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000302/2023-00
Processos: 48500.001719/2023-58.
I - DO OBJETIVO
II - DOS FATOS
III - DA ANÁLISE
III.1 Contextualização
10. Nesse sentido, a Lei nº 14.120/2021 alterou a Lei nº 9.427/1996 e previu o seguinte:
“§ 1º-C. Os percentuais de redução de que tratam os §§ 1º, 1º-A e 1º-B deste artigo
serão aplicados:
11. Ou seja, uma vez que a referida legislação foi publicada em 1º de março de 2021,
os empreendedores interessados em implantar centrais geradoras tinham até 2 de março de 2022
para solicitarem outorga à ANEEL de modo que ainda pudessem fazer jus a desconto na TUSD ou
TUST, desde que atendidas as demais condições legais e regulatórias aplicáveis.
13. Assim, além de estabelecer uma data-limite para fim do desconto da TUSD e TUST,
houve um Decreto que também simplificou o processo de solicitação de outorga com a
inexigibilidade da apresentação da Informação de Acesso por parte dos empreendedores como
condição para obtenção de outorga. Desse modo, os interessados deixaram de ter obrigação de
obter uma avaliação preliminar por parte das concessionárias de distribuição ou do ONS de que o
acesso de seus empreendimentos aos sistemas de transmissão ou distribuição teriam viabilidade.
16. No entanto, deve-se lembrar que a própria Lei 14.120/2021 estabeleceu que o
desconto das tarifas de uso, que foi o vetor deste movimento atípico, só será aplicável para as
centrais geradoras que entrarem em operação em até 48 meses após suas outorgas. Ou seja, para
grande parte do potencial outorgado, seria necessário que entrassem em operação em até 4 anos,
o que significaria comprimir praticamente 13,5 anos de expansão em apenas 4 anos. É uma
realidade, portanto, que parte desta geração outorgada possui natureza especulativa e, de fato,
não será implantada.
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Acessado em https://www.gov.br/aneel/pt-br/centrais-de-conteudos/relatorios-e-indicadores/geracao em 29 de
março de 2023.
18. De modo a adequar a regulação a este novo cenário, foram realizadas e estão em
andamento aprimoramentos regulatórios relevantes.
III.2 Da regulamentação aplicável e da situação atual dos CUST celebrados por centrais geradoras
25. Destaca-se, ainda, que uma vez celebrado o CUST, o usuário reserva a
disponibilidade do ponto de conexão da Rede Básica para si nos montantes contratados e a partir
do início de execução do CUST, impedindo que eventuais novos usuários que venham a acessar o
sistema de transmissão posteriormente possam impedir a integral utilização dos recursos
contratados.
26. A respeito dos requisitos para o estabelecimento do início de execução dos CUST, a
Seção 5.1 das Regras dos Serviços de Transmissão estabelece o seguinte:
“4.3 Os CUST celebrados por CENTRAIS GERADORAS, inclusive por AUTOPRODUTORES com
geração maior que a carga, CENTRAIS GERADORAS HÍBRIDAS ou CENTRAIS GERADORAS
ASSOCIADAS, trarão, separadamente, o MUST contratado e, para cada TECNOLOGIA DE
4.3.8 As datas para contratação do uso que constarão dos CUST celebrados deverão
compreender o período de testes do USUÁRIO e não poderão ser posteriores àquelas
estabelecidas no ato de sua outorga.”
28. Dado o cenário de intensa procura por outorgas e por acesso ao sistema de
transmissão, verificamos a necessidade de monitorar a situação dos CUST celebrados por centrais
geradoras, especialmente para os casos em que os empreendimentos de geração ainda não estão
em operação comercial.
Figura 3 – MUST contratado por centrais geradoras que não estão em operação comercial, por ano de
início de execução dos CUST.
30. Conforme dados obtidos, apenas para o ano de 2023, verifica-se que há previsão de
início de execução de um montante de 15 GW para centrais geradoras que, de acordo com
informações do Sistema de Informações de Geração da ANEEL – SIGA, sequer iniciaram a
construção de seus empreendimentos.
