Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Por tanto tempo, neguei ter um coração batendo por conta própria.
Com as mentiras que contei, a vida que levei, meus erros estão
começando a me alcançar, dia a dia, um por um.
Saint-Jean-de-Luz, França
Meu irmão.
Seu salvador.
Idiota.
— Psychopathe. — Psicopata.
Quatro da manhã
Merde. Merda.
Ela disse que sua casa não era grande, mas cada parte
do espaço foi tocada de alguma forma pela cor, inspiração, ou
por algum tipo de conforto.
É como se tivesse projetado cuidadosamente todos os
cômodos desta casa, tanto como um santuário quanto como
uma prova de sua evolução. Posso ver, todas as peças sutis
dela nesta casa, na arte, em suas escolhas.
Yoga?
Clube do Livro?
Porém mesmo com ela por perto, ela não está comigo.
Ainda não.
— Precisa de ajuda?
— Estou ouvindo.
— Deixe-me explicar.
— Estou bem.
— Não me lembro.
2McRib é um sanduíche de carne de porco com sabor de churrasco vendido periodicamente pela
rede internacional de restaurantes de fast food McDonald's.
— Sim, você viu. Você viu o único lugar que considerei
um lar. A merda que minha tia possuía na periferia da cidade.
Essa foi a única casa que conheci em Triple Falls. O resto eram
apenas lugares para descansar minha cabeça entre as viagens
de negócios. Não tive uma casa de verdade desde que meus
pais morreram e não morava com ela.
— Nós?
— Você e Alicia?
— Você está falando sério? Nós, você e eu. Ela nunca foi
meu futuro, Cecelia.
— E a meta?
— Não, não foi. Mas o que você teve foi apenas um sonho.
Eu sei que eles parecem reais para você, mas foi apenas um
sonho.
— Não.
— Que era?
— Você.
Gancho direito.
— Até quando?
Ainda agachado ao seu lado, coloco o polegar sob seu
queixo e viro sua cabeça na minha direção. — Estou nisso,
Cecelia. Eu daria tudo para voltar, e mudar as coisas que fiz.
Ser o homem que você precisava que eu fosse, mas nunca foi
tão simples quanto ceder ao que sinto por você. E não é mais
fácil agora. Depois do que aconteceu, depois de tudo que você
passou, tive que permitir a você a chance de uma vida normal,
de escapar desta. — Sua carranca é profunda quando ergo seu
queixo. — E depois de anos longe, você começou uma vida
diferente. Propositalmente, mesmo com a desculpa da morte
de seu pai para voltar, não voltou para Triple Falls. Foi para a
faculdade, se formou e estava noiva de outro homem. Tinha
uma aliança em seu dedo. Quando você voltou, estava
vendendo a empresa. Estava se livrando de todos os laços, de
Triple Falls e de mim. Tive que respeitar sua decisão. Você
estava prosperando. Pelo menos foi o que pensei, no início.
— E depois?
— Desistindo já?
— Não.
— Tobias
— Ponha-me no chão.
— Eu sei.
— Duvido.
Ele olha para seu peito e estômago com medo. — Não fiz
nada.
— Sim.
— O que há nele?
— Eu tenho que.
— O que é um culpado?
— Bom. Beba.
— Bleh.
Não muito tempo depois que ele termina sua bebida, ele
adormece, e caio ao lado dele depois de verificar se há queda
de temperatura em sua pele.
— Estou dormindo.
— Prometa-me.
— Os Perkins?
— Isto é sério?
— Não. Só catapora.
Foda-se.
— Certo.
Quanto mais ela dirige, mais me sinto confortável no
assento. Ela é grande e mal há um centímetro de espaço entre
sua barriga e o volante.
— Dominic.
Torço meu nariz, e ela não perde. Ela solta uma risada
leve.
Onze dólares.
— O tempo todo.
— Você?
— Eu realmente quero.
Concordo.
Aliviado, eu a examino.
— Tem certeza?
— Obrigado.
Encolho os ombros.
— Obrigada, Tobias.
— Sim, você vai, e vai ter que esperar porque ele está de
volta. — Ela me dá uma piscadela conspiratória.
Eu mereço mais.
