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APRESENTAÇÃO
T odo curso, assim como todo livro, é senão uma resposta sempre parcial, a algumas perguntas que,
muitas vezes, o próprio professor ou o autor se faz.
Aqui vai a nossa.
Como ensinar a um aficionado por paisagismo de uma forma sincera, prática e ordenada e colocá-lo em
condições de desenhar e projetar um jardim? Como sugerir-lhe uma série de normas e critérios que
sirvam para facilitar um trabalho que depende também de criatividade? Criatividade tem normas? Como
sistematizar estas eventuais normas ou padrões de forma que, junto com o conhecimento técnico que
possuem, possam resultar em projetos mais profissionais e de melhor qualidade?
No entanto: agrônomos, arquitetos, urbanistas, biólogos, eng. florestais, geógrafos, viveiristas, floristas,
chefes de parques e jardins, autodidatas, professores, alunos e aficionados em geral, não se contentaram
com a sua formação acadêmica, falhada na matéria “Paisagismo” e, muito menos, estão se satisfazendo,
devorando livros, revistas e dicas de mídias social, com fotos de belos jardins. Querem aprender mais e
desfrutar melhor desta fonte inesgotável de satisfações que é a arte e a ciência paisagística.
Isso nos motiva a pelo menos tentar estabelecer um roteiro que possa ser útil para desembaraçar as
atividades do projetista, melhorando técnica e artisticamente o resultado final do projeto, com reflexos
positivos na decisão final de seus clientes.
Nenhuma parte desta apostila pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma ou por qualquer processo eletrônico, mecânico ou
fotográfico, incluindo fotocópia, xerocópia, ou gravação sem autorização prévia e escrita do autor.
CAPÍTULO I
OS TRAÇADOS ARQUITETÔNICOS
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OS TRAÇADOS:
Introdução:
Para chegar-se a um projeto paisagístico definitivo, é preciso percorrer várias etapas. A intervenção na
área, objetivando a paisagem desejada, passa antes por levantamentos, análises, diagnósticos,
zoneamentos espaciais e funcionais, para depois entrar no anteprojeto, projeto executivo e a obra em si.
Salvo quando o profissional experimentado, comanda pessoalmente a obra e já o tenha esboçado
mentalmente. Isso às vezes acontece em execuções de jardins com pequeno grau de dificuldade.
Planejar um jardim está ao alcance de qualquer pessoa dotada de imaginação, bom senso, espírito
observador, certo conhecimento técnico e idéias. Porém, precisamos avaliar se estas idéias são
exeqüíveis. Como dissemos... idéias todo mundo tem, porém um erro em paisagismo não parece
necessariamente logo após o término da obra.
Traçar um jardim também requer paciência, boa vontade e perseverança. É quase certo que logo de início
não se encontre o traçado desejado. Muitos rabiscos, esboços e muitas folhas de papel possivelmente
serão utilizados, antes de atingir o objetivo final.
Uma coisa, porém, é certa: o paisagista deve conceber mentalmente o projeto; e a primeira coisa a ser
feita é definir o estilo do futuro jardim. Daí a obrigatoriedade de se começar pelo traçado.
Entende-se por traçado, no nosso caso específico, “o delineamento formado por um conjunto de
traços que resultem num desenho arquitetônico em escala e que propõe a estrutura básica do
jardim, baseada num estudo preliminar”.
O traçado não assume nenhum compromisso com a definição da vegetação a ser utilizada. À isso eu
chamo de composição, que será abordada mais adiante. Para chegar-se a um projeto final, precisa-se
antes de um tema ou como alguns gostam de dizer: um esqueleto.
Óbvio que o traçado deve obedecer às leis da ciência e, sobremaneira, os princípios da arte paisagística.
E a arte requer criatividade.
Para tanto deve definir:
a - Os caminhos. .Prof Dr. Sílvio Macedo da FAU-USP ensina que: define-se primeiro os
caminhos que vão ser percorridos: a pé, de bicicleta, de carro por caminhões
etc. Determinar-se a circulação de acordo com as necessidades de uso. No
caso de um parque, os caminhos de serviço devem ser estruturados para a
circulação de tratores, caminhões e automóveis, com a mínima interferência
possível com os caminhos turísticos principais. Estes devem percorrer a
maior parte da área, circundando os setores de maior uso. Os caminhos
secundários se limitam a usos específicos como: passeios à beira d’água,
caminhadas lentas, para a contemplação, trilhas em meio a bosques etc. Os
caminhos de serviços e principais, são geralmente mais largas (de 4 a 8
metros) e rápidas, enquanto os caminhos secundários são mais estreitos (de
01 a 3,5 metros) e mais lentos, ou seja: mais sinuosos.
Veja a ilustração nos ensaios do Prof. Dr. Silvio Macedo.
A• •B A • •B
percurso rápido percurso lento
A B A B
percurso rápido com áreas de parada percurso lento com áreas de parada
Qualquer tipo de caminho escolhido pode receber intervenções como: belvederes, áreas para descanso,
clareiras etc.
Os pisos também devem ser dimensionados, especificando suas características, como se estes é
permeável ou impermeável, se necessita ou não de muros de arrimo, aterros ou pontes, escada e rampas.
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Daí a necessidade de dimensioná-la, caracterizando, além de seu formato, os planos e níveis a serem
produzidos para acomodar, desembaraçadamente, as diversas atividades que se deseja criar.
Nessa fase são apontados os principais movimentos de terra para suportar a situação criada, assim como
a drenagem e preparação do solo para receber edificações, pisos, plantas etc.
As formas que os ambientes adquirem, no traçado, integrado à circulação, denunciam, na maior parte dos
projetos, o estilo do jardim.
De um modo geral o Dr. Hermes Moreira de Souza classifica os jardins em Regular e Irregular.
O TRAÇADO REGULAR
Conforme o dicionário Aurélio, regular significa: bem proporcionado, harmonioso (traços fisionômicos
regulares) e diz-se à figura geométrica que tem lados e ângulos iguais entre si.
Em paisagismo é quando se desenvolvem desenhos simétricos, em relação a um eixo principal do jardim.