Figura 4 – MUST contratado por centrais geradoras que não estão em operação comercial com CUST em
execução, por ano de início de execução dos CUST.
35. Ou seja, somente até março de 2023 há um total de 5,5 GW que estão reservados,
com CUST em execução, para empreendimentos de geração que, seguindo a média do setor,
entrarão em operação comercial apenas a partir de abril de 2024. Neste ínterim, os geradores
devem arcar com seus EUST sem auferir renda proveniente da venda de energia.
36. Tal situação está abarcada no risco do gerador, a quem cabe planejar, contratar e
executar seus empreendimentos bem como contratar seu acesso do modo que lhe convier e de
acordo com o regulamento vigente. No entanto, embora a maior parte dos geradores esteja
arcando com os EUST dos CUST em execução, há uma postura distinta de outra parcela desses
geradores, que buscam a via judicial para suspender os pagamentos de seus EUST.
37. A Figura 5 mostra, dentre os MUST contratados por centrais geradoras que não
estão em operação comercial com CUST em execução, os que são objeto de judicialização que
impede a realização de cobranças de EUST, garantias e a rescisão dos CUST relacionados.
Figura 5 – MUST contratado por centrais geradoras que não estão em operação comercial com CUST em
execução e com CUST judicializado, por ano de início de execução dos CUST.
para centrais geradoras que tiveram decisão judicial liminar concedida. Para os CUST com
execução em 2023 esse montante já perfaz 1,3 GW em março deste ano.
39. Nestes casos judicializados em que há concessão de liminar para o gerador, o ONS
está impedido judicialmente de emitir os Avisos de Débito – AVD para os geradores que
judicializaram e os Avisos de Crédito – AVC para as transmissoras. Nessa situação, quando há uma
frustração de arrecadação de receita prevista por parte das transmissoras, o Submódulo 9.3 dos
Procedimentos de Regulação Tarifária prevê uma compensação por meio de Parcela de Ajuste:
27. As diferenças citadas são calculadas e atualizadas até junho do ano i, na forma
estabelecida no contrato de concessão ou ato de equiparação. O somatório de todas as
diferenças mensais, atualizadas, constitui a PA.”
40. Assim, o montante de EUST judicializado em determinado ciclo tarifário será pago,
com correção, no ciclo tarifário seguinte. No caso de instalações de Rede Básica, em que todos os
usuários do sistema rateiam o pagamento das instalações, os EUST judicializados por um grupo de
usuários será pago, no ciclo tarifário subsequente, pelos demais usuários do sistema de
transmissão.
42. A Seção 5.1 das Regras dos Serviços de Transmissão estabelece o seguinte a respeito
da rescisão dos CUST celebrados por centrais geradoras:
“4.3.11 Em caso de rescisão do CUST, antes do fim da outorga, serão devidos os EUST
referentes aos 3 (três) anos subsequentes à data da rescisão ou do início de execução do
CUST, caso o contrato ainda não esteja em execução, sendo que a liquidação ocorrerá na
primeira apuração mensal de serviços e encargos subsequente.”
43. Desse modo, uma vez que a central geradora tenha seu CUST rescindido por
inadimplência ou pela ausência de apresentação de garantias, no mês seguinte à rescisão o ONS
emite um AVD para o gerador e um AVC para as transmissoras com o montante a ser pago
equivalente a 3 anos de EUST devido pelo gerador.
44. Uma vez que nesses casos os AVC são emitidos em favor das transmissoras, não há
aplicação da Parcela de Ajuste mencionada anteriormente e, caso o gerador não arque com os
encargos rescisórios, a transmissora deixa de arrecadar esse montante, sem direito à
compensação, conforme regulamentação ordinária. Isto é, o risco da inadimplência dos encargos
rescisórios é integralmente arcado pelas concessionárias de transmissão.