Vou aguentar por muito mais, não importa o quão
gloriosamente ele é bonito. Não importa quantas vezes ao longo
dos anos sonhei com ele voltando para mim e dizendo as coisas
que dizia. Suas palavras de ontem passam pela minha mente.
— É complicado.
— É mesmo?
— Greg.
— Tobias.
Greg concorda.
— Você é um bastardo.
— Perdão?
— Você é o bastardo?
Boa.
Não é bom.
— Oh, vou me certificar de que cuidaremos muito bem de
você.
— Veio de onde?
— Não longe.
— Pelo quê?
Cecelia bufa.
— Exatamente.
Talvez não.
Billy-1, Tobias-0
— Muita coisa.
Billy-2, Tobias-0
Mas ela não faz isso, e tudo que posso fazer para não
pular sobre o balcão.
Concordo.
— Fiz.
Pequenas cidades.
Me inscrevi no difícil.
Sou eu.
Sean: Eu quem?
Engraçado.
Você se importa?
Prioridades de Cecelia
Cachorro
Cafeteria
De jeito nenhum.
Coisas boas?
Duas crianças.
Parabéns, cara.
Conselhos familiares.
Dia um.
Obrigado, cara.
Sean: Sim.
Emoção inesperada obstrui minha garganta enquanto
mais tensão deixa meus ombros. Olhando para cima, vejo
Cecelia me observando com cuidado antes de empurrar as
portas com as mãos cheias de pratos sujos.
— Obrigado.
Tobias insistiu em dirigir para casa, e estou grata por isso
– minha visão turva pela privação de sono, meu corpo doendo
por um dia de emoções dignas de uma montanha-russa. Tenho
tantas perguntas, mas não consigo fazê-las ainda, porque
qualquer pergunta que faço agora me torna vulnerável e
suscetível.
Mas não é por isso que ela estava apostando que eu não
tinha chance.
— Sim, foi.
— Vou chamá-la.
— Que diabos está errado com você? Você sabe mais que
isso, — rosno.
— Estou aqui.
— Não, agindo dessa maneira, você não está. — Enfrento
meu irmão. — E não seja desrespeitoso com ela.
Concordo.
— Não, quero que você entenda por que ela é do jeito que
é.
— Por escolha.
— Pronto.
— Meu lugar.
— O quê?
Ela ri.
— Então é você.
— O quê?
— Ainda não.
— Conte-me.
Ela fica tensa antes de olhar por cima do ombro para onde
me sento na beira da cama. Ressentimento. É tão claro, sua
voz fria quando ela fala.
— Estou ciente.
Seu rosto está claro quando ela sai minutos depois, com
uma postura estoica quando seus olhos se erguem para os
meus.
Desafio.
Minha lutadora.
Acordo sozinho.
Idade Dezoito
— Vamos, King, sei que você está aí, — fez-me fechar meu
livro com um gemido. Só há uma pessoa que sabe o endereço
do meu quarto no albergue.
— Estou ocupado.
— Foda-se, — resmungo.
— Eu...
— Estou dentro.
— Oui.
Sua voz é puro sexo, seu corpo uma oferenda, mas faço o
meu melhor para manter o meu juízo sobre mim, apesar da
mistura de vinho e gim correndo em minhas veias. Mas ela está
certa em sua avaliação. Nunca estive em um lugar como este,
e até eu sei que este clube é tão sofisticado e exclusivo quanto
parece. E desde que passeamos pouco depois da meia-noite,
barrigas cheias da melhor cozinha francesa e vinhos caros –
pelos quais imediatamente adquiri o gosto – ganhamos a
atenção da maioria das dançarinas, especialmente porque
Preston não tem falta de dinheiro e tem sido tão generoso com
isso. A mulher com a intenção de quebrar minha concentração
balança suavemente seus quadris em uma provocação
deliberada enquanto desvio meu olhar de volta para o homem
sentado no VIP. É claro que ele não é um patrono de primeira
viagem. A seção onde ele fixou residência fica bem em frente
ao nosso estande, elevada apenas alguns passos curtos acima
do andar principal para ter certeza de que sabemos nosso lugar
na cadeia alimentar.
— Merci. — Obrigado.
— Você terminou.
Eu rio.
— Mesmo.
— Vamos.
— O quê?
Concordo.
— Sim senhor.
— Como se sentiu?
Levanto um ombro.
— Qual é você?
