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Revisão DOI
O organizador https://dx.doi.org/10.47402/ed.ep.b202340232
Conselho Editorial
G598a
Góes, Antônio Oscar Santos
Editora e-Publicar
Rio de Janeiro, Brasil
contato@editorapublicar.com.br
www.editorapublicar.com.br
2023
SINOPSE
Mas, já não há uma boa quantidade de livros tratando da Teoria Geral da Administração
no mercado? Sim, há! Infelizmente, como temos observado na nossa prática no magistério no
curso de Administração, muitos desses livros são superficiais. Outros, ao contrário, pecam pelo
excesso, o que torna a leitura maçante, além de serem um tanto confusos, devido à grande
quantidade de matéria apresentada. Então, decidimos fazer uma obra que não superficial, mas
que também não fosse um catatau. Que fosse bem-organizado cronologicamente, para que o
leitor pudesse acompanhar o desenrolar dos temas sem ficar perdido no tempo. E que mostrasse
que a teoria administrativa, mesma a mais antiga, até hoje é aplicada nas empresas (e, diga-se
de passagens, empresas que estão entre as maiores do mundo; que utilizam as mais modernos
recursos gerenciais).
- MUNDO REAL, uma seção, no início de cada capítulo, onde são mostradas situações
de empresas verdadeiras, em que a teoria fundamenta a prática;
É justo reconhecer que, para dar o salto qualitativo na área educacional, o Brasil precisa
de mais escolas em todos os campos do conhecimento voltadas para a expansão do ensino de
qualidade de forma a atender a demanda pela formação de profissionais qualificados que o
mercado de trabalho e até mesmo a sociedade necessitam.
AMIG@
Alfredo Dib.
Drº em Educação pela Universidade Complutense de Madrid, Espanha e
Drº em Economia pela Universidade do Porto, Portugal. Profº. Efetivo do DCAC,
Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus/BA, Brasil
Mundo Real
“O FUTURO DA AUDI NO BRASIL
Com o fim da produção nacional do A3, os sócios do negócio — grupo Wolkswagen e família
Senna — redefinem o destino da marca no país
Thiago Lethbridge
A ALEMÃ AUDI, UMA DAS PRINCIPAIS marcas de carros de luxo do mundo, vive um
momento de definição de sua estratégia para o Brasil. Seu carro mais vendido no país, o A3, só
tem produção garantida na moderna fábrica instalada em São José dos Pinhais, no Paraná, até
o final de 2005. O modelo representa 90% dos 700 milhões de reais de faturamento que a em-
presa obteve no Brasil no ano passado. As vendas de janeiro a agosto deste ano, 27% menores
em relação ao mesmo período de 2003, demonstram que começa a faltar fôlego para um modelo
que não é atualizado há oito anos e está prestes a sair de linha no país.
[...]
Em 2003, a Volks escolheu a fábrica do Paraná para produzir o Fox, sua maior aposta para
retomar a liderança do mercado, hoje na mão da GM. Em junho deste ano, foram contratados 1
100 funcionários para a linha do Fox, e o novo carro já ocupa cerca de 70% da capacidade da
fábrica, que está no limite da ocupação — algo raro num setor que tem uma ociosidade média
de 40%. Os analistas acreditam que a tendência é a fábrica de São José dos Pinhais vir a ser
totalmente ocupada pelo Fox. ‘Não faz mais sentido montar localmente uma quantidade redu-
zida de carros de luxo’, diz o consultor Corrado Capellano. ‘E em vários lugares do mundo as
fábricas de automóveis vêm sendo reestruturadas para a produção em larga escala de apenas
um modelo.’
[...].”
LETHBRIDGE , T. O futuro da Audi no Brasil. Exame, São Paulo, ed. 828, ano 38, n. 20, p. 54-7, 13 out. 2004.
Frederick Winslow Taylor era americano e engenheiro mecânico; Henri Fayol, francês
e engenheiro de minas. Esses dois homens foram dos primeiros a desenvolver estudos e méto-
dos — no início do século XX — que acabaram por se transformar na ciência social conhecida
como Administração.
Tanto a Administração Científica quanto a Teoria Clássica tinham como meta o au-
mento da eficiência nas organizações. Contudo, a primeira dirigiu sua atenção para a tarefa do
operário, ao passo que a segunda salientou a estrutura. Desse modo, para a Administração
Científica, aumentar a eficiência organizacional implicava simplesmente em racionalizar o tra-
balho do operário. Já a Teoria Clássica fundamentou-se na integração e na harmonização dos
elementos organizacionais (departamentos e pessoas), com vistas ao incremento da eficiência
produtiva.
1
Racionalização é a utilização de métodos científicos de trabalho. Dito de outra forma: significa planejar a exe-
cução do trabalho e implementá-lo de forma organizada, com vistas à redução dos custos operacionais e ao au-
mento da produtividade dos operários.
Taylor saiu na frente, publicando sua principal obra, The Principles of Scientific Mana-
gement em 1911. Antes, já houvera lançado A Piece-Rate System (1895) e Shop Management
(1903). Em 1916, Henri Fayol publicou o seu Administration Industrielle et Généralle. Taylor
falecera no ano anterior.
Administração Científica
A Escola da Administração Científica recebeu esse nome, devido à pretensão de se apli-
carem os métodos da ciência aos problemas da administração empresarial, com a intenção de
se obter a máxima produtividade na indústria. Fundamentalmente, os métodos científicos em-
pregados aos problemas da Administração são a observação e a mensuração.
Os esforços de Taylor
Taylor iniciou seus estudos e experimentos enquanto trabalhava na Midvale Steel, uma
usina siderúrgica da Filadélfia, na qual ingressou em 1878. Ele andava aborrecido com o “corpo
mole” 2 (que se refere à prática pelos trabalhadores de, propositadamente, adiar a execução de
2
Na versão brasileira de Principles Of Scientific Management — Príncipios da Administração Científica, publi-
cada pela editora Atlas — o tradutor usou o termo “vadiagem”, em vez de “corpo mole”. Esta expressão é a
preferida pelos teóricos, a exemplo de Maximiano, em vez daquela.
O “ataque” de Taylor ao “corpo mole” começou através dos “estudos de tempo” dos
operários — na Bethlehem Steel, uma das grandes siderúrgicas americanas, para a qual foi
contratado em 1893 —, enquanto eles executavam suas atividades rotineiras no trabalho. Con-
tudo, ele não media toda a atividade; em vez disso, decompôs complexas sequências de
movi-mentos em ações elementares. Então, mediu o tempo de cada uma dessas ações
durante sua execução. Um detalhe: Taylor selecionou previamente os operários que
considerava mais efi-cientes, a fim de que tomasse parte nos experimentos (Ver O
Schimdt? Um gorila é mais inte-ligente!!!, na pág. 19).
Podem ser identificados, de forma velada, nesses princípios, noções da organização ba-
seada na hierarquia e dos relacionamentos impessoais.
O primeiro exemplo é relativo ao carregamento de barras de ferro e este trabalho foi escolhido porque representa
um dos trabalhos mais árduo e rudimentares que se conhecem. É executado pelo homem com auxílio apenas de
seus braços, sem uso de qualquer instrumento. O carregador de barras de ferro abaixa-se, levanta um lingote de
cerca de 45 quilos, anda alguns passos e, depois, joga-o ao chão ou sobre uma pilha. Este trabalho é tão grosseiro
e rudimentar por natureza que acredito ser possível treinar um gorila inteligente e torná-lo mais eficiente que um
homem no carregamento de barras de ferro. Entretanto, mostraremos que a ciência de carregar lingotes reúne tantos
dados, que nenhum homem bem-ajustado a esse tipo de trabalho é capaz de entender os princípios desta ciência
ou mesmo guiar-se por tais princípios, sem auxílio de outro mais instruído que ele. E os exemplos posteriores
esclarecerão que, em quase todas as artes mecânicas, a ciência que rege as operações do trabalho é tão vasta e
complexa que o melhor trabalhador adaptado a sua função é incapaz de entendê-la, quer por falta de estudo, quer
por insuficiente capacidade mental.
[...]
A Bethlehem Steel Company tinha então cinco altos-fornos, cuja produção vinha sendo transportada durante mui-
tos anos por um grupo de carregadores de barras de ferro. Na época, esse grupo compunha-se de mais ou menos
75 homens.
[...]
Estendeu-se, para dentro do campo, um desvio de estrada de ferro, em cujas margens ficaram as pilhas de lingotes.
Uma prancha em declive foi colocada sobre a parede do carro, e os homens tiravam, de sua pilha, barras de cerca
de 45 quilos, avançavam pela prancha inclinada e jogavam as barras no fundo do vagão.
Verificamos que o carregamento médio era de 12½ toneladas por dia e por homem. Depois de estudar o assunto,
surpreendemo-nos ao comprovar que os carregadores melhores podiam transportar entre 47 e 48 toneladas por dia,
em vez de 12½ toneladas. Esta tarefa nos pareceu tão pesada que voltamos a considerar a observação várias vezes,
antes de certificar-nos de que não incorríamos em erro. Uma vez confirmado que 47 toneladas correspondiam à
tarefa adequada para um dia de trabalho dos melhores carregadores, mostrou-se claro o problema que enfrentáva-
mos, como administradores, em face do sistema científico. Nosso dever consistia em providenciar para que as
80.000 toneladas de barras fossem colocadas nos vagões na
proporção de 47 toneladas por homem e por dia, em vez de Este trabalho é tão gros-
12½, como estavam sendo transportadas anteriormente. E, seiro e rudimentar por
além disso, era também nossa obrigação cogitar que tal serviço natureza que acredito ser
fosse executado sem discussões graves e, de tal modo, que os possível treinar um gorila
operários se sentissem tão satisfeitos em carregar 47 toneladas inteligente e torná-lo
em média como as 12½ na forma antiga. mais eficiente que um ho-
mem no carregamento de
Nossa primeira providência foi a seleção científica do traba- barras de ferro.
lhador. Neste novo sistema de administração é regra inflexível
falar e tratar com um trabalhador de cada vez, desde qwue cada um possui aptidões próprias e contra-indicações
especiais, e que não estamos lidando com homens em grupo, mas procurando aumentar individualmente a efici-
ência e dar a cada um a maior prosperidade. Assim, nosso primeiro cuidado foi procurar o homem adequado para
iniciar o trabalho. [...] Finalmente, [...] escolhemos um, como o mais apto para começar. Era um pequeno holandês,
vindo da Pensilvânia, que costumava correr à tarde, de volta para casa, situada mais ou menos a uma milha, tão
[...]
