48554.

001095/2022-00

Ofício no 0129/2022-SRD/ANEEL

Brasília,17 de maio de 2022.

Ao Senhor
Marcos Penna
Celesc Distribuição S.A.
Florianópolis - SC

Assunto: Resolução Normativa nº 482/2012 e a aplicação do §4º do art. 12 da Lei nº 14.300/2022.

Referência: Carta s/n – de 4 de fevereiro de 2022 (Documento SIC nº 48513.002937/2022-00).

Prezado Senhor,

1. Reportamo-nos ao documento em referência, que trata da aplicação do §4º do art. 12 da

Lei nº 14.300/20221 e uma suposta contradição desse dispositivo com as disposições da Resolução
Normativa - REN nº 482/2012. Em síntese, foi informado que “a realocação de créditos acumulados não
possui previsão” na REN nº 482/2012, o que estaria em contradição com trecho destacado a seguir no o
§4º do art. 12 da referida Lei:

§ 4º O consumidor-gerador titular da unidade consumidora onde se encontra instalada a

microgeração ou minigeração distribuída pode solicitar alteração dos percentuais ou da
ordem de utilização dos excedentes de energia elétrica ou realocar os excedentes para
outra unidade consumidora do mesmo titular, de que trata o § 1º deste artigo, perante a
concessionária ou permissionária de distribuição de energia elétrica, e esta terá até 30
(trinta) dias para operacionalizar o procedimento.

2. Em face disso, a CELESC perguntou:

Caso um consumidor solicite a realocação de créditos acumulados de uma unidade

consumidora-geradora para outra unidade consumidora do mesmo titular, ainda que a REN
n. 482/2012 não permita esse procedimento, deverá a distribuidora atender à solicitação
no prazo previsto no §º 4 do art. 12 ou deveremos aguardar a agência regulamentar os
procedimentos para os dispositivos da lei?

1
A Lei nº 14.300/2022 institui o marco legal da microgeração e minigeração distribuída, o Sistema de Compensação de Energia
Elétrica (SCEE) e o Programa de Energia Renovável Social (PERS). O texto completo da Lei está disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2022/lei/L14300.htm.

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P. 2 do OFÍCIO Nº 0129/2022- SRD/ANEEL, de 17/05/2022.

3. Em atenção ao questionamento, destaca-se que há diferença entre crédito e excedente de

energia elétrica, pois a Lei foi fez questão de trazer definições distintas para os dois termos, conforme
incisos VI e VIII do art. 1º:

VI - crédito de energia elétrica: excedente de energia elétrica não compensado por unidade
consumidora participante do SCEE no ciclo de faturamento em que foi gerado, que será
registrado e alocado para uso em ciclos de faturamento subsequentes, ou vendido para a
concessionária ou permissionária em que está conectada a central consumidora-geradora;
...
VIII - excedente de energia elétrica: diferença positiva entre a energia elétrica injetada e a
energia elétrica consumida por unidade consumidora com microgeração ou minigeração
distribuída de titularidade de consumidor-gerador, apurada por posto tarifário a cada ciclo
de faturamento, exceto para o caso de empreendimento com múltiplas unidades
consumidoras ou geração compartilhada, em que o excedente de energia elétrica pode ser
toda a energia gerada ou a injetada na rede de distribuição pela unidade geradora, a
critério do consumidor-gerador titular da unidade consumidora com microgeração ou
minigeração distribuída;

4. Assim, excedente de energia elétrica é a “sobra” da energia injetada e não compensada na

unidade consumidora com microgeração ou minigeração, apurada a cada ciclo de faturamento. Já crédito
é o excedente de energia não compensado no ciclo de faturamento em que foi gerado, sendo registrado
e alocado para uso em ciclos de faturamento subsequentes. Ao prever que o consumidor pode realocar o
excedente de energia elétrica, o §4º do art. 12 da Lei nº 14.300/2022 é silente sobre o tratamento a ser
conferido aos créditos de energia elétrica, prevalecendo, neste caso, as disposições da REN nº 482/2012.

5. Diante dessa diferença, inexiste contradição entre a REN nº 482/2012 vigente e a Lei nº
14.300/2022 nesse ponto.

6. Não obstante, ressalta-se que a Lei nº 14.300/2022 está sendo avaliada pelas
Superintendências da ANEEL na elaboração de proposta de adequação da regulamentação. Após
deliberação pela Diretoria Colegiada da Agência, a proposta será submetida à Consulta Pública, na qual
os interessados poderão apresentar contribuições, se assim julgarem pertinente.

Atenciosamente,

(Assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO CALIXTO MATTAR
Superintendente de Regulação dos Serviços de Distribuição

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Florianópolis,

Ao Senhor
Carlos Alberto Calixto Mattar
Superintendente de Regulação dos Serviços de Distribuição – SRD
Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL
SGAN – Quadra 603/Módulo “J” – Sala 206
CEP: 70830-110 - Brasília – DF

Prezado Superintendente,

Esclarecimento quanto à aplicação da Lei n° 14.300,

de 06 de janeiro de 2022.

Cumprimentando-o cordialmente, encaminhamos para análise e orientação desta

Superintendência esclarecimento regulatório quanto à aplicação dos dispositivos presentes
na Lei n. 14.300, de 06 de janeiro de 2022.

A REN n. 482/2012 ainda não consta como revogada, logo entendemos que seus
dispositivos continuam em vigência, entretanto, existem dispositivos na Lei n. 14.300/2022
que dispõem de tratativa contrária aos dispositivos da resolução supracitada.

A Lei n. 14.300/2022 entrou em vigor na data de sua publicação - 6 de janeiro de 2022.

Em virtude disso, gostaríamos de questionar se os seus dispositivos, ainda que contrários ao
previsto na REN n. 482/2012, já devem ser aplicados por parte da distribuidora? Em especial
o §º 4 do art. 12:
Art. 12. A cada ciclo de faturamento, para cada posto tarifário, a
concessionária de distribuição de energia elétrica, conforme o caso, deve
apurar o montante de energia elétrica ativa consumido e o montante de
energia elétrica ativa injetado na rede pela unidade consumidora com
microgeração ou minigeração distribuída em sua respectiva área de
concessão.

[...]

§ 4º O consumidor-gerador titular da unidade consumidora onde se

encontra instalada a microgeração ou minigeração distribuída pode
solicitar alteração dos percentuais ou da ordem de utilização dos
excedentes de energia elétrica ou realocar os excedentes para outra
unidade consumidora do mesmo titular, de que trata o § 1º deste artigo,

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perante a concessionária ou permissionária de distribuição de energia

elétrica, e esta terá até 30 (trinta) dias para operacionalizar o
procedimento. (GRIFOS NOSSOS).

A realocação de créditos acumulados não possui previsão legal na REN n. 482/2012,

com exceção dos casos de encerramento da unidade consumidora.

Caso um consumidor solicite a realocação de créditos acumulados de uma unidade

consumidora-geradora para outra unidade consumidora do mesmo titular, ainda que a REN
n. 482/2012 não permita esse procedimento, deverá a distribuidora atender a solicitação no
prazo previsto no §º 4 do art. 12 ou deveremos aguardar a agência regulamentar os
procedimentos para os dispositivos da lei?

Permanecemos à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais que se façam

necessários ao assunto em tela.

Atenciosamente,

Marcos Penna Pilar Sabino da Silva

Diretor de Regulação e Gestão de Diretora Comercial, em exercício
Energia, em exercício

DRG/DPRG DCL/DPGT/DPGC

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, em 04/02/2022 12:02 - 044.490.761-09