45. Verifica-se, portanto, três situações possíveis para os geradores cujo CUST entrará
em execução e que ainda não entraram em operação comercial: (i) arcar com os EUST em acordo
com a regulamentação vigente de modo a garantir seu acesso; (ii) judicialização da cobrança do
CUST, o que implica, em caso de liminar a favor do gerador, o aumento das tarifas de todos os
usuários do sistema de transmissão; e (iii) inadimplência e posterior rescisão dos CUST, com a
cobrança de encargos rescisórios equivalentes a 3 anos de EUST que, até seu pagamento,
acarretarão em prejuízo das concessionárias de transmissão.
47. Em uma análise geral, pode-se assumir que as centrais geradoras em construção
representam menor risco de se tornarem inadimplentes ou de terem seus CUST rescindidos já que
48. O maior risco, em nossa visão, está alocado naquelas centrais geradoras que
possuem CUST celebrado, em execução ou com execução próxima, e que não possuem obras
iniciadas. Neste caso, se considerarmos o ano de 2023 como uma execução próxima, obtém-se o
montante de 17,7 GW de MUST contratado por centrais geradoras nesta condição. Este montante
corresponde à 10,4% de todo o MUST contratado pelo segmento de geração na Rede Básica em
março de 2023, que é de 168,6 GW.
49. Considerando a TUST média na Rede Básica para o segmento geração, que para o
Ciclo 2022-2023 foi de R$ 9.130/MW2, os encargos de uso devidos pela soma de todo este
potencial, mesmo considerando desconto de 50% nas tarifas, seria aproximadamente de R$ 970
milhões ao ano.
50. Os empreendimentos que se enquadram nesta situação também são aqueles que
possuem menor valor de mercado já que têm ou terão que arcar com o pagamento de encargos
de uso por um período mais longo. Nesse sentido, entendemos que são os empreendimentos com
menor viabilidade de implantação e que, mais cedo ou tarde, acabarão por ter seus CUST
judicializados ou rescindidos por inadimplência.
52. Dado o contexto propiciado pelo fim dos descontos nas tarifas de uso, a
consequente mencionada “corrida ao ouro” pelas outorgas e pelo acesso ao sistema de
transmissão e considerando o fato de que parte significativa das centrais geradoras outorgadas
não será implantada, o que se propõe é a criação de um mecanismo regulatório que ofereça uma
alternativa de desistência, no âmbito dos CUST e das outorgas, para os geradores que não possuem
viabilidade de implantação de modo a reduzir os riscos apontados na seção anterior.
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Conforme Nota Técnica nº 104/2022-SGT/ANEEL (Sic nº 48581.001849/2022-00)
54. Conforme mencionado, para o caso do CUST o acessante que tem o contrato
rescindido deve arcar com o EUST equivalentes a 3 anos, além dos EUST devidos caso o CUST já
esteja em execução.
55. Para o caso da outorga, em especial no que tange às outorgas de fonte eólica e
hidráulica, a revogação da outorga incorre no início do processo de execução da Garantia de Fiel
Cumprimento – GFC, conforme disposto na REN nº 875 e 876, ambas de 2020.
REN 876/2020
“Art. 13. Para obter a outorga de autorização de EOL ou de UGH, que contemple a
tecnologia de geração eólica, o interessado deverá apresentar a garantia de fiel
cumprimento no valor de 5% (cinco por cento) do investimento referente ao
empreendimento eólico.
REN 875/2020
“ANEXO V
[...]
17. Para obter a outorga de autorização de que trata a Seção VIII do Capítulo V desta
Resolução, o interessado deverá apresentar a garantia de fiel cumprimento, no valor de 5%
(cinco por cento) do investimento, tendo como referência a potência definida no Sumário
Executivo, correspondendo a:
17.1. R$ 8.956,32/kW instalado (oito mil, novecentos e cinquenta e seis reais e trinta e dois
centavos por quilowatt instalado) no caso de PCH; e
17.2. R$ 8.870,89/kW instalado (oito mil, oitocentos e setenta reais e oitenta e nove
centavos por quilowatt instalado), no caso de UHE.
18. Os valores dos itens 17.1 e 17.2 poderão ser revistos a critério da ANEEL e serão
atualizados em janeiro de cada ano pelo Índice Geral de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA) e publicados por meio de despacho. [...]
