... 10

Abraão suplica
pelos ím pios................................... 16

Jacó luta
com Deus......................................... 21

Moisés intercede
pelo povo de D eus......................... 25

Habacuque expõe suas


dúvidas em oração....................... . 29

Salomão, homem
de oração objetiva......................... 33

Elias e a
oração da fé 37
V fJ Neemias,
jejum e oração................................ 40

711 Jeremias e seus

■ L“1
fc T I
diálogos com Deus....................... 44

Daniel ora conforme


.f lL l I a palavra de Deus 48

Zacarias agradece
.MÊÊ^À pelo filh o ........................................ 52

! WTp] Maria, uma


Á B A l oração de louvor........................... 55

^WTí Paulo, de joelhos


JHEX» j em favor dos crentes.................... 58

IT Jesus ora
J I H lM j pelos discípulos............................. 63

tJ últimas orações.............................. 66

E voc®f ®uma
J lF i pessoa de oração?.......................... 72
1

Senhor,
ensina-nos a orar
Pr.Jessé Ferreira Bispo

te x to básico Lucas 11.1-13 leia a Bíblia d iariam en te


te x to devocional M ateus 6 .9-15 seg Lc 1.46-55

versículo-chave Lc 1 1 .9 -10 te r Lc 1.67-79


"P or isso, ms digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir- qua Ef 1.15-23
-se-ms-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem
qui Ef 3.14-21
bate, abrir-se-ihe-á"
sex 2Cr 13.11
EBX9M SH 1 sáb M t 6.9-15
O alun o aprenderá a o ra r c o m o Jesus.
dom Lc 11.1-13

Introdução

“De certafeita, estava Jesus orando em Daremos início, por meio deste
certo lugar"E assim que começa o texto bí­ estudo, a uma série de lições sobre o
blico de nosso estudo de hoje que está em testemunho de diversos personagens
Lucas 11.1-13. Imaginar esse ambiente na história bíblica e a vida de oração
de oração e, acima de tudo, o relacio­ deles.
namento de Jesus com Seu Pai é algo
maravilhoso. Não foi por acaso que um A oração é um estado consciente
membro do grupo de discípulos que es­ em que a alma humana pode, através de
tava com Ele tomou a iniciativa de pedir Cristo, entrar no ambiente espiritual de
que os ensinasse a orar. alegria e paz com o próprio Deus. Te­
mos condições tanto de falar com Ele
A oração para Jesus era o recurso como de ouvi-Lo. Por meio da oração,
para fazer Sua humanidade aquietar-se podemos ter acesso Àquele que nos
a fim de ouvir e falar com Seu Pai. Na fez e saber exatamente quem somos.
oração, a alma do Senhor da glória tinha
condições de receber orientação para a Não existe uma verdadeira ora­
escolha de Seus discípulos, compartilhar ção sem a presença de Jesus. Ele é
de um tempo com Sua própria glória no o único caminho que nos conduz
monte onde foi transfigurado, receber a Deus. No texto da lição de hoje,
conforto para o momento que precedia observamos a iniciativa de um discí­
Seu sacrifício na cruz; enfim, era o recur­ pulo anônimo que pediu a Jesus para
so espiritual para viver plenamente como ensiná-los a orar, assim como João
um homem. ensinou aos seus discípulos.
Era costume dos rabinos naquela educar nossa alma a ter Seu Nome
época ensinarem seus seguidores a fazer como aquele que é separado de todos
uma breve oração. Se o discípulo de os outros nomes.
Jesus realmente tinha uma verdadeira
compreensão de toda a Sua grandeza, 2. Oração revela submissão
era oportuno aprender uma oração à vontade de Deus
com Ele que é o próprio Senhor do Jesus ensina sobre a necessidade
Universo. de reconhecer o Seu Reino e desejar
Seu estabelecimento em nós. Subme-
Jesus não somente aproveitou para temo-nos inteiramente à vontade de
ensinar um modelo breve oração, que Deus, como fez Jesus em Sua relação
era parte da oração dominical que está com o Pai.
em Mateus 6.9-15, mas também contou
uma parábola a fim de ilustrar o valor da 3. Oração registra petição
confiança e da esperança que devemos pelo nosso sustento
ter em Deus. E finalizou ensinando Tem os liberdade em pedir em
que devemos ter consciência do amor favor do nosso sustento diário. O pão
e da misericórdia do Pai Celestial em é algo básico para a sobrevivência, e o
atender nossas orações. discípulo é educado também a reconhe­
cer que a cada dia o Pai pode provê-lo.
Jesus ensinou a Seus discípulos Importante relacionarmos esse texto
a entender algumas lições preciosas. com o que diz que "não devemos andar
Vejamos algumas delas. ansiosos por coisa a lg u m a Orar como
Jesus ensinou, sim, mas confiar na ora­
ção, pois nessa comunhão encontramos
I. A necessidade de um um estado de espírito que nos leva a
envolvimento pessoal descansar das inquietações da vida.
com o Pai Celestial
(Lc 11.2-4) 4. Oração inclui
confissão de pecados
1. Oração começa com o Pai O discípulo aprende que deve
O aprendizado sobre a verdadeira confessar seus pecados e que deve ter
oração começa com uma palavra dirigi­ consciência do sentimento de tristeza
da ao Pai. Requer que elevemos nossos que gerou no coração de Deus. Mas
pensamentos para o lugar de Sua habi­ também é alimentado a acreditar no
tação em espírito e em verdade. Nesse amor que Ele tem em perdoá-lo. Essa
convívio com Ele, devemos confessar confissão deve gerar uma atitude em
que Seu Nom e é santo. Tal nome faz relação às outras pessoas; ele confessa
parte da Sua própria identidade, isto é, que assim como recebeu perdão do Pai
Sua glória, santidade, soberania, mise­ também agora está pronto a fazer com
ricórdia e justiça. Por isto, precisamos seu semelhante.
5. Oração orienta a que tem os diversas histórias de pessoas
peçamos pela proteção que hospedaram viajantes, inclusive
divina contra tentações estranhos.
O breve modelo de oração de Jesus
ensina Seus discípulos a buscar no Pai Esse pano de fundo sobre a cul­
a proteção contra as tentações, o que tura dos povos do Oriente Médio nos
ajuda a substituir os desejos pecamino­ ajuda a entender a parábola que Jesus
sos da carne pelo da santidade de Deus. contou, que chama nossa atenção para a
Isso acontece na vida do ser humano importância da persistência no pedido,
governado por Deus. na oração. O vizinho importuno sabia
que aquele pai que já estava deitado
aplicação com seus filhos iria atender ao seu pe­
dido de ajuda, pois sabia que o vizinho
Que significado tenho dado a essa oração
tinha pão em casa; provavelmente havia
ensinada por Jesus? Tenho praticado
sentido o cheiro do preparo durante
efetivamente o que Ele ensinou?
aquele dia. Ele também tinha certeza
que, para seu vizinho, atender ao pedido
era mais importante do que o conforto
II. O valor da persistência da cama com seus filhos. Daí a expres­
diante do Pai Celestial são na conclusão da parábola, que lhe
(Lc 11.5-8) daria tudo de que tivesse necessidade.
Ele resolveu atender ao pedido devido
Na sociedade em que Jesus vivia, à persistência de seu vizinho.
as fam ílias moravam em pequenas
comunidades. O pão, como vimos no A experiência na vida de oração
modelo da oração já mencionada, era deve, da mesma forma, proporcionar
um alimento comum feito nas casas uma consciência sobre o amor de Deus
com muita frequência. Como as casas por nós. Essa é uma sabedoria espiritual
eram próximas umas das outras nesses que recebemos por meio de Seu Espíri­
povoados, sempre era possível sentir o to. Ela deve produzir confiança quanto
cheiro gostoso do preparo do pão pelas à m anifestação da bondade do Pai
mulheres judias. celestial para as nossas nécessidades.

aplicação
Um outro elemento importante
na sociedade em que Cristo vivia era o Que confiança tenho tido no amor e pro­
valor dado a um visitante que chegasse visão de Deus para minhas necessidades?
ao povoado. Uma casa deveria hospedá- Tenho sido persistente em minhas orações?
-lo com honra, dar-lhe água para lavar Que lições esse vizinho importuno deixa
os pés e oferecer-lhe uma boa refeição. sobre a esperança em Deus que deve haver
Deixar de fazer isso era sinal de profun­ em minhas petições, ainda que complexas?
do desrespeito do anfitrião. N a Bíblia,

8
III. A confiança na resposta Entre muitas coisas que os discí­
do Pai Celestial pulos podiam receber de Deus, algo pri­
(Lc 11.9-13) mordial era a presença de Seu Espírito.
É Ele que os ajudaria a orar, pois, como
O versículo 9 com eça com o a nos disse o apóstolo, Ele “intercede por
expressão "Por isso, vos digo". Jesus quis nós sobremaneira, com gemidos inexprimí­
reforçar em Seus discípulos a confiança veis" (Rm 8.26). Sua presença também
que devem ter no coração amoroso do orienta o discípulo para a conquista das
Pai celestial. Eles devem, assim como boas dádivas. E essas têm origem no pró­
o vizinho importuno, pedir, buscar e prio Deus, como nos ensina Tiago em
bater às portas das moradas de Deus sua carta: “Toda boa dádiva e todo dom
na certeza de que irão receber, achar, e perfeito são lá do alto, descendo do Pai das
de que lhes serão abertas as portas para luzes, em quem não pode existir variação
suas petições. ou sombra de mudança" (Tg 1.17).

aolicacão
Havia algo importante que eles
precisavam entender na oração: o Que experiência tenho tido com o Espírito
caráter bondoso de Deus. Para isso, Santo na minha vida de oração? Que li­
Jesus Se ocupa de outra comparação, berdade dou a Ele para revelar a grandeza
para ajudá-los a entender esse ensino. do amor do Pai celestial?
Se eles que eram maus tinham atitudes
carinhosas para suprir seus filhos com
o alimento de que necessitavam, e não
eram capazes de dar-lhes em lugar das Conclusão
suas necessidades algo que os prejudi­
casse, não deveriam imaginar que o Pai Após este estudo, devemos pedir
celestial era capaz de fazer algo ainda ajesus, como fez o discípulo anônimo:
melhor por suas petições? “Senhor, ensina-nos a orar”.

Jesus quis ensinar aos discípulos Para nos ajudar nessa disciplina
a necessidade de conhecer o amor de espiritual, vamos estudar nas próximas
Deus, que é fruto do caráter da bondade lições sobre a vida de alguns personagens
do Senhor. e suas experiências com Deus em oração.
Jó, ousadia
na oração
Pr. Agnaldo Faissal J. Carvalho

te x to básico Jó 1.1-22 leia a Bíblia diariam en te


te x to devocional Salm o 77 .1 -2 ; 11-14 seg Jó 2.1-13

versículo-chave U o ã o 5.14 te r Jó 2.11-3.26


qua Jó 37.1-38.41
"E esta é a c o nfiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma
cousa seyuinlo a sua vontade, ele nos ouve" qui Jó 40.1-41.34
sex Ez 14.14-20
sáb Tg 5.7-11
O alu n o enlonücrA o qu e realm ente significa "ser um a pessoa de oraçã o"
e se sentirá ilp ia lia d o a ag ir co m o tal. dom Jó 42.1-17

Introdução

Duranle séculos, o povo de Deus “sem máscaras” em Sua presença, mas


só podia relacionar-se com Ele indi­ isso não significa que Ele não nos co­
retamente, por meio do Tabernáculo nheça melhor do que nós mesmos. Os
e seus utensílios, ou dos sacerdotes e promotores dessa ideia acreditam que
profetas. Alé mesmo a presença santa a sinceridade e a fé são fatores decisivos
de D eus (em bora sim bólica) lhes para conquistar o favor divino. Creem
era vedada por uma espessa cortina que o que de melhor podemos con­
(Lv 16.1-2). Mas Jesus Cristo, o nosso quistar nos momentos de oração são
mediador, por meio de Seu sacrifício Suas preciosas bênçãos. No entanto, se
perfeito, abriu as cortinas que nos tomarmos como exemplo as marcantes
separavam de Deus e garantiu- -nos a experiências vividas por Jó, as quais
possibilidade de O conhecermos com Deus fez questão de deixar registradas,
muito mais intimidade, por meio da descobriremos que a oraçãó nos reserva
oração em Seu nome (Hb 10.20). Mas, um benefício ainda maior do que os
hoje, muitos mudaram a lógica de Deus, favores quebuscamos... uma dádiva que
ensinando que nós é que devemos só é concedida aos que preferem estar
m “abrir as cortinas do nosso eu interior”, com o Deus da bênção, a ficar apenas
-íá permitindo a Deus nos conhecer como com as bênçãos de Deus.
de fato somos.
Talvez seja essa uma das grandes
Naturalmente, Deus Se agrada de lições que o Livro de Jó reserva a nós -
um coração verdadeiro, que se derrama por sua experiência, aprendemos o que

10
há de melhor na oração: a possibilidade pois Ele ouve o clamor também da­
de conhecermos verdadeiramente o queles que não O conhecem e abençoa
Deus a quem dirigimos nossas orações. inclusive aqueles que O ignoram. Con­
tudo, é bom que saibamos que há algo
ainda melhor do que ter uma oração
I. Só haverá proximidade atendida - o melhor mesmo é poder
quando houver intimidade conhecê-Lo, na intimidade do Seu ser.
Para o crente, a amizade (intimidade)
Em nosso critério de espiritua­ com Deus deve ser mais valorizada que
lidade, Jó estaria num patamar bem os favores que Dele buscamos.
elevado, visto que desfrutava (aparen­
temente) de íntima comunhão com o Na busca dessa intimidade, pos­
Senhor. A Bíblia relata que Jó : "era bom so abrir meu coração, meus desejos,
e honesto, temia a Deus e procurava não minhas intenções e meus sentimentos
jazer nada que fosse errado"; diz que mais profundos perante Deus, mas
toda vez que seus dez filhos se reuniam como posso conhecê-Lo além daquilo
para banquetear "Jó se levantava de ma­ que ouvi falar? A resposta está em Deus.
drugada e oferecia sacrifícios emfavor de Ele é Quem decide se abrirá ou não as
cada um dos seusfilhos, para purificá-los", cortinas que escondem a Sua verdadei­
apenas por imaginar que poderiam ra glória para aqueles que O buscam em
"ter pecado, ofendendo a Deus em pen­ momentos de oração.
samento" ( jó 1.1-5 N TLH ). E mesmo
depois que a tragédia destruiu sua vida, Deus fez isto com Jó : “descorti­
o texto diz que: "Em tudo isto Jó não nou-se” perante Jó em momentos de
pecou, nem atribuiu a Deusfalta alguma” oração, deixando de ser Aquele que
(Jó 1.22; 2.10). Contrariando, porém, ouve e atende o clamor, passando a ser
nossas expectativas, aprendemos que Aquele que Se relaciona, compartilha,
Jó conhecia a Deus bem menos do interage e que Se faz presente. E isso fez
que ele imaginava. Sua fé se apoiava na toda a diferença.
"familiaridade", não na "intimidade". Ele
aplicação
mesmo disse: "Antes eu te conhecia só
por ouvirfalar, mas agora eu te vejo com Uma visão distorcida e um conhecimento
os meus próprios olhos. Por isso, estou limitado impedem nosso relacionamento
envergonhado de tudo o que disse e me com Deus do mesmo teor que Ele se propõe
arrependo, sentado aqui no chão, num fazer em favor de nós.
monte de cinzas" (jó 42.5-6 N T L H ).

Qual é a diferença entre familiari­ Jó, por causa da angústia pela qual
dade e intimidade? Receberia algo de passava, chegou a proferir palavras arro­
Deus quem estivesse apenas familiari­ gantes, das quais, mais tarde, envergo-
zado com Ele? Naturalmente que sim, nhou-se. Palavras duras e irreverentes;

11
frias e hostis; tolas e impensadas. Hou­ 2. Intimidade não justifica
ve arrependimento, mas houve também a informalidade
vergonha. Pelo seu exemplo, podemos Paulo, escrevendo aos romanos,
tirar lições preciosas para nós e para os ensinou: “Porque o Espírito que vocês
nossos momentos de oração. receberam de Deus... torna vocês filhos
de Deus; e pelo poder do Espírito dize­
1. Intimidade não mos com fervor a Deus: "Pai, meu Pai!"
desobriga a reverência (Rm 8.15 N T L H ). Entre as grandes
Um dia, na glória, estaremos face conquistas de Cristo para nós, uma delas
a face com o nosso Senhor e Salvador foi a permissão de nos dirigirmos dire­
Jesus Cristo, e isso, naquele contexto, tamente a Deus com a franca liberdade
vai se tornar normal para nós. M as de chamá-Lo de Pai - meu Pai! Esse é
um encontro dessa magnitude agora, um privilégio que não foi dado nem aos
enquanto ainda vivemos nas limitações anjos. Mas essa “liberdade", que é con­
desta vida, seria algo extremamente dicionada à “intimidade”, não deve dar
deslumbrante, fascinante, ao mesmo espaço à informalidade e a petulância.
tempo, estarrecedor e intimidante,
visto que a proximidade Daquele que Ora, se nós conferimos um trata­
é perfeito realça nossas imperfeições mento respeitoso às autoridades esta­
e pecados. belecidas por Deus, por que haveríamos
de ser desrespeitosos em relação Aquele
Isso nos faz lembrar que quanto que as estabeleceu? Por que trataríamos
maior nossa proximidade de Deus, seja o Senhor como se fosse um qualquer?
em particular ou em um culto público, Por que desprezaríamos a amizade que
tanto maior deve ser a nossa reverência. Ele oferece, chamando-O de “Amigão”?
Por que nos igualaríamos aos profanos,
Im agine a perplexidade de Jó que vulgarmente se referem ao Santís­
quando Deus confrontou sua ora­ simo como sendo “o cara lá de cima"?
ção! Jó chegou a sentir aversão de si Quem conhece Deus com mais profun­
mesmo, tamanha foi a vergonha pelo didade só pode tratá-Lo com o respeito
procedimento irreverente na oração que merece - "O louvor, e a glória, e a sa­
(Jó 40.3-5). bedoria, e as ações de graças, e a honra, e o
poder, e aforça sejam ao nosso Deus, pelos
aplicação séculos dos séculos. Amém!" (Ap 7.12).

I
Hoje, vemos muitos cristãos imaginando
que a "intim idade com Deus" os deso­ II. Só haverá grandeza quan­
briga de demonstrar a devida reverência. do houver humildade
Tais pessoas confundem "in tim id a d e "
com "camaradagem". Lembremo-nos de que Jó havia
perdido tudo: filhos, bens, saúde, posição

12
na sociedade e o respeito de sua esposa. Diante da Majestade Divina que
Essas calamidades vieram sobre sua vida se “descortinou” a jó , sua estupidez,
sem causas aparentes; nada que justificas­ insensatez e insignificância moral,
se tamanha punição. Os poucos amigos intelectual e física foram evidenciadas.
que restaram tentavam responsabilizá-lo Então, viu-se reduzido às suas verdadei­
por seu infortúnio, mas ele continuou ras dimensões... Se somos alguma coisa,
“batendo na tecla da inocência e da justiça é porque Ele nos conferiu essa honra.
própria". Até determinado ponto, ele
aplicação
estava certo, mas, aos poucos, começou
a questionar a sorte, chegando a amaldi­
Por isso, irmãos, tenham cuidado quando
çoar o dia em que nasceu (jó 3.1).
pensarem em fazer algum a cobrança
ou exigência a Deus, mesmo que seja
Parece que Deus “deu corda” a
baseada em Suas promessas. Deus não
Jó, deixando ver até onde ele iria em
tem obrigações para conosco; nós é que
sua indignação. Deus não intervém de
temos para com Ele,
imediato cada vez que nos desviamos
da verdade; Ele dá espaço para que
sejamos nós mesmos, mas não deixa de
nos mostrar (no tempo certo) quem de
fato somos, seja pela experiência, seja III. Só haverá favor
pela razão. Então, o Senhor interferiu quando houver temor
naquele processo de lamúria e, apare­
cendo aJó na forma de um redemoinho Q uando D eus Se m anifestou,
(jó 38.1; 40.6), o interpelou, dizendo: nada mais restou a Jó, senão calar-se
“quem é você para pôr em dúvida a minha ante a majestade e soberania de Deus,
sabedoria?" (Jó 38.2 NTLH)... "Será que que o colocou em seu devido lugar.
você está querendo provar que sou injusto, Tão pequeno que era, que mais teria
que eu sou culpado, e você é inocente?" para falar? Mas Jó precisava falar. Ain­
(Jó 40.8 N T L H ). da que gaguejasse, tremesse e falasse
palavras desconexas, Jó precisava falar.
aplicação Ele havia “visto” Deus face a face (re­
demoinho). Ele havia experimentado
Quanto mais se exige de Deus bens, lucro, a estonteante presença do Altíssimo e
cura, mais declaramos a nossa ignorância ouvido Sua sublime voz. Por isso, sentia
a Seu respeito. Quanto mais nos vemos a incontida necessidade de exaltá-Lo,
reduzidos e indignos de qualquer exigên­ adorá-Lo, bendizê-Lo como jam ais
cia, maiores perspectivas teremos de ser havia feito antes. Ao mesmo tempo,
abençoados por Deus "cingi-vos todos de sentia a necessidade de confessar a
hum ildade, p orque Deus resiste aos so­ sua condição pecaminosa, tantas vezes
berbos, contudo, aos hum ildes concede negada perante seus inquisidores “Por
a sua gra ça " (1 Pe 5.5). isso, me abomino e me arrependo no pó e
na cinza” (jó 42.6).
aplicação porque ele merecia, mas porque Deus
teve misericórdia. Mesmo sabendo que
Quem se humilha arrependido perante
sua tragédia não foi provocada por seus
Deus, não deve fazê-lo buscando algum
atos, Jó teve que aprender que nenhum
favor, mas em atitude de louvor e ado­
homem é perfeito e justo aos olhos do
ração "se o m eu povo, que se chama
Criador. Sua oração deveria ser como a
pelo meu nome, se hum ilhar, e orar, e
de Davi: “0 Senhor Deus, ouve a minha
me buscar, e se converter dos seus maus
oração!... Não julgues a mim, este teu
caminhos, então, eu ou vire i dos céus,
servo, pois ninguém é inocente diante de
p erdoarei os seus pecados e sararei a
ti” (SI 143.1-2 N T L H ). Muitos séculos
sua te rra " (2Cr 7.14).
mais tarde, Paulo diria o mesmo: "Não
há justo, nem um sequer... todos se extra­
viaram, à uma sefizeram inúteis; não há
IV. Só haverá resposta quemfaça o bem, não há nem um sequer"
quando houver mudança (Rm 3.10-12).