Por isso o traçado regular também é chamado de simétrico, pois há um perfeito equilibro entre os
diversos elementos, que a compõem. E, por último, são chamados de geométricos pelo fato dessa
simetria originar figuras geométricas.
Até o início do século XVIII a tradição egípcia, transmitida através dos: gregos, romanos, persas, árabes,
italianos e franceses, este tipo de traçado esteve presente na história paisagística.
Simétricos ou geométricos, retilíneos, formais ou arquitetônicos, os jardins regulares que ocupam
pequenas áreas são dotados de maior leveza, dada a necessária redução do porte e do volume da
vegetação empregados. Veja figura:
As áreas maiores traduzem aspectos de imponência e austeridade, estilo que esteve muito em voga
principalmente no Renascimento (estilo Italiano e Francês)
Esses jardins eram geralmente comandados por um ou mais eixos em forma de caminhos retos, onde se
estendia a linha da visão, que partia de um ponto previamente determinado chamado ponto focal. Este
ponto era representado por uma “entrada principal”, um portão ou coisa parecida. Deste ponto e,
percorrendo o eixo, chegava-se a um ponto terminal que possuía outro elemento de valor: uma fonte,
uma estátua, uma escadaria ou na entrada de um palácio: o ponto receptor.
Este ponto é, na verdade, um foco receptor da linha de visão que, pelo eixo, vai dar no ponto focal.
Veja a figura abaixo.
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Nos jardins residenciais também aparece esse tipo de traçado até os dias de hoje:
De acordo com a extensão do jardim regular, ele poderá ter mais do que um eixo. Veja os exemplos.
Vantagens:
Todos esses traçados favorecem excelentemente à circulação.
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Simetria radial:
É um tipo de traçado muito comum que foi tomado como “clichê” no começo do século XX para a
implantação de praças nos municípios brasileiros. Aconteciam em quarteirões de 80 por 80 ou de 100
por 100 metros de lado.
Eram representados por uma área circular central para onde convergiam, radialmente, os passeios para
circulação de pedestres. Uma circulação circular intermediária entre a calçada externa da praça e o
círculo central, completava o traçado, originando, grosso modo, canteiros trapezoidais. Também são
empregados em canteiros não precisamente quadrados como: trevos, jardins retangulares, etc.
O jardim pode adotar diversos círculos no traçado dispostos, no contexto geral, de forma simétrica
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Ao meio de todo movimento dos traços regulares foram presenciados, em diversos períodos, jardins que
possuíam características da época, porém sem conseguir a monumental simetria. Esta era restrita a
alguns subespaços, sendo que no plano macro, eram assimétricos, numa indefinição por qual estilo
seguir.
Essa característica se consolidada na passagem do estilo francês para inglês. Esta última, com linhas
sinuosas e formas mais orgânicas onde a vegetação nativa misturava-se com as plantas tropicais,
(frutíferas e hortaliças, arbustos, plantas aquáticas, etc.) em estufas de vidro ou containeres.
Poderiam, dessa maneira, também ser chamada de jardins de estilo misto.
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TRAÇADO REGULAR ASSIMÉTRO: Dyrham Park. Projetado por George London-1700: Síntese de Estilos
O TRAÇADO IRREGULAR
Introdução
No início, foi um movimento claro de “bombardeio” ao formalismo rígido do traçado regular, liderado
por críticos, projetistas, pintores, poetas e escritores. É quase proibitivo dizer com exatidão com que data
o movimento surgiu. Já em 1685, William Temple, voltando de Haia - Holanda, onde foi embaixador,
trouxe conceitos “de segunda mão” sobre o estilo oriental de jardins publicados no ensaio “Upon
Sharawadgi”. Em 1712, Addison no “The Spector” criticava o excesso de topiaria frente a um
favorecimento simpático aos jardins chineses. Mas a tradição era muito forte, apesar das opiniões
inovadoras dos pintores, jardineiros, poetas e projetista, escritores etc.
A partir de 1720, o movimento foi ganhando adeptos com Stephen Switzer (1682-1745) paisagista,
viveirista e escritor inglês que fundou a revista “The Practical Husbandman and Planter”. Outro
projetista, escritor e artista, contemporâneo da época e do movimento, foi Batty Langley (1696-1751).
Ele ajudou a popularizar o “novo estilo irregular” de jardins publicando livros de projetos e esquemas
que tiveram grande aceitação.
Charles Bridgeman foi outro paisagista inglês a quem se atribui a transição do regular para o irregular.
Ele, pelos idos de 1725, abriu os jardins à paisagem circundante. Estilo este que ficou conhecido por
“Ha - Há", bem claro nos jardins de Stove e Rousham.
Na época. Era ator dramático e arquiteto e seus jardins ignoravam todos os tipos de normas estabelecidas
Alexander Pope (1688-1744) poeta e jardineiro, causou impacto pelo arrojo do traçado do pequeno
jardim em Twickenham. Seus poemas satirizavam os desenhos formais. Veja:
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Os ingleses aprenderam dos franceses a não temer as grandes proporções. Porem, ao contrário deles,
seus jardins tendem para o indefinido, o misterioso ou para o sugestivo.
E foi em 1730 que William Kent (1685-1748), arquiteto e projetista, seguindo o estilo de Bridgeman,
rompeu definitivamente os laços com o traçado regular. De repente o jardim não tinha nem princípio
nem fim: tudo era paisagem, como se falava na época. Foi Lorde Beulington que o deixou fazer o que
queria em sua Villa Paladian em Chiswick.
Embora os grandes expoentes de Kent estivessem em Stone (Buckinghams Hire) e a casa dos Rousham
em Oxforsdhire.
Kent compunha cenários à base de gramados, água e árvores que valorizam os elementos arquitetônicos
de forma filosófica moral e poética.
Enquanto isso se descobria que o estilo neoromano-veneziano de Andrea Palladio (1518-1580) fora o
que melhor se adaptou ao gosto inglês. Foi de onde inspirou se William Kent e outros. Os jardins
ingleses resgatavam e se inspiraram na escola palladiana fugindo das simples proporções agradáveis.
Rebuscar cenários para meditação, permitindo compreender a sabedoria de Deus, era o objetivo básico.