P
Houve uma mudança entre nós naquela noite. Nós dois
estávamos cientes disso. Só não sabíamos exatamente o que
era. Nunca soube o quão instrumental aquela noite seria no
meu futuro, mas olhando para trás agora, sei que foi o
verdadeiro começo.
— Eu sei disso?
— Intimamente e de longe.
Juniper Berry.
Tyler: Recebendo.
— Tobias.
ETA?
Bem.
Russell: Essa foi uma resposta abrupta. Ela pode guardar
rancor, não pode? Emoji rindo.
4 Significa “OK”.
Puxo para cima para ver meu Audi estacionado na
garagem, e a visão dele me abala. É parte do que deixei para
trás. Parece que não importa quanto espaço coloquei entre
mim e a vida que estava vivendo um ano atrás. Nunca vou
escapar disso.
— Você não parece feliz com isso. — Quase pulo para fora
da minha pele e me viro para ver Tobias a metros de mim, sua
camiseta preta colada em sua estrutura monstruosa, o suor
escorrendo por suas têmporas.
— Ou talvez você não quisesse entrar naquela casa
porque pensou que eu estava lá. — Ele inclina a cabeça, seu
fascínio me atraindo, seu olhar cético. — Qual é, Cecelia? — A
crueza em sua voz ameaça abrir as cicatrizes reforçadas em
meu peito. — Pare de me foder com os olhos e me diga qual é?
Você não está feliz com o carro ou com o fato de que teria que
me enfrentar naquela casa?
— O quê?
— Oh, Cecelia?
Olho por cima do ombro para ver a chama ardente em
seus olhos enquanto risos desagradáveis e ruído do nível do
refeitório soam ao nosso redor.
— Sim?
Seu filho, que parece ter cerca de sete ou oito anos, sai
da cabine e observa nossa conversa com interesse. Tobias se
inclina e sussurra para ele, e ele ri antes de falar, imitando
Tobias perfeitamente.
— Le pleck, le spit.
— Não é engraçado.
— O quê?
— É sempre assim?
Desgraçado.
— Ai!
— O que há de errado?
Ele concorda.
Casa.
— Para Marissa.
Venha e me pegue.
— Se você estragar...
— Eu faço.
— Certeza?
— Desculpa.
— Americano?
— Não.
— Fale.
— Droite.
— Vá.
— E aí?
Desfio um endereço.
— Preciso de detalhes sobre o quê e quem, e preciso deles
agora. Dom, cave fundo.
— Você o quê?
Algo está errado. É tão claro ver nas rugas claras ao lado
de seus olhos, o peso em seus ombros.
— Tudo certo?
— Aqui.
— Não, você não vai, Tobias. Prometo que você não vai.
— Afasto meus olhos. — Eu deveria deixar Beau sair. Preciso
de um banho.
Ele acena com a cabeça e me solta. Fechando a porta da
frente atrás de mim, solto um longo suspiro. Estar no mesmo
espaço com ele novamente, não há como negar a força absoluta
do que sua presença faz comigo. Ainda estou sem fôlego por
causa de seu beijo, o núcleo latejando com a necessidade
vibrando entre nós, mas sua dor ofusca tudo isso. Muito de
mim quer ceder, ouvir suas palavras, levá-las a sério e
realmente deixar todos os rancores para que possamos
começar a nos curar juntos – de uma forma que nos aproxime.
Pulo.
— Temos que fazer isso, Cecelia. Mas espero que isso não
atrapalhe muito a nossa vida aqui.
— Eu sei.
— Eu sei.
— Eu quero aquilo.
— Você vai ter, mas não vai pagar da maneira que você
quer, pelo menos não no começo.
Ela se eriça.
— Estou tentando.
— Eu sei. O corpo de Dom nem estava no chão antes de
Miami retaliar.
— O quê?
— Jesus.
Ela engole.
— Quantos morreram?
Concordo.
— Quando?
Ela estremece.
— Eu…
— Quem era?
Antoine.
— Não estou.
— Não é você.
Ele pressiona.
Sean me encara.
Sean sorri.
— Confia nele?
Tyler concorda.
— Inacreditável, porra.
— Acredite. Vi as plantas.
Onze dias.