É bem provável que nunca expe­ No final da história, vemos Deus


rimentemos o impacto que Jó sentiu restaurando a sorte daquele sofredor.
ao encontrar-se com Deus naquele Aos olhos de seus contemporâneos, Jó
redemoinho. Mas, certamente, você foi ricamente abençoado, com o dobro
e eu tivemos ou teremos nossos m o­ do que havia perdido (jó 42.12); foi-
mentos marcantes com Deus, que nos -Ihe restaurado o favor de sua família e
levou a adorá-Lo da maneira devida. seu prestígio (jó 42.11) e foi-lhe con­
Como disse John White em seu livro cedida a bênção de ter mais sete filhos
“Ousadia na Oração" (ABU Editora) - e três filhas (Jó 42.13), tantos quantos
“Ser adorado é um direito que Ele tem. havia perdido (jó 1.20). Mas para Jó,
Você Lhe deve isso. Fique quieto na a dádiva mais preciosa que recebeu e
presença Dele pela fé. Reconheça em procurou valorizar pelo restante da vida
palavras que Ele é o Deus dos deuses... foi a lembrança de ter visto a maj estade
que ninguém mais é digno de governar e a glória de Deus. Estar com Deus vale
o universo.... Diga-Lhe que você sabe muito mais do que receber Seus presen­
que Lhe deve lealdade, seu corpo e seu tes. Esses, até os ímpios podem ganhar,
tempo. Diga-Lhe que você reconhece mas a amizade é algo que não se pode
que Sua misericórdia para com você igualar a nenhum presente. Tenha isso,
é muito maior do que você merece. e terá tudo!
O Espírito Santo o ensinará como
prosseguir”.
Conclusão
Só haverá resposta de Deus quan­
do houver mudança de atitude por “Gente de O ração” é gente te­
parte daquele que O busca. Jó obteve m ente, gente que sabe qual o seu
resposta, alívio e restauração; não lugar e o lugar Daquele a quem está
14
buscando. Gente que se aproxima de encanta mais com a proximidade do
Deus com humildade, com temor, com que com a prosperidade resultantes da
reverência e com prudência, querendo oração - "Porque a tua graça é melhor
mais o “conhecer” do que o “receber”. do que a vida; os meus lábios te louvam"
“Gente de O ração” é gente que se (SI 63.3).

15
Jj

Abraão suplica
pelos ím pios
Pr. Agnaldo Faissal J. Carvalho

te x to básico Gênesis 18.1-33 leia a Biblia diariam ente


te x to devocional Salm o 32.1-11 seg Ef 6.10-24

versículo-chave Isaías 4 9 .6 te r Tg 5.17-18


"Sim, diz ele: Pouco é o seres meu servo, para restaurares as tribos de Jacó qua Hb 4.1-2
e tornares a trazer os remanescentes de Israel; também te dei como luz
qui Rm 15.30; 33
para os gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra "
sex S1146.5-10
sáb Ne 1.1-6
O alun o entenderá que é lic ito qu estionar as ações de Deus quando o
ob je tivo é destacar Seu caráter, a fim de interceder em fa vo r d o próxim o. dom A t 15.13-18

Introdução

Estudando a vida de personagens de hoje, daremos ênfase a um determi­


como Jó, Abraão, Moisés, Jeremias e nado aspecto da vida de Abraão: sua
tantos outros, podem os identificar vida de oração, a qual o conduziu a um
m uitas características que servem verdadeiro relacionamento com Deus.
de exemplo, estímulo, advertência, e Abraão foi gente como nós, mas tam­
incentivo para a nossa conduta cristã. bém um exemplo de gente de oração.

No tocante a Abraão, podem os Estam os dispostos, como ele, a


aprender m uita coisa observando ouvir a voz de Deus, tanto quanto de­
seu comportamento quando sua fé e sejamos que Ele ouça os pedidos que
obediência foram postas à prova; ou temos a fazer? Recebemos os mensa­
quando foi capaz de abandonar (a seus geiros e as mensagens do Senhor em
olhos) o certo (Ur dos caldeus) pelo nossa mente e coração de bom grado?
incerto (Canaã), e de abdicar do apa­ Intercedemos com determinação em
rentemente melhor, quando deu direito favor do perdido, mesmo tendo que
de escolha a seu sobrinho Ló. Podemos confrontar a ira justa de Deus?
aprender com sua fidelidade em tempos
aplicação
de infortúnio, quando afastou de casa
seu primogênito (Ismael) e até mesmo Que Ele mesmo nos conduza ao bem-
se dispôs a sacrificar o filho dapromes- -aventurado caminho da intercessão; o
sa (isaque). Tudo isso e muito mais mesmo que um dia ensinou a Abraão.
podemos aprender. Contudo, na lição

16
I. Hospedando o va hospedando. Observe que o texto
Senhor no coração (Gn 18.2) dá a entender que Abrãao
(Gn 18.1-8) nem os viu aproximando-se. Mas eis
que, de repente, eles simplesmente esta­
Entre os habitantes do deserto, no vam lá! De qualquer forma, sabendo ou
antigo Oriente, hospedar um viajante não, Abraão foi ricamente abençoado
era uma honra disputada, e a maneira com aquela visita.
acolhedora com que Abraão recebeu
aqueles três viajantes demonstra bem
essa tradição. Nas Escrituras encon­ Que tipo de acolhida tem recebido o Se­
tramos muitos exemplos desse tipo de nhor e a mensagem Dele em seu coração?
hospitalidade (Gn 24.28-32; 19.1-8; Você tem dado a Ele o melhor de sua
Jz 19.16-24). A ocasião se tornou atenção, empenho e disposição?
especial com a chegada dos três visi­
tantes, mas o local em que tais fatos
se passaram também se reveste de um Se o nosso objetivo fosse o de falar
significado muito especial na experiên­ sobre hospitalidade, só aqui já teríamos
cia de comunhão entre Abraão e Deus. muita coisa para aprender. E é bem
Fora ali que o patriarca havia edificado provável que o autor de Hebreus pen­
um altar ao Senhor tão logo chegou sasse nesse episódio quando escreveu:
em Canaã; o lugar onde Deus proferiu “Seja constante o amor fraternal. Não
o pacto abraâmico (Gn 12.6,7). Anos negligencieis a hospitalidade, pois alguns,
mais tarde, Jacó enterraria seus ídolos praticando- -a, sem o saber acolheram
naquele local (Gn 35.4). E exatamente anjos" (Hb 13.1-2). Mas essa experi­
ali, as bênçãos e as maldições seriam ência também nos revela muita coisa
reafirmadas, tão logo Israel entrasse na sobre nossa comunhão com Deus, em
Terra Prometida (Dt 11.26-32). momentos de oração: “Quando alguém
acolhe outra pessoa com calor humano,
E m bora existam várias in ter­ pode estar mais perto do que pensa de
pretações e dúvidas a respeito desse uma experiência divina” (Cuthbert A.
aparecimento (Gn 18.l) , não temos Simpson). Aquilo que fazemos pelo
dificuldades em aceitar que o Logos, próximo, na verdade, fazemos pelo
o Verbo que mais tarde se faria carne nosso Mestre (Mt 25.40).
(Jo 1.14), manifestou-Se pessoalmente
a Abraão, na companhia de dois de Seus Nossa relação vertical (com Deus)
anjos. A extraordinária hospitalidade em m om entos de oração depende,
demonstrada por Abraão, por um lado, em boa parte, da qualidade de nossas
pode ter sido apenas uma demonstra­ relações horizontais (com o próximo).
ção cultural de educação. Entretanto, Eu só posso receber do Alto, se houver
pode também ter sido movida pelo em meus atos a disposição de ofertar de
discernimento de quem, de fato, esta­ mim mesmo àqueles que estão ao meu
redor. Deus vem a nós com dádivas, então nem tinha sido apresentada?
mas depois nos manda aos outros como E pouco provável que Abraão tenha
portadores de Suas bênçãos. A oração é compartilhado de sua intimidade con­
isso, é dar e receber - se eu recebo sem jugal (esterilidade de Sara) com aqueles
merecer, devo dar, inclusive aos que não “forasteiros”. Mais perplexo ainda deve
podem devolver, seja o favor, a amizade, ter ficado quando um deles prometeu:
a oração ou o benefício material. “Certamente voltarei a ti, daqui a um ano”
(Gn 18.10). E, por fim, suas suspeitas
se confirmaram com a repreensão que
II. Ouvindo o Senhor, um deles (o Senhor) fez ao deboche
com atenção camuflado de Sara, por detrás das cor­
(Gn 18.9-15) tinas: “Porqueseriu Sara?” (G n 18.13).

aolicacão
Abraão não só deu uma recepção
de primeira linha como também hon­ Você tem deixado Deus falar a seu coração?
rou seus hóspedes com total atenção. Tem prestado atenção àquilo que Ele deseja
O texto não diz sobre o que conver­ fazer em sua vida e por meio de sua vida?
saram durante a refeição, mas é bem Você tem depositado fé nas promessas Dele?
provável que Abraão mais ouviu do
que falou. Primeiro porque essa era
uma atitude respeitosa, mas também Quando se presta atenção àquilo
porque se aprende mais ouvindo do que Deus tem a dizer, coisas extraordi­
que falando. Assim também, para que nárias começam acontecer. No episódio
ouçamos aquilo que o Senhor tem a nos seguinte (Gn 18.16-33), por exemplo,
ensinar, é preciso haver, de nossa parte, nos maravilhamos ao descobrir a di­
humildade e reconhecimento de que mensão do poder que uma amizade
é direito Dele falar e obrigação nossa pode gerar: Deus mudou de ideia, por
ouvir e responder. causa da amizade, da dedicação e da
atenção demonstrada por Abraão. Deus
Ali estava um homem de fé ou­ resolveu compartilhar com ele um de
vindo o Senhor com atenção, mesmo Seus projetos, como se Abraão fosse
sem saber ao certo quem era aquele Seu sócio: “Aí o Senhor Deus disse a si
que lhe falava. Obviamente, em algum mesmo: “Não vou esconder de Abraão o
momento, Abraão começou a perce­ que pretendofazer" (Gn 18.17N TLH ).
ber ou constatar o sobrenatural em Além de compartilhar, Deus ainda per­
seus desconhecidos hóspedes. Talvez, mitiu que Abraão interagisse com Ele:
o despertar dessa consciência tenha “Será que vais destruir os bons junto com
acontecido quando seus convidados os maus?" (Gn 18.23).
perguntaram: “Sara, tua mulher, onde
está?” (Gn 18.9). Como eles poderiam Lembremo-nos de que essa amiza­
saber algo a respeito de Sara, que até de não estava firmada sobre os méritos

18
de Abraão, como se ele estivesse em um domésticas de Abraão (isso já estava
nível superior ao nosso. Essa amizade resolvido), mas o destino de Sodoma
só existiu porque Deus escolheu fazer (e Gomorra). Deus compartilhou com
dele Seu amigo (v.19). Da mesma for­ Abraão o trágico destino de um povo
ma, Deus o escolheu quando mudou a que não era sua gente, não era nada
sua sorte, da condição de pecador para dele. Nem por isso Abraão deixou de
remido, de criatura para filho de Deus. se importar com a fatalidade que lhes
Deus também escolheu você (que é um aguardava. Afinal, ele conhecia aquela
discípulo de Cristo) para ser Seu amigo. gente; conhecia o seu rei; conhecia
Jesus mesmo disse: “Já não vos chamo homens, mulheres e crianças que havia
servos, porque o servo não sabe o quefaz o ajudado a salvar quando a cidade fora
seu senhor; mas tenho-vos chamado ami­ invadida (Gn 14.1-24). Como deixar
gos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai de se importar com a tragédia que se
vos tenho dado a conhecer" (Jo 15.15). aproximava?

Abraão se im portava com Ló


III. Orando ao Senhor e sua família, mas o que moveu seu
com determinação coração para suplicar em favor da­
(Gn 18.16-33) quelas cidades estava muito além de
seus interesses familiares, caso con­
Para aqueles a quem Deus con­ trário, não teria parado de interceder
sidera amigo, compartilhar Seus pen­ quando Deus lhe prometeu poupar
sam entos e planos pode tornar-se a cidade se encontrasse dez justos ali
possível e até natural. E, embora sendo (Gn 18.32-33). Perante o Senhor deve­
Ele soberano em Suas decisões, ainda mos nos portar com reverência e temor,
assim leva em conta nossas ideias em mas também com ousadia e confiança,
relação aos projetos que compartilha orando ao Senhor com determinação
conosco. Deus agiu assim com Moisés, e persistência por aquilo que Ele mes­
quando deixou que soubesse de Sua in­ mo assentou em nosso coração como
tenção de destruir os rebeldes israelitas sendo apropriado. Orar, dizendo: “se
(Êx 32.9-13), permitindo que Moisés for da tua vontade”, pode ser sinal de
interferisse em Sua decisão "Falava o Se­ hum ildade e resignação, mas pode
nhor a Moisésface a face, como qualquer também ser entendido como falta de fé
fala a seu amigo” (Êx 33.11). e de convicção de que Deus Se agrada
daqueles que se colocam “na brecha”,
Tal conhecimento deveria alçar como nos é dito no livro de Ezequiel:
nossas orações a um nível mais elevado, "Busquei entre eles um homem que tapasse
passando de nossos interesses menores o muro e se colocasse na brecha perante
para assuntos de maior importância. mim, a favor desta terra, para que eu
O que estava em jogo a partir de não a destruísse; mas a ninguém achei"
Gênesis 18.16 já não eram as questões (Ez 22.30).

19
aplicação ver sofrer e morrer toda a população
de uma cidade. A angústia maior de
Você estaria disposto a ser esse homem ou
Abraão era a dúvida que se levantava
essa mulher que se coloca entre o ímpio
em sua mente quanto ao caráter de
e a ira justa de Deus? Estaria disposto
Deus: “Longe de ti o fazeres tal coisa,
a interpelar o próprio Deus se isso, de
matares o justo com o ímpio, como se
alguma forma, resultasse no benefício da
o justo fosse igual ao ímpio; longe de ti.
salvação para aqueles que, merecidamen-
Não fará justiça o Juiz de toda a terra?”.
te, deveriam ser condenados?
Imagine a aflição que cairia sobre nós
pela simples hipótese de nos vermos
questionando as decisões e os atos de
Conclusão Deus? Mas, sem esse desconforto, que
sentido haveria na oração? Que sen­
No diálogo de Abraão com Deus, tido haveria em Deus buscar alguém
percebemos uma angústia ainda maior que se coloque na brecha, entre Ele
que a possibilidade de perder os pa­ e aqueles a quem pretende destruir
rentes; maior ainda que a ideia de (Ez 22.30)?

20
4
Jacó luta
com Deus
Pr. Enoque Vieira de Santana

te x to básico Gênesis 32 .22-32 leia ai Bíblia d iariam en te


te x to devocional Salmo 4.1-8 seg Gn 32.1-8

versículo-chave Salmo 4.1 ter Gn 32.9-21

"Responde-me quando clamo, ó Deus da minha justiça; na angústia, me qua SI 65.1-13


tens aliviado; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração" qui S1120.1-7
sex Is 26.1-16
EBECEESi^H
O alun o en te nderá que a vida de oração é um a luta constante de anseios, sáb Jn 2.1-10
fe rv o r e persistência, com extraordinário resultado. dom 2Co 6.4-10

Introdução

A resistência e a fidelidade eram derramaram na luta iniciada pelo Anjo do


frutos da graça de Deus na vida dos Senhor, no vau de Jaboque. Seu desejo de
personagens abordados nas lições bênção foi maior do que a ansiedade que
desta revista. Esses personagens eram lhe consumia a alma. Naquele encontro,
pessoas semelhantes a nós, sujeitas o curso de sua vida, até então cheia de
aos m esm os sentimentos, que ora­ trapaças e enganos, foi transformado, a
ram com instância e foram atendidas ponto de seu próprio nome ser mudado
(Tg 5.17). Perseverança e dependência de Jacó para Israel, que significa: “como
ficam evidentes na letra do hino: príncipe lutaste com Deus e com os homens
eprevaleceste" (Gn 32.28).
"Não é dos fortes a vitória,
nem dos que correm melhor,
Mas dos fiéis e sinceros, I. A luta começou no ventre
com o nos diz o Senhor'.' (Gn 25.21-26)

Hoje, vamos observar a vida de Essa luta pela supremacia entre


Jacó. Ele teve uma vida de constantes Jacó e Esaú seria também a luta dos
lutas (desde o ventre de sua mãe, ver povos que lhes sucederam e revela-nos
Gn 25.22) e aprendeu, a duras penas, que a soberania de Deus: "Duas nações há
as coisas feitas de maneira errada exigem no teu ventre, dois povos, nascidos de ti,
reparação e mudança. A volta à terra de se dividirão: um povo será maisforte que
seus pais foi marcada por experiências o outro, e o mais velho servirá ao mais
profundas de angústia e temor que se moço" (Gn 25.23).
1. A soberania de Deus está No entanto, devemos lembrar que
relacionada à aliança feita a livre escolha ou o livre-arbítrio do ho­
com Abraão mem é tão bíblico como a soberania de
(Gn 17.1-8) Deus: "em que vós, depois que ouvistes a
Quatro anos depois do nascimen­ palavra da verdade, o evangelho da vossa
to de Ismael (Gn 16.15), o filho que salvação, tendo nele também crido, fostes
nasceu segundo a carne (G1 4.23), o selados com o Santo Espírito da promes­
Senhor Deus Todo-Poderoso apare­ sa" (Ef 1.13). Ao homem compete crer
ceu a Abraão, porque ele seria “pai de em Jesus.
numerosas nações... e reis procederão de
ti" (Gn 17.4-6). Na base da soberania 3. A soberania de Deus
divina está escrito ain d a:"Estabelecerei está relacionada ao
a minha aliança entre mim e ti e a tua cumprimento
descendência no decurso das suas gerações, de Sua Palavra
aliança perpétua, para ser o teu Deus e da (Rm 9.13)

tua descendência" (Gn 17.7). Um dos m aiores confortos do


crente é saber que o Senhor vela sobre
Embora Esaú fosse o primogênito, a Sua Palavra para a cumprir ( jr 1.12).
Deus escolheu soberanamente a Jacó Como está escrito: "amei a Jacó, porém
para perpetuar as promessas feitas a aborreci a Esaú". Se observarmos esse
Abraão. texto de Malaquias 1.2-3, aprendere­
mos que o “propósito de Deus reverte
2. A soberania de Deus até a minúscula distinção de irmãos tão
está relacionada ao Seu semelhantes, levando o irmão mais ve­
propósito lho a servir ao mais jovem, e que o amor
(Rm 9.11-12; Ml 1.2-4) de Deus por Israel está arraigado em
O Senhor já havia falado à mãe, sua livre escolha de Jacó e não de Esaú”
Rebeca: “E ainda não eram os gêmeos (Bíblia de Estudo de Genebra, p.1333).
nascidos, nem tinham praticado o bem
ou o mal (para que o propósito de Deus, “Está escrito” dá segurança e con­
quanto à eleição, prevalecesse, não por vicção de que, além de sua veracidade,
obras, mas por aquele que chama), já fora inspiração e eternidade, a palavra de
dito a ela: O mais velho será servo do mais Deus se cumpre cabal e completamente
moço” (Rm 9.11-12). (Nm 11.23; Is 55.11).

aplicação aplicação

B
A escolha do cristão, crente em Jesus, inde­ Na confiança de que a palavra de Deus é
pende do que ele é ou faz; ela embasa-se úni­ infalível, podemos orar com a convicção
ca e exclusivamente no propósito gracioso e de que o Senhor tem poder para fazer
soberano de Jeová (1Pe 2.9-10; Ef 1.3-12). infinitam ente além daquilo que pedimos
Deus toma a iniciativa dessa escolha. ou pensamos (Ef 3.20; Jo 14.13-14).

