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Número: 48552.

000302/2023-00

NOTA TÉCNICA Nº 28/2023–SRT-SCG/ANEEL


Em 20 de abril de 2023.

Processos: 48500.001719/2023-58.

Assunto: Proposta de tratamento excepcional


na gestão de outorgas de geração e dos
Contratos de Uso do Sistema de Transmissão –
CUST celebrados por centrais geradoras.

I - DO OBJETIVO

1. Propor tratamento excepcional a ser aplicado na gestão de Contratos de Uso do


Sistema de Transmissão – CUST celebrados por centrais geradoras.

II - DOS FATOS

2. Em 1º de março de 2021, foi promulgada a Lei nº 14.120, que alterou o art. 26 da


Lei nº 9.427, de 1996, a respeito dos requisitos para enquadramento no desconto nas tarifas de
uso dos sistemas de transmissão e de distribuição (TUST e TUSD) para novas outorgas ou
ampliações de capacidade instalada de outorgas existentes. A referida Lei foi promulgada em
conversão da Medida Provisória N° 998, de 1º de setembro de 2020.

3. Em 14 de dezembro de 2021, foi publicado o Decreto nº 10.893, que tratou dos


incisos I e II do §1º-C do art. 26 da Lei nº 9.427, de 1996, dispensando a exigência pela ANEEL de
informação de acesso apenas às solicitações de outorgas protocoladas na Agência até 2 de março
de 2022 e previu a possibilidade de realização de procedimento competitivo para contratação de
margem de escoamento para acesso ao Sistema Interligado Nacional – SIN.

4. Em 9 de agosto de 2022, foi publicada a Resolução Normativa nº 1.038, que


estabeleceu procedimentos e diretrizes para o processo de solicitação de outorgas de geração sem
exigência de documento de acesso, nos termos do Decreto nº 10.893/2021.

5. Em 2 de fevereiro de 2023, por meio da correspondência CT - 0014/2023 (Sic nº


48513.002632/2023-00), a ABEEólica apresentou à ANEEL uma proposta de programa de rescisão
amigável de CUST.
* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da
Agência.

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6. Em 20 de abril de 2023, foi realizada reunião com a Associação Brasileira de Grandes


Consumidores de Energia – Abrace (Sic nº 48552.000304/2023-00) para tratar a respeito de
preocupações dos grandes consumidores a respeito do assunto de rescisão de CUST para centrais
geradoras dado o cenário atual.

III - DA ANÁLISE

III.1 Contextualização

7. A crescente expansão da geração renovável tem trazido, em todo mundo, uma


transformação no paradigma de acesso aos sistemas de transmissão. Se antes o acesso se dava
normalmente por usinas com potência unitária maior, com prazo de construção compatível com a
transmissão e localização mais bem definida, o que se tem atualmente é um cenário de projetos
menores, de menor fator de capacidade, com rápida construção e localização mais dispersa.

8. No Brasil, cuja matriz elétrica já conta com presença expressiva de fontes


renováveis, essa transformação de fundo tecnológico foi acelerada nos últimos três anos em razão
de mudanças na legislação vigente. Destacam-se, nesse contexto, as alterações promovidas pela
Medida Provisória nº 998, de 1º de setembro de 2020, convertida na Lei nº 14.120, de 1º de março
de 2021.

9. Dentre essas alterações, consideramos de maior relevância no contexto da geração


renovável a previsão de fim do benefício da redução de até 50% nas Tarifas de Uso dos Sistemas
de Distribuição – TUSD e nas Tarifas de Uso dos Sistemas de Transmissão – TUST para centrais
geradoras de fonte eólica, solar, biomassa, de cogeração qualificada ou para pequenas centrais
hidrelétricas.

10. Nesse sentido, a Lei nº 14.120/2021 alterou a Lei nº 9.427/1996 e previu o seguinte:

“§ 1º-C. Os percentuais de redução de que tratam os §§ 1º, 1º-A e 1º-B deste artigo
serão aplicados:

I - aos empreendimentos que solicitarem a outorga, conforme regulamento da Aneel,


no prazo de até 12 (doze) meses, contado a partir da data de publicação deste inciso,
e que iniciarem a operação de todas as suas unidades geradoras no prazo de até 48
(quarenta e oito) meses, contado da data da outorga; e “

11. Ou seja, uma vez que a referida legislação foi publicada em 1º de março de 2021,
os empreendedores interessados em implantar centrais geradoras tinham até 2 de março de 2022

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para solicitarem outorga à ANEEL de modo que ainda pudessem fazer jus a desconto na TUSD ou
TUST, desde que atendidas as demais condições legais e regulatórias aplicáveis.

12. Ao regulamentar o dispositivo legal citado, o Decreto 10.893/2021 estabeleceu


ainda o seguinte:

“Art. 1º As outorgas de autorizações de que tratam os incisos I e II do § 1º-C do art.


26 da Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, serão concedidas sem exigência de
informação de acesso emitida pela concessionária de distribuição de energia elétrica
pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico ou pela Empresa de Pesquisa Energética
quanto à viabilidade da conexão do empreendimento.

Parágrafo único. A dispensa da exigência de que trata o caput será aplicada às


solicitações de outorga protocoladas na Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel
até 2 de março de 2022.”

13. Assim, além de estabelecer uma data-limite para fim do desconto da TUSD e TUST,
houve um Decreto que também simplificou o processo de solicitação de outorga com a
inexigibilidade da apresentação da Informação de Acesso por parte dos empreendedores como
condição para obtenção de outorga. Desse modo, os interessados deixaram de ter obrigação de
obter uma avaliação preliminar por parte das concessionárias de distribuição ou do ONS de que o
acesso de seus empreendimentos aos sistemas de transmissão ou distribuição teriam viabilidade.

14. Tais alterações provocaram um aumento drástico nos pedidos à ANEEL de


autorização para geração de energia por parte dos empreendedores, sobretudo para fontes eólica
e solar fotovoltaica, cenário conhecido informalmente no setor como “corrida ao ouro”. A Figura
1 apresenta a evolução dos pedidos de outorga na ANEEL a partir de janeiro de 2021:

Figura 1 – Evolução dos pedidos de outorga apresentados à ANEEL.

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Fonte dos dados: SCG – Março/23.

15. Como resultado deste movimento, de acordo com o sistema Ralie –


Acompanhamento da Expansão da Geração1, no fim de março de 2023 já existiam cerca de 108
GW de capacidade instalada de geração outorgada que ainda não estava em operação. Deve-se
destacar que, historicamente, entram em operação anualmente no Brasil cerca de 8GW de
capacidade instalada adicional de geração. Ou seja, somente os geradores outorgados até o
momento corresponderiam a cerca de 13,5 anos de expansão de geração típicos no país.

16. No entanto, deve-se lembrar que a própria Lei 14.120/2021 estabeleceu que o
desconto das tarifas de uso, que foi o vetor deste movimento atípico, só será aplicável para as
centrais geradoras que entrarem em operação em até 48 meses após suas outorgas. Ou seja, para
grande parte do potencial outorgado, seria necessário que entrassem em operação em até 4 anos,
o que significaria comprimir praticamente 13,5 anos de expansão em apenas 4 anos. É uma
realidade, portanto, que parte desta geração outorgada possui natureza especulativa e, de fato,
não será implantada.

