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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – CAMPUS SOBRAL

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA


DISCIPLINA: ANÁLISE DE SISTEMAS ELÉTRICOS DE POTENCIA
PROFESSOR: JUAN CARLOS PEQQUEÑA SUNI

TRABALHO 02

ALUNO MATRÍCULA
JOSÉ KEVENY SOUZA SANTOS 428618
LUCAS FARAIS PIMENTEL 402635

SOBRAL-CE
2023
1 Compare os métodos de Gauss Seidel e Newton Raphson.

Como sabemos os métodos de Gauss Seidel e Newton Raphson são métodos


numéricos que são usados para encontrar soluções para diversos tipos de problemas, no nosso
caso estamos usando para encontrar soluções para fluxo de potência.
O método de Newton Raphson é um método de ponto fixo que minimiza o valor da
função de iteração no ponto fixo, acelerando a convergência. Já o método de Gauss Seidel é
uma adaptação do método de Jacobi, feita de modo a diminuir o número de iterações para a
convergência da resolução do sistema linear.
No ponto de vista da resolução de problemas relacionados a Fluxo de Carga,
observando as diversas literaturas percebemos que o método de Newton-Raphson converge
mais rápido no tempo total e com um número bem menor de iterações quando comparado ao
método de Gauss-Seidel, que embora o tempo gasto no cálculo das iterações seja menor, o
tempo total e o número de iterações é bem maior comprado ao método de Newton-Raphson.
Analisando os cenários apresentados no artigo, Análise Dos Métodos De Newton-
Raphson E Gauss-Seidel Aplicados Ao Problema De Fluxo De Carga, de Rejanne Alves De
Melo, observou-se sistemas de 14, 30, 57, 118, 145 e 300 barras, usou-se os dois métodos e
observou-se que independentemente do número de barras o método de Newton-Raphson
geralmente convergia mais rápido no tempo geral e com um número menor de iterações,
geralmente com 3, e no caso de 300 barras convergiu após 5 iterações. Já o método de Gauss-
Seidel sempre demorou mais para convergir e com um número maior de iterações. Logo
concluiu-se que apesar de um tempo maior por iteração e necessitar de mais memória o método
de NR e que apesar do número de barras o método de NR mostra-se bastante preciso para a
resolução dos problemas de Fluxo de Carga.

2 O que é o estudo de fluxo de carga e fluxo de potência?

O estudo do fluxo de carga ou de potência é parte fundamental da análise, projetos


de infraestrutura e planejamento nos sistemas elétricos de potência. Ele se caracteriza no cálculo
das grandezas elétricas como tensão, corrente e potência ativa e reativa.
Os estudos são realizados por meio de simulações de condições operacionais que
não podem ser testadas em sistemas reais. Esses estudos se baseiam em modelos matemáticos,
calculados geralmente por meio de métodos numéricos, os quais se destacam os métodos de
Newton-Raphson e Gauss Seidel, cabendo ao engenheiro de sistemas de potência analisar os
dados obtidos. Com esses estudos é possível obter os dados de:
 Desempenho da rede sob cargas mínimas e contingências;
 Fluxos de potência ativa e reativa;
 Tensões nas barras;
 Perdas no sistema.

3 Definir o conceito de barra de tensão controlada.

Uma barra de tensão controlada, também conhecida como barra de geração, ou


ainda mais reguladora ou PV, é uma barra onde os dados de potência ativa e o módulo da tensão
são conhecidos, ou ainda mais regulada por um dispositivo de controle, geralmente um
regulador de tensão e a partir dos dados conhecidos encontramos o ângulo da tensão e a potência
reativa são obtidos. Geralmente elas estão associadas a geradores onde a tensão é controlada
para que seja garantida operação estável do meu sistema elétrico e esses geradores são ajustados
de modo que forneçam potência reativa suficiente para que mantenha a tenção dentro do
intervalo desejado.
Seu papel na análise do fluxo de potência é importante pelo fato de permitir modelar
com precisão a operação dos dispositivos de controle de tensão e os efeitos destes na rede
elétrica. Além do acima exposto, essas barras desempenham um importante papel no
planejamento e na operação dos sistemas elétricos onde garantem a estabilidade e a
confiabilidade do fornecimento de energia.

4 Qual é o papel da barra slack no estudo do fluxo de potência?

A barra slack, também conhecida como barra flutuante, barra de referência, swing
é a barra responsável por fornecer a referência angular e fechar o balanço de potência ativa e
reativa do sistema analisado levando em conta as perdas oriundas do sistema de transmissão.
Os dados conhecidos dessa barra são 𝑉𝑘 e 𝜃𝑘 e calcula-se 𝑃𝑘 e 𝑄𝑘 . Em outras palavras ela serve
como uma espécie de ancora para a análise do sistema.
Além disso uma vez que a potência ativa e reativa são especificadas, qualquer
desvio desses valores pode ser indício da existência de problemas, podendo variar de
desequilíbrios na geração e consumo ou falha nos dispositivos de controle. Logo ela
desempenha um importante papel na verificação da estabilidade do sistema elétrico.
5 Porque Ybarra é usado no estudo de fluxo de carga em vez de Zbarra?