22
II. A luta continuou Você já pensou na injustiça social
com seu sogro sofrida por Jacó, quando seu sogro
(Gn 29.1-31.7) corroía o seu salário? Isso faz lembrar
um grande número de aposentados
O trapaceiro e suplantador encon­ que contribuíram para a Previdência,
trou um homem mais injusto e mais e a cada ano observam que seu salário
desonesto do que ele, na pessoa de seu é corroído pelos reajustes do governo
próprio sogro, Labão. Na lei inevitável (Tg 5.4). Por dez vezes os salários de
e precisa da semeadura e da colheita, Jacó foram subtraídos por Labão.
a Bíblia adverte: "Não vos enganeis: de
Deus não se zomba; pois aquilo que o "Porém Deus não lhe permitiu que
homem semear, isso também ceifará” mefizesse mal nenhum" (Gn 31.7). Essa
(Gl 6.7; veja também Os 8.7). afirmação de Jacó às suas esposas deno­
ta a proteção de Deus à sua vida. Per­
Q uantas vezes nossas orações gunta: será que ele orava nesse sentido?
têm sido prejudicadas exatamente pelo
egoísmo que nos faz enganar a outros.
Se não houver arrependimento, outros III. A luta maior foi com Deus
nos enganarão em dose muito maior, (Gn 32.9-12,22-32)
como correção permissiva do próprio
Deus (Hb 12.4-12). Jacó estava regressando à terra
de seus pais com uma vida financeira
1. Jacófoi enganado totalm ente diferente daquela com
no casamento que saíra, situação muito oposta à do
(Gn 29.21-30) filho pródigo (Lc 15.11-24): enquanto
Em Gênesis 29.1-20, lemos uma este saiu de casa com muitos bens e
das mais emocionantes histórias do voltou em pobreza extrema, Jacó saiu
Antigo Testamento, a qual relata o apenas com seu cajado e voltou como
encontro e o amor entre Jacó e Raquel. um príncipe tribal, com muitos bens
Aquele idílio foi manchado pelo engano e numerosos filhos. Havia, porém, o
(v.25), por ciúme e competição entre medo que o consumia e que o levou a
Lia e Raquel (Gn 29.31-30.24). traçar uma estratégia, fazer uma oração
humilde em 32.9-12, seguida da sua luta
2. Jacó foi enganado no vau de Jaboque.
no trabalho
(Gn 31.4-7) 1. Sua oração humilde
"Vós mesmos sabeis que com (Gn 32.9-12)

todo empenho tenho servido a vosso A q u i tr a n s p a r e c e um h o ­


pai; mas vosso pai me tem enganado mem m uito diferente do ego ísta
e por dez vezes me mudou o salário" e suplantador de antes. A garra-se
(Gn 31.6-7). às prom essas de Jeová a seus pais

23
(Gn 32.9-12), considerando-se indigno O Novo Comentário da Bíblia,
(Gn 32.10), suplica livremente e con­ p. 110, nos mostra dois possíveis sig­
fessa seu temor (Gn 32.11). nificados dessa luta em oração entre o
Anjo ejacó:
2. Sua estratégia reparadora
(Gn 32.13-21) a. “A primeira lição espiritual para
Queria consertar os erros come­ Jacó aprender tinha em vista en-
tidos, no passado, contra seu irmão sinar-lhe sua própria impotência”.
e aplacar-lhe a ira com presentes, su­
pondo que ele vinha ao seu encontro b. “Uma segunda significação, entre­
para vingar-se. Deus, porém, já havia tanto, e mais intimamente ligada
mudado o coração rancoroso de Esaú com o novo título que lhe foi
(Gn 32.4). Desfez-se naquele encontro outorgado, talvez tenha sido que,
um problema psicológico de Jacó. assim como ele tinha prevalecido
daquela forma física, igualmente
Quantas vezes nossas suposições ele prevaleceria nas coisas espiri­
e pensamentos negativos nos causam tuais, se aprendesse a submeter-se
temor e medo em vez, de confiarmos e a orar”.
naquele Senhor que muda (transforma)
aplicação
corações e circunstâncias! As mulheres
que foram ao túmulo de Jesus iam per­ Todos sabemos do valor de uma oração
guntando “Quem nos removerá apedra"1 submissa, perseverante e resistente.
Sabemos que o poder do Cristo ressur-
reto já havia solucionado anteriormente
o problema.
Conclusão
3. Sua luta tenaz
(Gn 32.24-31) “Não te deixarei ir, se me não aben­
Devemos observar que a luta aqui çoares”. Como diz John White no seu
foi iniciada pelo Anjo do Senhor (uma livro “Ousadia na Oração”: “Eram as pa­
teofania do Cristo préencarnado). Toda lavras que Deus estava esperando há mais
revelação de Deus é dada pelo Filho ou de quarenta anos. Ele preferia que Jacó
Ele mesmo é essa revelação: “Ninguémja ­ tivesse reconhecido a sua impotência e
mais viu a Deus; o Deus unigénito que está tivesse se lançado sobre a misericórdia
no seio doPai, équem o revelou (jo 1.18). de Deus muito tempo antes”. Quando
“Jacó disse: vi a Deus face a face, e minha Deus luta conosco, por que continuamos
vida foi salva" (Gn 32.30; Os 12.4). a resistir?

24
Moisés intercede
pelo povo de Deus
Pr. Enoque Vieira de Santana

te xto básico Êxodo 32 .1 -35 I leia a Biblia d iariam en te 1


te xto devocional Salmo 7 8 .1 -17 seg SI 32.1-11

versículo-chave Êxodo 32.32 te r Êx 33.1-11

“Agora, pois, perdoa-lhe o pecado; ou, se não, risca-me, peço-te, do livro qua Êx 33.12-15
que escreveste" qui Rm 10.1-14
sex Rm 10.16-21
sáb S1106.1-15
O alun o despertará para um a verdadeira intercessão pelo povo de Deus.
dom S1106.16-32

introdução

Você sabia que, para Samuel, era Jeová Se irou contra Israel querendo
pecado contra Deus não orar (ou não destruí-lo p or causa da corrupção
interceder) pelo povo? Veja o que licenciosa e idólatra, orou pelo povo.
ele diz em ISamuel 12.23: "Quanto a Queremos enfocar três tópicos dessa
mim, longe de mim que eupeque contra o história de intercessão para melhor
Senhor, deixando de orar por vós; antes, compreensão.
vos ensinarei o caminho bom e direito".
A intercessão e o ensino profético
estavam entranhados no ministério I. Intercede com amor
daquele homem de Deus e sua om is­ (Êx 32.11-14)

são o levava à consciência de pecado.


O amor é a virtude por excelência
A palavra de Deus nos ensina que no nosso relacionamento com Deus e
a prática de súplicas, orações, inter­ com o próximo. Na prática, isso quer
cessões, ações de graças é coisa boa e dizer que, na intercessão, a mente e o
aceitável diante de Deus, nosso Salvador coração do crente devem ter o mesmo
(lT m 2.1,3). sentimento de M oisés quando orou
pelo seu povo e a mesma compaixão de
A lição de hoje nos d esafia a Jesus pelas multidões (Mt 9.36-38). O
esse m inistério de intercessão, na amor de quem intercede deve, também,
inspiração do exemplo de M oisés, dirigir-se a Deus, sabendo que Seu pro­
que num momento crucial, quando pósito amoroso é salvar e não destruir
o homem, por mais rebelde que este anátema, separado de Cristo, por amor
seja (lT m 2 .4 ). de meus irmãos, meus compatriotas, se­
gundo a carne" (Rm 9.2). E ainda diz o
O povo de Israel não era fácil de apóstolo: "Irmãos, a boa vontade do meu
ser amado pelo seu líder. “Foram uma coração e a minha súplica a Deus a favor
fonte de tensões e preocupações sem deles épara que sejam salvos" (Rm 10. l).
fim para Moisés. Ele fora o primeiro a
aplicação
aguentar sua inconstância, suas lamú­
rias e sentir o golpe da sua ingratidão, Diante de todos os problemas com o povo
e a se preocupar com suas infindáveis de Deus e pelo povo do Senhor, o amamos
brigas” ( “Ousadia na Oração", John pela súplica e intercessão a seu favor?
White, pág. 48). Em Êxodo 32.10, o Se­ Ainda que sejamos separados de Cristo,
nhor oferece a Moisés a oportunidade anátemas, nosso nome tirado do livro de
de se ver livre daquele povo e tornar-se Deus, desejamos a salvação dos perdidos
ele mesmo uma grande nação. e nos sacrificamos para isso?

Outra coisa que devemos observar


é a ira de Moisés quando mandou que 2. Amor para com Deus
os levitas matassem os idólatras (três (Êx 32.12-13)

mil homens), por causa do seu zelo a O coração de Moisés pendulava en­
Jeová (Êx 32.25-29). Nessa situação, o tre dois amores e mais fortemente para
seu amor persiste quando há possibili­ Deus. Isso nos faz lembrar do grande
dade de total destruição dos hebreus. mandamento da lei, reconhecido, vivido
e ensinado por Jesus: "Amarás o Senhor,
1. Amor para com o teu Deus, de todo o teu coração, de toda a
povo de Deus tua alma, e de todo o teu entendimento. (...)
(Êx 32.11,31-33) Amarás o teu próximo como a ti mesmo"
Só podemos orar uns pelos outros, (Mt 22.37-40; Dt 6.5; Mt 12.30, 31).
o que é dever cristão, se nos amar­
mos como Jesus nos ama (jo 13.34; Se não amamos a Deus com tudo o
17.9,20). Moisés amou profundamente que somos e temos, não podemos amar
a seus irmãos a ponto de suplicar: "Ago­ nosso irmão e nosso próximo para nos
ra, pois, perdoa-lhe o pecado; ou, se não, colocar entre o céu e a terra, com forte
risca-me, peço-te, do livro que escreveste" clamor, lágrimas e devoção por eles.
(Êx 32.32). Se nosso coração estiver apático, vazio
e indiferente, como se concretizará a
O apóstolo Paulo demonstra o mutualidade cristã da intercessão?
m esm o sentim ento para com seus
compatriotas judeus quando diz: “Te­ O amor de Moisés evidencia-se
nho grande tristeza e incessante dor no em três verdades fundamentais sobre
coração; porque eu mesmo desejaria ser Deus.

26
a. AescolhadelsraelporDeus- “o teu Deus quer ouvir dos nossos lá­
povo, que tiraste da terra do Egito com bios co n fissõ es verdadeiras e h u­
grande fortaleza e poderosa mão" mildes como a confissão de Davi no
(Ê x 3 2 .1 1 ; SI 7 8.12, 43, 52; Salmo 51.4: “Pequei contra ti, contra
Dn 9.15). ti somente, e fiz o que é mal perante os
teus olhos”. Quantas vezes damos ao
b. A reputação divina entre os pagãos pecado o nome de fraqueza, erro e ou­
precisava ser preservada - "Por que tros, e não o encaramos como Deus o
hão de dizer os egípcios: Com maus encara!
intentos os tirou, para matá-los nos
montes, e para consumi-los da face Em muitas orações e em muitas
da terra?" (Êx 32.12). igrejas a palavra “pecado” sumiu há
muito tempo, dos pregadores e inter­
C. As prom essas divinas p recisa­ cessores. Na sua intercessão, Moisés
vam ser cumpridas (Êx 32.12; cf ora: "Agora, pois, perdoa-lhe o pecado-,
Gn 22.16-18; 15.5; 26.4; Ê x 3 3 .l). ou, se não, risca-me, peço-te, do livro
que escreveste” (v.32). Nosso Senhor
Quando expressamos nosso amor Jesus intercedeu por Seus discípulos e
a Deus na confiança das Suas promes­ também por Seus algozes (Jo 17.9,20;
sas nos concertos firmados pela Sua Lc 23.34).
Palavra, esse amor torna-se sólido
e frutífero em nossas orações. Ver
João 14.12-14. “Deus fizera promessas III. Intercede com visão
na Aliança Abraâmica que não poderiam (Êx 33.12-23)
ser cumpridas se Israel fosse destruído"
(A Bíblia Anotada, pág. 125). Moisés, como homem de Deus
e líder do povo, desejava ter a nítida
visão da presença e da glória de Jeová.
II. Intercede com verdade Ele não estava satisfeito só com os fatos
(Êx 32.31-32) extraordinários de revelação narrados
em Êxodo 33.7-11, mas queria avançar
A verdade, na exposição de fatos, mais profundamente na intimidade de
é indispensável na nossa intercessão. seu Deus amado. “De repente, ele foi
O fato deve ser exposto sem rodeios e tomado por um anseio que arrancou
sem camuflagem, pois o Deus a quem palavras estranhas dos seus lábios.
oramos é conhecedor de tudo. Moisés Com ousadia cheia de tremor, ele dá
disse: “Ora, o povo cometeu grande pe­ mais um passo para dentro da densa
cado, fazendo para si um deus de ouro” escuridão que envolve o esplendor de
(v.31). Especificou pecado como peca­ Deus. "Rogo-te que me mostres a tua gló­
do e não desculpou o povo como Arão ria ( Ousadia na Oração, John White,
tentou desculpar-se (ver Êx 32.21-25). pág. 57).
Duas verdades, de valor extraordi­ é mais por Israel que ele ora. Ele está
nário, se juntam na oração de Moisés, em envolvido pelo sopro do Espírito e não
Êxodo 33.12-23: a visão que o faz ca­ pode deixar de pedir para ver a glória de
recer da presença e direção do Senhor Deus. Ele deseja a Deus com uma paixão
e a visão que o faz suplicar ou rogar a que precisa se expressar: “Rogo-te que
glória de Deus. me mostres a tua glória". Ver a glória do
Senhor, em Êxodo 40.34-38, e também
1. A carência da a glória de Cristo revelada a Pedro, Tia­
presença e direção go e João (Mt 17.1-8) e testemunhada
(Êx 33.12-17) em João 1.14.
E emocionante observar o diálogo
entre Deus e Moisés, e como este abre as Isaías, o profeta, também viu a
comportas da sua alma no anseio de mais glória do Senhor no templo (is 6.1-8).
comunhão e na manifestação de amor Jesus aplica esta verdade maravilhosa da
para com o povo, “considera que esta nação glória de Deus ao viver prático do cristão
é teu povo” (Êx 33.13). "Se a tua presença (Mt 5.16). Um lugar junto ao Senhor
não vai comigo, não nos faça subir deste nos faz ver, pela fé, a Sua glória e trans­
lugar” (Êx33-15). Todo projeto e sonhos miti-la, pelas boas obras ao mundo, para
das bênçãos na Terra da Promissão são que o Pai seja glorificado (cf. SI 104. T2).
jogados sob a condição da presença do
Senhor. Tudo sem Sua companhia seria
“frustração e caos”. Percebemos o mesmo Conclusão
desejo na oração dos discípulos de Emaús
quando suplicaram: “Fica conosco, porque Deus respondeu à oração do inter­
é tarde, e o dia já declina" (Lc 24.29). Ver cessor Moisés, porque ela está plena de
também Êxodo 34.8-9. amor a Deus e a Seu povo.

aplicação 1. Perdoou o pecado do povo, pou-


pando-lhe a vida

B
Podemos, sinceramente, dizer que nossos
(SI 106.23).
projetos, planos e sonhos; nossos cami­
nhos e nosso futuro seriam nada ou ape­
nas um vazio sem a presença de Jesus?
2. Acompanhou o povo
(Êx 33.14).

3. Manifestou Sua glória a Moisés


2. A súplica pela (Êx 33.19-23).
glória de Deus
(Êx 33.18-23)
Tudo isso nos encoraja a interce­
“Rogo-te que me mostres a tua der mais intensamente!
glória". Como diz John White: “Já não

28
Habacuque expõe
suas dúvidas em
oração
Profa.Ann G. Barnett

te xto básico Habacuque 3.1-19 leia a Bíblia diariam en te

te x to devocional Salmo 142.1-7 seg 2 Rs 23.34-24.5

versículo-chave Habacuque 3.19 te r Hc 1.1-11


qua Hc 1.12-17
"O Senhor Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça,
e me faz andar altaneiramente" qui Hc 2.1-5
sex Hc 3.1-6
alvo da lição
sáb Hc 3.7-15
O aluno entenderá que pode expor suas dúvidas ao Senhor.
dom Hc 3.16-19

Introdução

Habacuque se identifica como vemos!) levar todas as nossas dúvidas


profeta do Senhor (Hc 1.1; 3.1). Sabe­ ao Senhor, em oração.
mos muito pouco a seu respeito, mas
do livro podemos deduzir que prova­
velmente viveu durante o reinado do I. A dúvida da oração
ímpio rei Joaquim, que levou a nação de não respondida
Judá ao caminho da destruição moral e
espiritual (2Rs 23.34-24.5). Habacu­ O profeta Habacuque não con­
que profetizou no período de 605-600 seguia entender o aparente silêncio
a.C., antes de Jerusalém ser invadida de Deus perante a situação terrível
por Nabucodonosor, que levou para o em que Seu povo se encontrava. A
cativeiro na Babilônia muitos judeus incompreensão o levava a gritar "Até
(Hc 1.6). Habacuque foi contemporâ­ quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me
neo do profeta Jeremias. escutarás?” (Hc 1.2).

aplicação
No livro de Habacuque, diferen­
temente dos livros do profeta Jeremias Você se identifica com o profeta? Tem
e de outros profetas, não encontramos feito algum pedido a Deus durante muito
uma pregação ao povo, mas o profeta tempo e parece que Deus não está escu­
em conversa com Deus, expondo suas tando? Parece que Deus está indiferente
dúvidas. Este pequeno livro do AT nos ao seu clamor?
ensina que nós também podemos (e de­
Habacuque estava preocupado com aplicação
a nação a violência e destruição, as con­ Você tem medo de expressar suas dúvidas
tendas, a frouxidão da lei, as injustiças e a e reclamações ao Senhor? 0 salmista disse
justiça distorcida. Parece-me que os dias "Ao Senhor ergo a minha voz e clamo,
atuais não são muito diferentes dos dias com a minha voz suplico ao Senhor. Der­
de Habacuque. Hoje, há tantos homicí­ ramo perante ele a minha queixa, à sua
dios, vítimas de balas perdidas (inclusive presença exponho a minha tribulação"
da polícia), violência no trânsito, brigas (S1142.1-2).
em família, e como a justiça é mal empre­
gada! Há uma justiça para a pobre mãe
que rouba fraldas descartáveis e outra Mas Deus estava ouvindo a oração
justiça para os políticos e ’’colarinhos de Habacuque, sim! E Deus sempre
brancos” que roubam milhões! ouve as nossas orações. Deus res­
pondeu à oração de Habacuque, mas
aplicação entendemos que não da maneira que
Habacuque esperava! Deus disse que
Você se preocupa com a violência e as
estava levantando uma nação muito
injustiças no mundo? Tem orado a Deus
forte e terrível que usaria como ins­
pelos líderes mundiais, pelos governantes,
trumento de castigo contra Seu povo
pelas autoridades? Ou acha que não pode
(Hc 1.5-11). Deus é soberano e pode
fazer diferença? Lembre-se de 1Timóteo
usar qualquer nação para cumprir Seus
2.1,2: "Antes de tudo, pois, exorto que
planos.
se use a p rá tica de súplicas, orações,
intercessões, ações de graças, em favor de
todos os homens, em favor dos reis e de
todos os que se acham investidos de au­
II. A dúvida sobre os
toridade, para que vivamos vida tranquila
métodos de Deus
e mansa, com toda piedade e respeito
A segunda dúvida de Habacuque é
como Deus pode usar uma nação idóla­
Habacuque tinha muitas dúvidas, tra para castigar Seu povo. Habacuque
assim como nós. Perguntamos: Por reconheceu a pureza e santidade de
que Deus permite tanto sofrimento no Deus, mas não entendeu como Deus
mundo? Por que tantos desastres na­ pôde tolerar "os que procedem perfida­
turais? Por que tanta pobreza, pessoas mente" e pôde ficar calado "quando o
passando fome? Por que tanta gente perverso devora aquele que é mais justo
sem emprego? Por que o ímpio vai bem do que ele" (Hc 1.13). Porém, o profeta
e o crente sofre? Habacuque levou suas reconheceu que Deus é eterno e santo
dúvidas ao Senhor e não teve medo de e O chamou “ó Senhor, meu Deus, ó meu
se expor perante Ele. Não tinha medo de Santo" (Hc 1.12) Aquele que, na Sua
gritar e perguntar ao Senhor por que Ele soberania, tem todo o direito de fazer
não estava fazendo nada. o que deseja.

30
Embora Habacuque não tenha po­ a palavra de conforto de Habacuque tem
dido entender os caminhos do Senhor, sido um texto-chave para a fé na Reforma
aceitou a vontade Dele e expressou sua Protestante desde o século XVI” (Bíblia
confiança: "Não morreremos" (Hc 1.12). de Estudo de Genebra).

aplicação III. Dúvida transformada


Você, às vezes, como o profeta, tem dificul­
em louvor

Ü dade em entender os caminhos do Senhor?


(Hc 3.1-19)

Habacuque começou seu livro


questionando a Deus, mas terminou
Lembre-se de Isaías 55.8-9! "Por­ com uma oração de louvor. Ele se
que os meus pensamentos não são os vossos humilhou perante o Senhor, pedindo
pensamentos, nem os vossos caminhos, misericórdia, e começou a adorar o
os meus caminhos, diz o Senhor... são Senhor cujo "resplendor é como a luz,
os meus caminhos mais altos do que os raios brilham da sua mão; e ali está velado
vossos caminhos, e os meus pensamentos, o seu poder" (Hc 3.4). Ele reconheceu
mais altos do que os vossos pensamentos". o poder de Deus e Sua soberania sobre
Confie no Senhor, como Habacuque! as nações (Hc 3.6-7) e sobre a natureza
Habacuque resolveu esperar pela (Hc 3.11,15). Perante Deus, Habacu­
resposta de Deus, colocando-se na que confessou "Ouvi-o, e o meu íntimo
"torre de vigia” (Hc 2.1). se comoveu, à sua voz, tremeram os meus
lábios" (Hc 3.16), mas reconheceu
que Deus ouviu suas dúvidas e coube

m Você se coloca diariamente na sua "torre


de vigia" para orar ao Senhor?
ao profeta esperar calmamente pelo
julgamento dos perversos.

Habacuque, no fim de sua oração,


Deus respondeu, mandando Ha­ disse que mesmo que as colheitas e os
bacuque escrever a visão em tábuas rebanhos fossem escassos, e a sociedade
bem grandes para que todos, mesmo sofresse fome e pobreza, ele continuaria
quem passasse correndo, pudessem ler. confiando no Senhor.
E qual era a mensagem? “Eis o soberbo!
Sua alma não é reta nele; mas o justo Que fé! Habacuque vivenciava
viverá pela sua fé" (Hc 2.4). em todas as circunstâncias aquilo que
ensinava - "o justo viverá pela sua fé".
Um dia, Deus puniria os babilônios,
aplicação
“no tempo determinado”, mas o justo
confiaria no Senhor, com perseverança.
Quando enfrenta situações difíceis, você
“Foi nesta passagem que Paulo encon­
confia no Senhor, como Habacuque?
trou a prova bíblica para a doutrina da
justificação pela fé (Rm 1.17; G13.1l) e
Conclusão nhor Deus é a minha fo r ta le z a "
(Hc3.19).
Este pequeno livro do profeta
Habacuque, que começa com um gri­ Que nós, também, possamos con­
to de desespero ao Senhor porque fiar sempre no Senhor, mesmo quando
parecia que Ele não estava ouvindo as coisas aparentemente não têm solução
a oração, term ina de forma m ara­ e momentaneamente Deus não está
vilhosa. No fim, Habacuque estava atendendo às nossas orações! Que o tes­
alegre e exultando no seu D eus, temunho de Habacuque seja nosso, em
pois confiava que Ele estava no con­ todas as circunstâncias: “eu me alegro no
trole de tudo, e reconheceu: "O Se- Senhor, exulto no Deus da minha salvação"!