17. Uma vez que os empreendimentos necessitam acessar o sistema de transmissão e


distribuição para escoar sua energia, não demorou para que a “corrida ao ouro”, para obtenção
de outorgas, fosse também aplicável ao acesso aos sistemas de transmissão e distribuição. A Figura
2 apresenta a evolução do número de empreendimentos que protocolaram solicitações de acesso

1
Acessado em https://www.gov.br/aneel/pt-br/centrais-de-conteudos/relatorios-e-indicadores/geracao em 29 de
março de 2023.

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no Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS a partir de janeiro de 2020.

Figura 2 - Evolução das solicitações de acesso realizadas ao ONS.

Fonte dos dados: ONS - Março/23.

18. De modo a adequar a regulação a este novo cenário, foram realizadas e estão em
andamento aprimoramentos regulatórios relevantes.

19. No âmbito do acesso de geradores ao sistema de distribuição, a ANEEL promoveu


alterações regulatórias por meio da Resolução Normativa nº 1000, de 7 de dezembro de 2021, em
que foi alterado o rito de acesso de geradores, passando a ser exigida a celebração do Contrato de
Uso do Sistema de Distribuição – CUSD antes da solicitação de outorga. Esta alteração recente bem
como a lógica própria do acesso ao sistema de distribuição, no qual a concessionária de
distribuição centraliza os papeis de planejamento, operação e expansão, indica não serem
necessárias medidas adicionais neste momento. Assim, a presente nota técnica não tem o objetivo
de propor medidas excepcionais relacionadas ao acesso de geradores ao sistema de distribuição,
concentrando-se no acesso ao sistema de transmissão.

20. No âmbito do acesso de geradores ao sistema de transmissão, consta da Agenda


Regulatória da ANEEL Biênio 2023-2024 a atividade TRA22-45 - Regulamentar o acesso à
transmissão no cenário de expansão de geradores renováveis. O tema foi objeto da Análise de
Impacto Regulatório – AIR nº 2/2022-SRT-SRG-SCG-SFG/ANEEL (Sic nº 48552.000918/2022), que
foi submetido à Consulta Pública nº 52/2022, e encontra-se em fase de análise de contribuições,
com previsão para conclusão da atividade em dezembro de 2023. A conclusão da atividade
certamente levará a um novo normativo, que provavelmente trará um tempo de adequação do
setor para o início de sua vigência.

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21. Outras atividades associadas ao tema foram: (i)a regulamentação do ilhamento de


subestações, que culminou na publicação da Resolução Normativa nº 1.055, de 2022, que envigora
desde 1º/4/2023; e (ii) a regulamentação referente ao sinal locacional, que resultou na publicação
da Resolução Normativa nº 1.041, de 2022, em vigor de 3 de outubro de 2022.

22. Desde 2020 também estão em discussão na ANEEL algumas propostas de


aprimoramento da norma que trata de outorga de geração, por meio da revisão da Resolução
Normativa n° 876/2020 (GER21-05), que também abordam questões para tratar o problema em
questão.

23. Por fim, ainda no contexto da viabilidade de empreendimentos de geração, merece


destaque o cenário dos preços de energia. Como pode-se verificar, o PLD está em seu valor mínimo
há alguns meses, e há previsões de que os preços da energia permaneçam em patamares
relativamente baixos por algum tempo.

III.2 Da regulamentação aplicável e da situação atual dos CUST celebrados por centrais geradoras

24. O CUST é um contrato celebrado entre os usuários do SIN e o ONS, na condição de


representante das concessionárias de transmissão, com a finalidade de estabelecer os termos e
condições da prestação do serviço de transmissão, incluindo a declaração dos Montantes de Uso
do Sistema de Transmissão – MUST reservados ao usuário que se conecta à Rede Básica. O serviço
de transmissão, por sua vez, é caracterizado pela disponibilidade das instalações de transmissão.
Assim, ao celebrar o CUST, o usuário está contratando, a partir do início de vigência do contrato,
a disponibilidade do SIN para sua utilização de acordo com os MUST contratados e mediante o
pagamento dos Encargos de Uso do Sistema de Transmissão – EUST.

25. Destaca-se, ainda, que uma vez celebrado o CUST, o usuário reserva a
disponibilidade do ponto de conexão da Rede Básica para si nos montantes contratados e a partir
do início de execução do CUST, impedindo que eventuais novos usuários que venham a acessar o
sistema de transmissão posteriormente possam impedir a integral utilização dos recursos
contratados.

26. A respeito dos requisitos para o estabelecimento do início de execução dos CUST, a
Seção 5.1 das Regras dos Serviços de Transmissão estabelece o seguinte:

“4.3 Os CUST celebrados por CENTRAIS GERADORAS, inclusive por AUTOPRODUTORES com
geração maior que a carga, CENTRAIS GERADORAS HÍBRIDAS ou CENTRAIS GERADORAS
ASSOCIADAS, trarão, separadamente, o MUST contratado e, para cada TECNOLOGIA DE

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GERAÇÃO, a potência instalada e a carga própria. [...]

4.3.8 As datas para contratação do uso que constarão dos CUST celebrados deverão
compreender o período de testes do USUÁRIO e não poderão ser posteriores àquelas
estabelecidas no ato de sua outorga.”

27. Conforme estabelece o regulamento vigente, as centrais geradoras podem


contratar a disponibilidade do sistema de transmissão no período que julgarem mais adequado
para seu empreendimento tendo como limite, contudo, que o CUST tenha início de execução até
no máximo a data de operação em teste que consta da outorga de geração. Tal limitação se faz
necessária tanto para evitar que o gerador reserve a rede por tempo indeterminado bem como
para impedir que o gerador injete energia no sistema sem a devida cobertura contratual.

28. Dado o cenário de intensa procura por outorgas e por acesso ao sistema de
transmissão, verificamos a necessidade de monitorar a situação dos CUST celebrados por centrais
geradoras, especialmente para os casos em que os empreendimentos de geração ainda não estão
em operação comercial.

29. A Figura 3 apresenta os Montantes de Uso do Sistema de Transmissão – MUST


contratados por centrais geradoras que ainda não entraram em operação comercial (em fase de
construção ou com construção não iniciada) segmentados pelo ano em que os respectivos CUST
tiveram ou terão início de execução, com referência de dados obtidos em março de 2023.

Figura 3 – MUST contratado por centrais geradoras que não estão em operação comercial, por ano de
início de execução dos CUST.

Fonte dos dados: ONS e ANEEL - Março/23.

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30. Conforme dados obtidos, apenas para o ano de 2023, verifica-se que há previsão de
início de execução de um montante de 15 GW para centrais geradoras que, de acordo com
informações do Sistema de Informações de Geração da ANEEL – SIGA, sequer iniciaram a
construção de seus empreendimentos.