O nosso problema, então, se limitava em conseguir de Schmidt o carregamento de 47 toneladas de barras de ferro
por dia e que ele fizesse esse trabalho com satisfação. Procedemos da seguinte forma: Schmidt foi chamado à parte
e falamos-lhe mais ou menos deste modo:
[...]
Não é preciso dizer qual teria sido a sua resposta.
[...]
Schmidt começou a trabalhar. [...] Praticamente nunca falhou, trabalhando nesse ritmo e fazendo a tarefa, que lhe
foi determinada, durante os três anos em que estive em Bethlehem. E, por todo este tempo, atingiu média pouco
maior do que $ 1,85 dólar por dia, enquanto antes nunca percebera acima de $ 1,15 por dia, que era o salário
comum, nesta época, em Bethlehem. Assim, ele recebeu salários 60% mais elevados do que eram pagos a outros
homens que não trabalhavam no sistema da tarefa. Uns após outros, os homens foram chamados e treinados para
carregar lingotes na proporção de 47½ toneladas por dia, até que se transportavam todas as barras de ferro; ganha-
ram, então, remuneração 60% superior à dos outros trabalhadores da vizinhança.
TAYLOR, F. W. Princípios de administração científica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1990. p. 42-46.
(2) A administração científica nada mais era do que uma técnica para fazer o operário
trabalhar mais e ganhar menos”(Maximiano, 2002, p. 162).
manejo de máquinas.
Na indústria, Taylor representou a transição do século dezenove para o século vinte, em
matéria de técnicas manufatoras. Mas a utilização integral das práticas tayloristas não ocorreu
de imediato. Mesmo assim, a influência da Administração Científica foi marcante. Tanto que,
nos primórdios do século vinte, os gerentes das indústrias começaram a inventar e a implemen-
tar métodos de produção claramente inspirados no tratado de Taylor, Shop Management, de
1903. De fato, poucas plantas industriais introduziram completamente essas técnicas. Contudo,
milhares inseriram algum dos elementos da Administração Científica: estudo de tempos, méto-
dos de gestão de materiais e de ferramentas, departamentos formais de planejamento, etc.
e. controle: consiste em cuidar para que tudo suceda de acordo com as regras estipulas
e as ordens emitidas.
As explanações iniciais de Fayol acerca dos princípios gerais que logo serão apresenta-
dos, já demonstram um bom senso extraordinário e manifestam, verdadeiramente, que aquele
engenheiro era um sábio 3. Vejamo-las:
3
Para aqueles que acham exagerado considerar Fayol um sábio, um pouco do bom e velho Português não fará mal.
Segundo o Dicionário Houaiss, uma das definições para “sábio” é: ”3. que ou aquele que age ou fala em confor-
midade com a razão e a moral, com prudência e experiência de vida; sensato, equilibrado”.
4
Corpo social: as pessoas na organização.
7) a remuneração do pessoal: “[...] é o prêmio pelo serviço prestado. Deve ser equita-
tiva e, tanto quanto possível, satisfazer ao mesmo tempo ao pessoal e à empresa, ao empregador
e ao empregado” (Fayol, 1989, p. 50);
9) a hierarquia: “Constitui a [...] série dos chefes que vai da autoridade superior aos
agentes inferiores. A via hierárquica é o caminho que seguem, passando por todos os graus da
hierarquia, as comunicações que partem da autoridade superior ou que lhe são dirigidas. Esse
caminho é imposto, ao mesmo tempo, pela necessidade de uma transmissão segura e pela uni-
dade de comando. Mas ele não é sempre o mais rápido; às vezes, é desastrosamente longo nas
empresas muito grandes, principalmente o Estado. Ora, há inúmeras operações cujo êxito de-
pende de execução rápida; é preciso conciliar o respeito à via hierárquica com a obrigação de
andar depressa” (Fayol, 1989, p. 57);
11) a equidade: “Por que equidade e não justiça? A justiça é a realização das conven-
ções estabelecidas. Mas os convênios não podem prever tudo; é necessário interpretá-los por-
menorizadamente ou suprir sua insuficiência. Para que o pessoal seja estimulado a empregar no
exercício de suas funções toda a boa vontade e o devotamento de que é capaz, é preciso que ele
seja tratado com benevolência; e equidade resulta da combinação da benevolência com a jus-
tiça” (Fayol, 1989, p. 61);
12) a estabilidade do pessoal: “um agente precisa de tempo para iniciar-se em uma
nova função e chegar a desempenhá-la bem — admitindo que seja dotado das aptidões neces-
sárias. Se ele for deslocado assim que sua iniciação acabar ou antes que ela termine, não terá
tido tempo de prestar serviço apreciável. E, se a mesma coisa se repetir indefinidamente, a
função jamais será bem desempenhada. [...] Em geral, o pessoal dirigente das empresas prós-
peras é estável; o das empresas infelizes é instável” (Fayol, 1989, p. 61);
13) a iniciativa: “Conceber um plano e assegurar-lhe o sucesso é uma das mais vivas
satisfações que o homem inteligente pode experimentar; é, também, um dos mais fortes esti-
mulantes da atividade humana. Essa possibilidade de conceber e de executar é o que se chama
iniciativa. A liberdade de propor e a de executar são, também, cada uma de per si, elementos
de iniciativa” (Fayol, 1989, p. 62);
Para acelerar o tempo médio de ciclo, inicialmente Ford adotou a entrega das peças em
cada posto de trabalho, pois, no arranjo atual, o montador era também o responsável pela busca
das peças no estoque. Após essa medida, Ford decidiu que cada montador efetuaria uma única
tarefa, andando de um lado para outro na fábrica. Era o início da superespecialização do traba-
lhador. O tempo de ciclo caiu para 2,3 minutos. A partir de 1910, esse sistema tornou-se ainda
mais sofisticado, com a implementação da linha de montagem móvel. Dois novos princípios
foram adotados, os quais se caracterizaram: 1) pela integração, através de esteiras ou trilhos,
dos diversos segmentos do processo de trabalho — garantindo o deslocamento dos veículos em
processo de montagem; e 2) pela fixação dos trabalhadores em seus postos de trabalho. Assim,
5
Este tópico foi, originariamente, criado para a dissertação do mestrado em Administração do autor, não sendo
utilizado na versão final.
Sward apud Braverman (1987, p. 130) descreveu, conforme apresentado a seguir, a evo-
lução do processo de manufatura de um automóvel na fábrica da Ford, de 1903 a 1908:
Para Crainer (1999), Ford utilizava métodos inflexíveis e nunca será lembrado pela bon-
dade ou habilidades na gestão de pessoas. “Por que, quando necessito de mão-de-obra, vem
junto um ser humano?” (Ford apud Crainer, 1999).
3) Por que o taylorismo provocou reações negativas por parte dos trabalhadores?
4) Você considera que os princípios de Administração segundo Fayol ainda são válidos
nas organizações contemporâneas ou já estão ultrapassados?
5) O que Fayol chama de corpo social numa organização? Como o corpo social é deno-
minado hoje nas empresas?
MUNDO REAL
“UM NEGÓCIO BOM PARA OS DOIS
Pesquisa aponta uma relação direta entre a construção de um ambiente de trabalho saudável
e um resultado financeiro acima da média
Cláudia Vassallo
[...].”
VASSALLO, C. Um negócio bom para os dois. Exame, São Paulo, ed. 826, ano 38, n. 18, p. 24-30, 15 set. 2004.
“[...] apesar da hegemonia da Abordagem Clássica, seus princípios nem sempre foram
pacificamente aceitos. Em um país democrático, como os Estados Unidos, os trabalhadores e
sindicatos passaram a visualizar e interpretar a Administração Científica como um meio sofis-
ticado de exploração de empregados [...]. A Pesquisa de Hoxie 8 [...] [verificou] que a Adminis-
tração se baseava em princípios inadequados ao estilo democrático de vida americano. Assim,
a Teoria das Relações Humanas nasceu da necessidade de corrigir a tendência à desumanização
do trabalho [...].”
Além desses fatos, anteriores à experiência de Hawthorne, outros, posteriores a ela, tam-
bém concorreram para o aparecimento da Teoria das Relações Humanas. Dentre eles, um dos
mais importantes é a contribuição do psicólogo Kurt Lewin (1890-1947), graças aos estudos
pioneiros acerca da influência do estilo de liderança sobre o grupo. Tais estudos foram realiza-
dos no final da década de 30, no século XX e tiveram um impacto considerável sobre a teoria e
a prática da Administração.
6
Ver o quadro “Experiências Humanistas”, na pág. 40
7
Ver o quadro“Experiências Humanistas”, na pág. 40
8
A Pesquisa [de] Hoxie foi uma espécie de CPI, criada nos Estados Unidos, em 1914, para investigar o problema
de greves e tumultos de trabalhadores nas indústrias do país.
“o experimento [...] fez parte de um programa mais amplo, [...] que durou até 1947. Esse
experimento fez nascer a chamada escola de relações humanas, porque demonstrou que entre
9
Este período é fornecido por Montana e Charnov (2003). Maximiano (2000) registra o período entre 1927 e 1933.
Chiavenato (2000), de 1927 a 1932.