32
Salomão, homem
de oração objetiva
Pr. John D. Barnett

te x to básico 2Crônicas 6 e 7 leia a Biblia diariam ente


te x to devocional Tiago 5.12-18 seg 2Cr 6.1-11

versículo-chave 2Crônicas 7.14 ter 2 0 6 .1 2 -1 7


"Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar, e me qua 2 0 6 .1 8 -2 5
buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus,
perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra" qui 2 0 6.26-33
sex 2 0 6.34-42
sáb 2 0 7 .1 -1 0
0 aluno adotará ou aprim orará os princípios de um m inistério de intercessão.
dom 2 0 7 .1 1 -2 2

Introdução

O templo foi construído por Sa­ não é comunicação em uma só direção.


lomão com o propósito de ser o centro Salomão fala com Deus no capítulo 6,
de oração para todo povo de Israel. Lá mas no capítulo 7, é Deus que fala com
havia o propiciatório e o altar de incen­ Salomão. Ao estudarmos esta oração de
so (incenso tanto no AT como no N T intercessão, aprenderemos princípios
era um símbolo para oração), e debaixo que devem governar nosso ministério
das asas dos querubins havia a nuvem de intercessão.
luminosa da shekimh, que representava
a presença do Senhor no meio do Seu
povo. Assim, “Casa de oração” se torna I. A pessoa que ora
uma descrição do templo. Quando Sa­ (2 0 6 . 1- 11)

lomão dedicou o templo ao Senhor, sua


grande petição era que Deus ouvisse As primeiras palavras de Salomão
cada oração feita naquele lugar ou na são dirigidas à grande congregação
direção dele. reunida no templo e revelam muito a
respeito da sua pessoa.
Assim, o templo é o lugar da arca
da aliança, o lugar onde a graça de 1. Ele é Salomão, um pastor
Deus alcança o homem que responde Vejamos a preocupação de Salo­
com fé, e o altar do incenso, lugar de mão com o bem-estar do seu povo. Ele
j f oração, onde há comunicação entre convocou o povo para um verdadeiro
•j Deus e o homem. É bom notar que encontro com Deus, e não somente
1 _
33
bendisse ao Senhor (v.4 - "Bendito seja 4. Ele é Salomão, um
o Senhor; o Deus de Israel”), como aben­ exemplo a ser seguido
çoou seu povo (2Cr 6.3). Deus já havia Salomão é um exemplo de homem
falado com Davi a respeito dos juízes "a que se preocupa com o bem do seu
quem mandei apascentar o meu povo” e, no povo e intercede por ele. Vale a pena
Salmo 78.71, Deus lembrou Davi: "tirou- estudar essa oração, porque foi feita por
-o do cuidado das ovelhas e suas crias, para alguém que, com a sabedoria recebida
ser opastor de Jacó, seu povo, e de Israel, sua do Senhor, sabe o que é uma oração de
herança". Nesta oração vemos o coração intercessão.
pastoral de Salomão. E bom lembrar
que era um cuidado delegado pelo
Sumo Pastor - "O Senhor é meu pastor” II. O Deus que ouve
(SI 23.1). (2 0 6 .1 2 -2 1 )

aplicação Salomão subiu numa tribuna de


bronze, onde podia ser visto e ouvido

U
Aquele que é um verdadeiro líder deve
demonstrar esse coração pastoral nas
por todo povo de Israel. Mas neste
suas orações a favor do seu povo.
capítulo quem é exaltado é o próprio
Deus. E bom notar que, ao aproximar-
-se de Deus, Salomão "ajoelhou-se em
2. Ele é Salomão, um intercessor presença de toda a congregação de Israel"
Enquanto chamamos a esta “ora­ (2Cr 6.13) e exaltou o Senhor, o Deus
ção de dedicação do templo”, temos de Israel, destacando vários atributos
primariamente uma oração de inter­ divinos.
cessão. Vemos isso no versículo 3, onde
Salomão abençoou o povo, pedindo 1. Deus cumpre
que o poder de Deus entrasse em ação o que promete
na vida deles. A maior parte da oração (2 0 6 .1 4 -1 5 )

demonstra isso. A oração de Salom ão começa


reconhecendo a Pessoa de Deus. “é
3. Ele é Salomão, um teólogo necessário que aquele que se aproxima de
Não estamos falando no sentido Deus creia que ele existe e que se torna ga-
acadêmico, mas qualquer crente deve lardoador dos que o buscam" (Hb 11.6).
ser um teólogo - precisa saber algo Fé Nele e naquilo que faz, embora ele­
sobre Deus e Suas ações. Salom ão mentar e simples, deve preceder nossos
entendeu que Ele é o Deus que fala a pedidos. E aqui que começa a oração.
Seu povo (2Cr 6.4), o Deus Redentor
("eu tirei o meu povo da terra do Egito" 2. Deus é santo
2Cr 6.5), o Deus que cumpre Suas (2 0 6 .1 6 -1 7 )

promessas (2Cr 6.10) e o Deus que fez Aprom essaaDavi: "Não tefaltará
uma aliança com Seu povo. sucessor diante de mim” é seguida pela

34
condição "contanto que teusfilhos guar­ mento aqui é um pouco esquisito, em
dem o seu caminho, para andarem na lei que não é somente uma oração a ser
diante de mim". Pelo fato que Salomão respondida, mas uma oração para que
aceita essa condição, buscando andar uma outra oração (a do povo) seja
(desde o início!) como seu pai, Davi, respondida!
na lei de Deus, ele reconhece que o
Deus que promete a bênção é o Deus É bom notar que aqui não são
que requer santidade dos Seus servos, petições (oração por si mesmo), mas
porque Ele é santo na Sua p essoa intercessões (oração em favor de ou­
(Lv 19.2). tros). Vemos as petições de Salomão
em 2Crônicas 1, em favor das suas
3. Deus é transcendente próprias necessidades. Aqui sua grande
(2 0 6 .1 8 ) preocupação é com as necessidades do
"Eis que os céus, e até o céu dos céus, seu povo. Suas intercessões cobrem
não te podem conter, quanto menos esta uma grande variedade de situações, e
casa que eu edifiquei". Seria loucura ima­ vão além de Israel para o “estrangeiro”
ginar que o templo podia conter Deus que busca o Senhor (2Cr 6.32).
na Sua glória. Não podemos dimensio­
nar a pessoa de Deus, porém, por maior 1. Pela família real
que seja o motivo de nossa intercessão, (2Cr 6.14-17).
maior ainda será o que esperamos Dele.
2. Pelo templo, para que seja verda­
4. Deus é condescendente deiramente a Casa de Deus
(2Cr 6.19-21) (2Cr 6.18-21).
Mas o Deus que é tão alto, acima
das nossas expectativas, é o Deus que 3. Pelo povo que tem pecado e lhe foi
desce até nós, e cujos olhos estão exigido que jurasse (2Cr 6.22-23).
"abertos dia e noite sobre este lugar... para
ouvires a oração". Aleluia! Que Deus 4. Pelo povo na sua tribulação por­
maravilhoso! que tem pecado contra o Senhor,
para que Deus Se com padeça
III. 0 modelo de dele, quando o inimigo o vencer
oração intercessória (2Cr 6.24-25).
(2Cr 6.22-42)
5. Pela chuva, para que Deus ouça as
Aqui está um modelo de oração súplicas do Seu povo em tempos
intercessória. É interessante notar a de seca (2Cr 6.26-27).
frase comum em todas as nove peti­
ções contidas nessa oração. “Se isso ou 6. Pela situação do povo em tempos
aquilo acontecer, e seu povo orar, então, de fome e pragas de várias espécies
ouve dos céus, e perdoa...1'. O pensa­ (2Cr 6.28-31).

35
7. Pelos estrangeiros que abraçaram do Senhor sobre a casa, se encurvaram
a fé verdadeira, para que Deus os com o rosto em terra sobre o pavimento, e
proteja e abençoe (2Cr 6.32-33). adoraram, e louvaram o Senhor, porque é
bom, porque a sua misericórdia dura para
8. Pelo povo em tempos de guerra, para sempre” (2Cr7.3).
que Deus o auxilie (2Cr 6.34-35).
aplicação

9. Pelo povo no exílio e no cativeiro, Quando Deus responde as nossas orações,


para que reconheça o seu pecado e será que demonstramos a mesma reação
volte para o Senhor (2Cr 6.36-39). de adoração e louvor?

E bom notar a grande variedade


de necessidades mencionadas nessa 2. 0 Senhor apareceu
oração de intercessão. a Salomão
(2Cr7.12)

Deus respondeu a Salomão em


IV. A vindicação da oração quase a mesma maneira que começou
(2 0 7 .1 -2 2 ) e terminou sua oração, que "estejam
os teus olhos abertos, e os teus ouvidos
A cerimônia não foi um exercício atentos à oração que sefizer deste lugar"
sem sentido. O povo havia orado... e es­ (2C r6.20,40).
tava esperando uma resposta. Sua fé foi
vindicada? Sim! Deus estava presente,
ouvira e respondeu duas vezes, primei­ Conclusão
ro, imediatamente, e, depois, mais tarde.
E agradável pensar que a oração
1. Desceu fogo do céu de Salomão foi respondida, e que nós
( 2 0 7.1-3) podemos esperar respostas semelhan­
"Desceu fogo do céu e consumiu o tes às nossas intercessões. Mas, antes
holocausto e os sacrifícios; e a glória do de chegar a essa conclusão, precisa­
Senhor encheu a casa”. Deus respondeu mos lembrar a ordem de eventos. Em
por meio do fogo algo espetacular que 2Crônicas 1.7-13, Deus deu a Salomão
já havia acontecido na história do povo, o que este pediu -."sabedoria e conheci­
quando Moisés, primeiramente, ergueu mento". E bom observar que Salomão
o altar no deserto (Lv 9.24), quando pediu o que Deus quis que pedisse. Sua
Davi ergueu um altar nesse mesmo lu­ oração de intercessão foi respondida
gar (1 Cr 21.26), e aconteceria de novo, porque recebeu sabedoria e conheci­
numa época de decisão crucial para mento de Deus. Salomão ilustra a pes­
Israel, no altar de Elias, no Monte Car- soa que “sabe qual é a mente do Espírito,
melo (lR s 18.38). Areação do povo foi porque segundo a vontade de Deus é que
imediata “Vendo descer ofogo e a glória ele intercede pelos santos" (Rm 8.27).

36
Elias e a
oração da fé
Pr. Enoque Vieira de Santana

te x to básico 1 Reis 17.1; 18.1,42; Tiago 5.17-18 leia a Biblia diariam ente
texto devocional Salmo 116.1-19 seg M t 6.5-8

versículo-chave Tiago 5.17 ter M t 6.9-15


"Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, qua Rm 8.26-28
com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis
meses, não choveu" qui 1Rs 17.1-7
sex 1Rs 18.36-45

O aluno aprenderá a orar confiantem ente, na certeza de que Deus responde, sáb SI 28.1-9
segundo a Sua vontade. dom 514.1-8

Introdução

Vamos iniciar esta lição fazendo rogância e prepotência. A velha ideia


uma pergunta, cuja resposta nos ajudará de que o homem é autossuficiente,
a compreendê-la melhor: o que é uma referencial único e centro de tudo, tem
oração eficaz? O dicionário mostra o levado muitos chamados crentes ao
que significa a palavra “eficaz” - aquilo culto do ego ou à adoração do homem
que produz o efeito desejado; aquilo que pelo homem; a exercerem a fé dos ou­
funciona infalivelmente. O problema tros e não a deles próprios. Pedro, Paulo
que temos agora vem por outra questão: e Barnabé reagiram a essa prática idó­
uma oração eficaz é, então, aquela que latra, repreendendo-a com indignação
produz a resposta que nós desejamos? (At 10.26; 14.11-15).

Se observarmos o meio evangé­ 1. Elias era homem como


lico, encontraremos vários tipos de todos os humanos
pessoas que oram. “Elias era semelhante a nós". Essa
declaração nos ensina que ele não era
um “deus em forma de homem baixado
I. Pela convicção de até nós”, ou super-herói ou ainda um
que somos humanos super-dotado de divindade ou espi­
(T g 5.17) ritualidade perfeita, mas um homem
como nós; participou da humanidade
Nestes tempos modernos, o hu­ em comum com todos, embora tivesse
manismo tem se levantado com ar­ um ministério especial. O único Deus

37
que desceu dos céus em forma humana
foi Jesus Cristo, nosso Salvador (G14.4;
haverá nestes anos, segundo a m inha
Jo 1.14; c/. Is 9.1-7).
p a la v ra " (1 Rs 17.1), em vez de dizer
"segundo a palavra do Senhor"?
2. Elias estava sujeito
aos mesmos sentimentos
dos humanos
Os sinais da sua hum anidade b. Solidão - “Basta, toma agora, ó
ficaram evidentes nos sentimentos ex­ Senhor, a minha alma, pois não
pressados; a incompreensão do povo, a sou melhor do que meus p a is”
perseguição cruel de Acabe e a dor do ( lR s 19.4). Deus não atendeu
isolamento causaram nele sentimentos essa oração, pois Elias pediu nela
comuns a toda a raça humana. sua morte, mas o arrebatou tem­
pos depois (2R s 2.1-14). No en­
a. O tem or ou m edo - "Temendo, tanto, seu clamor demonstra um
pois, Elias levantou-se e, para salvar estado profundo de solidão. Jesus
sua vida, se foi e chegou a Berseba" também sofreu solidão no Get-
(lR s 19.3). B difícil imaginar que sêmani (Lc 22.44). O salmista e
Elias, o ousado profeta que desa­ Paulo demonstraram esse senti­
fiou Acabe ejezabel, que desafiou mento (SI 102.1-7; 2Tm 4.16).
os profetas e o culto à Baal, que A solidão deprime e corta a alma
orou para que não chovesse e para humana.
que chovesse, e assim aconteceu,
tenha se tornado tão fraco e tão í. Injustiça - “e procuram tirar-me
vulnerável a ponto de ter medo. a vida". O profeta Elias queixa-
Todos sabem os que o m edo é -se ao Senhor pela injustiça que
um sentimento de fraqueza, mas estava sofrendo. Esse sentimento
quando esse medo é levado em o fazia ser vítima aos seus pró­
oração Aquele que tudo pode, a prios olhos; vítima de tudo e de
fraqueza se transforma em força. todos, inclusive com tendências
de acusação ao próprio Deus.
Paulo tam bém enfrentou te ­ Quantas vezes as injustiças nos
m ores e fraquezas (R m 7.15-24; fazem reclamar e acusar o próprio
2Co 12; 10). Obrado de vitória está em Deus!
Romanos 7.25: “Graças a Deus por Jesus
Cristo, nosso Senhor". d. Ira - Elias ficou irado pelo zelo
que devotava ao Senhor, ao cul­
aplicação to monoteísta e ao seu próprio
Será que houve arrogância em Elias
povo. V ingou-se da idolatria,
quando disse: "Nem orvalho nem chuva
m atando os profetas de Baal
(lR s 18.40).

38
II. Pela persistência ram ao poder de Jeová, e Israel os
(Tg 5.17-18) atravessou como em terra seca
(Êx 14.13-31; Js 3.14-17).
"e orou, com insistência, para que
não chovesse (...) E orou, de novo" Não b. Em Gibeom, o sole a lua se detive­
sabemos, ao certo, quantas vezes Elias ram e pararam até que os hebreus
orou para que acontecesse seca ou vencessem e desbaratassem os
chuva; contudo, temos a certeza de que inimigos amorreus (js 10.12-14).
suas orações eram um bater contínuo
nas janelas dos céus para que Deus C. No tempo de Jesus, o mar e os
fizesse valer a Sua palavra diante do ventos obedeceram à Sua voz
estado de desprezo e rebelião de Israel (Mt 8.23-27).
(Dt 32.15-25; 2Cr 7.14-15).
3. A persistência na oração
Sua atitude era semelhante à atitu­ ensinada por Jesus e pelos
de da mulher da parábola dita por Jesus apóstolos
sobre o dever de orar sempre e nunca
esmorecer (Lc 18.1-8; lR s 18.41-46). a. Jesus nos estimula a que oremos
com persistência (M t 7.7-11;
1. A persistência na oração Lc 11.9-13).
move o coração de Deus
“Não fa rá Deus justiça aos seus b. A igreja apostólica orava com per­
escolhidos, que a ele clamam dia e noite, severança (At 1.14).
embora pareça demorado em defendê-
-los?” (Lc 18.7). C. Os apóstolos ensinavamumaoração
persistente (E f6.18; 1Ts 5.17,25;
2. A persistência na oração IPe 3.7; 4.7).
move os céus e a terra
“Orou, com insistência, para que não Conclusão
chovesse sobre a terra, e, por três anos e
seis meses não choveu. E orou, de novo, Elias orou com insistência e foi
e o céu deu chuva, e a terra fez germinar atendido. Sua oração satisfazia as as­
seus frutos". pirações divinas para a época, e nisso
consistia também sua eficácia.
O Deus vivo a quem oramos tem o
universo todo sob Suas ordens; Ele tem A oração que produz o efeito de­
domínio sobre tudo e ao Senhor obede­ sejado é feita por homens e mulheres
cem sem restrições sol, lua, mares e rios. sujeitos à fraquezas e sentimentos; a fé
ousada os faz derramar a alma, como
a. No tempo de Moisés ejosué, o Mar um jorrar puro e cristalino, nos manan­
Vermelho e o Riojordão se rende­ ciais do poder de Deus.

39
Neemias,
jejum e oração
Profa. Betty Bacon

Neemias 1.1-11 leia a Bíblia diariamente


te xto devocional D euteronôm io30.1-10 seg Dn 9.1-19

versículo-chave Neemias 8.12 te r Ed 3.1-6


"Então, todo o povo se foi a comer, a beber, a enviar porções e a regozijar- qua Ed 8.15-23
se grandemente, porque tinham entendido as palavras que lhes foram
explicadas" qui Ed 9.1-15
sex Ne 1.1-11

0 aluno entenderá que a oração franca e fervorosa é a chave da restau­ sáb Ne 2.1-10
ração, seja na vida pessoal ou na igreja. dom Lv 26.40-45

Introdução

A situação de N eem ias exibe I. A volta do cativeiro


muitas semelhanças com a situação na Babilônia
da igreja de hoje: o povo de Deus vivia
sob o governo de nação pagã; a obra A ida para o cativeiro se deu em três
de Deus precisava de restauração por etapas.
causa do pecado do povo de Deus.
Tal restauração era difícil em virtude 1. Em 609 a.C., o rei da Babilônia
da hostilidade dos povos vizinhos levou reféns de Jerusalém, entre os
e da presen ça de elem en tos co r­ quais Daniel.
ruptos no m eio do povo. Existem,
porém , outros paralelos mais con­ 2. Em 597, levou a liderança cívica,
soladores: o nosso Deus não muda. militar e religiosa, que incluía o
"O Senhor é misericordioso e com­ profeta Ezequiel.
passivo; longânimo e assaz benigno.
N ã o repreende p e rp e tu a m e n te , 3. Em 586, a cidade foi devastada e o
nem conserva p a r a sempre a sua templo destruído, com Jeremias a
ira. N ão nos trata segundo os nos­ presenciar tudo.
sos pecados nem nos retribui con­
so a n te a s n o ssa s in iq u id a d e s ” Passaram -se setenta anos, e o
(SI 103.8-10). Ele é fiel à Sua aliança império da Babilônia caiu diante dos
conosco, como o foi com Israel antigo persas. O imperador Ciro decretou a
( Js 21.45; 2C o 1.19-20). restauração do templo em Jerusalém.

40
Em 537 a.C., voltaram Zorobabel 4. Neemias
e Josué, o sumo sacerdote, para Homem de ação, lutava na oração,
reedificar o templo. antes de agir. A Bíblia menciona três
pessoas com este nome. "Neem ias”
Em 458 a.C., veio Esdras, a ensinar quer dizer “O Senhor consolou”. Vamos
a lei de Deus. considerar aquele que viveu no exílio no
quinto século a.C., cujo livro leva o seu
Em 445 a.C., Neemias chegou nome. Era ele copeiro do rei, cargo de
em Jerusalém como governador confiança absoluta naqueles dias e na­
apontado pelo imperador persa. quela cultura. Evidentemente, gozava da
Reconstruiu os muros da cidade alta estima do monarca. Foi duas vezes a
e fez reformas radicais na cidade. Jerusalém, investido de autoridade como
Todo esse processo aconteceu sob governador, com escolta da cavalaria
a oração intensa de grandes líderes real. Tudo fazia para aliviar e melhorar a
espirituais. situação dos que voltaram do cativeiro.
Além de não cobrar do povo o sustento
1. Daniel que normalmente deveria receber como
a. O rava quan d o p rec isav a de governador, até ajudava no sustento de
ilu m in ação e en ten d im en to muitos. Na restauração dos muros, tra­
(Dn 2.17-18). balhou junto com os demais e organizou
a defesa deles. Sua atuação foi sempre
b. Orava reservando horas especiais vigorosa. Teve que enfrentar oposição
todos os dias (Dn 6. 10). política e espiritual.

