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DISCENTE: MILENA GOMES MOREIRA BEZERRA

CURSO: MUSEOLOGIA INTEGRAL / ESCOLA DE MUSEOLOGIA UNIRIO


DISCIPLINA: MUSEOLOGIA E COMUNICAÇÃO I
PROFESSOR: ELTON LUIZ LEITE DE SOUZA

ATIVIDADE DE AVALIAÇÃO

Em qualquer museu ou instituição de memória existem três pilares essenciais para seu
pleno funcionamento: as práticas de preservação, documentação (que desempenham o papel
de fonte de pesquisa em diversos campos do saber) e comunicação – esta última podendo ser
relacionada a outros termos como educação museal, exposição e mediação. Observemos a
nova definição de Museu, aprovada pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM) em
2022:

Um museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos e ao serviço da sociedade que
pesquisa, coleciona, conserva, interpreta e expõe o patrimônio material e imaterial. Abertos ao
público, acessíveis e inclusivos, os museus fomentam a diversidade e a sustentabilidade. Com
a participação das comunidades, os museus funcionam e comunicam de forma ética e
profissional, proporcionando experiências diversas para educação, fruição, reflexão e partilha
de conhecimentos. (ICOM, 2022)

De forma a cumprir o compromisso de interpretar e expor o patrimônio, a prática de mediação


em um museu mostra-se de extrema necessidade. Analisando a palavra “mediação”
etimologicamente, percebe-se que mediar significa interceder (DESVALLÉES; MAIRESSE,
2013, p. 52); ser um meio que leva ao fim, existir como intermediário entre, nesse caso, a
exposição e o público, buscando uma aproximação dos dois pólos e a tradução do pensamento
museológico em uma exposição para o público geral. Sendo assim, a mediação desempenha
um papel fundamental na museologia, pois ajuda a tornar os museus mais acessíveis e
educativos, além de ser um elemento essencial para conectar o público com as coleções e
exposições dos museus, visto que a função de um museu é, incontestavelmente, servir à
comunidade como um todo, e não somente aos seus pares.
Outrossim, a mediação não apenas une a teoria à prática, mas também desempenha um
papel vital na comunicação e na educação, permitindo que o conhecimento teórico seja
transmitido de forma eficaz e envolvente para o público, e adaptado às necessidades e
características específicas do público-alvo. Ela atua como uma ponte que conecta o
conhecimento acadêmico com a experiência prática, tornando o aprendizado mais
significativo e acessível. A título de exemplo, pode-se citar alguns pontos que comprovam
esta afirmação:

1. Contextualização: A mediação muitas vezes envolve a exploração do contexto em que


os objetos, obras de arte ou informações se encaixam. Isso requer uma compreensão
teórica do assunto, que é então aplicada na prática para explicar a relevância e o
significado do conteúdo para os visitantes.
2. Tradução de conhecimento: Os profissionais da mediação frequentemente atuam como
intermediários entre a linguagem técnica e o público em geral. Eles traduzem
informações teóricas complexas em linguagem acessível, tornando o conhecimento
mais compreensível para o público.
3. Comunicação eficaz: A mediação exige habilidades de comunicação e pedagogia para
transmitir informações teóricas de forma clara e cativante. Isso envolve a aplicação
prática das teorias de comunicação, pedagogia e psicologia para garantir que as
mensagens sejam transmitidas de maneira eficaz.
4. Adaptação às necessidades do público: A mediação deve levar em consideração as
características do público, como idade, interesses, conhecimentos prévios, possíveis
dificuldades (como no caso de receber pessoas com deficiência ou neurodivergência) e
nível de educação. Isso requer uma compreensão teórica da diversidade do público e a
capacidade de adaptar a abordagem prática para atender às necessidades específicas de
cada público.
5. Promoção da interatividade: Muitas formas de mediação envolvem a interação direta
com o público, como visitas guiadas, atividades práticas e discussões. Isso cria
oportunidades para aplicar conceitos teóricos em um ambiente prático e interativo.

A partir do último ponto citado (5º tópico), é possível esmiuçar a importância do visitante no
processo da mediação. Para além da interação durante a mediação da exposição, diversas
instituições utilizam métodos avaliativos onde o visitante é convidado a responder
formulários de feedback acerca de sua experiência com a mediação alí performada. Esse
feedback é valioso, não só para aprimorar o processo de mediação, mas também como
pesquisa de público, como forma de entender o perfil dos visitantes do museu ou instituição
de memória. A participação do visitante na mediação, entretanto, depende do que cada
instituição tem como objetivo; em alguns casos a participação é mais passiva, em outros é
essencial até para contribuir para a construção do significado das obras de arte ou objetos em
exposição.
Para Scheiner (2005), os próprios museus são as pontes mediadoras entre o acervo e o
público; a mediação não como uma prática anexa à instituição museológica, mas como a
própria instituição, algo intrínseco e indissociável em seu âmago. Esse pensamento
converge-se ao de Chagas (2013), que trata o termo “educação patrimonial” como algo
redundante – como dizer “educação educacional”, ele escreve. A partir dessa fala, entende-se
que, mais uma vez, não é possível fazer museu sem mediação, pois a mediação é o museu (e o
museu é a mediação).

Para além de suas possíveis serventias políticas e científicas, museu e patrimônio são
dispositivos narrativos, servem para contar histórias, para fazer a mediação entre diferentes
tempos, pessoas e grupos. É nesse sentido que se pode dizer que eles são pontes, janelas ou
portas poéticas que servem para comunicar e, portanto, para nos humanizar. (CHAGAS, 2013,
p. 3)

Referências

CHAGAS, Mário. Educação, museu e patrimônio: tensão, devoração e adjetivação.


Revista Eletrônica do Iphan. Dossiê Educação Patrimonial, 2013.

DESVALLÉES, Andre; MAIRESSE, François. Conceitos-Chave de Museologia. São Paulo:


Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Museus; Conselho Internacional de Museus;
Pinacoteca do Estado de São Paulo; Secretaria do Estado de São Paulo, 2013.

SCHEINER, Tereza. Sobre laços, caminhos, pontes e museus. Revista Museu, 2005.

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