Ela não estava errada, mas tédio não é uma palavra que
usaria para descrever meu estado atual. É mais uma
combinação de inquietação à beira da paranoia a cada dia que
voluntariamente deixo de estar por dentro para resolver meu
relacionamento com ela. Ela tentou me dizer que está tudo bem
comigo voltando, mas sei que não posso fazer isso pela metade.
AVC.
AVC.
AVC.
AVC.
Suas coxas bronzeadas perfeitas se espalharam diante de
mim, sua boceta rosa apertada brilhando.
AVC.
AVC.
AVC.
— O-obrigada.
Antes que ela possa reagir à minha ameaça, ela está fora
de si e está sob meu domínio. Lisa com o suor do meu treino,
ela desliza as mãos ao longo dos meus ombros, pressionando
a testa no meu bíceps enquanto a levo em direção à cama.
— No momento, sim.
Boa.
— Amante, namorado.
— Tobias.
Ainda não.
Lento.
Levei anos para admitir que aquilo que mais lutei me traz
mais paz – tanta paz quanto um homem como eu pode ter.
É lento.
— Tenho certeza.
E é o suficiente.
Finalmente.
Progresso.
Vinte e quatro anos
Aposta.
Então, aposte, é.
— Merci.
— Definitivamente não.
— Longchamp. Merci.
Ele zomba.
Dois minutos.
Olhando ao redor da horda de pessoas, estou muito ciente
da vantagem que ganhei ao saber qual puro-sangue cruzará a
linha de chegada. Mantendo meus olhos à frente, tento não
pensar nos outros que podem ter feito apostas semelhantes no
cavalo errado – sua própria situação tão terrível quanto a
minha, e afasto a culpa.
— Ei, irmão.
— O que há de errado?
— Nosso futuro.
— Para B...
— Exodus.
Sean ri em saudação.
— É Charmin.
— Se me concentrar mais...
— Quando?
— Quando o quê?
— Obrigado.
— Anotado.
Não é coincidência.
Olhando para trás em direção à loja, vejo um homem
parado, esperando ao lado da entrada, seus olhos desviados.
— Ei.
— Oh?
— Encontro à noite?
— Estou ciente.
Francês.
Merda.
Silêncio.
Sem resposta.
Porra.
O medo se filtra do centro do meu peito, circulando por
minhas veias enquanto mantenho minha máscara no lugar
enquanto as implicações do que está por vir me golpeiam por
dentro.
Oz é o primeiro a falar.
Encontro à noite.
Mais uma vez, uma decisão foi tomada por mim devido a
circunstâncias incontroláveis. Girando a ignição, pressiono
minha cabeça no volante e respiro fundo.
Tobias?
Tobias?
— Eu sei.
— Eu sou seu.
— Eu sinto muito.
— Tobias...
— Estou ouvindo.
— Seu coração não está aberto para mim, e até que esteja,
você não vai realmente me ouvir. — Ele faz uma pausa por
vários segundos e fecha os olhos. Por um minuto, acho que ele
pode ter desmaiado até que fala e seus olhos se arregalam. —
De manhã, na casa de Roman, no dia que confessei para você,
você disse... que Dom disse algo sobre nós, sobre você e eu, —
Ele traz olhos brilhantes para mim.
Concordo.
— Você terminou?
— Sim. — Ele balança a cabeça. — Quero te dar uma
história melhor. Só queria poder te dar um homem melhor.
Meu irmão era o melhor homem.
— Tobias...
— Preciso disso!
— Sim.
— Me lembro de tudo.
— Ainda estou chateado por saber que você foi aceito por
Sean. — Como eu, Dom mantém suas cartas perto de seu
peito, mostrando-as apenas quando sua mão é forçada, um
problema que discutimos mais de uma vez, mas ele é feito do
mesmo tecido.
— Concordo em discordar.
— Aposte nisso.
— É a sua vez.
— Nada de novo.
— O que?
— Com quem?
Ele sorri.
— Novo clube?
— Algo parecido.
— Exceto esse que ele nos manteve fora porque sabia que
nunca concordaríamos, — acrescenta Sean, sua fúria
aparente.
Oz: Ok
Eu aviso você.
Obrigado, Cristo.
— Como você está se sentindo?
— Algumas.
— Lembra que sua perna fez sexo com Beau e você está
grávida de quatro a seis semanas?
— Significa?
— Funciona à tarde.