É fácil imaginar um mandarim chinês ou um monge japonês referindo-se a um jardim com estes termos,
porém e mais difícil fazê-lo com um cortesão de Versailles.
As campinas inglesas converteram-se em locais apropriados para tais meditações quando foram
enriquecidos por riachos, lagos, arvoredos, renques e quebra ventos.
O sucessor de Kent foi Lancelot Brown (1716-1783). Brown também trabalhou em Stouve, embora
tenha se intitulado paisagista por conta própria. Ele descobriu que cada cliente possuía “capacidades”
distintas, o que lhe rendeu o apelido de “Capability Brown". E numa operação de “guerra” tratou de
eliminar todos os jardins formais que encontrava pela frente. Não havia dúvida que Brown tinha talento,
porem os ingleses passaram a odiá-lo por ter arrasado os antigos jardins. Seus seguidores não deixaram
quase nenhum terraço em pé, transformando-os em extensos gramados ondulados.
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Foi William Chambers ( 1723-1796) que depois de uma viagem à China publicou “Desings for chineses
Buildings” (1757) que na verdade teve mais influência na França do que na Inglaterra. No mesmo ano
foi nomeado arquiteto do Kew Garden onde construiu o grande pagode e outras “loucuras”. Foi rival e
crítico de “Capability” Brown por ditar um jardim diferente: o dito estilo anglo-chinês.
Porém Chambre marcou seu nome por ser o primeiro a agrupar as flores de acordo com as suas cores.
O nome de Humpry Repton (1752-1818) aparece para apaziguar o movimento de Brown e seus
seguidores. O traçado continua irregular embora resgate os terraços permitindo intimidade, comandados
por arbustos e herbáceas que agora chegam até o pé das casas, estes também compunham os passeios
deixando algumas zonas livres para coleções de árvores. Seus “Red Books” reproduziam os cenários de:
“antes e depois do jardim” e introduzem os princípios da proporção e unidade com sendo os ideais para
os jardins.
antes depois
Dez anos após a morte de Repton nenhum expoente importante surgiria a não ser alguns jardins de vila
que por serem pobres não permitiam qualquer extravagância ou capricho. Veja:
No meio do vazio a que nos referimos, um nome deve ser lembrado: é o de John Claudius Loudon
(1783-18430). Embora seu estilo fosse chamado de “jardinesco” por apenas sugerir as idéias de Repton.
Porém, foi ele o autor do “Encyclopedia of Gardening” (1822), ao seu lado o “Gardener
Dictionary”(1831) e fundador da “The gardener’s Magazine”. Como resultado seus jardins davam maior
importância ao cultivo de novas plantas. Isto foi o princípio, na verdade dos jardins vitorianos.
Estes olhavam as plantas inclusive, como elementos comerciais: o horto, o viveiro, a estufa etc,
compondo-os normalmente como parte integrante do jardim.
Com a revolução industrial no final do século XIX, o vidro e o ferro ficaram acessíveis à população da
classe média numa situação que esboçava uma desconcentração de renda.
E com isso permitia-se o cultivo de plantas de outros continentes perto das residências.
Joseph Paxton (1803-1865) foi quem enobreceu esta mania, construindo a estufa (Great Stove) em Kew
(1836-1840) e o Palácio de Cristal onde, em 1851, aconteceu uma grande exposição.
Um ano antes, Paxton ficava famoso por fazer florescer pela primeira vez, uma planta aquática da
Amazônia a que foi chamada de “Vitória Régia”.
Nas residências de classe média virou mania a instalação dos chamados “Jardins de Inverno” onde se
cultivavam plantas ornamentais e frutíferas exóticas.
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OS JARDINS PEQUENOS
Dessa maneira Gertrude Jekyll, em 1896, introduziu um novo conceito no paisagismo. Artista de talento
que faleceu em 1932, colaborou com William Robinson e com o arquiteto Edwin Lutyens em numerosos
jardins.
Jekyll era profunda estudiosa no assunto. Possuía agudo sentido sobre a forma e a cor. Veja um desses
jardins:
Lutyens projetava coisas e Miss Jekyll implantava os jardins. Interessante, é que o arquiteto projetava
jardins extraordinariamente regulares e Jekyll “pintava”-os com plantas seguindo linhas irregulares. Se
os espaços eram grandes, ela transformava-os em numerosas áreas pequenas. Ambos admitem ter
aprendido muito com esses jardins. Aprenderam que a beleza "brotava" das plantas, quando associados
de acordo com certos "macetes" ou técnicas, na qual entravam conceitos de volume, cores e texturas.
O estilo foi seguido e aprimorado por Adrian Bloom, filho do famoso viveirista Alan Bloom (1906-
1984) que propõe um jardim de traçado irregular, com linhas sinuosas, intermediando canteiros floridos
com gramados e arboretos, cuidadosamente dispostos de modo a integrá-los ao estrato arbustivo e
herbáceo. As cores são alternadas, valorizando os contrastes. Isto era necessário devido a grande
quantidade de espécies disponíveis e dentro da total liberdade de criar sem compromissos com o
formalismo ou a disciplina dos traçados regulares.
Neste sentido, foi grande também a contribuição do saudoso Burle Marx, que soube enriquecer a
paisagem, enobrecendo a perspectiva e valorizando as espécies vegetais em canteiros formados por
curvas coordenadas entre si, criando o jardim-arte.
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Como foi visto buscamos na história, a verdadeira origem do traçado irregular, passando por todas as
transições até se chegar, no que é chamado hoje de jardim moderno ou jardim contemporâneo que são
mais próximos à natureza ditados pela liberdade de criação. Não se sabe até quando os atuais jardins
serão “modernos”. Com o passar do tempo, outro estilo poderá superar o atual.
A verdade, hoje, é uma só: pelo fato de exigir profundo conhecimento da arte e ciência paisagística,
muita criatividade, imaginação e senso estético, fica extremamente difícil editar normas de como
elaborar um jardim irregular. Podemos, com muita humildade, apontar algumas características mais
evidentes que ocorrem neste tipo de traçado.
Esperamos que isso possa significar ganho de tempo; menos a pagamentos e menos papéis amassados
com rabiscos arrependidos no lixo.