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48513.002632/2023-00
61. Assim, em linha com o proposto formalmente pela ABEEólica, identificamos como
uma possível solução a possibilidade de isenção da cobrança dos encargos rescisórios dos CUST,
das Garantias de Fiel Cumprimento para as outorgas e de eventuais penalidades decorrentes de
processo punitivo que estejam em andamento. Essa isenção, no entanto, não deve desconsiderar
os princípios que motivaram a onerosidade desses instrumentos, os quais passaremos a analisar.
63. De modo a atender o objetivo (a), entendemos que não é possível isentar os
geradores interessados dos EUST já devidos e, tampouco, dos EUST que serão faturados até o fim
do ciclo tarifário – tal como a própria proposta apresentada pela ABEEólica. Caso contrário,
conforme prevê o Submódulo 9.3 dos Proret, citado anteriormente, as transmissoras não
recolheriam os EUST previstos e estes valores não arrecadados seriam compensados por meio de
repasse aos demais usuários do sistema de transmissão.
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https://www.nationalgrideso.com/industry-information/connections/tec-amnesty
65. Para avaliar essa questão, adotamos a estratégia de comparar o potencial de MUST
que entendemos que possuem alguma possibilidade de serem descontratados com o potencial de
MUST que pode vir a ser celebrado pelo segmento geração no curto/médio prazo.
67. Já quanto ao potencial de MUST que pode ser contratado na Rede Básica, avaliamos
a potência total de outorgas que não estão em operação, que não celebraram CUST e cujo nível
de tensão de conexão não foi informado ou foi informado como em tensão de 230 kV ou superior.
Figura 6 – Comparação entre potencial de MUST a ser descontratado x potencial de MUST a ser
contratado - Nacional
Figura 7 – Comparação entre potencial de MUST a ser descontratado x potencial de MUST a ser
contratado – Por UF.
69. Conforme demonstrado, o potencial de MUST que pode ser contratado na Rede
Básica excede consideravelmente o MUST que pode ser descontratado tanto em base nacional
quanto em base estadual, com exceção do Estado de MS, mesmo na remota hipótese de
descontratação de todo o potencial de 17,7 GW para o ano de 2023.
70. Desse modo, considerando os dados que demonstram intensa competição por
ponto de conexão, entendemos que os efeitos da rescisão de CUST por parte dos geradores sem
a cobrança de multas rescisórias, em termos de custos causados na expansão do sistema de
transmissão, poderão ser amortecidos pela celebração de CUST por novos usuários no
curto/médio prazo. Destaca-se, ainda, que os novos geradores que celebrarem CUST já não mais
usufruirão do direito à estabilização de tarifas de uso, considerando o disposto no Submódulo 9.4
dos Proret, aprovado pela REN nº 1.041/2022, possibilitando uma alocação de custos mais
adequada a quem os causa.
71. De modo a garantir o mencionado objetivo (c) da onerosidade dos CUST, que seria
de “incentivar que a celebração de contratos de forma seja realizada de forma responsável por
parte dos usuários do sistema de transmissão”, entendemos que a possibilidade de rescisão dos
CUST não pode ocorrer sem consequências para os geradores.
72. Assim, dado que a mencionada “corrida ao ouro” acabou por causar a obtenção de
outorgas e a celebração de contratos de uso de modo irresponsável pelos interessados,
entendemos que a possibilidade de rescisão dos CUST sem a cobrança de encargos rescisórios
deve envolver, necessariamente, a revogação amigável das outorgas de geração relacionadas.
73. Ao analisar este quesito de modo superficial, pode-se ventilar a hipótese de que a
revogação amigável das outorgas poderia ser considerada benéfica ao gerador, sobretudo no caso
de geradores da fonte eólica, nas quais a revogação das outorgas de modo ordinário implica na
execução das garantias de fiel cumprimento.