No estudo do fluxo de carga é preferível a utilização da matriz Ybarra ao invés da


matriz Zbarra, isso se justifica pelo fato da simplificação da resolução de problemas pois com
o uso da matriz admitância fornece uma grande facilidade de cálculo, pois ao contrário da matriz
impedância, onde os cálculos são feitos com fasores, ao usar a matriz admitância os cálculos
são simplificados ao uso de operações algébricas simples. Outra simplificação que justifica o
seu uso é a simplificação das impedâncias das linhas sejam modeladas por meio de condutâncias
e susceptâncias, o seu uso também permite a formulação mais eficiente para sistemas de grande
porte e fornece cálculos mais eficientes no uso de métodos numéricos como Newton-Raphson
e o método de decomposição da matriz Ybarra.

6 O que significa fator de aceleração em estudos de fluxo de carga?

O fator de aceleração é um parâmetro que determina a rapidez que as alterações


ocorrem no sistema elétrico, ele relaciona-se diretamente com a capacidade do sistema em se
adaptar as mudanças na condições de operação, como desligamento de linhas de transmissão,
variações de carga, entre outros eventos. Ele avalia a estabilidade dinâmica do sistema e é
calculado a partir da taxa de variação de frequência do sistema e comprando essa variação com
uma referência pré-determinada obtemos o fator de aceleração.
Se o fator de aceleração apresenta um valor baixo, significa que o sistema esta
operando em uma margem segura e apresenta uma boa capacidade de se adaptar as mudanças.
Já se apresenta um valor alto o sistema estará operando próximo aos seus limites de estabilidade
e é mais sensível as possíveis perturbações que podem ocorrer na rede.
Dentro dos estudos de fluxo de carga esse valor é levado em consideração, uma vez
que este ajuda a garantir a segurança e a estabilidade na operação do sistema elétrico de
potência. Por sua vez esses estudos ajudam os engenheiros a identificar possíveis problemas na
operação e tomar medidas corretivas, como ajustar a geração ou o controle da carga de modo a
evitar problemas de instabilidade ou grandes falhas.

7 Quais são as informações que são obtidas de um estudo de fluxo de potência?


Os estudos de fluxo de potência nos fornece informações importantes sobre as
condições de operação e o comportamento do sistema elétrico de potência em regime
permanente, dentre os resultados obtidos nesses estudos podemos citar
1- Distribuição das tensões: o estudo do fluxo de potência calcula as tensões e ângulo em
todos os pontos do sistema tendo como referência a barra slack, permitindo dessa forma
identificar áreas de baixa ou alta tensão, que por sua vez podem ser indicadores de
problemas de operação ou dimensionamento inadequado.
2- Fluxo de potência: também determina a quantidades de energia e as direções desse
fluxo de potência nas linhas de transmissão, transformadores e barramentos e demais
componentes do SEP.
3- Perdas: fornece uma estimativa das perdas ao longo do sistema avaliado, isso por sua
vez ajuda a identificar as áreas com maiores perdas e ajuda na implementação de
medidas para reduzi-las e aumentar a eficiência do sistema.
4- Capacidade do sistema: um dos dados obtidos nesse estudo é a capacidade do sistema
em lidar com as demandas de cargas atuais e futuras, considerando os limites de tensão,
frequência e as demais restrições operacionais. Essa informação é importante para o
planejamento de expansões, reforços ou melhorias na rede.
5- Análise de contingencias: os estudos de fluxo de carga também possibilitam analisar os
impactos causados por possíveis eventos inesperados, como falhas em componentes ou
desligamentos de linhas de transmissão. Esse tipo de análise auxilia na identificação de
ações preventivas ou mitigatórias para evitar instabilidades ou colapsos do sistema.