Fica, no entanto, por conta de cada um interpretar o que vai ser proposto para fixar os limites de como se
começa o ridículo. Reflitam o que foi ridículo em paisagismo no passado e o que pode ser o ridículo
hoje.
Tem-se hoje à mão muito mais informações do que antigamente e em paisagismo ainda há muito mais
para aprender do que ensinar.
- As linhas que definirão as formas dos caminhos, ambientes e canteiros, podem ser retas, sinuosas,
mistas ou livres, com os mais variados ângulos e raios.
- Os caminhos são geralmente sinuosos ou descontinuados, com liberdade na formação dos "grades",
numa cumplicidade harmônica com os diferentes subespaços.
- Compromisso na formação de ambientes aclimatados para desempenho dos diversos tipos de uso e
lazer.
- Fuga à simetria.
- As superfícies, permeáveis ou não, podem ser ondulados, ou em diferentes níveis.
NOTA: Com liberdade para criar, surgiram projetos paisagísticos dos mais variados. Uns, de extremo
bom gosto, outros, de gosto duvidoso e até projetos desastrosos.
Isto tem assustado os paisagistas que sentem a responsabilidade de atender seus clientes sem decepcioná-
los.
Como conseguir aprovação visual de uma obra paisagística?
E quais as normas ou critérios para um bom trabalho que depende do improviso e da criatividade?
Criatividade tem normas?
Isso gera inseguranças, que de forma nenhuma poderão ser apercebidas pelo cliente do paisagista.
Por isso e apenas com intuito de ajudar os paisagistas nessa situação, é que sugerimos aqui alguns
traçados.
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Analisando cerca de 300 projetos paisagísticos, nestes 20 anos de atividade, notamos que alguns traçados
se repetem em sua essência.
De um modo geral e particular, classificamos esses traçados em 4 classes:
Apesar de ser montada por linhas retas, permite um traçado irregular pela fuga à simetria, integrando
com liberdade, a circulação aos ambientes. Depende de cada paisagista fazê-lo de forma harmoniosa.
Aprofundando um pouco mais, esse traçado pode ser composto ligando-se linhas retas de modo a formar
ângulos e posições espaciais distintas. Acompanhe os exemplos.
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CARACTERÍSTICAS:
- Os ambientes sempre adquirem formatos retangulares ou quadrados. Podem ser: isolados (íntimos) ou
integrados aos caminhos (de paradas ou estacionais) separando canteiros.
- Os canteiros (superfícies desempermeabilizadas) também formam quadrados ou retângulos: integrados,
formando um só desenho ou isolados, dividindo os ambientes.
- Todos os ângulos são de 90°.
- Permite a subdivisão do espaço em diversas áreas de uso.
- Permite a colocação de bancos maiores e contínuos moldando e caracterizando os ambientes.
Exemplo 2 - LINHAS RETAS EM ÂNGULOS DE 90° - TIPO JARDINEIRA
Na verdade, trata-se de uma variante de 1° exemplo, sendo que aqui as figuras dos canteiros se
completam: juntapostas, encaixadas ou integrados como se fosse uma composição de jardineiras em
planos e tamanhos diferentes. É um modelo bastante utilizado na remodelação de praças.
Exemplo: Praça da Sé -São Paulo, e Praça Rui Barbosa Bauru - SP
CARACTERÍSTICAS:
Somando com o exemplo 01, este estilo permite a criação de planos em diferentes níveis. Adapta-se
muito bem às topografias acidentadas ou planos inclinados.
- Colabora na dinâmica do jardim através dos planos criados.
- Os canteiros elevados pedem o preenchimento de substrato. É a melhor solução quando as condições de
solo locais são adversas.
- Evitam o surgimento de trilhas através dos canteiros, por parte dos usuários do jardim refletindo
positivamente no aspecto da vegetação.
- A muretas dos canteiros poderão ser utilizadas como encosto de bancos (maiores) moldados a eles.
Conforme as dimensões dos planos poderão servir de assento, palcos, terraços, espelhos d’água etc.
- Nos jardins residenciais, criam-se oportunidades de implantar tanques de areia, para peixes,
churrasqueiras, bancadas, mesas, hortas elevadas etc.
- Permitem a subdivisão do espaço em ambiente íntimo ou estacional
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Quando se deseja interferir mais no formato da área, este traçado é muito útil, tanto para projetos de
macro ou de micro paisagismo.
CARACTERÍSTICAS:
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CARACTERÍSTICAS:
Vantagens:
- Impedem a formação de "trilhas" na Praça
- Permite a colocação de uma boa camada de substrato.
- As plantas ficam mais vistosas e duradouras.
- Diminui e dificulta mais a depredação.
- Facilitam a manutenção.
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Esse traçado é, na verdade, uma conseqüência quando se trabalha com o esquadro de 45°. Constitui-se
num traçado moderno e muito utilizado.
CARACTERÍSTICAS:
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Este tipo de traçado permite ao paisagista uma mobilidade muito grande, para não dizer infinita, na hora
de projetar um jardim. É comandado por linhas que fogem do retilíneo podendo ser aguçadas ou obtusas
e não obedecem a ângulos mas raios dos mais diversos.
Temos observado, no entanto, alguns traçados desta modalidade, livres demais, originando formas
“pesadas” e curvas sem nenhuma coordenação entre caminhos, ambientes e canteiros.
Algumas tendências tem se destacado entre os tantos traçados que utilizam linhas curvas.
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Estilo muito empregado pelos paisagistas holandeses nos jardins pequenos e residenciais. Observem:
CARACTERÍSTICAS
- Permitem arredondamento de cantos e configurações de curvas.
- Origina ambientes circulares de diâmetros diferentes.
- Origina canteiros disformes: mais “orgânicas”.
- Permite a subdivisão do espaço em ambientes íntimos ou estacionais.
- Forma caminhos sinuosos e integrados aos ambientes.
- Permitem a instalação de bancos circulares integradas à forma dos ambientes, ressaltando suas
linhas.
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Esse tipo de traçado não se preocupa coma a coordenância das curvas ou a harmonização das formas.