— Maldição, Cecelia!
— O que há de errado?
— Livrar-se de quem?
— Café da manhã?
— Certo?
— Tesouro…
— Se quiser ir...
O quê. Porra?
— Não se atreva.
— Desde quando?
— Que foi?
— Eu faço.
Diane concorda.
— Tobias
— Está na hora.
Ele, é o que ela queria dizer, mas não posso culpá-la por
isso.
— O que...
— Bem, você vai ter que confiar em mim. Não sou mais
sua para proteger.
Ela concorda.
— Vou tentar.
— Boa noite.
— O que?
— Eu não...
— Não vai?
— Sendo honesto?!
— O quê?!
— Um ponto de escolha!
Você está tão fodido. Faça uma mala para sua bunda e dê
um beijo de despedida.
— Oi.
— Isso é bom?
— Lembra-se de quando...
— E quanto a Roman?
Vegas.
O playground do diabo.
Nossa marca?
— Agradeço.
— Sim?
— Cale a boca.
— O que?
— Este é dele.
Cafeteria.
Impressionante. Te amo.
A merda de sempre.
— Desculpa, o que?
— Disse que aceitaria o depósito se você quiser ir para
casa. — Ela coloca sua bolsa nos ombros e sorri para mim. —
Chefe, por favor, saiba que penso no seu melhor interesse
quando digo isso.
— Ok?
Ela concorda.
— Então seja persuasiva. Lute com ele se for preciso,
mas faça isso com sua calcinha mais fina. — Ela pega nossas
xícaras. — Vou enxaguar e tirar.
— Obrigado.
— É bobo, eu sei.
— O que há de errado?
Cher Journal,
Não falei uma palavra com meu irmão desde que ele
morreu.
Concordo.
— Sim.
— Sinto muito.
— Obrigada.
— O que?
— Não é tão difícil. — Ando até onde ele está e ele segura
meu rosto, seus olhos brilhando com afeto.
— Halloweenie?
Bufo.
— Tipo?
— O quê?
— Har, har.
— Quem é Deanna?
— Você é um idiota.
— Mas?
— Isso é um drone.
— Sim.
— Eu te disse.
— Desculpa.
— Não?
— Não?
— Por favor.
Meu núcleo dói com extrema necessidade enquanto ele
me provoca, massageando meu clitóris com sua coroa até que
estou me contorcendo embaixo dele.
Porque é meu.
— Eu te amo, — murmuro.
E com um último impulso e minhas palavras
sussurradas, ele goza.
Tobias me embala na minha banheira com pés depois de
horas do sexo mais intenso da minha vida. Ele já está duro,
apesar de nossa última sessão exaustiva onde nossas únicas
palavras foram pronunciadas suavemente 'eu te amo' entre
gemidos cheios de prazer, grunhidos e respirações
desesperadas. Nós nos desperdiçamos com nossa ganância ao
tentar curar um ao outro com nossos corpos, lábios e mãos
necessitadas. Quando ele levanta um pano quente e
encharcado e o passa pelos meus ombros, me inclino para
frente, dando acesso a ele, minhas mãos apoiadas em suas
coxas musculosas.
— Cruzado, — sussurro.
— Não discordo.
— E as outras forças externas? Onde diabos estavam
nossas fadas madrinhas quando precisamos delas?
— Cupido? — Pergunto.
— Não.
— Os Santos?
Encolho os ombros.
— Veremos.
Concordo.
— Não é?
— E você o totalizou?
Ele concorda.
— Sinto muito.
— Tobias...
— Prometo.
— Sempre?
— Estou ouvindo.
— Lamento ser o único a te dizer isso, cara, mas você
estava certo.
— Como assim?
Filho da puta.
— Qual é?
— Cristal.
Dois meses.
Dom.
Por quê? Por que eles fariam isso? Estou tão perto de
derrubar Roman. Anos de espera, anos fazendo jogadas. Eles
sabem disso. Eles sabem o quão perto estamos. Sean saiu da
garagem para voltar à fábrica e tentar cavar um pouco mais
fundo para ver se perdemos alguma coisa antes de fazermos
nossa mudança.
Nesse caso, não vou lutar com ele. Ele pode ficar com isso.
Vivo unicamente pelo que construímos juntos, pelas
possibilidades de compartilhar o que podemos fazer no futuro.