31. De acordo com informações da Superintendência de Fiscalização dos Serviços de


Geração – SFG, uma central geradora fotovoltaica leva uma média de 13 meses para entrar em
operação comercial após o início de suas obras. As centrais geradoras eólicas, por sua vez, levam,
em média, 16 meses.

32. Ou seja, há um montante bastante significativo de centrais geradoras que


reservaram MUST e terão que iniciar os pagamentos de seus EUST sem que seus empreendimentos
tenham iniciado sua operação comercial. Tal situação não é incomum, sendo natural que ocorram
desvios de alguns meses entre o início de execução dos CUST e o início da operação comercial das
centrais geradoras.

33. No entanto, quando analisamos os CUST que já se encontram em execução no fim


de março de 2023, apresenta-se um cenário mais preocupante, apresentado pela Figura 4.

Figura 4 – MUST contratado por centrais geradoras que não estão em operação comercial com CUST em
execução, por ano de início de execução dos CUST.

Fonte dos dados: ONS e ANEEL - Março/23.

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34. Conforme exposto na Figura 4, há um montante de 2,6 GW contratados por centrais


geradoras que sequer iniciaram suas obras que estão com CUST em execução desde 2022. Para os
CUST que iniciaram execução até o fim de março de 2023, o montante na mesma situação já perfaz
2,9 GW.

35. Ou seja, somente até março de 2023 há um total de 5,5 GW que estão reservados,
com CUST em execução, para empreendimentos de geração que, seguindo a média do setor,
entrarão em operação comercial apenas a partir de abril de 2024. Neste ínterim, os geradores
devem arcar com seus EUST sem auferir renda proveniente da venda de energia.

36. Tal situação está abarcada no risco do gerador, a quem cabe planejar, contratar e
executar seus empreendimentos bem como contratar seu acesso do modo que lhe convier e de
acordo com o regulamento vigente. No entanto, embora a maior parte dos geradores esteja
arcando com os EUST dos CUST em execução, há uma postura distinta de outra parcela desses
geradores, que buscam a via judicial para suspender os pagamentos de seus EUST.

37. A Figura 5 mostra, dentre os MUST contratados por centrais geradoras que não
estão em operação comercial com CUST em execução, os que são objeto de judicialização que
impede a realização de cobranças de EUST, garantias e a rescisão dos CUST relacionados.

Figura 5 – MUST contratado por centrais geradoras que não estão em operação comercial com CUST em
execução e com CUST judicializado, por ano de início de execução dos CUST.

Fonte dos dados: ONS e ANEEL - Março/23.

38. Conforme exposto, há um montante de 2,3 GW relacionado a CUSTs que se


encontram em execução desde 2022, sem obras iniciadas, que está sendo reservado sem custo

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para centrais geradoras que tiveram decisão judicial liminar concedida. Para os CUST com
execução em 2023 esse montante já perfaz 1,3 GW em março deste ano.

39. Nestes casos judicializados em que há concessão de liminar para o gerador, o ONS
está impedido judicialmente de emitir os Avisos de Débito – AVD para os geradores que
judicializaram e os Avisos de Crédito – AVC para as transmissoras. Nessa situação, quando há uma
frustração de arrecadação de receita prevista por parte das transmissoras, o Submódulo 9.3 dos
Procedimentos de Regulação Tarifária prevê uma compensação por meio de Parcela de Ajuste:

“26. A Parcela de Ajuste – PA reflete as diferenças entre os duodécimos da RAP, estabelecida


pela ANEEL, e os valores dos Avisos de Crédito – AVC, emitidos pelo ONS. A PA é calculada
pela ANEEL ao final do ciclo i-1 e considerada no ciclo i.

27. As diferenças citadas são calculadas e atualizadas até junho do ano i, na forma
estabelecida no contrato de concessão ou ato de equiparação. O somatório de todas as
diferenças mensais, atualizadas, constitui a PA.”

40. Assim, o montante de EUST judicializado em determinado ciclo tarifário será pago,
com correção, no ciclo tarifário seguinte. No caso de instalações de Rede Básica, em que todos os
usuários do sistema rateiam o pagamento das instalações, os EUST judicializados por um grupo de
usuários será pago, no ciclo tarifário subsequente, pelos demais usuários do sistema de
transmissão.

41. Há, ainda, casos em que os geradores simplesmente não efetuam/efetuarão o


pagamento dos EUST devidos. Nessa situação, conforme determina o Submódulo 7.1 dos
Procedimentos de Rede e conforme consta dos CUST celebrados, o não pagamento dos EUST por
parte dos geradores implica primeiramente o acionamento da garantia contratual, que atualmente
corresponde a dois meses de EUST. Caso não seja apresentada garantia, o CUST fica suspenso por
até trinta dias e, então, é rescindido.

42. A Seção 5.1 das Regras dos Serviços de Transmissão estabelece o seguinte a respeito
da rescisão dos CUST celebrados por centrais geradoras:

“4.3.11 Em caso de rescisão do CUST, antes do fim da outorga, serão devidos os EUST
referentes aos 3 (três) anos subsequentes à data da rescisão ou do início de execução do
CUST, caso o contrato ainda não esteja em execução, sendo que a liquidação ocorrerá na
primeira apuração mensal de serviços e encargos subsequente.”

43. Desse modo, uma vez que a central geradora tenha seu CUST rescindido por
inadimplência ou pela ausência de apresentação de garantias, no mês seguinte à rescisão o ONS

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emite um AVD para o gerador e um AVC para as transmissoras com o montante a ser pago
equivalente a 3 anos de EUST devido pelo gerador.

44. Uma vez que nesses casos os AVC são emitidos em favor das transmissoras, não há
aplicação da Parcela de Ajuste mencionada anteriormente e, caso o gerador não arque com os
encargos rescisórios, a transmissora deixa de arrecadar esse montante, sem direito à
compensação, conforme regulamentação ordinária. Isto é, o risco da inadimplência dos encargos
rescisórios é integralmente arcado pelas concessionárias de transmissão.

45. Verifica-se, portanto, três situações possíveis para os geradores cujo CUST entrará
em execução e que ainda não entraram em operação comercial: (i) arcar com os EUST em acordo
com a regulamentação vigente de modo a garantir seu acesso; (ii) judicialização da cobrança do
CUST, o que implica, em caso de liminar a favor do gerador, o aumento das tarifas de todos os
usuários do sistema de transmissão; e (iii) inadimplência e posterior rescisão dos CUST, com a
cobrança de encargos rescisórios equivalentes a 3 anos de EUST que, até seu pagamento,
acarretarão em prejuízo das concessionárias de transmissão.

46. De modo a visualizar uma situação geral da contratação de uso do sistema de


transmissão a respeito desses cenários, a Tabela 1 mostra os MUST referentes aos CUSTs
celebrados por centrais geradoras que ainda não se encontram em operação comercial. Os MUST
foram divididos de acordo com a situação em que os CUST se encontram atualmente e não
consideram os CUST cuja execução está condicionada à entrada em operação de instalações de
transmissão.