Trata-se de um estilo pouco polido mas, muito freqüente.
Acontece com freqüência nos jardins residenciais.
CARACTERÍSTICAS:
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Trata-se de uma variante “polida” do exemplo anterior que pode ser utilizada tanto em macro como em
micropaisagismo, neste último com menor freqüência.
CARACTERÍSTICAS:
- Suas linhas são soltas e leves harmonizando os caminhos com os ambientes e canteiros.
- Tem maior aprovação visual.
- Permite a formação de ambientes.
- Seus caminhos são uma simples conseqüência natural do traçado.
- As linhas que foram os canteiros se coadunam com as linhas que formam os ambientes
- Não originam canteiros ou ambientes pontudos.
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É um tipo de traçado irregular moderno e atual, unindo arcos e retas que podem se posicionar tanto
paralela ou obliquamente em relação à forma principal.
Nos jardins residenciais também pode ser utilizada.
CARACTERÍSTICAS:
- Faz parte da nova escola unindo linhas paralelas com arcos circulares.
- Permite a subdivisão do espaço em ambientes.
- Os caminhos são descontínuos.
- Os canteiros são disformes formados por cantos e curvas.
- Os ambientes são em forma de U.
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52,07
2,6421
22,4632
3,1171
3,7133
12,30
2,3756
9,1421
5
,04
11
2,8
6,50
1,90
1,8
11,83
1,6
4,00
4,8204
4,86
3,40
4,65 3,80
2,5633
0,4
3,4587
2,05
12,8404
7,8
2,20
2,20
54
0
2,5
2,2
4,30
6,9
22
7 11,60
6,80
4,0983
8,0
8
12
86
2,80
3,1
6,15
18,0895
4
0,4
3,00
3,177
4,30 9,8132
1,50
4,6533
12,98
1,8
10,2377
2,9134
12,352
5,4606
3,9
5,31
1,85
3,6174 9,23
4,70
11,08
4,0644
6,15
7
71
2,00
61
5,2
4,08
5,1
1,5821
6,00
2,4897
8,2805
2,5309
SANTA CASA
PÉRGOLA
BANCO
QUI OSQUE
IND
EPEN
DENC
C X. A. P .
Ø0.80
TUBO
PLAYGROUND
RUA DAS ANDORINHAS
Note que as linhas curvas da Composição se harmonizam com o Traçado irregular originando formas orgânicas.
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CAPÍTULO II
AS COMPOSIÇÕES
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COMPOSIÇÃO EM PAISAGISMO
- É a especialidade artístico-científica de criar cenários paisagísticos com elementos vegetais.
Não é tarefa das mais fáceis selecionar, entre as inúmeras espécies possíveis, as que melhor atendam às
questões ambientais ecológicas, estéticas e funcionais. Muitas vezes os resultados são vagos e imprecisos
no que concernem as leis e os princípios do paisagismo. Quando atendem às exigências funcionais, não
atendem aos aspectos estéticos e vice-versa.
A projeção de uma paisagem requer a aplicação simultânea de conceitos multidiciplinares, variados e
inesgotáveis. Um florista concentra suas atenções na forma do arranjo, na combinação de cores e
texturas, usando as plantas e flores com diferentes materiais. Porém não assume compromisso nenhum
com a dinâmica de espaço-tempo, tendo em vista o efeito efêmero da decoração. Mesmo trabalhando
com materiais secos e inertes: estes não crescem, não mudam de forma e aceita toda a mesma base.
Sem menosprezar a fantástica profissão, o objetivo principal aqui, é diferenciar as profissões de florista
ou artista floral, que faz arranjos, com a de paisagista que faz composições.
Muito se tem escutado: “o paisagista fez um belo arranjo no jardim” sendo a frase mais adequada: “o
paisagista fez uma bela composição no jardim”
O profissional da área de paisagismo tem a responsabilidade de estabelecer um equilíbrio entre a arte
(cores, forma, texturas, etc.) e a ciência (tipo de solo, temperatura, umidade, chuva, insolação, espaço
disponível, fenologia das plantas, etc.).
Em termos práticos podemos dizer que nada adianta o paisagista aplicar um contraste de cores roxo-
amarelo, compondo Rhododendron simsii (azaléias roxas) com Hemerocallis flava, (lírios amarelos). As
duas florescem em épocas distintas, acarretando sempre contrastes menos felizes de amarelo com verde
ou verde com roxo.
Outro fator é solo: o "lírio amarelo" prefere pH de 6 a 8, enquanto que a "azaléia" é de solo mais ácido:
entorno de 5,4 a 5,8, não florescendo como é capaz em solos alcalinos.
Muitos erros têm se presenciado como, por exemplo, a plantio de Impatiens balsamina - "maria sem-
vergonha" ao pé de “crotons” - Codiaeum variegatum. A primeira exige regas generosas e a segunda
acaba perecendo com o excesso.
Por todos estes argumentos o paisagista é obrigado a compor fatores estéticos com o comportamento e as
exigências biológicas das plantas. E isso não é simplesmente um arranjo de plantas.
Como se toda essa complexidade não bastasse, a composição, assim como o traçado, ainda atende aos
aspectos ecológicos, sócio-culturais e econômicos do cliente ou da sociedade que as recebe.
Assim sendo, a exposição das propostas que seguem não tem a pretensão de serem regras ou leis que
devem ser obedecidas em todos os projetos paisagísticos. Tem somente o objetivo de ajudar os
paisagistas no desembaraço de suas funções.
Como a composição acontece dentro dos limites traçados pelas linhas que formam os canteiros,
proporemos aqui alguns exemplos:
A COMPOSIÇÃO FORMAL
De acordo com o dicionário Aurélio, Formal significa: “o que não é espontâneo, que se atém às
formulas estabelecidas, convencional evidente, claro, patente, genuíno, próprio”. E Informal
significa: "destituído de formalidade".
Regular conforme o Aurélio, diz-se "das figuras geométricas que tem lados e ângulos iguais":
qualidade que não se aplica ao enfeitado estilo "rococó" (estilo ornamental surgido na França durante o
reinado de Luís XV (1710-1774)).
Portanto, o termo "regular" não poderia ser aplicado à composição e sim ao traçado.