É suficiente para mim. Por mais ambicioso que eu seja, é o
suficiente.
E para quê?
Para quê?
Mas isso?
Não há preparação para isso.
Meus amigos.
Charlotte.
— Puta merda!
— Nada a dizer?
Helen.
— Você é o francês.
Três meses.
Três.
— Para...
— Para...
— Para...
— Putain. — Porra.
Fim.
Neve.
E espero.
— É mesmo?
— Você acha?
— Anglo-Zanzibar, 1896.
— Você é um nerd, King, — ela murmura embaixo de
mim. — Achei que você ficaria feliz com o fim da guerra.
— Eu?
— Sim.
— Lindo, não é?
Concordo.
— O quê?
— Nada.
— Um pouco, sim.
— Certo.
— Eu disse a você.
Ele concorda.
— Quem é Mark?
Ele concorda.
— Loja diferente.
— Você?
Concordo.
— Algumas semanas.
— Não me importo.
Cher Journal,
Ele concorda.
Zombo.
Cher Journal,
A caminho.
Fui correr.
Uma voz distante soa além das árvores, mas não é a dela.
Ela se foi.
Cecelia.
Pas de changement.
O que quer que ele tenha decidido, está claro que ele não
vai me deixar terminar minha vida na felicidade doméstica com
Cecelia. E já me senti assim antes, na noite anterior à morte
de Dom, horas depois que Cecelia e eu fomos descobertos por
Dom e Sean. Na noite em que meus irmãos me evitaram,
viraram as costas para mim.
“Father Figure” de George Michael se filtra pelas árvores,
uma mensagem clara para mim enquanto ando pela clareira,
totalmente indeciso sobre o que fazer. Ela repetiu a música,
berrando através de seus alto-falantes de tamanho comercial
em sua varanda desde que eu apareci aqui uma hora atrás,
tentando encontrar as palavras certas para explicar meu
engano. Ela sabe que os mandei embora e menti várias vezes
para ela, mas ela não entende a extensão completa de por que
fui a tais extremos. Suas emoções devido às minhas ações
tornarão impossível para ela entender completamente o porquê
de tudo isso ou entender os anos de sacrifícios que fiz, alguns
deles para mantê-la segura.
E do jeito que ela olhou para mim antes, não tenho certeza
se posso chegar até ela. Perdi qualquer chance que tive de
ganhar sua confiança e tudo que quero fazer é agarrá-la e fugir.
Afasta-la de tudo que está ameaçando se colocar entre nós. Ela
já está fazendo as malas, para fugir de mim, da situação,
minuto a minuto, convencendo-se de que o que tínhamos era
apenas mais uma mentira. Cada minuto que hesito em me
explicar é um minuto perdido.
Já a perdi?
Ela é minha. Ainda sinto isso com cada fibra do meu ser,
apesar da maneira como seu coração se partiu ao vê-los
novamente e da traição que ela sentiu por me amar de volta, por
saber que ela pertence a mim.
Tiquetaque.
— Você quer ser aquele a dizer à minha irmã que seu único
filho morreu esta noite?
Tobias.
Ela concorda.
— Roman Horner.
Aquele telefonema e as horas depois de ter repetido tantas
vezes neste ponto, o revivo vividamente. Do encontro com
Roman que mudou tudo que eu pensava sobre ele, às duas
horas terríveis que passei correndo de volta para Triple Falls
para tentar chegar até ela. Ao minuto que Dom estava
morrendo em seus braços e até o segundo que nossos olhos
seguraram logo após ordenar que ela nunca mais voltasse. Em
vinte e quatro horas, minha vida explodiu e uma guerra
começou.
Traidora.
— Tobias
Ele força meus olhos nos dele com seu aperto, e os fecho,
uma lágrima rolando pela minha bochecha quando começo a
desligar, pouco a pouco.
— Cecelia...
— Não!
— Não!
— E você me prometeu!
— Então me odeie.
— Putain. — Foda-se.
Invadindo.
Reivindicando.
Furioso.
Punição.
— Mais.
— Não posso.
— Nah, não foi isso que você viu em mim. Você precisava
de mim como desculpa para bancar o diretor, para manter o
controle.
— Não posso.
— Eu sei.
Porra.