Em construção Sem construção Margem total


Situação
(GW) iniciada (GW) ocupada (GW)
CUST em execução com pagamentos não sendo
2,444 3,695 6,139
realizados, sem usina em operação, judicializado
CUST em execução com pagamentos sendo
6,308 1,873 8,181
realizados, mas sem usina em operação
CUST com execução futura 2,469 19,825 22,926
CUST com execução futura em 2023* 1,728 12,153 13,881
CUST com execução futura em 2024* 0,742 5,539 6,281
CUST com execução futura em 2025* 0 2,133 2,133
Total 11,221 25,393 37,246
* Segmentação do montante total de CUST com execução futura.

47. Em uma análise geral, pode-se assumir que as centrais geradoras em construção
representam menor risco de se tornarem inadimplentes ou de terem seus CUST rescindidos já que

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os geradores, neste caso, demonstram alguma capacidade de desenvolvimento de seus projetos.

48. O maior risco, em nossa visão, está alocado naquelas centrais geradoras que
possuem CUST celebrado, em execução ou com execução próxima, e que não possuem obras
iniciadas. Neste caso, se considerarmos o ano de 2023 como uma execução próxima, obtém-se o
montante de 17,7 GW de MUST contratado por centrais geradoras nesta condição. Este montante
corresponde à 10,4% de todo o MUST contratado pelo segmento de geração na Rede Básica em
março de 2023, que é de 168,6 GW.

49. Considerando a TUST média na Rede Básica para o segmento geração, que para o
Ciclo 2022-2023 foi de R$ 9.130/MW2, os encargos de uso devidos pela soma de todo este
potencial, mesmo considerando desconto de 50% nas tarifas, seria aproximadamente de R$ 970
milhões ao ano.

50. Os empreendimentos que se enquadram nesta situação também são aqueles que
possuem menor valor de mercado já que têm ou terão que arcar com o pagamento de encargos
de uso por um período mais longo. Nesse sentido, entendemos que são os empreendimentos com
menor viabilidade de implantação e que, mais cedo ou tarde, acabarão por ter seus CUST
judicializados ou rescindidos por inadimplência.

51. Assim, dados os montantes envolvidos e o potencial de efeitos onerosos às tarifas


de todos os usuários do sistema de transmissão e à arrecadação de RAP por parte das
concessionárias de transmissão, entendemos ser necessária intervenção regulatória excepcional
que dê tratamento ao cenário exposto.

III.3 Da proposta de tratamento regulatório excepcional

52. Dado o contexto propiciado pelo fim dos descontos nas tarifas de uso, a
consequente mencionada “corrida ao ouro” pelas outorgas e pelo acesso ao sistema de
transmissão e considerando o fato de que parte significativa das centrais geradoras outorgadas
não será implantada, o que se propõe é a criação de um mecanismo regulatório que ofereça uma
alternativa de desistência, no âmbito dos CUST e das outorgas, para os geradores que não possuem
viabilidade de implantação de modo a reduzir os riscos apontados na seção anterior.

53. Destaca-se, nesse sentido, que já existem mecanismos de desistência previstos


tanto para o CUST quanto no âmbito da outorga. No entanto, tais mecanismos incorrem em
onerosidade aos agentes que os solicitam.

2
Conforme Nota Técnica nº 104/2022-SGT/ANEEL (Sic nº 48581.001849/2022-00)

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P. 13 da NOTA TÉCNICA Nº 28/2023 – SRT/ANEEL, de 20/04/2023.

54. Conforme mencionado, para o caso do CUST o acessante que tem o contrato
rescindido deve arcar com o EUST equivalentes a 3 anos, além dos EUST devidos caso o CUST já
esteja em execução.

55. Para o caso da outorga, em especial no que tange às outorgas de fonte eólica e
hidráulica, a revogação da outorga incorre no início do processo de execução da Garantia de Fiel
Cumprimento – GFC, conforme disposto na REN nº 875 e 876, ambas de 2020.

REN 876/2020

“Art. 13. Para obter a outorga de autorização de EOL ou de UGH, que contemple a
tecnologia de geração eólica, o interessado deverá apresentar a garantia de fiel
cumprimento no valor de 5% (cinco por cento) do investimento referente ao
empreendimento eólico.

§ 1º O investimento é estimado no valor de referência de R$ 4.000,00/kW (quatro mil reais


por quilowatt instalado). [...]

§ 3º A execução da garantia de fiel cumprimento dependerá de determinação expressa pela


ANEEL, nas seguintes hipóteses: [...]

III - revogação da outorga de autorização.”

REN 875/2020

“ANEXO V

[...]

Garantia de fiel cumprimento

17. Para obter a outorga de autorização de que trata a Seção VIII do Capítulo V desta
Resolução, o interessado deverá apresentar a garantia de fiel cumprimento, no valor de 5%
(cinco por cento) do investimento, tendo como referência a potência definida no Sumário
Executivo, correspondendo a:

17.1. R$ 8.956,32/kW instalado (oito mil, novecentos e cinquenta e seis reais e trinta e dois
centavos por quilowatt instalado) no caso de PCH; e

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P. 14 da NOTA TÉCNICA Nº 28/2023 – SRT/ANEEL, de 20/04/2023.

17.2. R$ 8.870,89/kW instalado (oito mil, oitocentos e setenta reais e oitenta e nove
centavos por quilowatt instalado), no caso de UHE.

18. Os valores dos itens 17.1 e 17.2 poderão ser revistos a critério da ANEEL e serão
atualizados em janeiro de cada ano pelo Índice Geral de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA) e publicados por meio de despacho. [...]

21. A execução da garantia de fiel cumprimento dependerá de determinação expressa pela


ANEEL, nas seguintes hipóteses: [...]
21.4. revogação da outorga de autorização”

56. Ademais, ao descumprir as obrigações dispostas no ato de outorga os


empreendimentos estão sujeitos a imposições de penalidades nos termos da Resolução Normativa
nº 846, de 11 de junho de 2019.

57. Portanto, para que tenha efetividade, entendemos que o fornecimento de um


caminho para desistência dos empreendimentos de geração outorgados e com CUST celebrado
deve passar, necessariamente, por uma redução excepcional da onerosidade relacionada a esta
desistência.

58. Ao encontro dessa mesma percepção, a ABEEólica propôs3 a criação de “um


instrumento que, excepcionalmente, permita aos geradores aderir a um programa de rescisão
amigável de CUST.” A associação de geradores detalhou os requisitos que entende como
adequados

“Com essa medida pretende-se estimular a retirada de parcela significativa de Montante de


Uso de Transmissão de projetos inviáveis da base do ONS, ou seja, tem o cunho de sinalizar
uma base de geração mais realística para o operador e planejador. Considerando a atual
conjuntura desafiadora enfrentada nos últimos anos e a falta de estrutura de transmissão
necessária para a conexão no prazo necessário para a viabilização do empreendimento, o
normativo terá o condão de liberar margens que poderão contribuir para que outros
projetos, viáveis, possam se conectar ao sistema.