C. Orava atento às promessas e proj e-


tos de Deus revelados na Escritura II. A oração de Neemias
(Dn 9.1-3).
A reação de Neemias às tristes no­
d. Oravajejuando,emsinaldasuato- tícias da situação em Jerusalém foi orar
tal dependência da graça de Deus (Ne 1.2-4). Observe que ele não tomou
(Dn 9.3; 10.3). nenhuma providência precipitada, nem
desenvolveu estratégia de ação, antes
2. Jeremias de passar uns quatro meses em oração
A vida de Jeremias era um diálogo constante. Parece que a oração regis­
contínuo com o seu Senhor ( jr 12, trada no primeiro capítulo foi a última
etc.). de uma longa série de súplicas (ver
Ne 1.1. e 2.1).
3. Esdras
Orou com tanto fervor que provo­ Tanto o jejum de Neemias como
cou arrependimento e restauração entre o de Daniel expressavam sincera humi­
seus patrícios (Ed 9.15-10.2). lhação diante do Senhor, e admissão

41
que sem a misericórdia de Deus não Encontramos, nas atitudes de Ne­
podia haver perdão e restauração. Jejuar emias, outras indicações a respeito de
também demonstra o autocontrole que oração, assim como em outras porções,
aparecia em outros aspectos do minis­ com indicado a seguir.
tério de Neemias (Ne 1.4).
1. Era a prática da vida cristã diária
O jejum, no antigo Oriente Médio, (Ef6.18).
geralmente era acompanhado do vestir
de saco e assentar-se no chão. Era uma 2. Focalizou a atenção no caráter do
demonstração de humildade máxima Deus (Ne 1.5; Hb 11.6).
diante de Deus e uma confissão da
dependência total da graça Dele. Os 3. Identificou-se com o povo pecador
ninivitas jejuaram , obrigaram seus (Ne 1.6-7; cf.Dn 9.5-8).
animais a fazer o mesmo, para provar
que o arrependimento era sincero. Os 4. Baseou seu pedido na aliança de
judeus usavam a prática também para Deus, e no caráter do Deus da aliança
clamar pela misericórdia e perdão de (Ne 1.5, 8-9; ler com cuidado
Deus (J1 1.13-14; Et 4.16). Podia ser Lv 26.40-42; Dt 30.1-4).
abstinência total de comida e água, ou
apenas parcial. Presume-se que Daniel, 5. Relembrou que ele e seu povo
já bem idoso, não suportaria jejum total. eram os red im id os de D eus
Por isso, “Manjar desejável não comi, nem (Ne 1.10).
carne nem vinho entraram na minha boca,
nem me untei com óleo algum, até que pas­ 6. Pediu, de modo específico, somen­
saram as três semanas inteiras' (Dn 10.3). te no final, que fosse ouvido pelo rei
( N e l .l l ) .O favor do rei em nada
No dia da expiação, era ordem ajudaria, sem a autorização e apoio
divina “humilhar-se" ou “abaixar-se” do Rei dos reis!
em arrependimento diante do Senhor
(Lv23.27 e 29). Adverte-se fortemente III. Os frutos desta oração
contra os abusos da prática. As expres­
sões materiais, externas, sem as atitudes D eus concedeu a N eem ias o
corretas, atraíram a condenação de Jesus privilégio de participar ativamente na
e dos profetas. O jejum nunca podia ser resposta à sua oração. O Senhor orde­
uma maneira de tentar manipular Deus nou aos discípulos: “A seara, na verdade,
ou os homens (is 58.3-7; Lc 18.12). égrande, mas os trabalhadores são poucos.
Rogai,pois, ao senhor da seara que mande
No N ovo T estam en to, o je ­ trabalhadores para a sua seara". Logo
jum é prática voluntária, mas aceita após esse incentivo à oração, os mesmos
(Mt 6.17-18; At 13.2; 14.23). Era ex­ discípulos foram enviados para pregar o
pressão de autodisciplina. evangelho (Mt9.37-10.1 cf.Lc 10.1-3).

42
O ministério de Neemias possibi­ uma pessoa como sua oração. Observe
litou e complementou o ministério de as preces do fariseu e do publicano
outros, porque foi iniciado e desenvol­ (Lc 18.9-14); ou o clamor do rei peca­
vido sob a orientação do Senhor: dor no Salmo 51.

1. Haja vista todos que cooperaram Neemias derramava a sua alma


na construção do muro (Ne 3); diante de Deus; compartilhava a com­
paixão do próprio Senhor pela cidade
2. E a renovação das ofertas que amada; assumia as responsabilidades
permitiam aos sacerdotes e levitas diante daquilo que havia pedido.
cumprirem seus deveres.
A intercessão e o exemplo dele for­
Esdras, que ministrava a Palavra, taleceram o espírito dos que voltavam
trabalhou junto a Neemias, que efe­ a Jerusalém, incentivando cada um a
tuou reformas sociais (Ne 8.2,9). O retomar seu lugar nos projetos de Deus.
serviço de um completava o do outro.
Louvores subiam ao "Deus dos céus" Longe de desejar benefícios ma­
como resultado das orações de Neemias teriais, até aqueles a que teria direito,
(Ne 12.31-43; 2Co 9.11-13). como os proventos devidos ao gover­
nador, Neemias contribuía com os pró­
O exemplo de Neemias inspirou prios bens à manutenção dos outros.
outros a orar, confessar e buscar a res­ Usou a sua posição profissional para a
tauração da vida com Deus. Pela leitura glória de Deus, tornando-se testemu­
da Palavra, podemos ver os temas de nha diante das maiores autoridades
Neemias refletidos na oração da lide­ do império. Totalmente honesto para
rança dos judeus (cf. Ne 1.5 com 9.32; com Deus e para com os homens, foi
e 1.7 com 9.16). muito usado pelo Senhor a favor dos
homens.
Conclusão
aplicação

Na oração, percebem-se o caráter


Como um homem ora, assim ele é.
e as qualidades da pessoa. Não há algo
tão revelador a respeito do coração de

43
íf f%
10
Jeremias e seus
diálogos com Deus
Profa. Betty Bacon

Jeremias 11.18-23; 12.1-4; 15.15-21; leia a Bíblia diariam ente


te x to básico
17.14-18; 18.18-23; 20.7-18; 33.1-3 seg Jr 1.1-19
te x to devocional Jeremias 17.5-10 te r Jr 11.1-17
versículo-chave Salm o 44.22 qua Jr 25.1-14
"Mas, por amor de ti, somos entregues à morte continuamente, somos consi- qui Jr 24.1-10
derados como ovelhas para o matadouro"
sex Jr 23.1-8
sáb Jr 31.31-34
O alun o entenderá co m o o diálogo fra n co e sincero com Deus ajuda a vencer,
m esm o na perseguição. dom Jr 33.1-10

Introdução

Jeremias nasceu em cerca de 640 tória vemos que todo o povo de Israel
a.G, na cidade sacerdotal de Anatote a violava. O rei Josias renovou a aliança
no território de Benjamim, a uns 5 e conclamou o povo a fazer o mesmo
km ao nordeste de Jerusalém . Em ­ (2Cr 34.31-33). O povo, porém, só
bora sendo de linhagem sacerdotal, prometeu da boca para fora, o que fi­
nunca exerceu o sacerdócio. Cresceu cou cada vez mais evidente nos reinos
no reinado do piedoso Josias, e teria seguintes. Por isso, as palavras de mais
presenciado a grande reforma desse rei, destaque em Jerem ias são ‘mentira,
cujo lamento fúnebre também escreveu ‘traição’, ‘infiel’ e seus sinônimos.
(2 C r3 4 e 3 5 ).
A dupla tarefa do profeta era "ar­
Jeremias e a aliança. O pano de rancar, despedaçar, arruinar e destruir”,
fundo da vida do profeta, de todo o e depois "edificar e plantar" (jr 1.10).
seu livro, e da Bíblia inteira, é a aliança Da primeira etapa, faziam parte as for­
entre Deus e Seu povo (Êx 24; Lv 26; tes denúncias das muitas violações da
Dt 29; Hb 13.20). Era refletida no re­ aliança, que Israel nunca guardou nem
lacionamento entre marido e mulher poderia guardar. Na segunda, figuravam
(Os 2.2; Jr 2.2; Ez 16.32); e, no Novo as prom essas maravilhosas da nova
Testamento, entre Cristo e Sua igreja aliança, ratificada pelo sangue de Cristo,
(E f 5.22-33). Era garantida pela fide­ escrita no íntimo, e cuja obediência se
lidade do Senhor (Dt 7.9), e exigia a tornava possível pelo Espírito de Deus
obediência do povo. Por meio da his­ a habitar no coração de quem crê.

44
Hoje estudaremos a experiência as minhas palavras"-, "eu estou com voa1
de Jeremias em oração. e o protegerei" (jr 1.8,9,10,19).

A vida toda de Jeremias foi um diá­ II. Oração ao enfrentar


logo constante com Deus. Para melhor a morte
avaliar sua vida de oração, portanto, (Jr 11.18-23; 18.18-23)
convém apreciar não só as orações, mas
também as respostas que recebeu. Nes­ Jurado de morte por servir ao
sas, o Senhor não só consolava, desafiava. Senhor, como você oraria?
Deus não Se satisfazia em apenas garantir
a proteção. Corrigia e moldava o Seu 1. Jeremias expôs com clareza
servo para torná-lo instrumento mais útil como se sentia
na obra, como o oleiro remodela o barro. “Eu era como um cordeiro manso
levado ao matadouro" (Jr 11.19, cf
Is 53.7; At 8.32; Rm 8.36).
I. A primeira conversa
(Jr 1) 2. Pedia justiça, além de
proteção
A primeira conversa entre os dois Afinal, quem estava sendo rejeita­
ocorreu na ocasião da chamada de do era o próprio Senhor (cf. Jr 11.21).
Jeremias.
3. Earesposta:"Euos
1. Como Jeremias descreve castigarei"
suas próprias limitações (Jr 11.22)

"Eu não sei falar, pois ainda sou


muito jovem" ( jr 1.6). Moisés alegou
impedimento na fala como descul­ III. Oração quando há dúvida
pa para não ser mensageiro de Deus (Jr 15.15-21)
(Êx 4.10); Isaías confessou a necessi­
dade de purificação de seu modo de Encontramos Jeremias orando na
expressão para poder profetizar (is 6.5). hora da dúvida, do fraquejar espiritual.
Jeremias apenas mencionou sua falta
de experiência e o Senhor, lendo nas 1. Perseguição e angústia
entrelinhas, notou a timidez do jovem. Queixava-se de que, apesar de sua
Realmente, podíamos considerá-lo o fidelidade e aceitação total da palavra de
Timóteo do Antigo Testamento. Deus, a perseguição e a angústia conti­
nuavam. Nenhum alívio! (Jr 15.15-18).
2. A resposta do Senhor,
que corrige a oração 2. Dependência de Deus
"Não diga que é muito jovem", “não Em todas as suas lutas, Jeremias
tenha medo deles“', "ponho em sua boca dependia dos recursos espirituais de

45
seu Deus. Era ele "como árvore plantada O questionamento de Jeremias
à beira de águas correntes" “e que estende não era novidade. Jó havia notado
as suas raízes para o ribeiro" (SI 1.3 e a aparente im punidade dos maus
Jr 17.8). Chegou uma hora, porém, em (até a terra da sepultura fica macia
que parece que duvidava desse recurso. para eles! Jó 21.33). O salmista teve
"Por que te tornaste para mim como um problem as espirituais pela mesma
riacho seco, cujos mananciais falham?" causa até entrar no santuário de Deus
(Jr 15.18). (SI 73.1-17).

3. A resposta 2. Jeremias expôs sua dúvida


Se ele foi franco para com Deus, "Tu és justo, Senhor, quando apre­
Este usou de franqueza até maior para sento uma causa diante de ti. Contudo,
com ele. Ao avaliar a oração, Deus ao eu gostaria de discutir contigo sobre a tua
mesmo tempo avalia a situação espi­ justiça. Por que o caminho dos ímpios
ritual de quem está orando. Diz em prospera ?Por que todos os traidores vivem
efeito: "Corrija-se!Lembre-se das minhas sem problemas?" (jr 12.1). E o cúmulo
promessas e do serviço que me deves". "Se de coragem e franqueza, mas a necessi­
você se arrepender, eu o restaurarei para dade que arrancou tal questionamento
que possa me servir; se você disserpalavras era também grande. Ele precisava ter
de valor, e não indignas, será o meuporta- certeza da justiça de seu Deus.
-voz" (Jr 15.19 - N vi).À luz disso, leia
Hebreus 12.5-11. 3. Notemos a condescendência
de Deus, que permite
aplicação tamanha franqueza da
criatura!

Í
Ao pedirmos proteção, ou capacitação,
E o mesmo que conclamou o Seu
ou até alívio do sofrer, estamos atentos
povo ao arrependimento, dizendo: “Ve­
o bastante para mudar em nós aquilo
que o Espírito de Deus nos mostra como nham, vamos refletir juntos" (is 1.10); e
necessitando de mudança? que ouviu paciente as queixas de Marta
e Maria (Jo 11.21,32).

4. A resposta total veio


a longo prazo
IV. Mais uma oração Mas Jeremias já sabia que o castigo
de dúvida dos maus era inevitável.

O Deus a quem sirvo é o Deus a. A curto prazo Deus responde a Seu


justo em quem sempre tenho crido? servo. Usa o mesmo tom desafiante:
se você acha este momento difícil,
1. Abraão já perguntara: vem dificuldade maior pela frente!
“Não agirá comjustiça o Juiz de toda Ler Jeremias 12.5-6.
a terra?" (Gn 18.25).
46
b. Compartilha com Seu profeta a específicos? (Lc 10.2; Mt 5.44; 6.9-13;
Sua própria dor (jr 12.7-17). E f 6.18), e não nos esqueçamos do
aviso do Senhor Jesus (Jo 16.23-24).
Deus nunca rejeita uma dúvida
honesta. Jó, Habacuque e Jerem ias 1. Vem a resposta, todo o desígnio
expuseram suas dúvidas a Deus, que de Deus para a restauração de
lhes respondeu com revelações muito Seu povo, e de nossa salvação
além do que podiam pedir ou pensar. ( J r 33.15-16; cf. Jr 31.31-34;
Na presença de Deus, a dúvida pode Hb 10.16-18).
ser um degrau para uma fé maior e mais
forte. 2. A s m aravilhas futuras que o
Senhor revelou a Jerem ias são
as mesmas que revelara a Daniel
V. "Clam e a mim!" (Dn 9.20-27). A Paulo também
(Jr 33.1-3) foi m ostrado a restauração de
Israel, e as suas consequências
Até agora, parece que quem fa­ (R m 9 a 11; esp ecialm en te
zia a agenda de oração era o profeta. Rm 11.11-12).
A gora, porém , com o exército da
Babilônia acampado ao redor de Je ­
rusalém, e Jerem ias preso no pátio Conclusão
da guarda, vem de Deus a ordem
de orar e a prom essa de resp osta Como aplicar as experiências de
maravilhosa. Jeremias na oração à nossa própria vida
de oração? A oração é um trânsito de
Vamos relem brar outros m o ­ mão dupla, e a resposta pode ser um
mentos em que Deus definiu pedidos desafio para nos remodelar e restaurar.

47
11
Daniel ora conforme
a palavra de Deus
Pr. Silas Arbolato da Cunha

te x to básico Daniel 9.1-19 leia a Bíblia diariam en te I


te x to devocional Romanos 12.9-21 seg Lc 18.9-14

versículo-chave Daniel 9.2 ter S1103.1-22

"Ato primeiro ano de seu reinado, eu, Daniel, entendi, pelos livros, qua Hb 10.19-23
que o número de anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, qui Dt 28.1-14
que haviam de durar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos"
sex D t 28.15-1 9,36,41,64-68
sáb Ed 9.1-15
O aluno fund am entará suas orações no caráter e nas promessas de
Deus reveladas nas Escrituras. dom Is 59.1-21

Introdução

Algumas vezes os sentimentos nos mas atraído e convencido pela Palavra


ajudam a substanciar as verdades da escrita. Sua oração foi baseada não nas
palavra de Deus, não podemos negar. O circunstâncias, nos sentimentos e na ex­
grande problema é que os sentimentos, periência que circundavam seu coração
de maneira geral, são controlados pelas e tornavam aparentemente impossível
circunstâncias da nossa vida e as circuns­ um retorno do seu povo à pátria. Antes,
tâncias geralmente não são controladas sua oração foi baseada no caráter e nos
por nós. Isso significa que, quando basea­ atos de Deus revelados nas Escrituras.
mos a nossa fé, nossas orações ou nossas
aplicação
atitudes como cristãos nos sentimentos,
corremos o sério risco de estar nos fir­ Como deve ser nossa oração quando, cons­
mando num banco de areia movediça. tantemente, nossos sentimentos e as cir­
cunstâncias conflitam com as Escrituras?
Precisamos aprender a alicerçar
nossas orações e decisões em fatos,
em promessas, em mandamentos do
Senhor, e não nos nossos sentimentos. I. Oração centrada no
caráter de Deus
Daniel, que havia recebido de Deus (Dn 9.4)
a capacidade sobrenatural de interpretar
os sonhos, foi, então, impelido a orar, Daniel iniciou sua oração reconhe­
não por uma revelação mística de Deus, cendo que a majestade de Deus enchia

48
o universo e que Seu povo deveria dos setenta anos era apenas uma parte
ter aprendido a temê-Lo, respeitá-Lo, de um todo. Daniel havia examinado
reverenciá-Lo. todo o conjunto das Escrituras, a co­
meçar pelas alianças, passando pelo
Eugene Peterson nos diz que “a agir de Deus abençoando, quando o
oração nunca é a primeira palavra, é povo obedecia, e castigando-o, quando
sempre a segunda. A oração é réplica, desobedecia (Dt 7.9-11). Daniel exa­
não o primeiro discurso”. Deus requer minara as repetidas advertências dos
que reconheçam os o Seu dom ínio profetas, particularmente de Jeremias
universal (is 57.15). A oração deve ser (jr 25.11,12; 29.10) e descobrira ali
centrada em Deus, tendo em mente que Deus estava sendo fiel ao que disse
quem Ele é e quem nós somos. que faria se o seu povo persistisse no
pecado.
Nossas orações precisam encon­
trar sustentação no solo da palavra de Conhecer as preciosas promessas
Deus. Não há como existirmos antes de Deus reveladas em Sua Palavra lança
que Deus fale. Quando oramos, preci­ fora a incerteza e começa a dar forma a
samos estar atentos a Deus, não a nós toda realidade que nos rodeia.
mesmos. A oração que olha para cima
vê que Deus está no controle. O Senhor é fiel em todas as Suas
palavras (SI 145.13). Ele não pode ser
Por mais estranho que nos pareça, infiel, pois Nele não há os desejos, as
o grande segredo para orar corretamente fraquezas, os temores, a influência
é saber ouvir, e não, saber falar. Assim externa que há em nós.
como uma criança aprende a falar por
ouvir o seu pai falar, nós aprendemos a Portanto, nossas orações devem
orar, quando aprendemos a ouvir o falar ser baseadas nas prom essas reais e
de Deus. Deus nos fala por meio de Sua infalíveis de Deus (Hb 10.23) e não
Palavra. A Bíblia é o falar de Deus a nós na nas nossas expectativas, sentimentos
pessoa de Seu Filho (Hb 1.1-2), portanto ou desejos. A fidelidade de D eus
ela deve ser a base principal de nossa precisa tomar conta da nossa consci­
oração. Assim, a oração de Daniel foi ência quando a Ele nos dirigimos em
para que os decretos de Deus, revelados oração.
nas Escrituras, se cumprissem na história.
Uma oração fervorosa, consciente,
II. Oração esperançosa por verdadeira, consistente e persistente só
causa da fidelidade de Deus pode fluir de um coração que conhece a
(Dn 9.4 e 12) fidelidade de Deus, que confia na digni­
dade desse nome, que conhece Aquele
A oração de Daniel dizia respeito que fez a promessa e é fiel e poderoso
a Deus por trás da profecia. A questão para cumpri-la.

49
III. Oração consciente perseverança, mediante a qual o crente
da justiça de Deus suplica a Deus em favor de outra pessoa
(Dn 9.7 e 16) ou pessoas que necessitem da interven­
ção divina. A oração de Daniel no cap. 9
Dizer que Deus é justo significa é uma oração intercessória, pois ele ora
dizer que Ele age sempre com equidade contritamente em favor da restauração
moral. O Senhor está certo em todas as dejerusalém e de todo o povo de Israel.
Suas atitudes. Tudo aquilo que se confor­ Daniel se identifica com seu povo e se
ma à natureza de Deus é bom, o que não inclui como culpado. Quais os pecados
se conforma não é. Homens como Davi que Israel cometera?
e Daniel reconheciam a própria injustiça
em contraste com a justiça de Deus. 1. Israel fora rebelde aos mandamen­
tos do Senhor (v.5).
Diante das repetidas advertências
de Deus nas Escrituras (Gn 18.25; 2. Israel fora negligente com os pro­
ISm 12.7; Jó 8.3; 36.3; Sl 11.7; 97.2) fetas do Senhor (v.6).
estava patente para Daniel que os peca­
dos do seu povo destoavam do padrão 3. Israel fora desobediente à voz do
de santidade e Deus e, por Ele ser fiel à Senhor (v.lO).
Sua palavra, agia justamente ao enviá-los
para o cativeiro. Parece estranho que um homem
como Daniel tenha se incluído entre os
Devido aos nossos pecados, es­ pecadores! Veja o exemplo de Esdras
tamos todos sob sentença de morte (Ed 9 e 10), que mesmo não tendo par­
(Rm 3.23; 6.23), sentença essa proce­ ticipado do pecado de Israel quando se
dente do confronto da justiça de Deus misturaram com os gentios, confessou
com a nossa situação moral. A justiça de a Deus o pecado da nação, incluindo-
Deus permanece para sempre totalmente -se no meio dos culpados: “porque as
rigorosa em relação ao pecador. Só nos nossas iniquidades se multiplicaram".
conformamos a ela quando, arrepen­ Também temos a exortação de Paulo
didos, confessamos os nossos pecados aos coríntios, lembrando-lhes que de­
(ljo 1.9) e nos rendemos a Cristo, con­ veriam estar todos chorando por causa
fiando nEle para salvar-nos; e assim a do pecado cometido por um dos seus
Sua justiça é imputada aos filhos de Deus membros (lC o 5.2).
(Rm 5.18,19).
E sse s exem plos nos ensinam
IV. Oração intercessora por que um homem piedoso, ao ver que
causa dos nossos pecados há pecado no meio do povo de Deus,
{Dn 9.5,6 e 10) irá reconhecer a sua parcela de culpa
nisto. Um homem piedoso jamais irá
Pode-se definir a intercessão como ser como o fariseu, orando hipocri­
a oração contrita e reverente, com fé e tamente: "O Deus, graças Te dou por-
50
que não sou como os demais homens ” os caminhos. Então, Ele tem prazer em
(Lc 18.11). Um homem piedoso irá re­ derramar bênçãos, por causa do amor e
conhecer, sempre, que se houve pecado da misericórdia que lhes são peculiares;
no meio do povo, a vergonha cai sobre por amor do Seu nome, não nos tratan­
toda a congregação. do segundo as nossas iniquidades, mas
segundo a Sua bondade (SI 103.10).
O intercessor é empático e lamen­
ta o pecado. A oração de Daniel nos Há, nesta oração, uma total ausên­
desafia a nos comprometermos com o cia de interesse próprio e uma profunda
povo, com sua miséria e dor, solidari­ preocupação ou zelo pelo nome de
zando-nos com ele, intercedendo por Deus (teu santuário, teu nome, tua ci­
ele diante de Deus. dade, teu povo Dn 9.17-19). Ele apela
à reputação do Senhor.