Elton Mayo foi o cientista social responsável pela condução das pesquisas em Haw-
thorne. Antes, esse australiano, psicólogo industrial e professor da Universidade da Pensilvânia,
fora contratado para dar consultoria a uma fábrica de tecidos da Filadélfia. Precedentemente, a
administração dessa empresa havia contratado um engenheiro especialista em eficiência no tra-
balho, para implantar o sistema desenvolvido por Taylor e pelos outros estudiosos da Adminis-
tração Científica. Depois de feitos os estudos e observações iniciais, o método taylorista foi
posto em prática, mas não surtiu nenhum efeito. A eficiência dos trabalhadores não aumentou;
tampouco a produtividade. Além disso, a taxa percentual de rotatividade de funcionários no
setor de fiação não ficou abaixo do seu já comum patamar de 250% ao ano.
Mayo, como cientista social, entrevistou os trabalhadores daquele setor e observou duas
situações, uma evidente; a outra, nem tanto. Eles se queixavam de dores nos pés e nas pernas,
por causa da natureza e do ritmo de trabalho imposto. Essa era a situação evidente, que Mayo
atacou, sugerindo à administração que aumentasse o número de períodos de descanso e que
implantasse uma área com camas de lonas para que pudessem descansar. A empresa aceitou as
recomendações. Resultado: a produtividade subiu, ao mesmo passo em que a rotatividade de-
cresceu.
Contudo, durante as entrevistas, Mayo também ouviu queixas de natureza menos pa-
tente. Os funcionários da fábrica afirmavam que se sentiam depressivos, pois seu trabalho não
era valorizado, o que reduzia a auto-estima. “Ao examinar as condições de trabalho, Mayo
chamou os trabalhadores de solitários porque havia pouco contato pessoal entre eles e nenhum
senso de pertencimento a um grupo e de confiança nos demais. Ele reconheceu que a falta de
um sentimento de grupo havia efetivamente sabotado os esforços do cientista em administração.
Mais tarde, Mayo passou a perguntar a si mesmo se as melhorias que havia ocorrido após sua
consulta eram decorrentes do número maior de períodos de descanso e da presença das camas
de lona, ou se elas estavam relacionadas a uma mudança nos sentimentos dos trabalhadores, já
que suas entrevistas e interesse manifesto pareciam uni-los como grupo.” (Montana; Charnov,
2003, p. 22).
10
Dicionário Houaiss (versão online – http://houaiss.uol.com.br): Relé: 1. aparelho graças ao qual uma energia
relativamente pequena controla uma energia maior; relais 2. dispositivo que retransmite um sinal radioelétrico,
amplificando-o, ou que permite comutar um circuito com a ajuda de um sinal de comando.
Dicionário UOL/Michaelis (eletrônico): Índice: 2. (Matemática). Indicação numérica que serve para caracterizar
11
uma grandeza.
a) padrões de produção que os operários julgam ser a produção normal que deveriam
dar e que não eram ultrapassados por nenhum deles;
b) práticas não-formalizadas de punição social que o grupo aplica aos operários que
excedem os padrões e são considerados sabotadores;
a) o tipo de tratamento que os gerentes dão aos trabalhadores influi enormemente no seu
desempenho. Um tratamento amistoso e que leve em conta o aspecto grupal é capaz de propor-
cionar um desempenho satisfatório;
b) a empresa é uma organização social formada por grupos sociais informais. A estru-
tura desses grupos nem sempre se assemelha à da organização formal da empresa, isto é, os
propósitos de um e outro não são convergentes. Os grupos informais compõem a organização
c) a produtividade do trabalhador não é definida pela sua capacidade física, como asse-
verava a Administração Científica, mas pelas normas sociais e expectativas do grupo. Sendo
assim, mais elevada será a produtividade quanto maior for a integração social do indivíduo no
grupo de trabalho;
Os novos conceitos apresentados por Elton Mayo e equipe não transformaram a estru-
tura do modelo arquitetado por Taylor, Ford e os outros expoentes da Administração Científica.
Colaboraram, todavia, para modificar os modos de proceder dos administradores com respeito
aos trabalhadores, desempenhando um papel importante na alteração das concepções acerca das
organizações, dos trabalhadores e das funções do administrador.
A partir dos anos 30, no século XX, a concepção das relações humanas, de forma rápida,
abarcou a educação formal e a informal. Escolas, associações de classe, seminários e programas
de treinamento começaram a abordar os princípios apresentados por Mayo. De maneira cres-
cente, novas gerações de profissionais instruídos nessas idéias, além surgimento de publicações,
contribuíram para disseminá-las com sucesso.
Gradualmente, ao tema central da escola das relações humanas foram-se acoplando ou-
tras idéias, que formaram o composto de temas do enfoque comportamental, como se verá a
seguir. Antes, contudo, apresentamos um tópico que trata do “grupo informal”.
As diferenças mais significativas entre os grupo formal (a organização com toda a sua
estrutura pré-estabelecida e hierarquizada) e o grupo informal são as seguintes (Bernardes; Mar-
condes, 2003, p. 85):
Deve-se advertir o leitor que são muitas as abordagens ou teorias a respeito de LIDE-
RANÇA. Há autores que mencionam algumas, deixando de lado outras. Estas são abor-
dadas por outros tantos autores, que não tratam daquelas. Outras, no entanto, são
apresentadas por quase todos eles. Assim, fizemos uma seleção e vamos mostrar as mais
conhecidas.
Os expoentes da Abordagem Clássica não devotaram muita atenção ao tema. Para eles,
importava apenas a liderança formal, que é aquela peculiar de quem está investido num cargo
de autoridade: o gerente, o diretor, o supervisor.
A Teoria das Relações Humanas, no entanto, pôs a matéria numa posição de destaque
dentro da Teoria Geral da Administração. E fez mais: demonstrou, através da experiência de
Hawthorne, a existência do líder informal, que centraliza as expectativas, controlando o com-
portamento de seus membros e mantendo-os socialmente integrados.
Segundo Motta (1999, p. 206), “Liderança tornou-se uma palavra corrente na linguagem
administrativa moderna. Muitos a desejam, principalmente os dirigentes que a vêem como um
instrumento poderoso para influenciar pessoas e conservar o poder.
Ainda de acordo com esse autor, “A atração pela liderança decorre basicamente de duas
noções: liderar está sempre associado à idéia de grandes personalidades da história e ainda pos-
sui uma dimensão mágica, ou seja, a utilização hábil de algumas qualidades inatas é capaz de
transformar pessoas [...] em grandes e respeitáveis líderes. A idéia de liderar é também mais
simpática e atraente do que a de administrar, comandar [...]” (Motta, 1999, p. 206-7).
Definição
Segundo Montana e Charnov (2003, p. 243), “Liderança é o processo pelo qual um in-
divíduo influência outros para alcançar os objetivos desejados”. Por essa exposição, percebe-se
que seus autores não diferenciam a autoridade formal da informal. Assim, basta que ocorra
“influência” para que exista liderança. Contudo, através do ponto de vista das ciências
• Baseia-se em normas de conduta que formam uma legislação e são aceitas por segui-
dores e condutores.
[...]
• É subjetiva. Para ter liderança, alguém deve ser visto como líder por outros.
• Cumpre função social. A pessoa tem liderança porque atende aos interesses ou re-
solve os problemas de um grupo.
[...]
1) teoria genética;
“A vantagem da abordagem genética é que ela é uma explicação pronta para as origens
da liderança: você é líder porque herdou genes de liderança de sua mãe ou de seu pai ou de
ambos. Como se pode ver nas práticas das famílias reais ao longo da história, os que endossam
a abordagem genética da liderança tendem a se casar com outra pessoa da realeza. Isso explica
como as famílias reais da Europa passaram a casar-se tanto entre si e porque diferentes reis
portavam uma impressionante semelhança física — eram descendentes de ancestrais comuns.
(A rainha Vitória da Inglaterra teve nove filhos, e os casou com pessoas de quase todas as
realezas européias. Assim, na Primeira Guerra Mundial, primos ingleses e russos estava com-
batendo seus primos alemães.) Uma grande quantidade de casamentos dentro de um pequeno
grupo de famílias — em nosso exemplo, entre as realezas da Europa — resulta em um código
genético fechado. Novos e diferentes genes são raramente introduzidos nesse código ou, em
outras palavras, os mesmos ingredientes básicos são misturados e remisturados. Esse
código genético fechado frequentemente resulta em uma incidência mais alta do que o
normal de de-feitos congênitos. Mesmo que a descendência da realeza não evidenciasse
defeitos congênitos diretos e, dessa forma, parecesse normal em todos os aspectos, muitas
vezes carecia dos cha-mados genes de liderança. Esse fenômeno genético ajuda a explicar por
que essa abordagem da liderança acabou se mostrando inadequada.
12
É extremamente instrutiva e interessante a abordagem história oferecida por Montana e Charnov (2003), motivo
pelo qual temos o maior prazer em reproduzi-la na maior parte deste tópico.
13
Conforme apresentado no livro bíblico I Samuel.
Em resumo, um líder deve inspirar confiança, ser inteligente, perceptivo [...] para ter
condições de liderar com sucesso” (Chiavenato, 2000, p. 136).
A teoria dos traços é uma abordagem de cunho genético — afirmam Montana e Charnov
— , pois supõe que os líderes nascem prontos, em vez de serem desenvolvidos. Mesmo assim,
é muito utilizada no cotidiano empresarial, bastando que se observem os anúncios de emprego
3) a pessoa dotada de traços é sempre líder, não importando o tempo nem o espaço
geográfico. Isso não ocorre no mundo real.