— Sim faço. Preciso saber o quão longe você irá com isso.
— Por quê?
— Você sabe por quê. Você está bem aí comigo! Mas não
vou compartilhá-la, porra, nem com você, nem com meu irmão,
nem com uma maldita alma! Foi aí que você estragou tudo,
Sean, e sabe disso. Seu lugar é comigo. Fim.
É a definição de insanidade.
Sabia que não importava o quão feliz ficasse aqui com ela,
que este lugar não estava me deixando. O contentamento saiu
de mim por causa da minha memória longa e cruel.
Pensamentos sobre nossas consequências na noite anterior à
morte de Dom me atormentaram sem parar esta noite,
tornando o sono impossível. Fiquei olhando para o teto por
horas depois que Cecelia adormeceu, esparramada nua sobre
meu peito, sua coxa enganchada em volta do meu torso
enquanto ela sonhava. Deixei-a dormir, não importa o quanto
precisasse da distração de seu corpo para tentar afastar a dor.
Mas não cabe a ela lutar contra meus demônios.
Essa batalha luto diariamente, e nunca ganhei uma vez.
— Por quê?
— Não, não é, mas você acha que ele gostaria que você
vivesse o resto de sua vida como escravo de sua culpa? Culpa
por ações das quais você se arrepende com todo o seu coração
e ser? Você sabe a resposta. Por mais duro que estivesse, esse
não era o coração de Dominic. Isso não era quem ele era. Ele
era o mesmo homem impenetrável operando no amor, uma
imagem espelhada de você. — Mordo meu lábio enquanto ela
segura meu queixo, forçando meus olhos nos dela.
Concordo.
— Talvez eu faça.
— Você foi a razão pela qual ele levou aquelas balas. Ele
nos salvou ao salvar você primeiro.
— Eu sei.
— Nossa carona.
Tobias desliza em um Tom Ford recém-costurado que
chegou algum tempo depois de eu dormir por meio de um
mensageiro de pássaros, sem dúvida por esse motivo. Ele puxa
o punho da camisa para abotoá-la, seus olhos pegando os
meus no espelho antes de um sorriso enfeitar seu rosto. Estou
excitada além da compreensão enquanto ele me examina com
nada além de meu sutiã e calcinha rendada preta enquanto
passo um ferro quente no meu cabelo. Estou indecisa no
momento sobre transar com ele ou matá-lo, mas tenho certeza
de que essa será a norma, desde que estejamos juntos.
— Significa?
É ele.
— Você o trancou.
— Tobias
— Significado?
— Mas... isso vai contra tudo que você defende. Por que
você... — balanço minha cabeça, — Oh, não, inferno, não, você
não pode me usar como uma desculpa para fazer isso.
— Baby, não seja rude, — ele olha para cima, com seu
sorriso de político firme, — nós temos companhia.
— Senhor. Presidente...
— Me chame de Preston.
— E eu sou Molly, — acrescenta sua esposa, seus olhos
me varrendo. — Então, foi você quem fugiu.
— Molly...
Concordo.
— Como foi?
— Muito bem.
Ele concorda.
Silêncio.
— Coloque-o no avião.
— Vou esperar.
— Estou bem.
— Não há necessidade.
— Tobias.
Concordo.
E eu vi isso.
— É mesmo?
— Greg.
— Tobias.
Por favor, Deus, vou pedir uma coisa a você. Uma Coisa.
Nada mais.
Foda-se.
Palo e Julien.
Coca.
Greg zomba.
Pense, Tobias.
Cecelia o interrompe.
Ele zomba:
Antoine zomba.
— O quê?
— Você... me enganou?
Concordo.
— Então, Palo?
— Pergunte ao Sean.
Ele estremece.
— Eu só queria.
— Sei por que você fez isso. E você ainda está errado em
fazer isso. Vai demorar muito para treinar você na frente do
namorado.
Tyler sorri.
— Como é?
Inacreditável, porra.
— Tudo pronto.
Concordo.
— Nem eu.
Ele concorda.
— Estou tentando.
— Sou ouro com isso. Acho que todos vimos isso nela. —
Ele se vira para mim. — E quando vocês dois estiverem
prontos, é hora de voltar ao trabalho. — Ele larga o cigarro e o
esmaga com a bota antes de acenar com a cabeça em direção
à casa. — Vejo você lá dentro.