É necessário ressaltar que, ao CUST em execução, propõe-se que eventual adesão ao


proposto programa só seja capaz de produzir efeitos a partir do ciclo tarifário seguinte, de
modo a não prejudicar o recolhimento dos correspondentes encargos de uso até o final do
ciclo tarifário em curso.”

59. Ao acompanhar os movimentos do setor em ambiente externo à ANEEL, também

3
48513.002632/2023-00

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P. 15 da NOTA TÉCNICA Nº 28/2023 – SRT/ANEEL, de 20/04/2023.

verificamos propostas semelhantes ao avaliar as contribuições apresentadas no âmbito da


Consulta Pública nº 141/2022 do Ministério de Minas e Energia, que tratou das Proposta de
regulamentação das Diretrizes para o Procedimento Competitivo para a Contratação de Margem
de Escoamento para Acesso ao Sistema Interligado Nacional - SIN, denominado Procedimento
Competitivo por Margem – PCM.

60. Observamos, inclusive, movimento semelhante ocorrendo no cenário


internacional. Na Grã-Bretanha4, se encontra em andamento o processo de anistia na contratação
de acesso (conexão e uso), por meio do qual se permitirá a rescisão de contratos com baixo ou
nenhum custo de modo a “limpar a fila” de acesso. Este processo está sendo proposto e
operacionalizado pela National Grid ESO (Operador).

61. Assim, em linha com o proposto formalmente pela ABEEólica, identificamos como
uma possível solução a possibilidade de isenção da cobrança dos encargos rescisórios dos CUST,
das Garantias de Fiel Cumprimento para as outorgas e de eventuais penalidades decorrentes de
processo punitivo que estejam em andamento. Essa isenção, no entanto, não deve desconsiderar
os princípios que motivaram a onerosidade desses instrumentos, os quais passaremos a analisar.

62. A motivação para a onerosidade na rescisão do CUST se sustenta basicamente nos


seguintes objetivos: (a) evitar a frustração de receitas por parte das transmissoras; (b) restituir os
demais usuários pelo custo que o agente que rescinde causou ao sistema de transmissão; (c)
incentivar que a celebração de contratos seja realizada de forma responsável por parte dos
usuários do sistema de transmissão.

63. De modo a atender o objetivo (a), entendemos que não é possível isentar os
geradores interessados dos EUST já devidos e, tampouco, dos EUST que serão faturados até o fim
do ciclo tarifário – tal como a própria proposta apresentada pela ABEEólica. Caso contrário,
conforme prevê o Submódulo 9.3 dos Proret, citado anteriormente, as transmissoras não
recolheriam os EUST previstos e estes valores não arrecadados seriam compensados por meio de
repasse aos demais usuários do sistema de transmissão.

64. A respeito do objetivo (b), entendemos que os efeitos da descontratação de MUST


por determinado usuário podem ser minimizados caso exista a perspectiva de contratação
semelhante por outros usuários no curto prazo. Isto é, deve-se verificar se há provável interesse
de novos usuários celebrarem CUST nos pontos de conexão da Rede Básica em montantes
equivalentes àqueles rescindidos.

4
https://www.nationalgrideso.com/industry-information/connections/tec-amnesty

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P. 16 da NOTA TÉCNICA Nº 28/2023 – SRT/ANEEL, de 20/04/2023.

65. Para avaliar essa questão, adotamos a estratégia de comparar o potencial de MUST
que entendemos que possuem alguma possibilidade de serem descontratados com o potencial de
MUST que pode vir a ser celebrado pelo segmento geração no curto/médio prazo.

66. Como mencionado anteriormente, entendemos que o potencial que representa


maior risco de inadimplência e judicialização é da ordem de 17,7 GW. As centrais geradoras que
se enquadram nessa situação possuem, portanto, menor valor de mercado e viabilidade
econômica. Assim, entendemos que é razoável considerar este montante como o de maior
possibilidade de serem descontratados em eventual procedimento de rescisão.

67. Já quanto ao potencial de MUST que pode ser contratado na Rede Básica, avaliamos
a potência total de outorgas que não estão em operação, que não celebraram CUST e cujo nível
de tensão de conexão não foi informado ou foi informado como em tensão de 230 kV ou superior.

68. As Figuras 6 e 7 apresentam a comparação do potencial de MUST que entendemos


que possuem alguma possibilidade de serem descontratados com o potencial de MUST que pode
vir a ser celebrado pelo segmento geração no curto/médio prazo em base nacional e por unidade
da federação, respectivamente, com unidades em MW.

Figura 6 – Comparação entre potencial de MUST a ser descontratado x potencial de MUST a ser
contratado - Nacional

Fonte dos dados: ONS e ANEEL - Março/23.

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P. 17 da NOTA TÉCNICA Nº 28/2023 – SRT/ANEEL, de 20/04/2023.

Figura 7 – Comparação entre potencial de MUST a ser descontratado x potencial de MUST a ser
contratado – Por UF.

Fonte dos dados: ONS e ANEEL - Março/23.

69. Conforme demonstrado, o potencial de MUST que pode ser contratado na Rede
Básica excede consideravelmente o MUST que pode ser descontratado tanto em base nacional
quanto em base estadual, com exceção do Estado de MS, mesmo na remota hipótese de
descontratação de todo o potencial de 17,7 GW para o ano de 2023.

70. Desse modo, considerando os dados que demonstram intensa competição por
ponto de conexão, entendemos que os efeitos da rescisão de CUST por parte dos geradores sem
a cobrança de multas rescisórias, em termos de custos causados na expansão do sistema de
transmissão, poderão ser amortecidos pela celebração de CUST por novos usuários no
curto/médio prazo. Destaca-se, ainda, que os novos geradores que celebrarem CUST já não mais
usufruirão do direito à estabilização de tarifas de uso, considerando o disposto no Submódulo 9.4
dos Proret, aprovado pela REN nº 1.041/2022, possibilitando uma alocação de custos mais
adequada a quem os causa.

71. De modo a garantir o mencionado objetivo (c) da onerosidade dos CUST, que seria
de “incentivar que a celebração de contratos de forma seja realizada de forma responsável por
parte dos usuários do sistema de transmissão”, entendemos que a possibilidade de rescisão dos
CUST não pode ocorrer sem consequências para os geradores.

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P. 18 da NOTA TÉCNICA Nº 28/2023 – SRT/ANEEL, de 20/04/2023.

72. Assim, dado que a mencionada “corrida ao ouro” acabou por causar a obtenção de
outorgas e a celebração de contratos de uso de modo irresponsável pelos interessados,
entendemos que a possibilidade de rescisão dos CUST sem a cobrança de encargos rescisórios
deve envolver, necessariamente, a revogação amigável das outorgas de geração relacionadas.

73. Ao analisar este quesito de modo superficial, pode-se ventilar a hipótese de que a
revogação amigável das outorgas poderia ser considerada benéfica ao gerador, sobretudo no caso
de geradores da fonte eólica, nas quais a revogação das outorgas de modo ordinário implica na
execução das garantias de fiel cumprimento.