“[...] pareceria que a teoria dos traços de liderança é uma visão clara e concisa das ori-
gens e natureza da liderança, mas não é o que acontece. A pesquisa científica tem produzido
Os pesquisadores White e Lippitt realizaram uma pesquisa para analisar o impacto ge-
rado por esses três estilos de liderança em meninos orientados para a execução de tarefas. Os
meninos foram distribuídos em quatro grupos que, a cada seis semanas, tinham as estilos de
liderança mudadas. As conclusões a que chegaram foram que, quando os grupos estiveram sub-
metidos à liderança autocrática, apresentaram a maior quantidade de trabalho produzido.
A abordagem comportamental
A abordagem comportamental da liderança buscou estabelecer o melhor estilo de lide-
rança que trabalharia bem em qualquer situação. Ela tem a vantagem de aprofundar as investi-
gações a respeito das origens e da eficácia da liderança. Contudo, fraqueja ao fazer uma busca
quimérica pelo “melhor estilo”.
Sendo uma tentativa de compreensão da liderança com base em pesquisa, foi desenvol-
vida em vários estudos universitários a respeito da liderança no ambiente dos negócios. Não
obstante tais estudos utilizarem expressões diferentes para descrever as dimensões da liderança,
elas são, em geral, conhecidas como: a) liderança centrada na tarefa: a que se preocupa basi-
camente com o cumprimento das tarefas e seus resultados; b) liderança centrada no empre-
gado: a que se interessa pelos aspectos humanos, isto é, o modo como o líder se relaciona e
trata os subordinados.
Motivação
A palavra motivação significa, segundo o dicionário Houaiss, versão on-line, o “con-
junto de processos que dão ao comportamento uma intensidade, uma direção determinada e
uma forma de desenvolvimento próprias da atividade individual. Em Administração, o indiví-
duo motivado é aquele que possui um grau elevado de disposição para executar bem uma tarefa
ou atividade, seja ela qual for, na organização. Mas a motivação também pode ser prejudicial,
pois “[...] as pessoas também se motivam para fazer coisas que vão na direção oposta à desejada
pela empresa, como greves, sabotagens ou invasões de fábricas que demitem funcionários”
(Maximiano, 2000, p. 297).
Teorias e autores
Existem diversas teorias tratando da motivação nas organizações, sendo uma das mais
antigas a que se baseia na idéia de que o dinheiro é o principal motivador do empregado. Essa
teoria desenvolveu-se a partir do movimento da Administração Científica. De acordo com ela,
as recompensas financeiras devem ser diretamente proporcionais à produtividade, ou seja,
quanto maior, mais dinheiro o empregado receberá.
Maslow
Fundamentalmente, o estudo da motivação no campo das organizações tem buscado
descobrir por que o ser humano trabalha, sendo a teoria da hierarquia das necessidades de
Maslow (ou, simplesmente “hierarquia de Maslow) uma da mais importante. Abraham Maslow
(1908-1970) desenvolveu a idéia de que as necessidades humanas estão ordenadas
Uma vez satisfeitas as necessidades fisiológicas básicas, surgem outras para serem aten-
didas. ‘Novas carências vêm à tona. Elas podem ser classificadas como sendo necessidades de
segurança’, escreveu Maslow em Motivation and personality. ‘Um homem que tenha suas pri-
meiras necessidades plenamente atendidas viveria exclusivamente em função da segurança’.
c) uma vez satisfeita, a necessidade perde a sua força motriz. Assim, o indivíduo passa
a ser motivado pela próxima categoria de necessidades;
A motivação, encarada por esse processo é muito positiva, assevera Maximiano (2000).
“De acordo com essa teoria de Maslow, as pessoas estão em processo de desenvolvimento
contínuo [e] [...] tendem a progredir ao longo das necessidades, buscando atender uma após
outra, e orientando-se para a auto-realização [...] que não está, necessariamente, no topo da
hierarquia — não é uma necessidade em si nem a necessidade definitiva, aquela que só pode
ser satisfeita uma vez que todas as demais tenha sido atendidas. A auto-realização pode ocorrer
em qualquer ponto da escala [...] e com o atendimento de qualquer tipo de necessidade, depen-
dendo do indivíduo” (Maximiano, 2000, p. 312, grifo nosso).
Outro pormenor a ser considerado: certas necessidade (ou o seu grupo) podem ser do-
minantes nos motivos internos de um indivíduo, devido a razões como idade, meio social, ou
personalidade.
McGregor
Outro nome importantíssimo no estudo da motivação humana é Douglas McGregor,
que, “Ao propor sua teoria sobre motivação, não esconde sua principal fonte de inspiração:
‘Talvez a melhor maneira de demonstrar porque a abordagem convencional da administração é
inadequada seja por meio da análise da motivação. Ao expor esse assunto, recorrerei em grande
1. O ser humano, de modo geral, tem uma aversão essencial ao trabalho e o evita sem-
pre que possível.
[..]
[...]
14
Douglas McGregor apresentou as Teorias X e Y em 1960. Daí o motivo dessa afirmação. Na atualidade, graças
ao próprio McGregor, a literatura gerencial já adotou os pressupostos da Teoria Y, que será apresentada oportuna-
mente.
“1. O dispêndio de esforço físico e mental no trabalho é tão natural como o jogo ou o
descanso. O ser humano comum não detesta, por natureza, o trabalho. Dependendo de condi-
ções controláveis, o trabalho pode ser uma fonte de satisfação (e será voluntariamente realizado)
ou uma fonte de punição (e será evitado, se possível).
[...]
4. O ser humano comum aprende, sob condições adequadas, não só a aceitar respon-
sabilidades como a procurá-las.
[...]
Comunicação
Uma comunicação eficaz é fundamental para o sucesso gerencial e organizacional, afir-
mam Montana e Charnov (2003). Caso um gerente não consiga se comunicar bem com seus
subalternos, as funções gerenciais não terão muito sucesso.
O processo de comunicação
O modelo básico do processo de comunicação é o seguinte:
Um processo de comunicação conta, ainda, com o feedback, que pode ser definido, de
forma simples, como a reação do receptor captada pelo emissor. Vejamos a seguinte situação:
ATENÇÃO!!!
Só existirá comunicação se houver entendimento!
“a) assegurar a participação das pessoas dos escalões inferiores na solução dos proble-
mas da empresa;
De acordo ainda com Chiavenato (2000, p. 143, grifos do autor), “Para a Teoria das
Relações Humanas, a comunicação é importante no relacionamento entre as pessoas e na ex-
plicação aos participantes das razões das orientações tomadas. Os subordinados devem receber
continuamente dos superiores um fluxo de comunicações capaz de suprir-lhes as necessidades.
Mas também os superiores devem receber dos subordinados um fluxo de comunicações capaz
de lhes fornecer uma idéia adequada do que está acontecendo”.
QUESTÕES
1) O texto um Negócio Bom Para os Dois, no início do capítulo (Mundo ReaI, p. 37),
traz a seguinte declaração: “[...] funcionário mais feliz ajuda a gerar lucros maiores”. Que ele-
mentos teóricos podem ser utilizados para fundamentar essa afirmação?
3) Por que a Teoria das Relações Humanas valoriza tanto os grupos sociais informais?
Mundo Real
“CURSO PARA VIRAR CHEFE
O Santander cria um programa que prepara os gerentes escolhidos para assumir cargos de
comando
Daniela Diniz
O Santander investiu 750 000 reais no programa, que se divide em nove módulos e dura apro-
ximadamente 14 meses. Para ser selecionados, os candidatos devem primeiro ser indicados pe-
los seus chefes. Em seguida, enfrentam quatro bancas de executivos que analisam suas habili-
dades técnicas. Na primeira edição do programa [...] só sobraram 15 gerentes de um total de 1
200. Os ‘alunos’ assistem a palestras de executivos do banco e de fora, como Luiza Helena
Trajano Rodrigues, superintendente do Magazine Luiza, e o técnico da seleção masculina de
vôlei, Bernardinho.
A proposta é que os gerentes aprendam desde missões, valores e matemática financeira até
gestão de pessoas e de clientes. Durante o curso, eles perambulam por todas as unidades do
banco e passam um dia no serviço de atendimento ao cliente. ‘Faz parte do programa ouvir
reclamações, dúvidas e sugestões de clientes’, diz Saldanha.
[...].”
DINIZ, D. Curso para virar gerente. Exame, São Paulo, ed. 830, ano 38, n. 22, p. 94, 10 nov. 2004.
Agora leia a teoria, para entender qual é a proposta da Abordagem Estruturalista para o
MUNDO REAL.
Weber e a Burocracia
É inegável a importância das organizações na sociedade. Tanto assim que muitos cien-
tistas se dedicaram ao seu estudo, elaborando as mais diversas teorias, entre elas, a Burocracia,
tratada neste capítulo. O mais importante é Max Weber (1864-1920), considerado o pai da teo-
ria, embora não tenha sido o único a a desenvolver o assunto.
Weber, no começo do século XX, publicou escritos que tratavam das grandes organiza-
ções de seu tempo. Denominou-as burocracias, além de passar a reputar esse mesmo século
como o século das burocracias, “[...] pois achava que estas eram as organizações características
de uma nova época, plena de novos valores e de novas exigências” (Chiavenato, 2000, p. 299).
O lançamento dessa teoria ocorreu no mesmo tempo em que nascia o capitalismo, impulsionado
por fatores tais como a economia monetarista, o surgimento do estado-nação centralizado, o
mercado de mão-de-obra e a difusão da ética protestante, que tem como pilares: a) a noção do
trabalho como um dom de Deus (positivo, portanto, em oposição à visão tradicionalmente
15
http://houaiss.uol.com.br
“Na época de sua morte 17, seus escritos encontravam-se em estado caótico. Nada
havia sido traduzido para o inglês. Weber nunca produziu uma obra completa e mesmo Eco-
nomia e sociedade, seu livro mais famoso, foi feito a partir de fragmentos. Em 1930, o so-
ciólogio americano Talcott Parsons traduziu A ética protestante e o espírito do capitalismo,
projetando-o no cenário internacional. Em meados dos anos 40, seus escritos sobre a buro-
cracia foram traduzidos para o inglês” (Maximiano, 2000, p. 88).