Sean se afasta interceptando Cecelia a poucos metros de
onde estou. Forço-me a assistir a interação deles enquanto eles
trocam sussurros. Ela envolve os braços em volta dele
brevemente, e ele retribui o abraço antes de soltá-la. A
intimidade compartilhada não me atormenta do jeito que
pensei que faria, nem o sorriso dela ou o olhar deles quando
eles se separam. É quando seus olhos se voltam para os meus,
e ela me lança um olhar pensativo antes de colocar Beau no
banco de trás que a tensão de nossa própria troca se instala.
— Era para tirar você do cheiro dele. Ele era meu para
derrubar. Só não sabia que ele ia te atrair esta noite. Antoine
permitiu no último minuto, mas sabia que você poderia pegá-
lo.
— Concordo em discordar.
— Isso é verdade?
— Dividendos?
— Positivo.
— Tobias
— Onde eu estava?
— O peão.
— Sim.
Um aceno de cabeça.
— Quão mais?
Franzo a testa.
— O quê?
Meu amor.
— Decidir o quê?
Ele me aninha.
— Tesouro?
Feliz Natal.
— Positivo.
— Estou ouvindo.
— O chão é seu.
— Nada a perdoar.
— Eu a amo.
— Eu farei melhor.
— Não é bom o suficiente. Você realmente pode culpá-la
por seguir em frente depois de você...
— Quer dizer, você pode, mas duvido que ele nos deixará
voltar para casa se você fizer isso. Eu não quero isso.
Um aceno enfático.
— Bem, sim.
— Sério?
— Quais?
— Ele é, — concordo.
Um verdadeiro rei.
Eu consigo rir.
Posso dizer por sua expressão que pode não ser mais a
verdade. Meu cão cresceu com ele. E talvez um dia possamos
dar-lhe um lar, mas ele não pertence ao nosso mundo no
momento. Ele passa a mão pelas costas de Beau.
— Arrêtez! — Pare.
— Pare!
Saint-Jean-de-Luz, França
— Sim, acabou.
Ela solta um longo suspiro de alívio.
— Deus, eu te odeio.
— Apenas uma?
— É mesmo?
— Venha ver. Você esperou por este dia por tanto tempo.
— Ela agarra minha mão e consigo puxá-la bem a tempo.
— Vida.
— Tobias, o que é?
— Eu te amo.
Ela engole.
— Ok.
— Parecem passarinhos.
— Eu faço.
— Não?
— Não. Ganhei-o.
— Sim.
— Sua lealdade?
— Sim.
— Sim.
— Seu coração?
— Integralmente.
— Faça-me rei?
Um mês depois
— Pare de tomar.
Ele me disse uma vez que sua admiração por mim vem do
fato de que eu sempre falei sobre meu coração – enquanto ele
cuidadosamente esconde o dele para proteger aqueles que
ama. E é aqui, comigo, que ele finalmente se libertou da
obrigação de ser tão altruísta. É aqui comigo que ele se libertou
para amar do jeito que deveria. Levanto minha palma para a
janela.
11 anos
— E daí.
— Pessoas.
— Quais pessoas?
Faço uma pausa. Ele não tem falado muito sobre nossos
pais ultimamente, nem se lembra de suas memórias deles, mas
sempre tento me envolver quando ele faz para mantê-los
atualizados.
— Papai disse que temos que fazer nossas próprias
regras, ou os bandidos vão vencer.
— Por quê?
— Promessa?
— Promessa.
Os cabelos da minha nuca se arrepiam enquanto as
nuvens de tempestade cobrem o sol no horizonte. O mar se
enfurece lá embaixo enquanto as ondas violentas rolam sobre
a areia sedosa à minha frente, um paralelo forte e adequado ao
modo como as coisas aconteciam. Durante a maior parte
daquela noite, fiquei destacado em minha clareira enquanto as
palavras de Dominic circulavam minha cabeça, a simplicidade
e o brilho delas – uma implicação pesada para a solução de
todos os problemas.
Mude as regras.
Não falei uma palavra com ele desde o dia em que ele
faleceu – mesmo quando visitei seu túmulo porque as palavras
sempre me faltaram – porque senti que falhei com ele.
Sempre irmãos.
— Conseguimos, irmão.
Fim