76. Desse modo, desde que mantidos os princípios acima detalhados, propomos a
criação de mecanismo regulatório excepcional, com adesão voluntária, que consiste na revogação
de outorga de geração com devolução das respectivas garantias de fiel cumprimento, quando
aplicáveis, e isenção de eventuais multas decorrentes de processos de fiscalização em andamento,
bem como na autorização ao ONS de rescindir os CUST celebrados com centrais geradoras, sem
aplicação de multas rescisórias desde que: (i) o agente de geração apresente anuência das
concessionárias de transmissão para rescisão dos CCT celebrados, quando aplicável; (ii) o agente
de geração não possua débitos de EUST devidos às transmissoras; (iii) que o agente de geração
apresente renúncia de qualquer discussão judicial relacionada aos CUST celebrados; e (iv) que o
agente de geração esteja adimplente com os encargos setoriais e que não possua contratos de
energia comercializados no ambiente de contratação regulada vigentes.
• Baixa adesão;
• Insatisfação dos empreendedores que se encontram em conformidade com as
obrigações regulatórias.
79. Nesse caso, entendemos que os aspectos positivos, que atingem todos os usuários
do sistema de transmissão e as concessionárias de transmissão, superam os aspectos negativos da
proposta.
80. Destaca-se, ainda, que o mecanismo deve ser realizado apenas para o ano de 2023
dadas as condições conjunturais propiciadas pelo fim dos descontos nas tarifas de uso, conforme
exposto anteriormente nesta nota técnica.
81. Uma primeira preocupação em relação à sistemática é garantir que no próximo ciclo
tarifário, a iniciar em 1º de julho de 2023, os CUST que serão rescindidos amigavelmente não sejam
considerados no cálculo da TUST. Isso porque caso esses contratos sejam considerados
normalmente e sejam posteriormente rescindidos sem multa rescisória, isso incorrerá em uma
frustração do recolhimento de encargos de uso por parte das transmissoras que será quanto maior
quanto maior for a adesão à proposta apresentada.
82. Assim, uma vez que de acordo com o Submódulo 8.2 dos Procedimentos de Rede o
ONS tem o prazo de até 10 de junho de cada ano para disponibilizar a versão consolidada da Base
de Dados de entrada para o programa Nodal, propomos que os agentes interessados em aderir à
proposta devem solicitar, por meio de carta, essa adesão ao ONS até 6 de junho de 2023.
83. Uma vez de posse desses dados, o ONS deverá excluir os dados dos CUST dos
geradores interessados da Base de Dados de entrada para o programa Nodal para o Ciclo 2023-
2024.
84. A este respeito, destaca-se que a desconsideração das usinas da base de dados não
enseja a postergação dos CUST das usinas que eventualmente não tenham sucesso na rescisão de
seus CUST de forma amigável por qualquer razão.
86. Para centrais geradoras que possuem CCT celebrado com concessionárias de
transmissão, os agentes também deverão incluir em sua solicitação uma declaração da
transmissora de que está ciente e concorda com a rescisão desses contratos.
87. O ONS deverá, então, proceder à suspensão dos CUST relacionados ao mecanismo
regulatório excepcional a partir de 1º de julho de 2023.
89. Até 10 de agosto de 2023, o ONS deverá avaliar a adimplência dos EUST de todos
os geradores que solicitaram adesão ao mecanismo regulatório excepcional e encaminhar à ANEEL
a relação dos geradores envolvidos que estão aptos a rescindir seus CUST, isto é, aqueles que não
possuem pendências de EUST junto ao ONS e às concessionárias de transmissão bem como
aqueles que tenham CCT celebrado e que apresentaram declaração positiva das transmissoras
quanto à rescisão deste contrato. Esta relação deve incluir os nomes das centrais geradoras, seus
Códigos Únicos de Empreendimentos de Geração – CEG e os CUST envolvidos. Os CUST que não
estiverem aptos, após avaliação do ONS, devem ter sua execução retomada.
90. Uma vez recebida a relação do ONS, à ANEEL procederá à análise de requisitos para
revogação amigável das outorgas.
91. Para as outorgas que se encontrarem aptas para revogação amigável, sugere-se que
sejam revogadas por um único ato que também rescindirá os CUST relacionados. Destaca-se, neste
ponto, que as centrais geradoras que possuírem Contratos de Comercialização de Energia no
Ambiente Regulado vigentes ou alguma inadimplência com os encargos setoriais não estarão aptas
à revogação amigável de suas outorgas.