A partir dos anos 40, no século passado, pesadas críticas começaram a ser feitas às
teorias Clássica e das Relações Humanas: a esta, pelo romantismo ingênuo; àquela, pela falta
de consideração ao fator humano no trabalho. Patenteou-se, assim, a inexistência de uma teoria
organizacional consistente e abrangente, que servisse de guia para os administradores nas suas
atividades cotidianas. Além do mais, as empresas estavam crescendo e se tornando sistemas
complexos. Por isso, alguns pesquisadores foram buscar na obra de Weber a inspiração para a
criação do modelo burocrático de organização.
Para Weber, a burocracia não é um sistema social, mas um tipo de poder. Assim, para
bem compreendê-la, tratou de estudar os tipos de sociedade e de autoridade.
16
No livro bíblico Gênesis, Adão e Eva — os primeiros seres humanos criados por Deus — recebem como castigo,
por terem comido do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, a expulsão do paraíso e a seguinte maldi-
ção: teriam de trabalhar para proverem o próprio sustento.
17
Weber faleceu em 1920.
b) impessoalidade: são as normas que devem ser obedecidas, não as pessoas, uma vez
que a obediência é determinada por aquelas. “os membros de determinada organização obede-
cem ao chefe não por suas características pessoais, mas pela ordem impessoal por ele represen-
tada (Ribeiro, 2003, p. 89);
Não foi intenção de Weber definir as organizações, nem elaborar um modelo que elas
devessem seguir. Segundo Maximiano (2000, p. 88), ele não prescreveu nenhuma receita de
organização: o “Seu tipo ideal não é um modelo prescritivo, mas uma abstração descritiva”.
As disfunções da Burocracia
Conforme já foi dito, disfunção é distúrbio da função de um órgão. As disfunções do
modelo proposto por Weber foram identificadas por outro sociólogo, Robert K. Merton. Ele
c) o decisão baseada não no conhecimento, mas na hierarquia, isto é, aquele que ocupa
um cargo de autoridade é que decide, mesmo que não tenha nenhum conhecimento do assunto
em questão;
e) a resistência a mudanças;
“ O ABC da Burocracia
[...]
- humilhe sempre as pessoas de condição social modesta, que não têm como revidar suas
grosserias;
- o burocrata moderno não está a apenas na administração pública; ele pode trabalhar
em qualquer lugar”.
A Escola Estruturalista
No fim da década de 1950, a Teoria das Relações Humanas começou a ter a sua influên-
cia diminuída, pois, apesar de ter sido revolucionária em comparação com a Teoria Clássica,
não foi capaz de proporcionar bases consistentes para substituí-la. A Escola Burocrática tentou
emergir como a teoria ideal, mas carecia de elementos humanistas. Assim, foi surgindo a Escola
Estruturalista, preocupada com o todo e entendendo a organização como um sistema aberto,
isto é, um sistema influenciado por fatores provenientes do ambiente externo. Isso é exatamente
o oposto do que preconiza a Burocracia, que circunscreve o universo de ação, reprimindo as
capacidades criativa e produtiva da organização.
“A teoria de Relações Humanas supunha que a organização mais satisfatória deveria ser
a mais competente. [...] A escola de Relações Humanas não acreditava que a administração
fosse capaz de estabelecer uma organização que mantivesse os trabalhadores satisfeitos, apenas
através da distribuição do trabalho e da autoridade de maneira mais competente, determinada
pela natureza intrínseca da tarefa. Todavia, como a Administração Científica, não considerava
o problema da satisfação e da produtividade do trabalhador como inerentemente insolúvel. [...]
depois de compreender a verdadeira natureza das necessidades dos trabalhadores, de sua vida
informal de grupo e de suas organizações, nada impede a administração de tornar feliz a vida
da organização”.
O homem organizacional
Enquanto a abordagem clássica via o ser humano como “homo economicus” e a abor-
dagem comportamental como “homem social”, a Teoria Estruturalista trouxe o conceito de
“homem organizacional”, isto é, o homem que exerce papéis em diferentes organizações. De
acordo com Chiavenato (2000, p. 349-50, grifos do autor), na “[...] sociedade de organizações,
moderna e industrializada, avulta a figura do “homem organizacional” que participa simulta-
neamente de várias organizações. [...] o homem organizacional, para ser bem-sucedido em to-
das as organizações, precisa ter as seguintes características de personalidade:
1) Flexibilidade, em face das constantes mudanças que ocorrem na vida moderna, bem
como da diversidade dos papéis desempenhados nas diversas organizações [...].
Essas características não são sempre requeridas no nível máximo pelas organizações,
mas de acordo com a situação do cargo ocupado e da própria organização. Além disso, “[...] O
“homem organizacional” reflete uma personalidade cooperativa e coletivista, que parece des-
toar de algumas das características da ética protestante — eminentemente individualista —
definidas por Max Weber” (Chiavenato, 2000, p. 50, grifos do autor).
Tipologia de Etzioni
O modelo weberiano de organização ideal não se aplica, segundo Amitai Etzioni, a todo
tipo de organização, sendo apropriado apenas para empresas e governo. Etzioni crê que as or-
ganizações são unidades sociais, com objetivos específicos. Sendo assim, não se adaptam a um
único modelo, considerado “o padrão”. Contudo, sendo diferentes umas das outras, elas podem
ser categorizadas, o que permite analisá-las comparativamente e destacar suas particularidades.
Para Etzioni existem três categorias de organização, sendo cada qual definida pelo tipo
de poder exercido sobre os indivíduos. E cada tipo de poder dtermina um tipo de obediência,
que, segundo Maximiano (2000, p. 93), “[...] é a relação em que uma pessoa comporta-se de
acordo com a orientação que é dada por outra e apóia-se no poder desta segundo pessoa”. Há
três espécies de poder, três tipos de obediência (também chamada “envolvimento” ou “contrato
psicológico”) e, consequentemente, três qualidades principais de organizações. Veja o quadro
a seguir:
1) os membros da organização;
3) os clientes;
4) o público em geral.
Para Chiavenato (2000, p. 359, grifos do autor), “A tipologia de Blau e Scott tem a
vantagem de enfatizar a força de poder e de influência do beneficiário sobre as organizações a
ponto de condicionar a sua estrutura e objetivos. A classificação baseada no ‘cui bono’ 18 pro-
porciona um melhor agrupamento natural das organizações com objetivos similares”.
Contudo, assim como a tipologia de Etzioni, a de Blau e Scott também não traz infor-
mações sobre as diferentes tecnologias, estruturas ou sistemas psicossociais e administrativos
que existem nas organizações. “Trata-se também de uma tipologia simples e unidimensional)”
— complementa Chiavenato.
Conclusão
De modo geral, o Estruturalismo ampliou a esfera de temas da análise organizacional
ao introduzir os seguintes tópicos (Etzioni, 1972):
• a extensão dos grupos informais e o relacionamento entre esses grupos, dentro e fora
da organização;
• tanto os cargos menos elevados quanto os mais proeminentes (as escola de Adminis-
tração Científica e de Relações Humanas se ocuparam apenas dos trabalhadores subalternos);
18
Princípio do “cui bono” (beneficiário principal), conforme Chiavenato, 2003, p. 359.
Mundo Real
“A EMPRESA DE 80 BILHÕES DE DÓLARES
A Samsung se tornou uma das dez empresas mais lucrativas do mundo — e só quer saber de
ser a número 1
Sérgio Teixeira Jr.
Índices para chegar lá a Samsung já tem. Só no primeiro semestre deste ano lucrou 5,4 bilhões
de dólares, mais que o resultado do ano passado inteiro. Deixou para trás gigantes estabelecidos,
como IBM e Microsoft, e assumiu o posto de empresa de tecnologia mais lucrativa do mundo.
[...] A companhia, que há dois anos valia menos da metade que a arqui-rival Sony, hoje supera
com folga o valor de mercado da concorrente japonesa.
[...].”
TEIXEIRA JR, S. A empresa de 80 bilhões de dólares. Exame, São Paulo, ed. 826, ano 38, n. 18, p. 114-117, 15
set. 2004.
Agora leia a teoria, para entender qual é a proposta da Teoria Neoclássica para o
MUNDO REAL.
A Teoria Neoclássica surgiu como uma reação à falta de orientação para a prática do
pensamento administrativo, que, num determinado momento, circunscreveu-se quase que total-
mente à discussão de questões puramente teóricas. Contudo, ela não desprezou as contribuições
da Abordagem Clássica. Muito pelo contrário. Tanto que Peter Drucker (in Chiavenato, 2003,
p. 167, grifos do autor), considerado o seu fundador e o pai da Administração moderna, declarou
A Teoria Neoclássica se desenvolveu nos Estados Unidos, daí porque seu grau elevado
de pragmatismo. Mas, afinal, “[...] não é exatamente o que se deseja? Organizações capazes de
realizar aquilo que se propõem realizar” (Caravantes, 1998, p. 116). Não obstante, sua funda-
mentação teórica é muito sólida, o que a torna uma abordagem meritória, aos mesclar a funci-
onalidade com o melhor da teoria.
Características
As características mais marcantes da Teoria Neoclássica são a ênfase colocada nos as-
pectos práticos da Administração e no alcance dos objetivos estipulados (a busca de resultados).