74. No entanto, o cenário especulativo vigente decorre justamente do principal valor


que as outorgas cuja solicitação foi realizada até 2 de março de 2022 detém: o direito ao desconto
nas tarifas de geração por toda a vigência da outorga. Assim, a revogação de outorga de modo
amigável e voluntário possui, em nossa visão, caráter de contrapartida pela adesão ao programa
de rescisão de CUST sem a cobrança de encargos rescisórios. Essa contrapartida também ocorre
no sentido que o efeito será benéfico para o consumidor, com a redução do ônus da CDE no futuro
dada a redução no número de outorgas com direito ao desconto nas tarifas.

75. Ademais, a necessidade de revogação da outorga na proposta de rescisão dos CUST


também decorre de uma das motivações da proposta, que é o saneamento da situação atual das
outorgas de geração. As outorgas possuem obrigações relacionadas à entrada em operação e, para
tal, devem ter o acesso viabilizado e seus CUST celebrados. Nessa linha, não faz sentido que
outorgas solicitem a rescisão de seus CUST, renunciando a sua viabilidade do acesso, e
permaneçam com a autorização (e obrigações decorrentes) vigentes – muitas delas inclusive com
atraso na entrada em operação já configurado.

76. Desse modo, desde que mantidos os princípios acima detalhados, propomos a
criação de mecanismo regulatório excepcional, com adesão voluntária, que consiste na revogação
de outorga de geração com devolução das respectivas garantias de fiel cumprimento, quando
aplicáveis, e isenção de eventuais multas decorrentes de processos de fiscalização em andamento,
bem como na autorização ao ONS de rescindir os CUST celebrados com centrais geradoras, sem
aplicação de multas rescisórias desde que: (i) o agente de geração apresente anuência das
concessionárias de transmissão para rescisão dos CCT celebrados, quando aplicável; (ii) o agente
de geração não possua débitos de EUST devidos às transmissoras; (iii) que o agente de geração
apresente renúncia de qualquer discussão judicial relacionada aos CUST celebrados; e (iv) que o
agente de geração esteja adimplente com os encargos setoriais e que não possua contratos de
energia comercializados no ambiente de contratação regulada vigentes.

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P. 19 da NOTA TÉCNICA Nº 28/2023 – SRT/ANEEL, de 20/04/2023.

77. Caso implantada, enxergamos como forças e oportunidades da proposta


excepcional os seguintes aspectos:

• Possibilidade de saneamento de CUST e outorgas de empreendimentos que não


serão implantados de modo mais eficiente;
• Liberação de margem de escoamento para empreendimentos que possuem
viabilidade
• Diminuição do risco de inadimplência das concessionárias de transmissão
• Potencial de redução da judicialização do tema, que incorre em custos
adicionais aos demais usuários do sistema de transmissão;
• Diminuição no custo administrativos associado à gestão, fiscalização e
revogação de outorgas de empreendimentos que não serão implantados;

78. Como fraquezas e ameaças da proposta identificamos o seguinte:

• Baixa adesão;
• Insatisfação dos empreendedores que se encontram em conformidade com as
obrigações regulatórias.

79. Nesse caso, entendemos que os aspectos positivos, que atingem todos os usuários
do sistema de transmissão e as concessionárias de transmissão, superam os aspectos negativos da
proposta.

80. Destaca-se, ainda, que o mecanismo deve ser realizado apenas para o ano de 2023
dadas as condições conjunturais propiciadas pelo fim dos descontos nas tarifas de uso, conforme
exposto anteriormente nesta nota técnica.

III.4 Da sistemática de aplicação da solução

81. Uma primeira preocupação em relação à sistemática é garantir que no próximo ciclo
tarifário, a iniciar em 1º de julho de 2023, os CUST que serão rescindidos amigavelmente não sejam
considerados no cálculo da TUST. Isso porque caso esses contratos sejam considerados
normalmente e sejam posteriormente rescindidos sem multa rescisória, isso incorrerá em uma
frustração do recolhimento de encargos de uso por parte das transmissoras que será quanto maior
quanto maior for a adesão à proposta apresentada.

82. Assim, uma vez que de acordo com o Submódulo 8.2 dos Procedimentos de Rede o

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P. 20 da NOTA TÉCNICA Nº 28/2023 – SRT/ANEEL, de 20/04/2023.

ONS tem o prazo de até 10 de junho de cada ano para disponibilizar a versão consolidada da Base
de Dados de entrada para o programa Nodal, propomos que os agentes interessados em aderir à
proposta devem solicitar, por meio de carta, essa adesão ao ONS até 6 de junho de 2023.

83. Uma vez de posse desses dados, o ONS deverá excluir os dados dos CUST dos
geradores interessados da Base de Dados de entrada para o programa Nodal para o Ciclo 2023-
2024.

84. A este respeito, destaca-se que a desconsideração das usinas da base de dados não
enseja a postergação dos CUST das usinas que eventualmente não tenham sucesso na rescisão de
seus CUST de forma amigável por qualquer razão.

85. Após o registro de intenção ao ONS, o agente interessado deve encaminhar ao


Operador, até 30 de junho de 2023, o Termo de Declaração e Outras Avenças anexo, por meio do
qual solicita a adesão ao mecanismo regulatório excepcional e declara, de modo irretratável, que
concorda com a revogação amigável de suas outorgas e com a rescisão de seus CUST, bem como
concorda com a renúncia das ações judiciais que envolvem estes contratos, atuais (caso aplicável)
e futuras.

86. Para centrais geradoras que possuem CCT celebrado com concessionárias de
transmissão, os agentes também deverão incluir em sua solicitação uma declaração da
transmissora de que está ciente e concorda com a rescisão desses contratos.

87. O ONS deverá, então, proceder à suspensão dos CUST relacionados ao mecanismo
regulatório excepcional a partir de 1º de julho de 2023.

88. Para os CUST relacionados ao mecanismo regulatório excepcional que já estejam


em execução, o ONS deverá emitir normalmente os AVC e AVD referentes a junho de 2023, que
deverão ser integralmente pagas pelos agentes envolvidos até suas respectivas datas de
vencimento.

89. Até 10 de agosto de 2023, o ONS deverá avaliar a adimplência dos EUST de todos
os geradores que solicitaram adesão ao mecanismo regulatório excepcional e encaminhar à ANEEL
a relação dos geradores envolvidos que estão aptos a rescindir seus CUST, isto é, aqueles que não
possuem pendências de EUST junto ao ONS e às concessionárias de transmissão bem como
aqueles que tenham CCT celebrado e que apresentaram declaração positiva das transmissoras
quanto à rescisão deste contrato. Esta relação deve incluir os nomes das centrais geradoras, seus
Códigos Únicos de Empreendimentos de Geração – CEG e os CUST envolvidos. Os CUST que não
estiverem aptos, após avaliação do ONS, devem ter sua execução retomada.

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P. 21 da NOTA TÉCNICA Nº 28/2023 – SRT/ANEEL, de 20/04/2023.