V. Oração confiante na
misericórdia e no perdão Conclusão
de Deus
(Dn 9.9,18-19) A prática da oração envolve mis­
térios insondáveis. Qualquer que seja
Os persistentes desvios de Israel, o nosso entendimento sobre oração,
sua obstinação e rebeldia colocaram a o Ser de Deus e o Seu agir estarão
nação numa condição que não lhe permi­ envolvidos.
tia restaurar seu relacionamento com o
Criador à parte da misericórdia de Deus. E ensino claro das Escrituras que
o conhecimento que Deus tem de Si
Naquela hora de oração, Daniel mesmo e de todas as coisas possíveis
estava refletindo nas palavras de Deus e reais é caracterizado por absoluta
a Jeremias. Deus buscou trazer Israel perfeição.
para perto de Si. Em determinados m o­
mentos, Deus chacoalhou a vida deles, Toda oração é colocada em seu
trabalhou para afofar aquela terra, mas devido contexto quando baseada na Pa­
o coração deles continuava duro e não lavra eterna de Deus, que não trabalha
queriam mudar seus caminhos. Daniel impessoal nem mecanicamente, nem
suplicou pelas misericórdias de Deus - coloca a vontade divina como selo em
“Ouve, Senhor!". Ele sabia que Deus não assuntos tolos. A vida de fé não é feita
ouve algumas orações. para nós, mas desenvolvida em nós pela
Palavra que ordena e abençoa, tendo
Mas Deus ouve a oração daqueles como resposta orações que louvam
que Lhe querem ouvir a voz e mudar voluntariamente.

51
1 2

Zacarias agradece
pelo Filho
Pr. Esli P. Faustino

te xto básico Lucas 1.67-80 I ieia a Bíblia diariam ente 1


te x to devocional Saim o 86.1-17 seg Gn 12.1-7

versículo-chave Lucas 1.68-69 te r 1 Cr 16.15-25


"Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o qua SI 14
seu povo, e nos suscitou piena e poderosa salvação na casa de Davi,
seu servo" qui SI 130
sex Lc 1.18-25
alvo da lição
sáb Lc 1.13-17
O aluno aplicará à vida cristã elem entos da oração de Zacarias que O
estim ularão à g ratid ão e à fé no dia a dia. dom Lc 1.5-12

Introdução

Os fatos que marcariam a mudan­ Podemos afirmar que a religião do


ça da economia da lei para a dispen- tempo da lei era uma religião formal e
sação da graça foram enfatizados por vazia, mas com a volta da operação do
Lucas em seu Evangelho. Eles incluem Espírito Santo, a terceira pessoa da Trin­
três cânticos em forma de orações diri­ dade, a relíquia espiritual da nação pôde
gidas ao Senhor. expressar-se com alegria por meio desses
cânticos (Lc 1.41,47 e 67; 2.25-27). Foi
O primeiro é o cântico de M a­ um movimento do Espírito. Assim, Jesus
ria, conhecido pela expressão latina foi gerado e conduzido pelo Espírito
“Magnificai”, que literalmente significa Santo (Lc 1.35), e João Batista estava
“engrandece”: “A minha alma engrandece cheio do Espírito desde o ventre materno
ao Senhor" (Lc 1.46). (Lc 1.41). Trata-se, pois, de um cântico
profético de louvor (Lc 1.67-79).
O segundo cântico, objeto da
presente lição, é o cântico de Zaca­ I. O cumprimento das
rias, conhecido pela expressão latina promessas do Antigo
“B en edictus”, pois assim com eça: Testamento
"Bendito seja o Senhor, Deus de Israel"
(Lc 1.68). 1. Deus falou pelos
santos profetas
O terceiro cântico é o de Simeão, (Lc 1.70)

conhecido como "Nunc d im ittis“podes Os judeus tinham os escritos pro­


despedir em paz o teu servo” (Lc 2.29). féticos em alta estima e incluíam neles
52
parte dos livros que classificamos como II. Honras ao filho de Maria
históricos.
O Espírito de D eus conduz o
“Para o estudante das profecias, velho sacerdote Zacarias a ligar o
elas devem ser vistas como duas cadeias momento que está vivendo com outro
de montanhas. A primeira representa personagem significativo da história
os acontecimentos próximos, sendo sagrada dos hebreus, a saber, a pessoa
o cumprimento imediato das palavras do rei Davi, o modelo do rei messiânico
dos profetas; a segunda, maior e mais futuro. As promessas feitas à casa de
distante, simboliza os sucessos futuros: Davi estão registradas no livro do profe­
o Messias, Sua rejeição e os julgamen­ ta Samuel (2Sm 8.4 -16) e repetidas nos
tos que hão de preceder Seu reinado. profetas menores (Am 9.11; Zc 12.8).
O Messias, filho de Davi, é então a
chave das Escrituras, tanto do Velho O nascimento de Jesus e o cum­
quando do Novo Testamento” (H.E. primento das promessas feitas a Davi
Alexander). põem fim à polêmica suscitada pelos
adversários de Je su s com respeito
2. Lembrança da santa aliança a ser Ele o filho ou o pai de Davi
(Lc1.72) (Mt 22.41-46). As profecias apontavam
O cântico profético de Zacarias para Jesus como o renovo prometido
recua um pouco no tempo e na história (Jr 23.5; 33.15; Jo 7.42).
sagrada de Israel, chegando ao concer­
to de Deus com o Seu povo no Sinai Assim, Zacarias, marido de Isabel
(Êx 19.5-17), momento em que acon­ e pai de João Batista, pôde anunciar
teceu a celebração da Aliança de Deus profeticam ente a em ergência dos
com o Seu povo Israel. tempos da salvação profetizados e que
seriam cumpridos na vida e morte de
3. 0 juramento feito Jesus (At 2.22-27; 15.15-18; Rm 1.3;
ao pai Abraão Ap 5.5, 22.16). O sucessor de Davi Se
(Lc1.73) torna também luz para os gentios que
O relato das promessas feitas por andam nas trevas (Lc 1.79).
Deus de abençoar Abraão e os seus
descendentes depois dele remonta Dois aspectos do cântico de Zaca­
a Gênesis 12, onde encontramos o rias apontam para um futuro distante:
começo da peregrinação pela terra de a libertação do seu povo dos seus ini­
Canaã, a descida ao Egito, o retorno a migos (Lc 1.71) e a adoração a Deus
Canaã, chegando ao auge no capítulo sem temor (Lc 1.74). O povo judeu
22.15-19, quando o “Anjo do Senhor” continua perseguido no mundo e o
se interpõe com juramento para fazer temor e terror não permitem a adora­
firmes as promessas feitas ao patriarca ção sem riscos. A qualquer momento,
(Hb 6.13-15). uma sinagoga pode explodir em algum

53
lugar em consequência das perseguições divina ao contemplar o menino Jesus
religiosas. Confere com isso a predição (Lc 2.30). Fazia parte das predições de
dos “setenta setes” de Daniel (Dn 9. 24) Isaías o anúncio da salvação divina por
e as declarações do Novo Testamento de meio do Messias (Lc 3.2-6; Jo 4.22).
que somente a volta de Jesus a Sião para
apartar de Jacó as impiedades é que porá 4. 0 fortalecimento no Espírito
fim às suas iniquidades (Rm 11.25-27). (Lc1.80)

A vida de reclusão do profeta no


III. 0 papel de João como deserto até chegar a ocasião oportuna
profeta do altíssimo do início do seu ministério público é um
meio usado por Deus para a preparação
1. Precederás o Senhor do profeta e uma forma de fortaleci­
( U I .76) mento do homem interior. A reclusão
O papel de Jo ão como profeta pode ser usada para a glória do Senhor.
do Senhor, movido pelo Espírito que
retornara, estava calcado na profecia IV. Gratidão e fé em nosso dia
de Isaías (Mt 3.3), e, sobretudo, nos a dia, segundo Zacarias
oráculos de Malaquias (3.1-6).
1. Expressar nosso louvor e gratidão
2. Um ministério sem é um ato de fé.
sinais ou milagres
2. Fortalecidos no Espírito Santo,
Para não ser confundido com o
temos livre acesso ao Pai.
Messias esperado, João realizou um
ministério sem sinais ou milagres; antes, 3. Como cristãos, podemos procla­
seu ministério foi baseado no discurso mar o plano salvador com poder.
duro e contundente. Ainda assim, foi ne­
4. Cristo é a razão de tudo o que
cessário que declarasse explicitamente
há na Bíblia, e Sua vinda é nosso
não ser o Cristo esperado (jo 1.19-23).
maior motivo de gratidão.

3. 0 papel de dar ao povo o Conclusão


conhecimento da salvação
(Lc 1.77) Entendemos que as promessas de
Ryrie, em sua Bíblia Anotada, Deus devem ser motivo para louvarmos
observa que “plena e poderosa salva­ e engrandecermos o nome do Senhor.
ção” significa “um chifre de salvação”
e explica: “O chifre é frequentemente O comentarista J.C. Ryle diz: “Não
usado no Antigo Testamento como estejamos tranquilos enquanto o Espí­
uma metáfora para poder. Uma tra­ rito não testificar ao nosso espírito que
dução mais exata seria “um poderoso nossos pecados têm sido perdoados,
Salvador” (p.1270 - Bíblia Anotada de que havemos passado das trevas para a
Ryrie), razão por que Simeão exclama luz e que andamos no caminho estreito
que os seus olhos já viram a salvação e de paz”.
54
13

S'i\
Maria, uma
oração de louvor
Profa.Ann G. Barnett

te x to básico Lucas 1.39-56 leia a Bíblia diariam ente


te x to devocional 1 Samuel 2.1-10 seg Ne 1.4-6

versículo-chave Lucas 1.49-50 te r SI 55.17,19


qua M t 5.44-48
"porque o Poderoso me fez grandes cousas. Santo é seu nome. A
sua misericórdia vai de geração em geração sobre os que o temem" qui Lc 11.1-4
sex A t 10.1-4
alvo da lição
sáb 1Ts 5.17-22
O aluno entenderá a im portância de co nhecer a palavra de Deus, a
fim de o ra r eficazm ente. dom Tg 5.13-16

Introdução

Maria, sem dúvida alguma, foi Estudo de Genebra). Maria não recusou
uma mulher singular. Ela era uma moça essa honra, embora isso lhe fosse causar
bem humilde, mas da linhagem do rei muitos problemas, mas se colocou à
Davi. O fato de ela ter sido escolhida disposição do Senhor dizendo: “Aqui
por Deus para ser a mãe do Salvador está a serva do Senhor".
demonstra que foi uma moça muito
espiritual. As primeiras palavras do A Igreja Católica Apostólica Ro­
anjo Gabriel confirmam isso ao chamá- mana dá uma posição de destaque a
-la “muito favorecida” e ao reconhecer Maria, chamando-a de “Mãe de Deus”,
"O Senhor é contigo” (Lc 1.28). O anjo mas sempre a Bíblia a trata como uma
falou a Maria: “achaste graça diante de “serva de Deus” !
j
Deus” (Lc 1.30) - Deus estava contente
;
com ela.
j I. O louvor de Maria
| É interessante notar que Maria
1 não duvidou como Zacarias, mas sim- Maria, após a visita do anjo, partiu
' plesmente desejou saber como isso ia para passar um tempo com a sua prima
j acontecer (Lc 1.34). Ela "percebeu que Isabel. Esta, capacitada pelo Espírito
j o anjo não estavafalando a respeito de um Santo, declarou a Maria: "Bendita és tu
* filho que ela teria em consequência de seu entre as mulheres, e bendito ofruto do teu
I casamento com José. Ela entendeu que o ventre” (Lc 1.42). Não podemos com­
I anjo queria significar algo miraculoso - preender os sentimentos de Maria, mas
| uma gravidez sempai humano” (Bíblia de ela respondeu à situação com gratidão
55
e louvor. Necessitamos de maturidade 2. Reconhecendo a
espiritual para louvar a Deus em todas santidade de Deus
as situações, como Maria fazia. Como Ana, Maria reconheceu a
santidade de Deus - "Santo é o seu nome"
aplicação (L c 1.49) - e a Sua m isericórdia.
Quantas vezes esquecemos que Deus

U
Você consegue orar e louvar ao Senhor
é santo e entramos na Sua presença de
em todas as circunstâncias?
qualquer jeito!

3. Reconhecendo
A oração de louvor de Maria é sua posição humilde
conhecida como Magnificai, porque na M aria reconhece sua posição
tradução em latim, a Vulgata, a primeira perante o Senhor - ela é apenas uma
palavra é Magnificai, que significa “en­ humilde ’’serva”. Lembre-se das palavras
grandece”. Esse cântico é semelhante do Senhor: "quem quiser tornar-segrande
ao cântico de Ana, mãe de Samuel entre vós, será esse o que vos sirva; e quem
(lS m 2.1-10). quiser ser o primeiro entre vós será servo
de todos" (Mc 10.43- 44).
“Os dois cânticos iniciam-se com
regozijo por causa do livramento do
Senhor, exaltam a incomparabilidade e II. As declarações de Maria
santidade do Senhor, condenam a jactân­
cia orgulhosa, indicam mudança da sorte "M aria, usando uma form a de
humana, como resultado de intervenções expressão profética, refere-se às mara­
pelo Senhor soberano, e expressam o cui­ vilhas que a vinda do Messias chegaria
dado fiel que o Senhor dedica aos seus” a produzir" ( cf. Tg 5.1-5) (Bíblia Vida
(Bíblia de Estudo de Genebra). Nova).

1. Adorando a Deus 1. Revolução moral


Maria começou sua oração onde (Lc 1.51-52)
toda a oração deve começar - adorando Sem dúvida os fariseus e saduceus
a Deus: "A minha alma engrandece ao Se­ estavam esperando a chegada do Mes­
nhor" (Lc 1.46) e como Ana ela podia di­ sias, porém um Messias que expulsaria
zer “o meu espírito se alegrou em Deus”, os romanos de Palestina e iniciaria um
reconhecendo que Deus, seu “Salvador”, novo reino aqui neste mundo. Jesus veio
“o Poderoso me fez grandes coisas”. pregando "o reino de Deus está próximo;
aplicação arrependei-vos e crede no evangelho"
Você pára de vez em quando para lembrar (M c 1.15), mas avisou que o reino
e agradecer tudo que o Senhor tem feito não viria com visível aparência, “por­
por você? que o reino de Deus está dentro de vós”
(Lc 17.20-21).

56
Maria, na sua oração, viu que Deus diz que Deus "Encheu de bens osfamin­
"dispersou os que, no coração, alimenta­ tos". Salmo 9.18 diz que "o necessitado
vam pensamentos soberbos" (Lc l.S l), não será para sempre esquecido”.
pois o Senhor mesmo disse “a soberba,
a arrogância, o mau caminho e a boca Ana, na sua oração, diz que “os que
perversa, eu os aborreço” (Pv 8.13). O andavamfamintos não sofrem maisfome”
crente não pode ser orgulhoso, pois ( ISm 2.5) mas os que antes eram ricos
é apenas um pecador salvo pela graça “se alugam por pão". Que revolução!
de Deus.
A p alavra “ bens” p o d e ta m ­
2. Revolução social bém se referir a bênçãos espirituais.
(Lc 1.52) "Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor
“Derribou do seu trono os poderosos Jesus Cristo, que nos tem abençoado
e exaltou os humildes’’ (Lc 1.52). Maria com toda sorte de bênção espiritual”
era uma pessoa humilde, de uma famí­ (Ef 1.3). Hoj e, há muita ênfase em bens
lia simples, mas foi escolhida para ser materiais na sociedade consumista em
a mãe do Salvador. Deus trouxe uma que vivemos, mas Jesus adverte Seus
revolução social com essa escolha - não discípulos a buscar em primeiro lugar
escolheu um palácio ou lar de alguém o reino de Deus (Mt 6.33).
de destaque na comunidade religiosa,
como um membro do Sanhedrin (Cor­
te Suprema Judaica) para Seu Filho. Conclusão
Deus escolheu e continua escolhendo
"as coisas fracas do mundo para envergo­ M aria termina sua oração com
nhar as fortes; e Deus escolheu as coisas gratidão, lembrando da bondade do
humildes do mundo, e as desprezadas, Senhor em amparar Israel e cumprir
e aquelas que não são, para reduzir a Suas promessas como prometera.
nada as que são; a fim de que nin­
guém se vanglorie na presença de Deus" Percebemos de sua oração que
(lC o 1.27-29). Maria conhecia as Escrituras do AT e
sabia usá-las na oração. Ela entendeu
aplicação que a oração deve começar com Deus,
louvando-O por tudo que Ele é e faz, e
Deus pode usar você. Basta adotar a
em segundo lugar deve haver reconhe­
atitude de servo!
cimento de nosso estado de pecadores,
com confissão de pecados. Ela lembrou
3. Revolução econômica que a misericórdia do Senhor vai de
(Lc 1.53) geração em geração e foi grata. N ós
Maria rejeita a ideia de que os ricos devemos ser gratos pela bondade do
devem ter todos os privilégios quando Senhor sempre.

57
1 4

Paulo, de joelhos
em favor dos crentes
Pr. Silas Arbolato da Cunha

te x to básico Efésios 1.11-23; 3.14-21 leia a Bíblia diariam ente


te x to devocionai Gálatas 5.22 -26 seg Cl 1.9-12

versículo-chave Efésios 3 .14 ,15 e 17 te r Fm 4 a 7


"Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma qua 2Ts 3.1-5,16
o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra, assim, habite
Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados qui Cl 4.2-4
em amor" sex Jo 17.1-26
alvo da lição sáb Fp 1.3-11
O aluno orará com ousadia pelo progresso espiritual de outros irmãos. dom 1Co 1.4-9

Introdução

Existe uma tradição mística na que Deus fizera em Cristo e lhe revelara
nossa vida de oração à qual estamos (E f 1.3-14), e orava para ver o plano de
pesadamente inclinados, que é orar Deus revelado se cumprir na vida dos
com os olhos fechados. Desde minha seus leitores. E esse plano proposto por
infância aprendi: “Incline a cabeça, Deus consistia no louvor da Sua glória
feche os olhos, vamos orar”. por meio da vida dos efésios.

Ao estudar as orações de Paulo, Com Paulo, podem os aprender


parece-me que outro modo de orar nos lições sobre com o orar uns pelos
é ensinado figuradamente: “levante a outros enfocados e inspirados em ver­
cabeça, abra os olhos, vamos orar”. dades bíblicas eternas. Quais são essas
lições?
As orações de Paulo estão na
companhia bíblica dos salmistas e pro­
fetas que observaram “as montanhas I. As motivações para orar
saltarem como cordeiros”, e viram e
ouviram as “árvores baterem palmas”, O bserve que as duas orações
alertas para a presença de Deus em toda começam com “Por isso"(E f 1.15) e
parte, em tudo. “Por esta causa” (Ef3.14). O que é que
o levou a orar? Que razão ele tinha em
Paulo estava com os olhos da sua mente? O que alimentava o seu desejo
alma e do seu coração abertos para ver o de orar?

58
1. 0 conhecimento do
propósito soberano de Deus
Paulo estava extasiado e com a sua
mente impregnada da verdade divina
revelada por Deus. Ele conhecia o pro­
pósito de Deus quanto a Sua interven­
ção na história da humanidade através
mesmas bênçãos em Cristo, evidenciando
isso por sua devoção a Ele, pela fé e ser­
viço a Seu povo pelo amor.