Além dessas há a revalidação das idéias clássicas, o relevo dado aos princípios gerais de admi-
nistração e o ecletismo. Vejamos cada uma delas separadamente, tendo por base as considera-
ções de Chiavenato (2000)
Dessa forma, a eficiência diz respeito à melhor maneira (the best way) pela qual as ta-
refas são executadas (métodos), para que os meios (pessoas, máquinas, matérias-primas) sejam
empregados o mais racionalmente possível; eficiência, por seu turno, interessa-se com os meios
(recursos) disponíveis e técnicas mais adequadas, os quais devem ser apropriadamente plane-
jados e organizados, para que seja assegurada a melhor possível dos mesmos. Entretanto, afirma
Chiavenato (2000, p., grifos do autor), “[...] nem sempre a eficácia e a eficiência andam de
mãos dadas. Uma empresa pode ser eficiente em suas operações e pode não ser eficaz, ou vice-
versa. Pode ser ineficiente em suas operações e, apesar disso, ser eficaz, muito embora a eficá-
cia fosse bem melhor quando acompanhada da eficiência”.
Conforme Chiavenato (2000) o outro lado da moeda, isto é, outro elemento do princípio
da hierarquia é a responsabilidade, exprimindo o dever de cumprir as tarefas ou atividades para
as quais a pessoa foi apontada. O montante de responsabilidade é proporcional ao montante de
autoridade atribuído à pessoa.
“Na medida em que se repete o ciclo administrativo, ocorre uma contínua correção e
ajustamento por meio da retroação. Assim, o desenvolvimento de um ciclo permite definir quais
as correções que deverão ser introduzidas no ciclo seguinte, e assim por diante. [...] Na reali-
dade, as funções do administrador, ou seja, o processo administrativo, formam mais do que
uma seqüência cíclica, pois elas estão intimamente relacionadas em uma interação dinâmica
(Chiavenato, 2000, p. 192-3, grifos do autor).
Planejamento
Esta função é a base das demais, pois uma organização não pode trabalhar improvisa-
damente, embora não seja incomum que isso aconteça na realidade. O planejamento vai definir,
de antemão, quais serão os objetivos a serem buscados e como se fará para atingi-los da forma
mais eficiente possível, ou seja, serão arquitetados os planos que propiciarão o alcance dos
c) diretrizes: são princípios instituídos para propiciar o atingimento dos objetivos pro-
jetados. São menos genéricas do que as políticas. Ex: as diretrizes de pessoal de uma organiza-
ção, que podem incluir a exigência de processos de recrutamento e seleção;
d) metas: são alvos de curto prazo que a empresa busca atingir. Exemplos: produção
mensal, vendas semanais, etc.;
e) programas: são as ações encadeadas, executadas para se atingir uma meta. A con-
quista das metas é definida por meio de programas. Exemplo: os programas de produção;
f) procedimentos: são as formas pelas quais os programas deverão ser realizados. Assim,
os procedimentos são planos particulares, demandados na execução de certos trabalhos. São
também chamados de rotinas. Exemplo: os procedimentos de admissão de pessoal;
h) normas: são regras que circundam e certificam a execução efetiva dos procedimentos.
Hierarquia do Planejamento
O planejamento numa organização pode ser visto sob três aspectos diferentes:
19
Atenção! Não confundir com os departamentos de uma loja! Estamos falando de grandes departamentos funci-
onais numa grande organização, como, por exemplo: departamento de pesquisa e desenvolvimento, departamento
de vendas corporativas, departamento de marketing, etc.
Organização
O termo organização, em Administração, tem dois significados distintos. O primeiro é
aquele em que organização significa “entidade” (uma empresa, uma fundação, um clube, um
bloco carnavalesco, etc.). o segundo significado nomeia uma “função da administração” e parte
integrante do processo administrativo. Neste sentido, vai exprimir o ato de determinar, preparar
e integrar os recursos da entidade. Conforme Montana e Charnov (2003, p. 172), “Os conceitos
básicos de organização são a análise, a identificação e a definição do trabalho a ser feito para
realizar os objetivos da empresa”. Então, partindo dessa declaração, organizar significa analisar,
identificar e definir o trabalho a ser realizado para que a entidade atinja seus objetivos, que
foram definidos no planejamento.
Direção
A terceira função administrativa é a direção. Faria (1999, p. 143) é bastante simples ao
defini-la: “[...] consiste em fazer agir o pessoal. É fazer com que os subordinados executem as
tarefas que lhe foram confiadas”. E Chiavenato (2000, p. 203) complementa sem pedantismo:
“Definido o planejamento e estabelecida a organização, resta fazer as coisas andarem e acon-
tecerem”.
Também conhecida como chefia, a direção tem como objetivo conseguir a colaboração
das pessoas da organização, no atingimento dos objetivos propostos. Entre os meios para se
obter essa colaboração, os mais importantes são a motivação, a comunicação e a liderança.
Para que seja eficiente, a chefia da uma empresa, tanto no que concerne aos fins perse-
guidos, quanto aos meios utilizados, deve observar alguns princípios básicos, principalmente
(Faria, 1999):
b) com relação aos meios: 1) princípio da unidade de comando: a direção se torna mais
eficiente quando os subordinados são responsáveis diante de um único gerente; 2) princípio da
supervisão direta: a direção eficiente demanda que o gerente complemente os métodos formais
de supervisão com o contato pessoal direto com seus subordinados; 3) princípio da seleção de
técnica: o gerente tem de escolher a técnica mais conveniente no trato com o funcionário su-
pervisionado e com relação à tarefa a ser executada, ou seja, deve propiciar as melhores condi-
ções de trabalho, além de orientar.
Controle
O controle é a função administrativa que se ocupa da asseguração dos resultados espe-
rados, isto é, de garantir que o que foi planejado, organizado e dirigido se amolde, tanto como
possível, aos objetivos preliminarmente estipulados. O fundamento do controle está na averi-
guação do correto desempenho das atividades definidas para o atingimento dos objetivos. O
controle deve ser encarado como um método de aperfeiçoamento da organização, e não como
a sua finalidade, o que, diga-se de passagem, é bastante comum acontecer e já se tornou parte
da cultura de muitas empresas brasileiras, sobretudos as pequenas, que carecem, em sua maior
parte, de uma administração com o mínimo de profissionalização necessário.
O processo de controle
O processo de controle é executado por todos os setores e níveis administrativos de uma
organização, ainda que exista muita variação no emprego do controle nas diversas áreas orga-
nizacionais. Contudo, o processo básico mantém-se o mesmo, composto pelas seguintes fases:
Tipos de organização
Os autores neoclássicos apontam três espécies de organização:
De acordo com os autores clássicos, a especialização pode ser em dois sentidos: vertical
e horizontal. Verifica-se a vertical quando ocorre a necessidade de se aumentar a qualidade da
supervisão ou chefia, por meio do acréscimo de mais níveis hierárquicos na estrutura organiza-
cional. A horizontal, por seu turno, acontece quando há a necessidade de se aumentar a perícia,
a eficiência e melhoria da qualidade do trabalho executado, através do acréscimo de novos ór-
gãos especializados, no mesmo nível hierárquico. Tal especialização é também chamada de
processo funcional ou departamentalização. A palavra departamento é, na maioria das empre-
sas, empregado sem nenhum critério técnico e de forma genérica. Desse modo, departamento
tanto pode significar ou que ele realmente é, como também uma seção, uma unidade organiza-
cional ou um setor. Contudo, em certas empresas, a nomenclatura departamental é tratada com
rigor e denota relações hierárquicas bem definidas. Por exemplo: na empresa X, superintendente
é o responsável por uma divisão, gerente, por um departamento, chefe, por uma seção, e assim
por diante.
Tipologia
Os principais tipos de departamentalização são:
a) por funções: as atividades são reunidas por atividades ou funções. A divisão interna
do trabalho é feita por especialidade. É vantajosa, pois permite o emprego de pessoas e recursos
Características
São as seguintes as características da Administração por Objetivos:
e) revisão e ajustes dos planos, fazendo-se, caso seja imperioso, isto é, a depender dos
resultados alcançados, alterações nos objetivos fixados;
Objetivos
Segundo Lodi (1977, p. 177), objetivo “[...] é um enunciado escrito sobre resultados a
serem alcançados num período determinado”. Para esse autor, um objetivo deve, sempre que
possível, ser quantificado, isto é, ser expresso em número. Além disso, deve ser difícil, ou seja,
deve constituir-se num alvo estimulante. Objetivos fáceis, não excitantes, não fazem com que
as pessoas dêem o máximo de si para os atingirem. Por outro lado, não podem ser impossíveis
de serem atingidos. Devem ser também relevantes e compatíveis com os demais resultados da
organização.
d) tornam mais seguras as previsões do futuro. “A organização deve dirigir o seu des-
tino, em vez de submeter-se a fatalidade ou ao acaso” (Chiavenato, 2000, p. 277);
d) ajudam a orientar na utilização racional dos recursos da empresa, quando estes são
escassos.
Os objetivos podem ser classificados, como segue, de acordo com Ribeiro (2003):
2) reais e declarados: objetivos reais são aqueles que motivam a empresa a produzir
bens ou serviços, visando ao lucro; os declarados aqueles através dos quais a organização se
dirige ideológica e legalmente.
Os objetivos não são definidos ao acaso. Há bases para o seu estabelecimento. “A esco-
lha de objetivos deve ser determinada por critério de prioridade e contribuição para os resulta-
dos-chaves da Empresa”, afirma João Bosco Lodi (1977, p. 88), que, a seguir, enumera alguns
critérios (p. 89-91, grifos do autor):
a) “Procurar as atividades que têm maior impacto sobre os resultados. Uma vez deli-
neados os objetivos gerais da companhia, concentrar-se primeiro naquelas gerências operativas
que estão diretamente ligadas a esses resultados-chave. Fixar metas de aperfeiçoamento de suas
tarefas principais. Reduzir a dispersão de esforços em itens secundários. Em seguida, elaborar
os objetivos das gerências não-operativas, fazendo com que combinem ou ajudem a concreti-
zação dos objetivos já fixados para as gerências operativas.”;
b) “O objetivo deve ser específico quanto aos dados concretos: o quê, quanto, quando.