92. Após a publicação do referido ato, o ONS deverá retomar a execução dos CUST que
não foram rescindidos, que prosseguirão conforme originalmente contratados.
94. Adicionalmente, além de buscar reduzir os riscos associados aos CUST celebrados
por centrais geradoras em um cenário de forte especulação como consequência do fim de
incentivos legais, entendemos ser necessário propor medidas que possibilitem que os CUST
celebrados futuramente não resultem nos mesmos riscos enfrentados atualmente.
que vise aumentar o compromisso dos geradores na celebração dos CUST, o que se mostra
insuficiente atualmente.
98. Nesse sentido, dados os riscos apresentados nesta nota técnica, entendemos como
oportuno que as propostas de aprimoramento dos mecanismos de garantia do CUST de que trata
48500.001280/2022-82 sejam implementadas de modo emergencial.
99. Por fim, dada a relevância e abrangência do tema em análise, recomendamos que
seja realizada Consulta Pública para colher subsídios sobre a proposta apresentada.
Adicionalmente, dada a urgência na implantação das medidas propostas, sugerimos que esta
consulta seja realizada com prazo reduzido.
100. Dado o curto prazo para execução da proposta, sugerimos que a diretoria colegiada
da ANEEL já autorize, juntamente com abertura da consulta pública, que os agentes interessados
em aderir à proposta apresentada enviem sua intenção de adesão à proposta para o ONS até 6 de
junho de 2023.
IV - DO FUNDAMENTO LEGAL
101. Esta Nota Técnica está fundamentada nos Módulos 2 e 5 das Regras dos Serviços de
Transmissão, aprovados por meio da Resolução Normativa nº 905, de 17 de dezembro de 2020, e
nas Resoluções Normativas n° 875 e 876, ambas de 10 de março de 2020.
V - DA CONCLUSÃO
proposta apresentada pela ABEEólica pode ser acatada, com os contornos e detalhamentos aqui
propostos.
103. Desse modo, desde que mantidos os princípios acima detalhados, propomos a
criação de mecanismo regulatório excepcional, com adesão voluntária, que consiste na revogação
de outorga de geração com devolução das respectivas garantias de fiel cumprimento, quando
aplicáveis, e isenção de eventuais multas decorrentes de processos de fiscalização em andamento,
bem como na autorização ao ONS de rescindir os CUST celebrados com centrais geradoras, sem
aplicação de multas rescisórias desde que: (i) o agente de geração apresente anuência das
concessionárias de transmissão para rescisão dos CCT celebrados, quando aplicável; (ii) o agente
de geração não possua débitos de EUST devidos às transmissoras; (iii) que o agente de geração
apresente renúncia de qualquer discussão judicial relacionada aos CUST celebrados; e (iv) que o
agente de geração esteja adimplente com os encargos setoriais e que não possua contratos de
energia comercializados no ambiente de contratação regulada vigentes.
104. Dado o curto prazo para execução da proposta, propomos ainda que a diretoria
colegiada da ANEEL já autorize, juntamente com abertura da consulta pública, que os agentes
interessados em aderir à proposta apresentada enviem sua intenção de adesão à proposta para o
ONS até 6 de junho de 2023.
VI - DA RECOMENDAÇÃO
105. Com base no exposto, recomendamos a abertura de Consulta Pública para obter
subsídios da sociedade a respeito da criação de mecanismo regulatório excepcional, com adesão
voluntária, que consiste na revogação de outorga de geração com devolução das respectivas
garantias de fiel cumprimento, quando aplicáveis, e isenção de eventuais multas decorrentes de
processos de fiscalização em andamento, bem como na autorização ao ONS de rescindir os CUST
celebrados com centrais geradoras, sem aplicação de multas rescisórias desde que: (i) o agente de
geração apresente anuência das concessionárias de transmissão para rescisão dos CCT celebrados,
quando aplicável; (ii) o agente de geração não possua débitos de EUST devidos às transmissoras;
(iii) que o agente de geração apresente renúncia de qualquer discussão judicial relacionada aos
CUST celebrados; e (iv) que o agente de geração esteja adimplente com os encargos setoriais e
que não possua contratos de energia comercializados no ambiente de contratação regulada
vigentes.
