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OFÍCIO Nº 38/2023-STD/ANEEL

Brasília, 29 de maio de 2023.

Ao Senhor
Eduardo Baroni Júnior
Superintendente de Regulação Técnica e Comercial
Neoenergia

Referência: Carta SRT 005/2023, de 13/03/2023 (48513.005865/2023-00).


Caso responda este Ofício, indicar expressamente o nº 48552.000661/2023-00.
https://www.gov.br/aneel/pt-br/canais_atendimento/processo-eletronico.

Assunto: Atendimento de microgeração e minigeração distribuída em situações de limitação


de escoamento nas redes de transmissão.

Senhor Superintendente,

1. Reportamo-nos ao documento em referência, por meio do qual o Grupo


Neoenergia informa que um total de 76 solicitações de conexão teriam sido “reprovadas” com
base na suposta inexistência de capacidade remanescente de escoamento na SE Bom Nome
138 kV, justificadas com fundamento no “Relatório Margem PAR PEL 2020 - Plano da Operação
Elétrica de Médio Prazo do SIN PAR/PEL 2020 – Ciclo 2021-2025” do Operador Nacional do
Sistema – ONS.

2. Sobre o assunto, esclarecemos que, por força legal (art. 15, §6º da Lei
nº 9.074/1995 e arts. 2º e 18 da Lei nº 14.300/2022) e regulamentar (arts. 15 e 17 da Resolução
Normativa – REN nº 1.000/2021), a conexão ao sistema de distribuição é um direito do
consumidor e demais usuários, devendo a distribuidora atender a todos os pedidos de conexão
que receber.

3. Conforme disposto na REN nº 1.000/2021, é obrigação da distribuidora avaliar as


alternativas para realização do atendimento e identificar a alternativa de mínimo custo global
viável, podendo o estudo da distribuidora indicar, inclusive, o atendimento temporário com
restrições operativas (art. 69, §1º e art. 495, IV) ou mesmo em outro subsistema (arts. 80 e 81).
O orçamento de conexão deve ser emitido com todas as informações contidas no art. 69. Nos
casos em que for identificada inversão de fluxo, o orçamento de conexão deve conter também
todos os itens descritos nos §§2º a 5º do art. 73.

4. A exceção prevista na regulação é a do §2º do art. 17, que deve ser aplicada
exclusivamente para os casos em que a conexão não pode ser realizada por motivo que não seja
de responsabilidade da distribuidora.

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P. 2 do OFÍCIO Nº 38/2023-STD/ANEEL, de 29/05/2023.

5. Nesse dispositivo (art. 17, §2º) enquadram-se, por exemplo, casos em que a
conexão não pode ser realizada pela não obtenção de licença, autorização ou aprovação de
autoridade competente (art. 89, II), o consumidor não tiver apresentado informações de sua
responsabilidade (art. 89, I), ou nos casos em que ficar configurada a ocupação irregular do solo
(art. 67, VIII e IX).

6. O art. 17, §2º também alcança os casos que em que existam impactos no sistema
de transmissão e, consultado acerca do caso concreto e específico, o ONS (art. 76) responda pela
inviabilidade da conexão e que não existe solução planejada, não havendo alternativas de obras
no sistema de distribuição para viabilizar o atendimento.

7. A avaliação do ONS prevista no art. 75 para MMGD somente deve ser requisitada
em situações específicas, em que o estudo de impacto sistêmico da conexão elaborado pela
distribuidora local indicar a existência de impactos na Rede Básica, Rede Básica de Fronteira ou
Demais Instalações de Transmissão em função dessa conexão. O pedido de avaliação da
distribuidora deve estar acompanhado do estudo realizado, das características da carga na área
de atuação e das demais informações necessárias para avaliação pelo ONS.

8. Nos casos em que, em resposta à consulta específica, o ONS indicar restrições ao


uso do sistema de transmissão que inviabilizem a conexão dos usuários e que já possuam solução
planejada, a distribuidora deve informar isso no orçamento de conexão, conforme art. 69, XIV,
de forma a condicionar o acesso ao sistema de distribuição à entrada em operação das
instalações de transmissão necessárias e indicadas pelo ONS. A conexão somente pode ser
recusada nos casos em que a resposta do ONS à consulta específica indicar inviabilidade da
conexão e inexistência de solução planejada, não havendo alternativas de obras no sistema de
distribuição para viabilizar o atendimento.

9. Nesse sentido, esclarecemos que não deve ser considerada como “inexistência de
capacidade de escoamento” a simples utilização do relatório PAR PEL 2020, como defendido pela
Neoenergia em sua correspondência. Nesses casos, a não apresentação do orçamento de
conexão representa não conformidade e descumprimento legal, regulamentar e contratual.

10. Por fim, lembramos que, conforme §5º do art. 83, fundamentado no §2º do art. 40
do Código de Defesa do Consumidor, eventuais orçamentos de conexão emitidos e aprovados
devem ser cumpridos por ambas as partes, somente podendo ser alterados em comum acordo.

Atenciosamente,

(Assinado digitalmente)
PEDRO MELLO LOMBARDI
Gerente de Regulação do Serviço de Distribuição
Superintendência de Regulação dos Serviços de Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica
DV

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