Os resultados esperados devem ser enunciados em termos mensuráveis e bastante claros.”;
f) “Manter-se dentro dos princípios de administração. [...] Um objetivo não pode deixar
de considerar, por exemplo, a unidade de comando, o princípio de autoridade o a amplitude
administrativa de cada chefe.”;
g) “O objetivo deve indicar os resultados a serem atingidos mas não deve limitar a
liberdade de escolha dos métodos. Indicar o quanto, mas não o como. Todo gerente deve ter a
h) “O objetivo deve ser difícil de ser atingido requerendo um esforço especial, mas não
ser difícil a ponto de ser impossível. [...] o objetivo só é estabelecido e consentido mediante
um acordo entre subordinado e superior. As mútuas influências exercidas nesse diálogo nor-
malmente levam o objetivo a um nível razoável. [...] O próprio Plano de Objetivos fica preju-
dicado quando ele se traduz em pequenas metas que não valem nenhum esforço.”;
i) “O objetivo deve representar uma tarefa suficiente pra todo o exercício fiscal da em-
presa. O objetivo deve ser um projeto anual [...].”;
j) “O objetivo deve ter alguma ligação remota com o Plano de Lucros da Empresa, que
é geralmente o Objetivo Último.”.
Mundo Real
“ESTÃO MUDANDO O SEU CARGO
Está difícil achar chefes e funcionários nas empresas. Agora eles são chamados de líderes e
colaboradores
Daniela Diniz
FOI-SE O TEMPO EM QUE NAS EMPRESAS havia chefes e empregados. Ou melhor, foi-se
o tempo em que nas empresas os chefes eram chamados de chefes e os empregados de empre-
gados. No novo dicionário adotado por um número crescente de organizações, essas palavras
estão praticamente banidas, assim como uma denominação ainda mais antiga, ‘funcionário’. As
expressões substitutas são variadas. Em uma pesquisa preliminar em algumas empresas encon-
tramos ‘time de colaboradores’, ‘equipe de associados’, ‘líderes do departamento’ e ‘gestores
das unidades’. A própria variedade indica que não existe consenso sobre a denominação mais
adequada, mas os velhos nomes perderam terreno. [...].
Por que a troca de nomes? ‘Essa nova nomenclatura é resultado da mudança do papel dos re-
cursos humanos’, diz o professor Gilney Mourão, da Escola Brasileira de Administração Pú-
blica e de Empresas (Ebape) da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro. Mais ou menos
até a década de 80, o que existia nas empresas era o departamento pessoal, e todo mundo era
funcionário. Aí a economia mudou. O capital intelectual ganhou peso, e a gestão passou a dar
mais importância à inovação e ao talento. Por isso a tendência de valorizar as pessoas. Primeiro,
elas foram reconhecidas como ‘recursos’, daí o nome ‘recursos humanos’. Na década de 90,
foram elevadas à condição de principal recurso, aquele que efetivamente faz a diferença no
resultado financeiro — a ponto de merecerem outro nome. Há 12 anos, por exemplo, a Serasa
criou o departamento de desenvolvimento humano. A Ambev batizou sua área de diretoria de
gente e gestão. O RH do grupo Algar é chamado de área de talentos humanos e o da Braskem,
de área de pessoas e organizações.
Da mesma forma, mudaram as funções. Para inúmeros gurus da administração, a palavra ‘líder’
marca a diferença entre o chefe ideal e aquele do passado. O líder inova, em vez de administrar;
interessa-se pelas pessoas, em vez de olhar processos; influencia, em vez de mandar. Da mesma
forma, os empregados estão começando a ganhar outros nomes. Até porque o termo guarda um
certo ranço de servidão, assim como funcionário remete a uma pessoa que mecanicamente com-
pre funções predeterminadas. É desse estigma que as empresas querem fugir. ‘O problema é
que ainda é difícil encontrar coerência entre o discurso e a ação’, diz Mourão. ‘Muitas empresas
mudam apenas os nomes, e não os conceitos.
[...].”
DINIZ, D. estão mudando o seu cargo. Exame, São Paulo, ed. 827, ano 38, n. 19, p. 82-4, 29 set. 2004.
Normalmente uma organização, ao longo de sua existência, passa por mutações, nas
quais altera sua estrutura e o modo de lidar com os eventos procedentes de fora, isto é, do meio
em que está inserida. Dessa forma, o começo é a fase do pioneirismo, quando o seu tamanho
reduzido possibilita melhores supervisão e controle dos processos e atividades desenvolvidos.
Contudo, à medida que vai se expandindo, vai se tornando regulamentada, repleta de normas e
procedimentos inflexíveis. De qualquer modo, essa regulamentação é justificável, afinal, uma
grande organização exige controles mais apurados, para que não se transforme num monstrengo
desarticulado e desgovernado. Por outro lado, essa expansão a torna, muitas vezes, extrema-
mente conservadora e receosa diante das ameaças e oportunidades que o ambiente exterior gera.
É necessário, então, que ela se adapte, a fim de não desaparecer. É nesse momento, pois, que
se adentra a fase da reflexibilização, quando a organização emprega meios para voltar a ser
quase tão flexível quanto na fase do pioneirismo. É exatamente nesse momento que o DO inicia
a sua contribuição, pois, segundo Chiavenato (2000, p. 453), “O DO é um esforço de reflexibi-
lização”.
A definição de cultura, fornecida por Bennis no excerto acima, é um tanto sucinta, Por-
tanto, vamos vê-la de maneira mais completa. Cultura, segundo o Dicionário Houaiss on-line 20,
é o “conjunto de padrões de comportamento, crenças, conhecimentos, costumes etc. que
20
http://houaiss.uol.com.br
Equipes
O DO utiliza a administração participativa, aquela em que os empregados sem cargos
gerenciais exercem uma influência significativa nas decisões tomadas dentro da organização.
Também, trabalha com o desenvolvimento de equipes formais de trabalho, fortalecendo-as, isto
é, dotando-as de grande liberdade de atuação e de participação de decisões, processo que em
inglês é chamado empowerment. Trabalhar com o empowerment significa que a equipe passa a
gerenciar o seu próprio trabalho e o gerente assume o papel de orientador e estimulador.
1) diagnóstico inicial;
21
http://www2.uol.com.br/michaelis
5) planejamento das ações adequadas pelos próprios participantes, afinal, o DO, con-
forme já se disse, tem as pessoas da organização como elemento básico;
QUESTÕES
1) No texto Estão Mudando o Seu Cargo (Mundo Real, p. 109), identifique elementos
da Teoria do Desenvolvimento Organizacional.
2) Por que é importante o gerente saber da existência e das influências da cultura orga-
nizacional?
Mundo Real
“A ÚNICA SAÍDA POSSÍVEL
O maior desafio da Merck é provar para a opinião pública que desconhecia os riscos causados
por um de seus principais produtos, o Vioxx
Cristiane Mano e Daniela Diniz
Com a medida, a Merck tentou minimizar os já enormes prejuízos causados pela extinção ab-
rupta do Vioxx. O remédio, utilizado por 2 milhões de pessoas no mundo, representou 12% do
faturamento total da empresa em 2003. [...]
[...]
Feito o recolhimento do remédio, o desafio da Merck de agora em diante será sustentar diante
da opinião pública que seus executivos agiram de boa-fé. Ou seja, devem provar que desconhe-
ciam, até as vésperas do anúncio, que o uso continuado do Vioxx poderia levar um número
enorme de pessoas à morte. Disto dependerá a preservação da confiança do mercado, o sucesso
de suas novas drogas e, em última instância, a própria sobrevivência do negócio.
[...].”
MANO, C., Diniz, D. A única saída possível. Exame, São Paulo, ed. 828, ano 38, n. 20, p. 84-5, 13 out. 2004.
A Teoria dos Sistemas (TS) é originária da Teoria Geral dos Sistemas, criada pelo bió-
logo alemão Ludwig von Bertalanffy, da Universidade de Alberta, no Canadá, a qual passou a
ser utilizada como referência pelas demais ciências. E o que vem a ser um sistema? É um
complexo de elementos inter-relacionados e interdependentes. Outra definição: é um composto
de partes combinadas que, desse modo, constituem uma totalidade. O livro de Bertalanffy apre-
sentando a sua teoria foi publicado em 1968, com o título General System Theory (no Brasil,
Teoria Geral dos Sistemas, lançado em 1973). Contudo, o cientista trabalhava em cima do tema
desde a década de vinte.
Bertalanffy efetivamente compreendia que sua teoria seria muito bem aplicada no
mundo real e, mais do que isso, percebeu que o mundo real é composto todo ele por sistemas.
Tanto que, na introdução do seu livro, escreveu: “Se alguém se dispusesse a analisar as noções
correntes e os slogans em moda encontraria bem no alto da lista a palavra ‘sistemas’. Este
conceito invadiu todos os campos da ciência e penetrou no pensamento popular, na gíria e nos
meios de comunicação de massa. O pensamento em termos de sistemas desempenha um
papel dominante em uma ampla série de campos, que vão das empresas industriais e dos
armamentos até tópicos esotéricos da ciência pura [...]. Apareceram nos últimos anos profis-
sões e empregos desconhecidos até pouco tempo atrás, tendo os nomes de projeto de sistemas,
análise de sistemas, engenharia de sistemas e outros” (Bertalanffy, 1973, p. 17, grifo nosso). E
disse mais: “A tecnologia foi levada a pensar não em termos de máquinas isoladas, mas em
termos de ‘sistemas’. Uma máquina a vapor, um automóvel ou um receptor de rádio achavam-
se dentro da competência do engenheiro treinado na respectiva especialidade. Mas quando se
chega aos mísseis balísticos ou aos veículos espaciais, estes engenhos têm de ser constituídos
pela reunião de componentes originados em tecnologias heterogêneas, mecânicas, eletrônicas,
químicas, etc. As relações entre o homem e a máquina passam a ter importância e entram
também em jogo inumeráveis problemas financeiros, econômicos, sociais e políticos. [...]