106. Recomendamos, por fim, que a diretoria colegiada da ANEEL autorize, juntamente
com abertura da consulta pública, que os agentes de geração interessados em aderir ao
mecanismo regulatório excepcional de rescisão de CUST e revogação amigável de outorgas enviem
sua intenção de adesão à proposta ao ONS até 6 de junho de 2023.
(Assinado digitalmente)
RAFAEL CAMBRAIA TRAJANO MARCUS VINÍCIUS DE LELES FRAZÃO
Especialista em Regulação de Serviços Especialista em Regulação de Serviços
Públicos de Energia Públicos de Energia
De acordo:
(Assinado digitalmente)
CARLOS EDUARDO CABRAL CARVALHO
Superintendente de Concessões e Autorizações de Geração
(Assinado digitalmente)
LEONARDO MENDONÇA OLIVEIRA DE QUEIROZ
Superintendente de Regulação dos Serviços de Transmissão
ANEXO I
Subcláusula Primeira - A desistência e a renúncia de que tratam o caput deverão ser comprovadas
por meio da apresentação pelo Requerente de cópia do protocolo do requerimento de extinção
do processo com resolução de mérito, nos termos da alínea "c" do inciso III do caput do art. 487,
do Código de Processo Civil, devidamente anexada ao presente TERMO.
CLÁUSULA QUARTA – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
A REQUERENTE declara e garante que está autorizada, nos termos da lei e de seu Estatuto Social,
a assumir as obrigações e a cumprir as disposições deste TERMO e do Despacho nº , de XX de
XXXXXXX de 2023.
CLÁUSULA SEXTA – DA VERACIDADE DAS INFORMAÇÕES
Subcláusula Primeira – A REQUERENTE reconhece e atesta, para todos os fins, a validade, a
autenticidade e a veracidade das informações prestadas e dos documentos apresentados perante
a ANEEL.
Subcláusula Segunda – A REQUERENTE declara plena ciência de que prestar declaração falsa
caracteriza crime previsto no Código Penal Brasileiro, passível de responsabilização nos termos da
legislação, independentemente da responsabilização administrativa e civil cabível.
Subcláusula Terceira – As informações prestadas e os documentos apresentados estão sujeitos à
fiscalização da ANEEL.
CLÁUSULA SÉTIMA – DA PUBLICIDADE
Subcláusula Única – A REQUERENTE concorda que as disposições deste TERMO e que todas as
informações, os dados e os documentos anexados serão considerados públicos e poderão ser
divulgados para terceiros.
CLÁUSULA OITAVA – DA VIGÊNCIA
Subcláusula Única – Este TERMO vincula a REQUERENTE em todas as suas cláusulas, por si e seus
sucessores, a qualquer título, por tempo indeterminado.
CLÁUSULA NONA – DA EXTINÇÃO
Documento assinado digitalmente por Tito Ricardo Vaz da Costa, Superintendente Adjunto(a) de Regulação Dos Serviços de Transmissão, em 20/04/2023 às 12:02;
Renato Marques Batista, Superintendente Adjunto(a) de de Concessões e Autorizações de Geração, em 20/04/2023 às 12:01; Carlos Eduardo Cabral Carvalho,
Superintendente de Concessões e Autorizações de Geração, em 20/04/2023 às 11:57; Alvaro Fagundes Moreira, Especialista em Regulação, em 20/04/2023 às
11:53; Guilherme Vieta Junqueira, em 20/04/2023 às 11:44; Leonardo Mendonca Oliveira de Queiroz, Superintendente de Regulação Dos Serviços de
Transmissão, em 20/04/2023 às 11:36; Rafael Cambraia Trajano, Coordenador(a) do Acesso ao Sistema de Transmissão, em 20/04/2023 às 11:32