Essas são as convicções que moti­


y
de Je su s Cristo. Sua mente estava varam e sustentaram suas orações. Pau­
moldada pelas Escrituras (Ef 1.3-14). lo orou à luz das riquezas das bênçãos
celestiais. O conhecimento da vontade
A oração que arde em fé e esperan­ de Deus e de Suas realizações foi pre­
ça se baseia nas verdades reveladas por lúdio indispensável para sua petição.
Deus a nós, pelas Escrituras.
aphcacao

a p lic a c ã o "Atiçar as chamas da oração significa,


portanto, meditar sobre as Escrituras, de­
Devemos m ergulhar nossa mente nas
clarando diante de Deus a nossa confiança
Escrituras a fim de que o Espírito Santo
possa ter o combustível para nos inflamar na Sua Palavra, louvando- -0 pelo seu

por dentro. conteúdo e perguntando se as verdades


sobre as quais estamos orando se aplicam
às pessoas pelas quais oramos" (Ousadia
2. A concretização do em Oração, de John White).
propósito soberano de Deus
A concretização deste propósito na
vida dos efésios é demonstrada no capí­
tulo 2, onde Paulo traça um contraste ví­ II. A gratidão ao orar
vido entre o que eles foram por natureza (Ef 1.16)
e o que eram agora mediante a graça de
Deus. O mesmo poder que ressuscitou a Paulo expressa sua gratidão pela
Cristo e o exaltou, também nos ressusci­ vida dos efésios ao ver que Deus estava
tou e há de nos exaltar com Ele. concretizando Seus propósitos na vida
deles. Perceba a constância de Paulo
A fé e o amor são graças cristãs ( “não cesso”) em interceder pelos
básicas e são evidências do estar em crentes e a importância do louvor e do
Cristo. agradecimento, companheiros infalíveis
da intercessão ( c f Fp 4.6; Cl 3.15-17;
aplicação lTs 5.18).

Todo verdadeiro cristão se alegra quando


Orar com os “olhos abertos” sig­
outras pessoas também se tornam cristãs,
nifica enxergar a graça de Deus que O
tendo igual posição e gozando das mesmas
fez interessar-se por alguém que não O
merecia, e agradecer-Lhe porque Ele
estendeu a mão do céu para perdoar de coisas que o homem não pode des­
o pecado e alcançar com Sua graça a cobrir sozinho. Esses são dois meios de
pessoa pela qual você está orando. Deus tornar-Se conhecido.

aplicação Enquanto a filosofia humanista


toma o homem por seu centro e diz

U
Quanto nossas orações denotam nossa
“conhece-te a ti mesmo” somos enco­
gratidão a Deus?
rajados a conhecer a Deus.

a. "para sabermos qual é a esperança


III. As razões para orar do nosso chamamento" (E f 1.18)
Qual é o n o sso futuro como
Bombardeados como somos de chamados de Deus? Ele quer que
todos os lados com valores falsos, entendamos e vivamos esperando
vivendo em contato permanente com as coisas maravilhosas que Deus
pessoas cujos alvos são a prosperidade tem para nós; que saibamos que
material, a segurança, o prazer, o pres­ Deus nos chamou eficazmente
tígio, é quase inevitável absorvermos a para a santidade, para a liberdade e
atmosfera que nos envolve e fecharmos para a paz, para o sofrimento e para
nossos olhos, o que nos impede de ver a glória. Esse chamamento não só
as coisas como Deus as vê, como Paulo é efetivo na vida presente como
as viu, e pediu para que os efésios vis­ também nos leva a participar do
sem (" iluminados os olhos” - 1.18). Ele triunfo final de Cristo (lC o 15.19;
enxerga a necessidade de que aqueles Rm 8.29,30).
que eram objetos da sua oração reco­
aplicação
nhecessem toda a extensão da bênção
que já receberam. Todos nós precisamos ter olhos abertos
para a esperança para a qual Deus nos
O que devemos ver? Que pedidos chamou. Diante dessa esperança todas as
específicos Paulo fez em favor de seus nossas crises têm importância diminuída.
amigos efésios?

1. A necessidade de b. "para sabermos qual a riqueza


entendimento da glória da sua herança em nós”
(Ef 1.15-23) (E f 1.18) - Deus separou para
Paulo desejou a eles um entendi­ Seu Filho uma herança rica e
mento profundo de Deus, por meio de gloriosa. Essa herança somos nós!
sabedoria e de revelação. A sabedoria Devemos orar pedindo que Deus
é a capacidade que temos de entender continue a guardar nossos irmãos
as coisas, de pôr fatos em ordem, de para o glorioso dia em que sere­
pensar. A revelação é a demonstração mos recebidos por Cristo como

60
Sua herança rica e gloriosa. Somos aplicação
o fruto do penoso trabalho de Sua Devemos orar para que os crentes estejam
alma (is 53.11). certos e confiantes que nada pode impedir
o cumprimento do propósito de Deus em
relação a eles. Não há força que possa
Todos precisamos saber que somos precio­ frustrá-lo.
sos aos olhos de Deus, que somos como
"troféus" da Sua graça. Quando nossos
Nós precisamos levar a sério esse
olhos são abertos para enxergarmos essa
poder, especialmente nestes tempos
verdade, nossa perspectiva de vida muda
em que pessoas têm abusado do poder
e se torna mais fácil estar na presença de
de Deus, tentando manipulá-Lo e fazer
Deus em oração.
com que Deus o use à maneira delas.

C. “para sabermos a extraordinária 2. A necessidade de


grandeza do Seu poder para com os encorajamento
que cremos” (Ef 1.19) Observeajun- (Ef 3.14-21)

ção que Paulo faz dos verbos saber Elá uma segunda razão para as ora­
(v.18) e crer (Ef 1.19). Deus usará ções de Paulo: que o plano maravilhoso
o mesmo poder em nós que já usou de Deus seja cumprido na experiência
(segundo a eficácia) em Cristo. dos seus leitores, mesmo em situações
que p ud essem vir a desanim á-los
• Ele usou o Seu poder para ressus­ (v.13). Paulo foi sensível para enxergar
citar Cristo dentre os mortos, con­ o desalento dos efésios e sábio ao orar
firmando a Sua obra de salvação pedindo ao Pai que doasse os seguintes
(E fl.2 0 ); recursos inesgotáveis àqueles crentes.

• Ele usou o Seu poder para fazer a. O Seu poder ilimitado, incalculá­
Cristo assentar à destra de Deus vel, inefável (v.16-17) - O Deus
nos céus para reinar junto com Ele Jesus Cristo vive em nós por meio
(Ef 1.20-21); do Deus Espírito Santo que habita
em nós para nos animar, consolar
• Ele usou Seu poder para dar a e, acima de tudo, para reinar.
Cristo autoridade para mandar em
todo universo (Ef 1.21-23). Portanto, se podem os alguma
coisa, é graças à união entre Deus
Deus quer continuar a usar a extra­ e nós. Aquele que nos fortalece
ordinária grandeza do Seu poder entre com o Seu poder nos capacita a
nós para exaltar mais a Cristo na igreja passar necessidade ou viver em
como a cabeça, por isso compartilha abundância, a sermos humilhados
conosco esse poder (Ef 1.22). ou honrados (Fp 4.12). Esse poder

61
nos habilita a perm anecerm os • É suficientemente profundo para
firmes em Cristo a despeito das alcançar o pecador depravado.
provações, e tam bém a viver­
m os e trabalharm os para Ele • E suficientemente alto para con­
(lC o 16.13). duzi-lo à glória.

b. O Seu insondável amor (v.17-19) Esse amor só é compreendido no


A presença de Cristo em nossa convívio com os santos, onde temos
vida significa acima de tudo amor. oportunidade de recebê-lo e expressá-
E fundamentados nesse amor que -lo. Um cristão sem igreja é um crente
devemos prosseguir em direção a órfão.
um entendimento de Deus cada
vez mais profundo. Esse amor é C. A Sua plenitude (v.19) - O má­
profundo como as raízes de certas xim o da vida cristã é serm os
árvores e sólido como os alicerces plenos da vida de Cristo em nós
de um edifício bem construído. Se (G1 2.20). O padrão de perfeição
há o amor de Cristo, há estabili­ até o qual devemos orar para que
dade para crescer (c/. E f 4.15). O nossos irmãos em Cristo sejam
amor é o fundamento no qual os cheios é o próprio Deus.
santos são edificados.

a p lic a r ã o Conclusão
Nossos pensam entos e ações devem

U
Você sabe o que Deus quer fazer
brotar da consciência do quanto Deus
com o povo da sua igreja? A que horas,
nos ama.
cada dia, você o levará à presença do Se­
nhor em oração? Louve-O, exalte-0 por
As dimensões desse amor, embora Seu eterno propósito. Agradeça qual­
incompreensíveis na sua essência, são quer evidência, passada ou presente,
compreensíveis na sua extensão. da Sua obra na vida dos seus irmãos em
Cristo. Reconheça a soberania de Deus
• E suficien tem en te largo para e ofereça-Lhe o seu preito de gratidão.
abranger homens de toda língua,
a p lic a ç ã o
tribo e nação.
Aos seus olhos, são coisas impossíveis?
• E suficientemente longo para du­ Leia Efésios 3.20-21.
rar por toda a eternidade.

62
Jesus ora
pelos discípulos
Pr.Esli P.Faustino

te x to básico João 17.1-26 leia a1 Biblia diariam ente


te x to devocional Hebreus 7.15-25 seg Rm 8.28-34

versiculo-chave Hebreus 7.25 te r Hb 2.14-18

"Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam qua Hb 3.1-6
a Deus, vivendo sempre para interceder por eles" qui H b4.11-16
alvo da lição sex Hb 5.7-10
O alun o aplicará à vida cristã elem entos da oração sacerdotal que
sáb Hb 7.26-28
estim ulam a oração intercessória e a confiança na obra expiatória
de Cristo. dom Rm 8.18-27

Introdução

Para m elhor com preensão da Nela Jesus inclui pedidos por Si


oração sacerdotal de Jesus, precisamos mesmo, tendo em vista a oposição que
localizar o momento do ministério enfrentará em Jerusalém; Ele ora pelos
terreno do Senhor em que Ele faz o discípulos mais próxim os, homens
anúncio de Sua partida deste mundo que têm pela frente a árdua tarefa de
para junto do Pai, bem como o começo testemunhar diante dos judeus impe­
do Seu ministério de Sumo Sacerdote nitentes. Ele ora também pelos discí­
junto a Deus, no santuário celestial pulos futuros que seriam alcançados
(Hb 2.17; 3.1; 4.14; IPe 5.4). pela cadeia do testemunho cristão e
que teriam a incumbência de espalhar
Embora não haja certeza quanto o evangelho pelo mundo, mesmo em
ao lugar exato em que a oração foi feita, face do seu ódio declarado (jo 15.18).
alguns pensam tratar-se do "aposento
alto", lugar da realização da última
ceia. Parece mais razoável aceitar que I. A revelação da natureza
foi após a saída desse local, visto que divina
em João 14.31, Jesus diz aos discípu­ (Jo 17.1-6)

los: "Vamo-nos daqui”. Pode ser uma


chamada para que deixassem o local da O nom e de D eus era sagrado
última ceia e se aprontassem ( jo 18.1) para os hebreus, pois representa o
para a travessia do Vale do Cedrom em próprio ser de Deus; levavam a sério
direção ao Jardim das Oliveiras, que o mandamento de não tomar o nome
ficava do outro lado.
63
do Senhor em vão (Êx 20.7). Por isso dariam prosseguimento à obra deles
Jesus fala da revelação do nome do (Jo 17.20).
Pai como algo santo e aproxima-se de
Deus abordando-o como "Pai Santo"
ou separado (Jo 17.11). Na ‘Oração II. A revelação por m eio
do Pai Nosso) passou o mesmo ensino da palavra divina
aos discípulos (Mt 6.9-10). Deus não (Jo 17.7-14)
deve ser confundido com outros deuses
(Dt 18.20; Jr 2.11). Nesta oração,Jesus De modo singular, no Evangelho
revela o ser de Deus como Pai e como de João, Jesus é descrito como o Verbo
base da edificação futura da Sua igreja, de Deus que se fez carne (jo l .l) . A s­
vista como a família da fé, na qual o sim, Sua palavra e ensinos transmitem
pai é o provedor da casa. Esta é a base a vida de Deus, a vida eterna, ao mundo
da doutrina bíblica da paternidade (jo 17.2-3). Como a fé vem pelo ouvir
de Deus. Tal fato significava também e ouvir a palavra de Cristo (Rm 10.17),
mostrar aos judeus descrentes que o pai Jesus faz uma espécie de testamento
deles era o diabo (jo 8.44). para Seus discípulos. A herança deixada
ao grupo é a Sua Palavra e dela devem
Além de revelar a natureza do apropriar-se pelo Espírito que será dado
ser de Deus, Jesus revela a comunhão após a Sua ascensão (jo 14.17-18). A s­
abençoada entre o Pai e o Filho, visto sim, Ele os envia ao mundo "como porta­
que os judeus diziam crer no Deus dores do seu livro desatado e aberto" para
revelado no Antigo Testamento, mas ser pregado ao mundo (2Tm 4.1-5).
insistiam que Ele nada tinha a ver com Que vocação maravilhosa temos, uma
Jesus (Jo 8.19,55; 14.7). Arevelação do chamada para portadores da palavra de
nome de Deus implicava o conceito de Deus para o mundo! Neste Evangelho
Seu caráter, natureza íntima e atributos. há uma distinção muito clara entre os
discípulos, os futuros componentes da
Jesu s revela tam bém ao grupo Sua igreja e o mundo (jo 17.9, 14, 21;
dos discípulos a natureza do Seu futu­ 18.36; 16.33). E o contato com o autor
ro ministério sumo sacerdotal ao ser do Livro Santo que nos assegura o auxí­
glorificado (SI 110). Nessa visão, Ele lio necessário para o serviço do Senhor.
reaparece no início do Apocalipse: com
as "vestes talares" e o roupão do sumo
sacerdote, porém ligado ao testemunho III. As testem unhas e o
da igreja para o mundo (Ap 1.13). testem unho de Deus
(Jo 17.15-26)
N a primeira parte da oração, Jesus
suplica ao Pai pela primeira geração da Jesu s olha para o futuro. Com
raça missionária, “geração inigualável base na previsão da obra que seria
no testemunho”, e por aqueles que realizada na cruz, pede também pelos

64
continuadores da obra divina depois do Jesus, a comunhão universal dos santos
grupo inicial; contempla o mundo que incluía todos que haveriam de crer em
amadurece para o julgamento divino Seu nome e na Sua obra na cruz.
e antevê as pessoas que crerão pelo
testemunho dos Seus seguidores no
mundo (jo 17.20). Conclusão

No Antigo Testamento, as mensa­ Esta oração pode ser considerada


gens divinas provinham do santuário: por modelo para os crentes, tanto quanto
isso ele era reverenciado pelos israelitas a oração do Pai Nosso. Nela, enquanto
(Lv 19.30, 21.12, 2 6 .2 ). N a N ova Jesus ora por Si e pela obra que vai rea­
Aliança, entretanto, provêm da nossa lizar, aproxima-Se de Deus como “o Pai”
posição em Cristo glorificado (E f 2.6, (jo 17.l), quando menciona a necessi­
Lc 22.30). Aprofanação do lugar Santo dade de santificação do grupo, ou seja,
pelo anticristo será o auge do processo a separação do mal presente no mundo
da iniquidade no mundo (2Ts 2.4). para se dedicarem à obra de Deus.
Jesus aborda o Pai como “Pai santo"
Com certeza, a fonte desta oração (Jo 17.11), mas após a antevisão da
foi a compaixão de Jesus pela multidão grande injustiça que receberia no
que andava como ovelhas sem pastor, mundo, dirige-se a Deus como “Pai jus­
sem redil seguro (jo 10), ameaçada por to"(17.25), pois fará justiça ao Seu Filho,
ladrões e salteadores (jo 10.1,8). Para dando-lhe aposição de glória junto a Si.

65
1 6

Jesus e suas
últimas orações
Pr. José Humberto de Oliveira

M ateus 2 6 .3 6-4 6; 27 .4 5-4 6; leia a Bíblia diariam en te


te x to básico
Lucas 2 3 .3 4,4 6
seg Is 53.1-12
te x to devocional Lucas 22 .3 9-5 3
ter M t 26.1-19
versículo-chave Lucas 2 3 .4 6
qua M t 26.20-35
"Então, Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu
espírito! E, dito isto, expirou" qui M t 26.36-56

alvo da lição sex M t 26.57-75


0 alun o entenderá que as orações qu e Jesus fez em Seus últim os dias sáb M t 27.33-66
nos ensinam princípios incom paráveis para a vida cristã, pois som ente Ele
trilh o u este ca m inh o com reações de um hom em pe rfeito . dom SI 31.1-24

Introdução

Chegamos a um momento deli­ Mas não ficaremos somente no


cado ao tratar sobre a oração. Como Getsêmani. Caminhemos com o Se­
escreveujohn White, "não é brincadeira nhor Jesus até a cruz e, em meio a
espiar por sobre os ombros de um homem cenários tão especiais, procurem os
enquanto ele está ajoelhado na presença entender outras orações que saíram
do seu Criador" (Ousadia na Oração, da boca do Messias-Sofredor até Seu
p. 185). E quando se trata do Filho do último suspiro.
homem em oração, nosso temor deve
ser maior ainda!
I. Solidão, medo
O Senhor estava no Getsêmani, e tentação
palavra de origem aramaica que lite­ (M t 26.36-46)
ralmente quer dizer "lagar de azeite”,
pois era o nome que os judeus davam Quando ligamos tentação à vida
a um aparelho usado para espremer de Jesus, sempre nos voltamos para
azeitonas para fazer o azeite; e era o os 40 dias no deserto (M t 4 e Lc 4).
nome de um jardim ou pom ar de oli­ Todavia, no jardim do Getsêmani,
veiras que ficava a leste de Jerusalém. encontram os a verdadeira “última
Ali Jesus viveu momentos de intensa tentação de Cristo”. Ele mesmo men­
e im ensa agonia. Tanto que “o seu cionou a palavra tentação. E tem os
suor se tornou como gotas de sangue" muito a aprender com o Senhor neste
(Lc 22.44). texto.

66
1. "Ficai aq u i e vigiai com igo" 2. "M eu Pai, se possível"
(M t 26.38) (M t 26.39)

Ele desejou ansiosamente a com­ A expressão “se possível" mostra-


panhia dos Seus discípulos. Tristeza e nos que Jesu s estava tentando, ou
angústia (M t 26.37-38) dominavam melhor, sendo tentado a evitar a cruz,
o coração do Mestre. Não ficou com que aqui Ele chama de “cálice” e em Lu­
medo de ser mal-interpretado pelos cas 12.50 chama de “batismo”. O cálice
discípulos, como se eles pudessem aqui significa a porção ou experiência
dizer: “Mas o Senhor, que expeliu de­ pela qual Ele vai passar. E comparável a
mônios, curou enfermos, ressuscitou um cálice que Deus apresenta a alguém
mortos, acalmou tempestades... agora para beber. O conteúdo do cálice para
está com m edo!”. Ao abrir Seu coração Jesus é o sofrimento e a morte.
para Pedro, Tiago e João, não temeu que
isso diminuísse Sua divindade. A luta que se travava dentro do
Senhor era: fazer a vontade do Pai ou a
White lembra que isso “indica Sua Sua própria? “Todavia, não seja como eu
necessidade humana de companhia e quero, esim como tu queres" (Mt 26.39).
apoio. Na solidão de suas responsabilida­ Há dois verbos gregos para vontade. O
des, os líderes experimentam momentos primeiro, boulomai, expressa a vontade
em que o desejo de compreensão e apoio no sentido de um ato mental, dirigido
humanos torna-se quase insuportável. por um propósito, um desígnio, uma re­
Se você ocupa uma posição de liderança solução. O segundo é thelo e tem o sen­
cristã, anime-se. O Filho do homem tam­ tido de estar motivado pelo desejo, pelo
bém experimentou esse mesmo anseio” sentimento. Os dois termos aparecem
(Ousadia na Oração, p.185). emLucas 22.42: "Pai,se queres (boulei),
passa de mim este cálice; contudo, não se
aplicação faça a minha vontade (thelema), e, sim,
a tua” (Lc 22.42). Em Efésios 1.11, as
Lição aos líderes crentes. Se nosso Se­
duas palavras também aparecem. Jesus
nhor não temeu abrir o coração a Seus
estava lutando entre fazer o que Deus
discípulos e revelar: "A minha alma está
havia determinado e o que Ele estava
profundamente triste até à m o rte " (M t
sentindo.
26.38), por que alguns acham que são
"superlíderes" e por isso não podem com­ aplicação
partilhar de suas lutas com um grupo mais Cada vez que a minha vontade entra em
próximo? 0 líder deve ter critério para conflito (cruza) com a vontade de Deus e
saber quando falar e com quem se abrir. eu escolho a vontade Dele, contra a minha
Mas sigamos o exemplo de Jesus também vontade - isto é a morte de Jesus em mim
nesse momento. Revelar Sua angústia não (2Co 4.10-12).Também significa "tom ara
tirou a autoridade Dele, portanto, também cruz"] é o grão de trigo que cai na terra
não tira a nossa. e morre para poder produzir muito fruto