8 Quais são os passos envolvidos no estudo de fluxo de carga?

1- Coleta de dados: na primeira etapa do estudo de fluxo de carga devemos reunir


informações importantes a respeito do sistema a ser analisado, como a configuração das
linhas, transformadores, geradores, cargas, dados de demanda, dados de reativos, dentre
outras informações relevantes.
2- Modelagem do sistema: com os dados coletados agora é hora de criar um modelo
matemático que represente o sistema elétrico. Isso envolve o processo de representação
dos componentes como as linhas de transmissão, geradores e cargas, e suas caraterísticas
como impedâncias, capacidades e demandas de potência.
3- Formulação das equações de fluxo de carga: aqui são estabelecidas as equações que
descrevem o fluxo de potência do sistema. Essas equações relacionam dados de tensões,
potência ativa e reativas em todos os nós do sistema.
4- Implementação dos cálculos: com as equações estabelecidas são realizados os cálculos
para determinar os parâmetros de interesse, esses dados são obtidos por meio de
métodos numéricos como o método de Newton-Raphson, o método de Gauss-Seidel ou
outros métodos.
5- Análise dos resultados: Uma vez que os cálculos são concluídos, os resultados são
analisados. Isso inclui a verificação da convergência do método de solução, a avaliação
das tensões e fluxos de potência obtidos, a identificação de áreas com problemas de
tensão ou sobrecarga, entre outras análises relevantes.
6- Avaliação de contingências: Além da análise do fluxo de carga em condições normais
de operação, é importante considerar possíveis contingências, como falhas em
componentes ou desligamentos de linhas. Essa etapa envolve a realização de estudos de
contingência para avaliar o impacto desses eventos e identificar medidas de mitigação.
7- Documentação e relatório: Por fim, os resultados e conclusões do estudo de fluxo de
carga são documentados em um relatório. Isso inclui a descrição dos dados utilizados,
as premissas adotadas, os cálculos realizados e as recomendações para a operação e
planejamento do sistema elétrico.

9 Quais são os diferentes tipos de barramentos em um sistema elétrico? Quais são as


quantidades especificadas em cada barra?

As barras de um sistema elétrico podem ser classificadas como, PV, PQ e Slack.


1. Barras PV: são barras de tensão controlada, ou ainda barras em que se conhece os
valores de tensão e esta por sua vez é mantida sob valores constantes, através da injeção
de reativos. Nessas barras os valores conhecidos são o módulo da tensão e a potência
ativa, e com esses dados buscamos os valores do desfasamento angular e potência
reativa.
2. Barras PQ: são barras onde os temos os valores de potência ativa e reativa, podem ser
barras de geração quanto barras de carga.
3. Barras Slack: é a barra que estabelece a referência do sistema para que seja efetuado o
estudo do fluxo de potência. Normalmente é estabelecida na barra onde está conectada
a usina de maior porte do sistema.
10 Usando o método do algoritmo de construção por barra, encontre a matriz de
impedância de barra para a rede mostrada na fig.

Sabemos que a matriz 𝑍𝐵𝐴𝑅𝑅𝐴 , é:


𝑍11 𝑍12 𝑍13
𝑍𝐵𝐴𝑅𝑅𝐴 = [𝑍21 𝑍22 𝑍23 ]
𝑍31 𝑍32 𝑍33
Observando o sistema mostrado na figura, temos que os elementos da diagonal
principal da matriz são:
𝑍11 = 𝑗0,20 + 𝑗0,15 + 𝑗0,50 = 𝑗0,85
𝑍22 = 𝑗0,30 + 𝑗0,50 = 𝑗0,80
𝑍33 = 𝑗0,15
Sabemos também que os elementos da diagonal secundária são simétricos, logo:
𝑍12 = 𝑍21 = 𝑗0,50
𝑍31 = 𝑍13 = 𝑗0,15
𝑍32 = 𝑍23 = 0
Construindo a matriz 𝑍𝐵𝐴𝑅𝑅𝐴 sabendo que os elementos fora da diagonal principal
tem o sinal trocado, obtemos a seguinte matriz:
𝑗0,85 −𝑗0,50 −𝑗0,15
𝑍𝐵𝐴𝑅𝑅𝐴 = [−𝑗0,50 𝑗0,80 0 ]
−𝑗0,15 0 𝑗0,15
REFERENCIAS

SAADAT, Hadi. Power System Analysis. 3rd ed. Boston: McGraw-Hill Higher Education,
2010.
VON MEIER, Alexandra. Electric Power Systems: A Conceptual Introduction. 2nd ed.
Hoboken, NJ: Wiley, 2006.
GLOVER, J. Duncan; SARMA, Mulukutla S.; OVERBYE, Thomas J. Power System Analysis
and Design. 6th ed. Boston: Cengage Learning, 2017.
STEVENSON JR., William D. Elementos de Análise de Sistemas de Potência. São Paulo:
Editora McGraw-Hill, 1982.
MELO, Rejanne Alves de; FERREIRA NETO, Osmar Leite; ARAÚJO NETTO, José Maria
de; SILVA, Tereza Cristina Sales. Análise dos métodos de Newton-Raphson e Gauss-Seidel
aplicados ao problema de fluxo de carga. In: Congresso Técnico Científico da Engenharia e da
Agronomia, CONTECC’2017, 8 a 11 de agosto de 2017, Belém, PA. Hangar Convenções e
Feiras da Amazônia. Disponível em:
https://www.confea.org.br/sites/default/files/antigos/contecc2017/eletrica/6_admdnegaapdfdc.
pdf. Acesso em: 01 jun. 2023.

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