Irregular por definição significa: "inconstante, vario, desigual; de tamanho variável, ou seja: tudo
que não é regular".
Vem das definições de Regular, Irregular, Formal e Informal que nos convencemos, a esta altura, da
necessidade de classificar os jardins de acordo com:
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Sabemos que isso foge da nomenclatura empregada até hoje para classificar os jardins, ou seja: estilo
formal, informal e naturalista. Estas expressões eram empregadas para classificar, genericamente os
jardins franceses, ingleses e orientais respectivamente.
Acontece, porém, que no manejo, na manutenção, nas remodelações e nas reformas dos jardins de estilo
formal remanescente, tem-se presenciado composições informais, muito embora o traçado tenha sido
preservado. E vice-versa.
As composições formais surgiram nos remotos tempos egípcios, ocasião em que os traçados eram
regulares e a vegetação tinha a função de acompanhar as linhas ditadas por aquele estilo do jardim.
CARACTERÍSTICAS:
- A composição formal, quando empregada segundo os padrões convencionais, não atrai a atenção do
observador e é representada por bordaduras e disposições vegetais que acompanham o traçado, sem
interferir na forma dos canteiros, pelo contrário, ressaltam-nas, acompanhando suas linhas.
- Exige topiaria tanto dos componentes arbustivos (1) como arbóreos (2) que são geralmente de
folhagem verde.
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- As árvores são topiadas e moldadas para desempenhar papel de "monumentos" no jardim (2); não
necessariamente fornecedores de sombra.
- Os arbustos (1) são topiados a alturas que variam entre: 10 cm e 60 cm do chão.
- A composição pode ser centralizada com formações que se encaixam © ou não (B)
- A composição pode ser de bordadura: A
Num Jardim Residencial, a composição formal também pode ser empregada. Aliás, na Europa, há uma
clara evidência de busca ou resgate da composição formal, quando se observam os jardins, inclusive os
mais recentes.
EXEMPLO II
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Arbustos:
* = Folhagem esbranquiçada.
. = Folhagem variegada.
- Trepadeiras:
Para formar arcos, passagens e corredores
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Faz parte das composições formais, principalmente na Europa e demais países de clima frio, a utilização
dos espaços vazios (entre as bordaduras e as formações predominantes) com plantas de colorido intenso:
o chamado preenchimento. Assim, nos meses em que se inicia a primavera, fazem uso das plantas
bulbosas (tulipas, jacintos e narcisos) e nos meses quentes, as herbáceas anuais (tagetes, sálvias,
begônias, ageratuns, bocas-de-leão, amores-perfeitos, celósias, etc). Como o inverno é impiedoso,
normalmente os jardins ficam sem o ornamento dessas plantas.
No Brasil poder-se-ia fazer uso das mesmas plantas anuais, porém, há o inconveniente de ter que trocá-
las de 3 a 4 vezes por ano. Dessa forma aconselhamos utilizar as mesmas plantas empregadas para as
bordaduras, porém formando grupos e maciços. É claro que se adota essa forma de agir somente quando
as bordaduras e as composições centralizadas são formadas de arbustos verdes topiados (vide colunas
deitadas e bordaduras baixas folhagens).
Herbáceas de preenchimento:
A prática da topiaria foi um “movimento” que imperou desde os jardins romanos, ou até antes disso.
Persistiu até o início deste século, motivo mais que suficiente para classificá-la como uma prática que
empolga e aficciona. Por isso mesmo, pode voltar a qualquer momento, se é que se pode dizer que a
moda acabou.
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3
1 2
Nesta composição os canteiros são bordados com colunas vegetais deitadas (2) bem topiadas em ângulos
de 90° e nunca a mais de 50 cm do solo. O centro é divido em 4 canteiros preenchidos com forrações (1)
O espaço entre os canteiros e a bordadura pode ser preenchido com material inerte (3) como: pedriscos,
lascas de madeira, casca de pinus, pedregulho, etc (3) .
As plantas que fazem parte do item 1 no exemplo acima são topiadas para ficar bem rente ao chão. Os
franceses denominam a composição como “parterre” (literalmente: “sobre o chão”)
No item-1, podem ser utilizadas as plantas anuais, mas como dissemos, estes precisam ser trocadas de 3
a 4 vezes por ano. Pode-se, entretanto, fazer uso de plantas estáveis e topiáveis. Veja alguns exemplos:
Obs: Não se aconselha forrações invasoras ou reptantes que requerem refilamentos para ficarem dentro
da forma desejada.
Algumas outras cumpririam a mesma missão, ou até melhor, pelo fato de serem bem mais baixas, porém
requerem “ajustes” freqüentes: maior vigilância, portanto, no refilamento. São eles:
Evolvulus pusilus - Gota de orvalho
Spilanthes repens - Margaridinha rasteira
E todas as gramas
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- A composição quando não é espontânea nos traçados irregulares, tanto de linhas retas como nas de
linhas curvas, e se atém à forma estabelecida pelo canteiro, originalmente ela é formal. Veja alguns
exemplos:
EXEMPLO 4 - COMPOSIÇÃO FORMAL DE BORDADURA - Num traçado irregular de linhas retas
É o que acontece com o exemplo (3), sendo que as formações vegetais, neste caso acompanham as linhas
curvas do traçado.
No exemplo (A) notamos a valorização das linhas curvas: arbustos bordam um lado do canteiro.
Do outro lado, no mesmo canteiro, elementos verticais acompanham as linhas, fechando a figura.
No exemplo (B) ocorre uma situação quase idêntica, só que os elementos verticais acompanham as
linhas, margeando-as pelo lado de fora, da figura sem descaracterizar a linha que define a forma dos
canteiros.
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As formações vegetais são centralizadas formando figuras que não diferem ou não destoam dos
canteiros. A distância entre o limite das formações vegetais e a linha de fecha a figura dos canteiros são
rigorosamente iguais. Portanto o gramado forma uma faixa paralela, entre as linhas que definem o
traçado e a composição. As árvores são dispostas à maneira do exemplo (5) sendo que, em alguns casos,
completam o espaço entre uma formação e outra veja caso A
"A Composição Formal não rouba o traçado do jardim, muito menos interfere na forma ditada
por ele. Pelo contrário, a composição formal valoriza, destaca e facilita a leitura visual do traçado
arquitetônico, seja regular ou irregular, aplicado ao jardim".