90. Uma vez recebida a relação do ONS, à ANEEL procederá à análise de requisitos para
revogação amigável das outorgas.

91. Para as outorgas que se encontrarem aptas para revogação amigável, sugere-se que
sejam revogadas por um único ato que também rescindirá os CUST relacionados. Destaca-se, neste
ponto, que as centrais geradoras que possuírem Contratos de Comercialização de Energia no
Ambiente Regulado vigentes ou alguma inadimplência com os encargos setoriais não estarão aptas
à revogação amigável de suas outorgas.

92. Após a publicação do referido ato, o ONS deverá retomar a execução dos CUST que
não foram rescindidos, que prosseguirão conforme originalmente contratados.

93. A Figura 8 apresenta o fluxograma simplificado da sistemática proposta.

Figura 8 – Fluxograma simplificado da sistemática proposta

III.5 Da celebração de CUST por novos usuários

94. Adicionalmente, além de buscar reduzir os riscos associados aos CUST celebrados
por centrais geradoras em um cenário de forte especulação como consequência do fim de
incentivos legais, entendemos ser necessário propor medidas que possibilitem que os CUST
celebrados futuramente não resultem nos mesmos riscos enfrentados atualmente.

95. Nesse sentido, entendemos como necessária a implantação imediata de medida

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P. 22 da NOTA TÉCNICA Nº 28/2023 – SRT/ANEEL, de 20/04/2023.

que vise aumentar o compromisso dos geradores na celebração dos CUST, o que se mostra
insuficiente atualmente.

96. Como mencionado anteriormente, encontra-se em andamento a proposta de


aprimoramento da regulamentação associada ao acesso de geradores por meio da atividade
TRA22-45 - Regulamentar o acesso à transmissão no cenário de expansão de geradores renováveis.
Dentre as propostas apresentadas e submetidas à sociedade por meio da Consulta Pública nº
52/2022 consta a inclusão de garantias adicionais como condição de celebração dos CUST.

97. Destaca-se que os requisitos relacionados às garantias constam atualmente apenas


nos Procedimentos de Rede e nos próprios CUST celebrados. Ou seja, um eventual aprimoramento
neste sentido incorre em alteração de menor porte normativo.

98. Nesse sentido, dados os riscos apresentados nesta nota técnica, entendemos como
oportuno que as propostas de aprimoramento dos mecanismos de garantia do CUST de que trata
48500.001280/2022-82 sejam implementadas de modo emergencial.

III.6 Da realização de Consulta Pública

99. Por fim, dada a relevância e abrangência do tema em análise, recomendamos que
seja realizada Consulta Pública para colher subsídios sobre a proposta apresentada.
Adicionalmente, dada a urgência na implantação das medidas propostas, sugerimos que esta
consulta seja realizada com prazo reduzido.

100. Dado o curto prazo para execução da proposta, sugerimos que a diretoria colegiada
da ANEEL já autorize, juntamente com abertura da consulta pública, que os agentes interessados
em aderir à proposta apresentada enviem sua intenção de adesão à proposta para o ONS até 6 de
junho de 2023.

IV - DO FUNDAMENTO LEGAL

101. Esta Nota Técnica está fundamentada nos Módulos 2 e 5 das Regras dos Serviços de
Transmissão, aprovados por meio da Resolução Normativa nº 905, de 17 de dezembro de 2020, e
nas Resoluções Normativas n° 875 e 876, ambas de 10 de março de 2020.

V - DA CONCLUSÃO

102. Considerando as justificativas apresentadas nesta Nota Técnica, concluímos que a

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P. 23 da NOTA TÉCNICA Nº 28/2023 – SRT/ANEEL, de 20/04/2023.

proposta apresentada pela ABEEólica pode ser acatada, com os contornos e detalhamentos aqui
propostos.

103. Desse modo, desde que mantidos os princípios acima detalhados, propomos a
criação de mecanismo regulatório excepcional, com adesão voluntária, que consiste na revogação
de outorga de geração com devolução das respectivas garantias de fiel cumprimento, quando
aplicáveis, e isenção de eventuais multas decorrentes de processos de fiscalização em andamento,
bem como na autorização ao ONS de rescindir os CUST celebrados com centrais geradoras, sem
aplicação de multas rescisórias desde que: (i) o agente de geração apresente anuência das
concessionárias de transmissão para rescisão dos CCT celebrados, quando aplicável; (ii) o agente
de geração não possua débitos de EUST devidos às transmissoras; (iii) que o agente de geração
apresente renúncia de qualquer discussão judicial relacionada aos CUST celebrados; e (iv) que o
agente de geração esteja adimplente com os encargos setoriais e que não possua contratos de
energia comercializados no ambiente de contratação regulada vigentes.

104. Dado o curto prazo para execução da proposta, propomos ainda que a diretoria
colegiada da ANEEL já autorize, juntamente com abertura da consulta pública, que os agentes
interessados em aderir à proposta apresentada enviem sua intenção de adesão à proposta para o
ONS até 6 de junho de 2023.

VI - DA RECOMENDAÇÃO

105. Com base no exposto, recomendamos a abertura de Consulta Pública para obter
subsídios da sociedade a respeito da criação de mecanismo regulatório excepcional, com adesão
voluntária, que consiste na revogação de outorga de geração com devolução das respectivas
garantias de fiel cumprimento, quando aplicáveis, e isenção de eventuais multas decorrentes de
processos de fiscalização em andamento, bem como na autorização ao ONS de rescindir os CUST
celebrados com centrais geradoras, sem aplicação de multas rescisórias desde que: (i) o agente de
geração apresente anuência das concessionárias de transmissão para rescisão dos CCT celebrados,
quando aplicável; (ii) o agente de geração não possua débitos de EUST devidos às transmissoras;
(iii) que o agente de geração apresente renúncia de qualquer discussão judicial relacionada aos
CUST celebrados; e (iv) que o agente de geração esteja adimplente com os encargos setoriais e
que não possua contratos de energia comercializados no ambiente de contratação regulada
vigentes.

106. Recomendamos, por fim, que a diretoria colegiada da ANEEL autorize, juntamente
com abertura da consulta pública, que os agentes de geração interessados em aderir ao
mecanismo regulatório excepcional de rescisão de CUST e revogação amigável de outorgas enviem
sua intenção de adesão à proposta ao ONS até 6 de junho de 2023.

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P. 24 da NOTA TÉCNICA Nº 28/2023 – SRT/ANEEL, de 20/04/2023.

(Assinado digitalmente)
RAFAEL CAMBRAIA TRAJANO MARCUS VINÍCIUS DE LELES FRAZÃO
Especialista em Regulação de Serviços Especialista em Regulação de Serviços
Públicos de Energia Públicos de Energia

(Assinado digitalmente) (Assinado digitalmente)


TITO RICARDO VAZ DA COSTA GUILHERME VIETA JUNQUEIRA
Superintendente Adjunto de Regulação dos Especialista em Regulação de Serviços
Serviços de Transmissão Públicos de Energia

(Assinado digitalmente) (Assinado digitalmente)


ÁLVARO FAGUNDES MOREIRA RENATO MARQUES BATISTA
Especialista em Regulação de Serviços Superintendente Adjunto de Concessões e
Públicos de Energia Autorizações de Geração

De acordo:

(Assinado digitalmente)
CARLOS EDUARDO CABRAL CARVALHO
Superintendente de Concessões e Autorizações de Geração

(Assinado digitalmente)
LEONARDO MENDONÇA OLIVEIRA DE QUEIROZ
Superintendente de Regulação dos Serviços de Transmissão

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P. 25 da NOTA TÉCNICA Nº 28/2023 – SRT/ANEEL, de 20/04/2023.