Deste modo, tornou-se necessário um ‘enfoque sistêmico’” (p. 18, grifo nosso)
Tipos de sistemas
Quanto à natureza, os sistemas podem ser fechados ou abertos. SISTEMAS FECHA-
DOS são aqueles que não estão sujeitos a influências ambientais nem exercem influências sobre
o ambiente. Não há, portanto, nenhuma relação com o ambiente que o rodeia. No mundo real
não existem sistemas totalmente fechados. Na verdade, a denominação é dada aos organismos
que operam com pouca inter-relação com o meio ambiente. Estes organismos são programados
e determinísticos. Exemplo: os sistemas mecânicos, como o relógio tradicional.
1) objetivos: estão inclusos aqui tanto os objetivos dos usuários do sistema como os
objetivos do próprio sistema, que dever estar harmonizados. O sistema deve ser planejado, con-
siderando-se os objetivos buscados. Quanto mais compreensíveis forem os objetivos, mais fácil
será a instituição dos demais elementos;
2) insumo (input): é a força motriz inicial do sistema. é todo elemento que entra no
sistema, proporcionando energia, matéria-prima, informação para a execução do processo, etc.;
Katz e Kahn apontam uma característica singular nas organizações: “Para as organiza-
ções humanas, como para outros sistemas abertos, os processos sistêmicos básicos são enérgi-
cos e envolvem o fluxo, transformação e intercâmbio de energia. Contudo, as organizações
Além dos exposto acima, Katz e Kahn apresentam as seguintes características, que “[...]
parecem definir todos os sistemas abertos” (p. 35-9):
5. entropia negativa: entropia é o processo natural por meio do qual todas as formas de
organização se dissolvem ou morrem. Contudo, os sistemas sociais, importando mais energia
do que gastam, conseguem tornar a entropia nula, negativa.
“O processo entrópico impõe-se em todos os sistemas biológicos, bem como nos siste-
mas físicos fechados. O reabastecimento de energia do organismo biológico não é de caráter
qualitativo que possa manter indefinidamente a complexa estrutura organizacional do tecido
vivo. Os sistemas sociais, porém, não se acham vinculados às mesmas constâncias físicas dos
organismos biológicos e, por isso, podem ser capazes de deter quase que indefinidamente o
processo entrópico”;
6. feedback — os insumos para os sistemas não são apenas os materiais contendo ener-
gia, os quais serão transformados. “Os insumos também são de caráter informativo e proporci-
onam sinais à estrutura sobre o ambiente e sobre seu próprio funcionamento em relação a ele”.
Portanto, o retorno das informações, como descrito, chama-se feedback;
3. subsistemas de manutenção — são os que vinculam as pessoas aos seus papéis fun-
cionais. As ações de manutenção não são voltadas para o material que está sendo processado,
mas para o equipamento, a fim de que o trabalho seja realizado. Conforme declaram Katz e
Kahn, na maior parte das organizações o equipamento constitui-se em comportamento humano
demarcados. As atividades de recrutamento e seleção de pessoal são um exemplo de subsistema
de manutenção;
22
Evolver: evoluir.
O que Katz e Kahn procuram deixar sempre patente é que os sistemas têm como ele-
mento fundamental o ser humano. Daí porque a afirmação: “São sistemas feitos pelo homem e
imperfeitos. [...] O cimento que os mantém em conjunto é essencialmente psicológico. [...]. Os
sistemas sociais firmam-se em atitudes, percepções, crenças, motivações, hábitos e expectativas
dos seres humanos” (p. 49).
Ainda segundo os autores, cada organização elabora sua cultura e seu clima organiza-
cional próprios, que vão espelhar os regulamentos e valores do sistema formal.
QUESTÕES
4) O que é homeostase?
Mundo Real
“CONCORRENTE DESCONHECIDO
CENA 1: É DOMINGO E UM CLIENTE entra em uma das unidades da Fogão de Chão, chur-
rascaria gaúcha com filiais em São Paulo e nos Estados Unidos. Ele é recebido por uma
bem vestida recepcionista que o encaminha à mesa. Um séquito de garçons fará de tudo para
agradar-lhe. Da consistência do molho da salada ao ponto certo da carne, da sobremesa ao
cafezinho — todo tipo de detalhe lhe será perguntado para que tudo saia exatamente como o
cliente quer. Na hora da saída, o manobrista traz o carro em poucos minutos, enquanto o
gerente se desdobra em paparicações. Para sentir-se a pessoa mais importante do mundo
naqueles momentos, o cli-ente paga menos de 60 reais — no cartão de crédito.
Churrascarias não concorrem com construtoras — mas no caso das situações retratadas aqui
isso é meia verdade. Elas não disputam diretamente o bolso do consumidor em relação aos bens
que ele vai comprar. Mas uma delas afetou enormemente a estratégia da outra, apesar de per-
tencerem a setores totalmente diferentes. No caso, foi a Fogão de Chão que induziu a Tecnisa
a subir o nível de atendimento a seus clientes. “O elevado padrão de serviço de empresas como
essas leva a mudanças em negócios completamente diferentes”, diz Romeo Busarello, diretor
da Tecnisa. O desafio para companhias que vendem produtos de alto valor é atender e, se pos-
sível, superar as expectativas de atendimento de clientes cada vez mais exigentes. “Se o cliente
vai a um restaurante e é tratado como um rei ou recebe um pedido feito por telefone em tempo
recorde, como faz a Baked Potato, o mínimo que vai exigir é o céu na hora de comprar um
apartamento”, diz Busarello.
Empresas que obrigam todo o mercado a adotar padrões mais elevados de tratamento ao cliente
vêm sendo chamadas de “impositoras”. Um exemplo de atitude impositora é a da grife Louis
Vuitton. Qualquer mortal que entre em sua loja do Shopping Iguatemi, em São Paulo, é recebido
com champanhe e docinhos — independentemente se vai ou não comprar alguma coisa.
[...].”
VASCONCELOS, Y. Concorrente desconhecido. Exame, São Paulo, ed. 830, ano 38, n. 22, p. 72-3, 10 nov. 2004.
Agora leia a teoria, para entender qual é a proposta da Abordagem Contingencial para
o MUNDO REAL.
Teoria ou não?!!!
De forma surpreendente para o leitor, Caravantes, Panno e Kloeckner (2005) iniciam o
capítulo referente à Abordagem Contingencial da seguinte maneira: “Quando começamos a
pensar com seriedade sobre a Abordagem Contingencial para transmitir a você, de maneira
sintética, seu conteúdo, nos apercebemos que ela talvez não mereça ser chamada de teoria. Não
tem substância para se manter sozinha” (p. 166).
“Quando eu começo a pensar com seriedade sobre a Teoria Contingencial, para trans-
mitir para você, de uma forma sintética, seu conteúdo, percebo que ela talvez não mereça ser
chamada de teoria. Não tem substância para se manter sozinha. Isso já foi detectado por Scott
e Mitchell:
23
Os grifos são nossos.
Burns e Stalker fizeram uma pesquisa em duas dezenas de indústrias, com o objetivo de
investigar a relação existente entre as práticas gerenciais e o ambiente externo dessas indústrias.
A conclusão a que chegaram foi esta: “Se a forma de gerenciar é adequadamente vista
como dependente da situação que se procura equacionar, o que decorre como consequência é
que não há um único conjunto de princípios de ‘boa organização’, um tipo ideal de sistema
gerencial que sirva de modelo para que a prática administrativa imite ou deva imitar. O
que também decorre é a necessidade, de parte da gerencia, de, em primeiro lugar, interpretar
a situação de mercado e tecnológica, em termos de sua instabilidade ou da velocidade em
que as condições externas estão mudando, e só então planejar o sistema gerencial
apropriado às condições, e então fazê-lo funcionar” (Burns e Stalker apud Caravantes, Panno
e Kloeckner, 2005, p. 166).
24
Chiavenato utiliza a expressão “Teoria Contingencial”; Caravantes, Panno e Kloeckner, “Abordagem Contingencial”.
QUESTÕES
CHANLAT, J.-F. O indivíduo na organização: dimensões esquecidas. 3. ed. São Paulo: Atlas,
1996.
DINIZ, D. estão mudando o seu cargo. Exame, São Paulo, ed. 827, ano 38, n. 19, p. 82-4, 29
set. 2004.
______.______. Curso para virar gerente. Exame, São Paulo, ed. 830, ano 38, n. 22, p. 94, 10
nov. 2004.
KATZ, D.; KAHN, R. L. Psicologia social das organizações. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1975
MARX, C. O capital: crítica da economia política. 3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988. 288
p. 1 v. (Os economistas).
MANO, C., Diniz, D. A única saída possível. Exame, São Paulo, ed. 828, ano 38, n. 20, p. 84-
5, 13 out. 2004.
McGREGOR, D. O lado humano da empresa. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
MOTTA, F. C. P. Teoria geral da administração: uma introdução. 22. ed. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2001.
MOTTA, P. R. Gestão contemporânea: a ciência e a arte de ser dirigente. 10 ed. Rio de Ja-
neiro: Record, 1999.
PETERS, T. Reimagine!: excelência nos negócios numa era de desordem. São Paulo: Futura,
2004.
RIFKIN, J. O fim dos empregos: o declínio inevitável dos níveis dos empregos e a redução da
força global de trabalho. São Paulo: Makron Books, 1995.
TEIXEIRA JR, S. A empresa de 80 bilhões de dólares. Exame, São Paulo, ed. 826, ano 38, n.
18, p. 114-117, 15 set. 2004.
VASCONCELOS, Y. Concorrente desconhecido. Exame, São Paulo, ed. 830, ano 38, n. 22, p.
72-3, 10 nov. 2004.
VASSALLO, C. Um negócio bom para os dois. Exame, São Paulo, ed. 826, ano 38, n. 18, p.
24-30, 15 set. 2004.