- Trata-se de um tipo de vegetação que aceita bem as podas freqüentes e que são necessárias para definir
a textura, o porte e a forma das composições para destaque das linhas do estilo
Árvores:
Arbustos:
Obs.: As palmeiras e as árvores colunares também podem ser utilizadas, margeando, dentro ou fora dos
maciços, às linhas irregulares do estilo, destacando-as.
O ESTILO ROCOCÓ
Conforme o Aurélio, diz-se ao estilo ornamental surgido na frança durante o reinado de Luiz XV (1710-
1774), e caracterizado pelo excesso de curvas caprichosas e pela profusão de elementos decorativos, que
buscavam a elegância requintada, uma graça não raro superficial.
Na verdade o estilo já se esboçava desde muito antes.
Nos jardins italianos do século XV ao século XVII a vegetação arbustiva nos canteiros já era disposta de
modo a formar linhas sinuosas originando figuras complicadas: (Villa D’Este em Tivoli-1549 e Villa
Borghese -Roma 1606).
Foram, no entanto, a família Mollet da França que consolidaram o estilo mais adiante utilizado por
Andre Le’Notre.
O pai e seus dois filhos, todos os jardineiros, viveram entre os reinados de Henrique IV e Luiz XIII.
O avô projetou o Chateau d’Anet. Seu filho, Claude, nascido em 1563 projetou parte do “Fontainebleau”
(Palácio real ao sul de Paris) e grande parte do jardim das Tulheiras a mando da rainha Catarina de
Médices.
Outro filho, André Mollet escreveu “O jardim do Prazer” em 1615.
Foi na sua época que idealizaram os “Parterres” e avenidas, ou melhor: alamedas. Portanto: aplica-se a
Claude e André Mollet a autoria do chamado “Paterres de Brodeire” ou pradinhos bordados: o autêntico
percursor do “rococó”, consolidado por Le Notre na construção dos jardins do palácio de Versailles, no
reinado de Luiz XIV.
Consideramos aqui o rococó como uma variação ousada da composição formal, pois apesar de serem
formadas por linhas sinuosas, figuras estranhas e complicadas, desempenham papel de enfeite, sem
roubar a forma macro do jardim regular. As figuras geradas pelo estilo estão sempre dispostas
simetricamente nos canteiros. Aliás, não dá para imaginar esses desenhos barrocos em jardins modernos
que são ditadas por linhas sem artificialismos e mais próximos à natureza.
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O rococó é um estilo próprio comandado pela preocupação quase que obsessiva, de enfeitar os espaços
vazios dos canteiros com plantas rasteiras onde não se permite uma árvore sequer. É um jardim
literalmente colocado ao chão e exageradamente bordado, como se fosse um tapete persa.
Mas, novamente chamamos a atenção pelo fato desse estilo ter comandado um longo período. Não sendo
raro, portanto, achar simpatizantes que queiram estes jardins daqui para frente a exemplo do que já
ocorre na Europa.
Herbáceas anuais:
- Tagetes patula - Cravo de defunto
- Salvia splendens, nana - Salvia anã
- Begonia semperflorens - Begoninha
- Ageratum houstonianum - Agerato
- Celosia plumosa - Crista de galo anã
- Viola tricolor serie "challenge" - Amor perfeito
- Bellis perennis - Margarida inglesa (bianual)
Herbáceas perenes:
- Gazania rigens - Gazânia
* Santolina chamaecyparissus - Lavanda algodão
- Unxia kubitzkii - Botão de ouro
- Kalanchoe blossfeldiana - Calanchoê
* Echeveria elegans - Bola-de-neve-mexicana
* Ophiopogon japonicus - Grama preta
- Zephiranthes candida - Lírio do vento
* Alternanthera ficoidea - Periquito
* Senecio douglassi - Cinerária marítima
- Crossandra infundibuliformis - Crossandra
* Folhagens - Floríferas.
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A COMPOSIÇÃO INFORMAL
- Para começar entender a composição informal, vamos partir dos princípios artísticos que ditam as
formas, os desenhos ou as figuras dentro das quais as plantas se farão representar sem, ainda, nos
preocuparmos com a 3ª dimensão, proporcionadas por elas. É muito comum ficar atrapalhado na hora de
definir o estilo da composição e conjugá-las com as plantas pretendidas, os caminhos e os ambientes a
serem delimitados por elas. Para tanto, definiremos algumas técnicas para criar formas nas composições.
FORMAS:
A forma de uma copa, o volume de uma planta e principalmente ao formato de um canteiro, é lido pelo
nosso cliente, pelo lado esquerdo do cérebro. As cores adquiridas pelas plantas num canteiro,são
interpretadas pelo lado direito do cérebro. Ou seja, a forma é uma letra (razão) e a cor emoção.
AMARELO
Se perguntar para uma pessoa que cor ela está vendo, possivelmente ela responderá “AMARELO”. É por que ela usou o
lado esquerdo do cérebro. Experimente montar um quadro com o nome de várias cores, só que usando tinta diferente do nome
em questão.
Para destacar uma forma ou interferir num traçado existente, o paisagista pode que fazer uso de maciços vegetais
arbustivos ou herbáceos colocados dentro de figuras ou desenhos que identifiquem o estilo da composição.
O objeto principal da composição informal é chamar a atenção para si e não para o traçado dos canteiros
caso contrário seria formal.
Pensando assim, o paisagista pode perder-se no imenso universo de variáveis, de figuras, e combinações
possíveis que sustentam a liberdade de criar do informalismo.
Vamos tentar ajudá-los sugerindo algumas opções.
Acreditamos que, de um modo geral, as composições informais podem ocorrer em :
Você perceberá, daqui pra frente que, é um conceito muito acadêmico classificar os jardins de acordo com 3
únicos estilos: Formal (ex: Francês) Informal (e: Inglês) e Naturalista (ex: Japonês). Os jardins não podem
ser analisados de acordo e com exatidão, se não se separar o TRAÇADO da COMPOSIÇÃO.