ANEXO I

TERMO DE DECLARAÇÃO E OUTRAS AVENÇAS

A (pessoa jurídica), inscrita no CNPJ sob o nº (00.000.000/0000-00), com sede em (endereço


completo), autorizada como produtor independente de energia por meio das Resoluções
Autorizativas XXXX, representada na forma de seu estatuto social, doravante designada
simplesmente REQUERENTE, por este instrumento e na melhor forma de direito, resolve firmar o
presente TERMO DE DECLARAÇÃO E OUTRAS AVENÇAS de acordo com as cláusulas a seguir.
CLÁUSULA PRIMEIRA – DO OBJETO

Este TERMO relaciona as responsabilidades e os direitos relativos à concordância integral da


REQUERENTE na adesão ao mecanismo regulatório excepcional autorizado pelo Despacho XXXX,
que consiste na revogação, por parte da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, das
Resoluções Autorizativas mencionadas, com devolução das respectivas garantias de fiel
cumprimento, quando aplicáveis, bem como na autorização ao Operador Nacional do Sistema
Elétrico de rescisão dos Contratos de Uso do Sistema de Transmissão celebrados com centrais
geradoras, sem aplicação de multas rescisórias.

CLÁUSULA SEGUNDA – DOS CRITÉRIOS DE ADESÃO


A adesão ao mecanismo de que trata a CLÁUSULA PRIMEIRA dependerá de avaliação da ANEEL a
respeito do cumprimento por parte da REQUERENTE dos seguintes requisitos: (i) a REQUERENTE
deve obter anuência das concessionárias de transmissão afetadas para rescisão dos Contratos de
Conexão às Instalações de Transmissão – CCT celebrados pela REQUERENTE, quando aplicável; (ii)
a REQUERENTE deve estar adimplente com os pagamentos dos Encargos de Uso do Sistema de
Transmissão às concessionárias de transmissão de energia elétrica ou ao Operador Nacional do
Sistema Elétrico apurados até 30 de junho de 2023; e (iii) a REQUERENTE deve estar adimplente
com todos os encargos setoriais aplicáveis e não pode deter contratos de energia comercializados
no ambiente de contratação regulada vigentes.
CLÁUSULA TERCEIRA – DA RENÚNCIA ÀS AÇÕES JUDICIAIS

Documento assinado digitalmente.


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Número: 48552.000302/2023-00

P. 26 da NOTA TÉCNICA Nº 28/2023 – SRT/ANEEL, de 20/04/2023.

A adesão ao mecanismo de que trata a CLÁUSULA PRIMEIRA é condicionada à renúncia ao direito


sobre o qual se fundam ações judiciais, processos administrativos ou litígios arbitrais cujo objeto
trate de questionamento ao pagamento de encargos de uso dos sistemas de transmissão, multas
de rescisão de CUST, postergação da data de entrada em operação comercial.

Subcláusula Primeira - A desistência e a renúncia de que tratam o caput deverão ser comprovadas
por meio da apresentação pelo Requerente de cópia do protocolo do requerimento de extinção
do processo com resolução de mérito, nos termos da alínea "c" do inciso III do caput do art. 487,
do Código de Processo Civil, devidamente anexada ao presente TERMO.
CLÁUSULA QUARTA – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
A REQUERENTE declara e garante que está autorizada, nos termos da lei e de seu Estatuto Social,
a assumir as obrigações e a cumprir as disposições deste TERMO e do Despacho nº , de XX de
XXXXXXX de 2023.
CLÁUSULA SEXTA – DA VERACIDADE DAS INFORMAÇÕES
Subcláusula Primeira – A REQUERENTE reconhece e atesta, para todos os fins, a validade, a
autenticidade e a veracidade das informações prestadas e dos documentos apresentados perante
a ANEEL.
Subcláusula Segunda – A REQUERENTE declara plena ciência de que prestar declaração falsa
caracteriza crime previsto no Código Penal Brasileiro, passível de responsabilização nos termos da
legislação, independentemente da responsabilização administrativa e civil cabível.
Subcláusula Terceira – As informações prestadas e os documentos apresentados estão sujeitos à
fiscalização da ANEEL.
CLÁUSULA SÉTIMA – DA PUBLICIDADE
Subcláusula Única – A REQUERENTE concorda que as disposições deste TERMO e que todas as
informações, os dados e os documentos anexados serão considerados públicos e poderão ser
divulgados para terceiros.
CLÁUSULA OITAVA – DA VIGÊNCIA
Subcláusula Única – Este TERMO vincula a REQUERENTE em todas as suas cláusulas, por si e seus
sucessores, a qualquer título, por tempo indeterminado.
CLÁUSULA NONA – DA EXTINÇÃO

Documento assinado digitalmente.


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Número: 48552.000302/2023-00

P. 27 da NOTA TÉCNICA Nº 28/2023 – SRT/ANEEL, de 20/04/2023.

Subcláusula Primeira – Identificado eventual descumprimento, a ANEEL notificará a REQUERENTE


para prestar os esclarecimentos cabíveis, fixando-lhe prazo para a manifestação ou apresentação
de documento.
Subcláusula Segunda – São admitidos os ajustes e as retificações de erros não substanciais, assim
considerados a critério da ANEEL.
Este TERMO DE DECLARAÇÃO E OUTRAS AVENÇAS é firmado em caráter irrevogável e irretratável
pelo prazo de vigência definido na Cláusula Nona. (Local de assinatura), em (dia) de (mês) de (ano).
(Local de assinatura), em (dia) de (mês) de (ano).
__________________________________________
(Requerente)

Documento assinado digitalmente por Tito Ricardo Vaz da Costa, Superintendente Adjunto(a) de Regulação Dos Serviços de Transmissão, em 20/04/2023 às 12:02;
Renato Marques Batista, Superintendente Adjunto(a) de de Concessões e Autorizações de Geração, em 20/04/2023 às 12:01; Carlos Eduardo Cabral Carvalho,
Superintendente de Concessões e Autorizações de Geração, em 20/04/2023 às 11:57; Alvaro Fagundes Moreira, Especialista em Regulação, em 20/04/2023 às
11:53; Guilherme Vieta Junqueira, em 20/04/2023 às 11:44; Leonardo Mendonca Oliveira de Queiroz, Superintendente de Regulação Dos Serviços de
Transmissão, em 20/04/2023 às 11:36; Rafael Cambraia Trajano, Coordenador(a) do Acesso ao Sistema de Transmissão, em 20/04/2023 às 11:32

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