67
aplicação

B
(Jo 12.24). 0 Messias sabia que "sem Muitas vezes, quando decidimos fazer a
derramamento de sangue, não há remis­ vontade de Deus, as tempestades e as ten­
são" (Hb 9.22). A cruz era inevitável e tações parecem aumentar. Mas elas não vão
inegociável aos olhos do Pai. durar para sempre. Na verdade, elas cessam
no momento em que tomamos a decisão de
dizer não à nossa própria vontade, porque
3. “Vigiai e orai" optamos pela vontade de Deus, que é "boa,
(Mt 26.41)
perfeita e agradável" (Rm 12.2).
Quando ouvimos assuntos que vão
além da nossa capacidade de entender,
nosso coração fica perturbado e nossa
mente confusa. Certamente os discípu­ 11. "P ai, p e rd o a -lh e s "
los ficaram assim, pois não conseguiram (Lc 23.34)
acompanhar a batalha o sono os venceu
- foram dormir. Precisavam aprender o Agora o cenário é outro. Nosso
que significa “vigiar”. O sentido é o de Senhor já está na cruz. Seus pulsos e
dar estrita atenção a algo, de ser caute­ tornozelos estão perfurados. Ele foi
loso; tomar cuidado para que, por causa torturado, cuspido e açoitado.
de negligência e indolência, nenhuma
calamidade destrutiva repentinamente John White, que é médico, nos
surpreenda alguém; ou seja, comportar- informa que “a tortura sem igual da cru­
-se como um vigia, como alguém que cificação consiste na sua sádica oferta de
permanece atento, alerta e acordado. uma escolha entre dois horrores. Ficar
dependurado com os braços estendidos
"Deixando-os novamente,foi orarpela durante horas produz câimbras nos mús­
terceira vez, repetindo as mesmas palavras” culos do peito, do abdômen e do diafrag­
(Mt26.44). Atentação e as tempestades ma. A respiração se torna difícil e doloro­
dentro de Jesus não cessaram de uma sa e a pessoa fica ameaçada de sufocação.
vez. Não passamos nós pela mesma ex­ Mas para encher os pulmões com ar é
periência? White declara que “quando preciso levantar o corpo, transferindo
Deus nos pede uma coisa contra a qual o seu peso para o cravo que prende os
a nossa natureza se rebela, podemos tornozelos e lutando para ficar menos
até saber desde o começo que aquilo penso e poder se elevar mais. Quando a
é a coisa certa. Mas as tempestades dor se torna insuportável, a pessoa volta
não cessam simplesmente porque o às câimbras e à sufocação novamente”
timoneiro resolve manter a rota. Nem (Ousadia na Oração, p.189-190).
o capitão deixa de averiguar a exatidão
da rota quando as ondas lavam o convés Um historiador relatou que, às ve­
ou o mapa fica molhado e enrugado” zes, o crucificado ficava pendurado na
( Ousadia na Oração, p.187-188). cruz por dois ou três dias. Certamente

68
Pilatos se admirou de Jesus ter morrido
em seis horas. Ele foi crucificado às 9 estava numa circunstância infinitam ente
horas da manhã (Mc 15.25 - a terceira mais difícil e conseguiu. Vamos tentar?
hora dos judeus, contada desde o nascer Que tal experimentar?
do sol). Às 12 horas houve trevas sobre
a Terra (Mc 15.33) e às 15 horas Jesus
expirou (Mc 15.34).
III. A dor do abandono
Todo esse cenário é necessário para (M t 27.46)
lembrar-nos em que circunstâncias Jesus
pediu que o Pai perdoasse Seus algozes. O sentimento mais comum dos
Incomparável! Uma oração que pede filhos de Deus no momento da aflição
perdão para os ofensores. E um tipo de é este: “Deus me abandonou”, “Ele Se
oração que raramente fazemos, não é esqueceu de mim”, "não sabe mais onde
verdade? Quando alguém nos ofende, moro”.
o assunto da nossa oração é que Deus
repreenda essa pessoa e a faça calar. Mas White escreve que “nenhum aban­
nosso Senhor diz que “eles não sabem dono pode serpior do que o ser abandonado
o que fazem”. Aos Seus discípulos Ele por Deus. E o abandono final” (Ousadia
disse também: "Se o mundo vos odeia, na Oração, p.193). O verbo desamparar
sabei que, primeiro do que a vós outros, quer dizer “deixar em grandes dificul­
me odiou a mim. Se vósfôsseis do mundo, dades, deixar abandonado, totalmente
o mundo amaria o que era seu-, como, to­ abandonado”. Certamente foi tudo isso
davia, não sois do mundo, pelo contrário, que Jesus sentiu naquele momento.
dele vos escolhi,por isso, o mundo vos odeia"
(jo 15.18-19). A ignorância e a ceguei­ Ao perguntar “por que me aban­
ra espiritual dos incrédulos devem ser donaste?”, o Filho do hom em não
lembradas por nós, a fim de usarmos de estava pedindo um esclarecimento
misericórdia para com eles. da parte de Deus, mas simplesmente
expressando a dor da solidão, que ul­
aplicação trapassa o entendimento. Na verdade,
Ele sabia por que e para que estava
0 exemplo de Jesus nos conclama a um sofrendo. Afinal, levar sobre Si os pe­
nível bem mais elevado. Pedir que Deus
cados do mundo inteiro era um peso
perdoe os que nos ofendem é lembrar
que som ente Je su s podia suportar
que Ele nos perdoa de erros maiores. Não
(Is 53.5-6,11-12; ljo 2.2).
estamos perdoando, estamos pedindo que
Deus os perdoe. Se conseguirmos colocar Entretanto, há um fato interessan­
isto em prática, certamente começaremos te: mesmo Se sentindo abandonado, o
a ver mudanças em nós e naqueles que Messias ainda disse “Deus meu, Deus
nos machucam. Não é fácil. Mas Jesus meu", ou seja, não sentia a presença do

69
Pai consigo, mas reconhecia que Ele A maneira como Jesus enfrentou
continuava sendo Seu Deus. Seus últimos instantes serviu de “ins­
piração” para homens como Estêvão
Meus irmãos, a despeito de tudo (A t 7 .5 5 - 6 0 ) e P au lo (F p 1.2;
quanto possam os sentir nos piores 2Tm 4.6-8). Os historiadores dizem
m om entos de n ossa vida, de uma que as últim as palavras de Lutero
coisa jamais poderem os abrir mão: foram: “Nas tuas mãos, entrego 0 meu
Ele declarou "De maneira alguma te espírito; tu me remiste, Senhor, Deus da
deixarei, nunca jamais te abandonarei” verdade” (SI 31.5).
(Elb 13.5). Somos obrigados a acredi­
tar nessa promessa até o fim da vida. Jesus encarou Seus últimos m o­
Falemos como o salmista: “Eu cria, m entos com uma oração que ficou
ainda que disse: estive sobremodo aflito” registrada a fim de oferecer consolo
(SI 116.10). Em qualquer circunstância, e segurança para Seus discípulos em
jamais duvide da bondade de Deus nem todos os séculos. Muitos livros ensinam
da Sua soberania. Deus nunca perde o como viver, mas pouquíssimos ensi­
controle de nada. O Pai não desamparou nam como morrer. Para os que estão
Jesus, Ele simplesmente estava deixan­ em Cristo, a morte não é um caminho
do o Filho cumprir Sua missão, e esta escuro e incerto. Por isso, a morte não
envolvia muita dor, angústia e solidão. é um problema de quem parte, mas
de quem fica. Em Sua última oração,
nosso Senhor ensina-nos que a morte
IV. A última oração é simplesmente o momento em que
(Lc 23.46) o espírito volta para Deus, que o deu
(Ec 12.7), e a carne para nada será
As últimas palavras de uma pessoa aproveitada (jo 6.63), pois logo entra
talvez sejam a parte mais importante em processo de decomposição.
de toda a sua carreira terrestre. Na vida
de Jesus não poderia ser diferente. Ao
dizer, “Pai, nas tuas mãos entrego 0 meu A certeza de que o nosso espírito
espírito!”, o Senhor mostra-nos que O será recebido por nosso Pai celeste deve
desespero deu lugar à confiança. estar na última oração que faremos na
face desta terra. Amém.
O Cristo de Deus estava nos deixan­
do mais este exemplo: como enfrentar a
morte. Normalmente a morte é descrita Conclusão
como alguém que chega com uma foice
que vem nos buscar na hora marcada. 1. Que podemos aprender com Jesus
Isto dá medo! A Bíblia diz que um dos sobre a maneira como Ele orou
benefícios da obra de Cristo é que Ele nos ao enfrentar Sua “última tentação”
libertou do pavor da morte (Hb 2.15). em Mateus 26.36-46? Sendo Jesus

70
nosso modelo, você já experimen­ 3. Ao perguntar “Por que me aban­
tou fazer como Ele fez? donaste?” (M t 27.46), Jesus está
nos ensinando que nos momentos
2. Reflita sobre esta frase de John de profundo desespero os ouvidos
W hite: "Somos chamados p ara e o coração do único Deus Todo-
olhar para Jesus a fim de imitar -Poderoso estão atentos e sensí­
aquele que pensou nos outros en­ veis à nossa necessidade. Você já
quanto sofria (Lc 23.34). Sempre havia pensado nisso? Tal verdade
haverá graça disponível se quisermos deve transformar nossa vida de
agir assim” (p .!9 l). oração!

71
E você, é uma
pessoa de oração?
Pr.Jessé Ferreira Bispo

te x to básico 1 Samuel 12.23 leia a Bíblia diariam en te


te x to devocional Gênesis 18.22-33 seg Gn 18.22-33

versiculo-chave 1 Samuel 12.23 ter Gn 32.22-32


qua Êx 32.11-24
"Quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o Senhor, deixando
de orar por vós; antes, vos ensinarei o caminho bom e direito" qui Êx 32.30-35
sex A t 16.19-26
alvo da lição
sáb A t2 8 .7 -1 0
0 alun o será de safiado a te r um a vida de oração.
dom Dn 6.1-28

Introdução

O livro de Hebreus registra fatos que oram. Devemos com sinceridade e


importantes da vida de diversos homens muita sobriedade perguntar:
que identificamos como heróis da fé. Em
Hebreus 12.1-2, após concluir estes 1. Que disposição tenho para con­
testemunhos sobre a fé, o autor diz: tinuar a história dos crentes de
"Portanto, também nós, visto que temos a oração?
rodear-nos tão grande nuvem de testemu­
nhas, desembaraçando-nos de todo opeso 2. Que resultado a vida de oração
e do pecado que tenazmente nos assedia, pode proporcionar ao meu con­
corramos, com perseverança, a carreira texto social?
que nos está proposta, olhando firme­
mente para o Autor e Consumador da fé, 3. Que comecei a fazer ou posso
Jesus". começar a fazer a partir das lições
aprendidas?
Depois de estudarmos esta série
sobre personagens bíblicos que tiveram Precisamos ter uma clara compre­
vida de oração, é chegada a hora de ensão de que Deus espera ver em cada
avaliar nossa própria vida de oração. um de nós uma pessoa de oração. Ele
O objetivo destes estudos não foi ape­ tem a expectativa que façamos da ora­
nas aumentar nosso conhecimento, ção um novo estado de espiritualidade.
mas principalmente nos incentivar a Como Paulo ensina em Efésios 6.18,
fazermos parte dessa galeria de crentes devemos orar em todo tempo no Espí­

72
rito. Isso é resultado dos que valorizam formação da sua historia manchada com
o silêncio do quarto para a oração em muitos pecados, nós também podemos
segredo com o Pai. enfrentar luta semelhante com vozes
dizendo “existem coisas mais importantes
Para finalizar estes estudos, vamos para jazer”, ou "você está muito cansado”,
meditar sobre alguns atributos que uma ou “não tenho jé para esta experiência" e
pessoa de oração deve ter. assim por diante.

Entre as experiências que vamos


I. Consciência do tempo a ter na oração, uma prioridade é au­
sós com Deus diariamente mentarmos nosso conhecimento sobre
Deus. Na oração sacerdotal de João 17,
Assim como um atleta precisa ter Jesus disse que a vida eterna é conhecer
disciplina para alcançar o seu objetivo, o Deus Verdadeiro e a Ele como Seu
do mesmo modo a pessoa de oração enviado. Assim, a oração deve produzir
precisa acreditar primeiramente que o uma intimidade para conhecê-Lo mais
tempo diário de oração é fundamental e mais, pela ajuda de Seu Espírito e de
para atingir seu alvo na vida espiritual. Sua Palavra. Isso nos ajudará também a
Nenhum compromisso de nossa agenda conhecer melhor a Sua vontade.
deve ser tão relevante como o tempo
com Deus em nosso dia a dia. Se confes­ Os que cultivam a prática diária
so que Deus é o Dono ou Proprietário da da oração dizem que normalmente
minha vida nada deve ocupar o tempo são motivados a aumentar esse tempo
diário para ouvi-Lo e falar com Ele. com Deus. Em dias de compromissos
importantes procuram levantar-se ainda
O tempo de oração não deve ser um de madrugada e dedicam longas horas à
momento restrito para tratar das soluções oração. Afirmam que existe a necessida­
de problemas ou busca de orientação. de de ouvir o Senhor e serem transfor­
Essa hora deve ser um tempo dedicado à mados por Seu poder. Quando saem de
confissão de pecados, adoração e louvor, casa, estão enriquecidos com a presença
intercessão e busca de conhecimento e do Senhor que fala e age por meio deles.
prática para executar a vontade de Deus.
Este hábito não deve restringir-se
Destacamos que este não é um há­ aos pastores e líderes da igreja. Deve
bito natural para nós, pois não é de nossa ser uma prática de cada um que faz de
natureza esta disciplina. O conselho de Cristo o Senhor de sua vida.
Provérbios 12.1 é: "Quem ama a discipli­
aplicação
na, ama o conhecimento, mas o que abor­
rece a repreensão é estúpido". Assim como Estou disposto à disciplina da vida diária
Jacó, que só alcançou a bênção de Deus de oração? Sei quais as barreiras que vou
após o romper do dia, indicando um enfrentar para manter essa prática?
longo e difícil tempo de luta para a trans-
73
II. Confiar que Deus é tem mais poder que a nossa. Mas nossa
poderoso para fazer mais única atitude deve ser reconhecer o
do que peço em oração Senhorio de Jesus Cristo e crermos em
Seu poder.
Vivemos em uma sociedade incré­
dula e materialista. As pessoas colocam O que pode transformar a atitude
sua esperança em coisas como cristais, da pessoa de oração é a capacidade
visitas a um vale encantado, o poder de em ampliar seu conhecimento sobre
um vidente, e assim por diante. M es­ a grandeza de D eus. Q uanto mais
mo no meio evangélico, temos visto melhoramos nossa visão sobre a glória
algumas experiências dessa natureza. de Deus, Seu caráter, Sua misericórdia,
Há pessoas que colocam um copo de Sua soberania, Sua santidade, mais
água em cima do aparelho de televisão capacidade temos de aprofundar nossa
na confiança de que a oração que será intimidade com Ele.
feita dará poder sobrenatural à água,
que a fórmula mágica de uma campa­ Foi esse conhecimento que deu
nha trará solução para o problema que a Abraão capacidade para interceder
enfrentam. Substituem assim o meio, pelas cidades de Sodoma e Gomorra
pois seria transferido o poder que existe (Gn 18.22-33), e a M oisés de pedir
em Cristo pelo ritual. a Deus que não destruísse o povo de
Israel, chegando a ponto de pedir para
C erta fam ília ad otou em um riscar seu nome do livro em que o havia
orfanato um menino com sete anos inscrito (Êx 32.32). Oseías profetiza
de idade. Ao chegar em seu novo que devemos conhecer e continuar a
lar, o menino passou a conviver com conhecer o Senhor (Os 6.3).
outro filho que se tornou seu irmão.
E m suas prim eiras sem anas dessa Este envolvimento que a pessoa
nova experiência, sempre que queria de oração passa a ter com Deus a ha­
alguma coisa dos pais pedia para o bilitará a crer, como Paulo, que Ele “é
irmão interceder por ele. Mas certo dia poderoso para fazer infinitamente mais
este irmão lhe disse: você não precisa do que tudo quanto pedimos oupensamos,
de minha ajuda para pedir algo aos conforme o Seu poder que opera em nós”
nossos pais, pois, afinal, você é um filho (E f 3.20).
como eu.
aplicação

Essa ilustração nos ajuda a enten­


Qual a qualidade de meu conhecimento
der nosso relacionamento com Deus.
de Deus? 0 que isso tem produzido em
N ão precisam os de um ob jeto ou
m inha fé? Que fatos, nestes últimos me­
intermediário. As vezes, como aquela
ses, posso mencionar dessa experiência?
criança, achamos que nosso irmão tem
mais fé do que nós, ou que uma igreja

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III. Cultivar o ministério de suprimento e sabedoria aos m issio­
intercessão em favor de nários que estão em um determinado
muitos campo; salvação do nosso povo; cura
de um enfermo; provisão de emprego
Uma das belas lições que a vida a um amigo; restauração do casamento
de Jesus nos deixa é que Ele valorizou de um parente; e assim por diante.
a intercessão pelas pessoas. Isso acon­
tecia tanto em Suas orações individuais Apessoa de oração tem uma agen­
como quando estava na companhia da para anotar as necessidades, e no seu
de outros. Muitas pessoas de oração tempo diário com Deus reserva um pe­
da Bíblia também intercederam por ríodo para interceder por esses motivos.
seus semelhantes, povos ou situações.
aolicacão
Essas orações, em muitas ocasiões,
puderam revolucionar a sociedade em No período final do sofrimento de Jó, ele
que viveram. foi desafiado pelo Senhor a interceder
por seus amigos. Quando passo por lutas,
Conheço a história de um homem priorizo orar por mim ou pelos outros?
de oração que teve alguns objetos de
sua casa roubados. Alguns dias depois
desse incidente, ele descobriu quem era
o ladrão. Sua filhinha perguntou se iria Conclusão
dar queixa na polícia e denunciá-lo. Ele
respondeu que iria apenas orar pelo la­ Deus espera que você assuma um
drão. E, durante muitos anos, ele inves­ compromisso com Ele, principalmente
tiu tempo intercedendo pela conversão depois destas lições. Você quer se tornar
daquele homem. Um dia, quando sua uma pessoa de oração? Que passos você
filha já era uma adolescente, teve opor­ pretende tomar para isso?
tunidade de ir a um culto evangelístico
em uma casa de detenção. Para sua Pensar em um tempo diário e uma
surpresa, lá estava aquele antigo ladrão agenda de oração pode ser um bom
entre os convertidos. Posteriormente, começo. Que você possa encontrar
ele se tornou pastor. na comunhão com Deus a alegria para
essa disciplina espiritual tão im por­
Existem inúmeras necessidades tante para sua vida, assim como da sua
de intercessão. Podemos apresentar família, sua igreja e do mundo em que
algumas para ilustrar, como: proteção, vivemos.

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Conheça outras revistas da série

O Comportamento do Crente
Uma introdução à ética cristã, o estudo de princípios bíblicos de ética e
relevância dos dez mandamentos compõem as 17 lições desta revista, que ensiní
-nos a andar neste mundo de acordo com a vocação a que fomos chamados.
Conheça outras revistas da série

Tudo Entregarei
A verdadeira vida cristã é um compromisso sem reservas com o Senhor Jesus
Cristo. Ele não está procurando pessoas que Lhe deem o tempo e os bens que lhes
sobra. Estudando estas lições aprenderemos que Tudo Entregarei quer dizer tudo
mesmo - minha vida, meu tempo, minhas mãos, meus pés, meus talentos, etc.
Conheça outras revistas da série

VidaCristõ I j

Conflitos da Vida
Por que temos problemas? Por que os conflitos da vida parecem aumentar a
cada dia? Esta revista trata dos conflitos que mais se manifestam nas pessoas hoje,
dentre eles: depressão, ira, culpa, medo, solidão, inferioridade, vícios, enfermidade,
alcoolismo, inveja, finanças, etc.
Conheça outras revistas da série

E sua família, como está?


Todo casamento e toda família passam por crises. Quando vêm os problemas,
a tendência é optar por separação e divórcio. Mas, foi Deus quem instituiu a família
quando criou o homem e a mulher. A família revela ao mundo acerca da natureza
de Deus e Seus planos para a humanidade. São 17 lições sobre o relacionamento
do casal, criação de filhos e assuntos da vida comum no lar.
Conheça a Série Profetas

Jeremias e Lamentações
Jeremias não se contentava em apenas anunciar sua mensagem, mas deixava
que a própria vida ilustrasse a sua pregação. É o profeta do Antigo Testamento que
mais revela seu coração. Seu ministério de 40 anos e sua mensagem de juízo lhe
custaram muito caro! Jesus citou Jeremias mais do que qualquer outro profeta. Te­
mos muito a aprender com a mensagem e a vida desse importante homem de Deus.
À s v e z e s , p e rg u n ta m o s a nós m e sm os: “ P or q u e eu p ro s p e ro tã o p o u c o na v id a
c ris tã ? ". E D eus re s p o n d e : "P o rq u e v o c ê n e g lig e n c ia o lu g a r d a o r a ç ã o " .

A h is tó ria d a Ig re ja , d e s d e o seu p rin c íp io , d e m o n s tra esse e n s in o d a P a la v ra d e


D eus s o b re a o ra ç ã o . H o m e n s e m u lh e re s d e to d a s as c a te g o ria s q u e c re ra m nas
p ro m e s s a s d a B íb lia s o b re a o ra ç ã o re v o lu c io n a ra m n a ç õ e s in te ira s c o m o p o d e r
d a o ra ç ã o . O q u e a ig r e ja n e c e s s ita h o je n ã o s ã o n o v o s m é to d o s d e tra b a lh o ,
n o v o s p ro g ra m a s , m a s d e h o m e n s e m u lh e re s a q u e m o E s p írito p o s s a u sa r - g e n te
d e o ra ç ã o - h o m e n s e m u lh e re s p o d e ro s o s n a o ra ç ã o .

H á m u ita s o ra ç õ e s n a B íb lia . E s co lh e r u m a v a r ie d a d e d e o ra ç õ e s p a ra nos a ju ­


d a r nas d iv e rs a s s itu a ç õ e s n as q u a is p ro c u ra m o s o a u x ílio d iv in o . E s p e ra m o s
q u e , a tra v é s d e s ta s liç õ e s , a p re n d a m o s a o r a r m a is e m e lh o r e c o n h e ç a m o s d e
m a n e ira m a is ín tim a o n osso D eus, q u e s e m p re to m a a in ic ia tiv a d e c o m u n ic a r-S e
c o m Seus filh o s .
P f* { \
A lg u n s d o s a ssu ntos tra ta d o s :

^ S e n h o r, e n s in a -n o s a o ra r
• A b r a ã o s u p lic a p e lo s ím p io s
• E lias e a o ra ç ã o d a fé
• D a n ie l o ra c o n fo rm e a P a la v ra d e D eus
• P a u lo , d e jo e lh o s em fa v o r d o s c re n te s
• Jesus e S uas ú ltim a s o ra ç õ e s
• E v o c ê , é u m a p e s s o a d e o ra ç ã o ?
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SÉRIEADUITO S

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CristãEvangélica
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