Figuras geométricas:
São aquelas que têm formas conhecidas e espontâneas como: o quadrado, o retângulo, o círculo, a elipse,
o triângulo, retângulo ou isóscele, o trapézio, o hexágono, o octógono o paralelogramo, o quadrilátero
irregular e assim por diante. Ou seja: são todas figuras que possuem fórmulas para cálculo de suas áreas.
Nas composições informais elas devem ser utilizadas como conhecimento e criatividade para não se cair,
no formalismo.
Associar figuras geométricas iguais, porém de tamanhos diferentes, ou mesmo, associar figuras
diferentes ou ainda formar uma nova figura composta varias figuras geométricas são algumas opções.
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Figuras abstratas:
São figuras que transcendem as aparências exteriores da realidade, alheios, portanto, a qualquer
representação figurativa. Não possuem formas definidas. Se o paisagista se utilizar de linhas retas, pode
até originar desenhos cubistas (geometrizando formas naturais). Se fizer uso de linhas curvas poderá
originar figuras orgânicas ou amebóides ou mesmo criar figuras vazadas.
Linhas deliberadamente livres podem originar desenhos complexos difíceis de serem consolidadas com
vegetação. As variáveis são infinitas cabe ao profissional utilizar seu bom senso estético para não sair no
ridículo. Exemplos:
Figuras dinâmicas:
São formadas por linhas retas e/ou curvas originando desenhos mais polidos, artísticos ou harmoniosos.
Geralmente surgem de paisagistas mais conhecedores da arte estética. Exemplos:
Todas as figuras apresentadas podem acontecer nas versões: real e virtual ou como alguns dizem: “em
positivo” ou “em negativo”.
Dizemos que a forma é real quando a figura criada é toda preenchida, formando uma cobertura sólida de
arbustos ou herbáceas, impondo uma visualização maciça do objeto, como se fosse uma foto revelada.
Para criar formas reais é preciso colocar a vegetação, arbustiva ou herbácea, na figura criada. O que
restou do espaço pode ser preenchido com grama, seixos, areia ou outros materiais e principalmente os
“monumentos” vegetais.
A forma virtual é criada pelas linhas de uma composição, formando uma figura vazada como se fosse
um negativo de uma foto. Nesse caso a vegetação é colocada no espaço compreendido entre as linhas
que definem o traçado dos canteiros e as linhas que criaram a forma da composição. Os espaços vazios
são preenchidos com outros materiais, assim como: os “monumentos” (árvores, palmeiras etc.). A
ilustração é mais didática e explica melhor, veja:
Obs.: Levar sempre em consideração que as plantas não são estáticas. Elas crescem nas três dimensões.
Se hoje estão pequenas, com o tempo, vão ocupar volumes diferentes que poderão mascarar as formas
concebidas na fase de projeto. Portanto, não faça uso de formas complexas, muito menos as que não
comportam as plantas adultas.
Outro detalhe importante a ser considerado é a da compatibilidade das espécies nas associações quanto
as suas necessidades de: rega, luminosidade, solo, assim como o crescimento.
Não associar plantas de crescimento lento com as de crescimento rápido ou juntar plantas que requerem
muita água com as que preferem menos regas, e assim por diante.
virtual misto
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No exemplo misto notamos uma coisa interessante: apesar de ter sido provocado figuras reais, alguns
canteiros apresentam composições abstratas virtuais e raiadas.
A seguir vamos analisar algumas composições informais no plano bidimensional que podem
eventualmente ocorrer em traçados regulares.
Se tudo foi compreendido até aqui e observado o projeto acima, de saída podemos dizer que o lado A é
representado por composições reais e o lado B, virtuais.
Se é que se podem dar nomes a essa composições, a classificação ficaria assim:
LADO A:
LADO B:
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FORMAL
INFORMAL
FORMAL
INFORMAL
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CARACTERÍSTICAS:
1 - Linhas curvas suaves e formas abstratas quebram e atravessam os canteiros de ângulos retos.
2 - Proporcionam isolamento e privacidade aos ambientes (íntimos ou de passagem) e valorizam os
caminhos.
3 - Trabalha a forma tanto na versão real como virtual.
4- Quebra os ângulos de 90°, amenizando as linhas retas
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Composição informal mista (real e virtual) de figuras geométricas circulares vazadas e encanteiradas
CARACTERÍSTICAS
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CLASSIFICAÇÕES
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CLASSIFICAÇÕES
CLASSIFICAÇÕES
CLASSIFICAÇÕES
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CARACTERÍSTICAS
1 - A composição que melhor se encaixa em traçados cujas linhas e curvas não se coordenam e aquela
que origina figuras abstratas, amebóides ou geométricas (circulares ou elípticas, tanto na versão real
como virtual.
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2 - A missão principal dessa composição é chamar atenção para as novas formas criadas, “quebrando” as
pontas e bicos.
3 - A composição pode ser margeada (interna ou externa) fazendo-se uso da linha ou curva mais
harmoniosa do canteiro
EXEMPLO 10 - COMPOSIÇÃO INFORMAL EM TRAÇADO IRREGULAR DE LINHAS CURVAS TIPO
AMEBÓIDE.
CARACTERÍSTICA
Pelo fato do traçado possuir personalidade forte dada a harmonia de formas, linhas e curvas, não convém
empregar uma composição cujas novas formas chamem a atenção para si. A mais indicada é aquela cujas
curvas coordenem com as existentes do traçado arquitetônico.
CLASSIFICAÇÕES
encanteirada
4 - Composição informal real de figuras abstrata amebóide coordenada interrompida e
encanteirada
5 - Composição informal real de figuras abstrata amebóide centrada e encanteirada
CARACTERÍSTICA
- Trata-se de um traçado de forte personalidade onde vale alterar, o menos possível, as formas
empregadas na composição.
CLASSIFICAÇÃO
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3-Composição formal mista com figuras reais encanteiradas e “rococó” (acima e laterais)
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
3. Huigens, Dick – “Zelf uw tuin ontwerpen” – 2ª ed. Zomer & Keuning – EDE, 1982
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