Você está na página 1de 30

48554.

000560/2017-00

Ofício n° 0091/2017-SRD/ANEEL

Brasília, 21 de março de 2017.

Ao Senhor
Pedro Henrique Fantini Vieira
Gerente
Cemig Distribuição S.A.
Belo Horizonte – MG

Assunto: Dúvidas sobre o Sistema de Compensação de Energia Elétrica.

Senhor Gerente,

1. Fazemos referência à Carta IR/CR-0307A/20161, recebida em 31/10/2016, por meio da qual


a Cemig apresenta dúvidas sobre o Sistema de Compensação de Energia Elétrica, as quais serão
respondidas na mesma sequência em que foram apresentadas.

2. Com respeito à geração compartilhada, a Procuradoria Federal junto à ANEEL emitiu o


Parecer nº 00433/2016/PFANEEL/PGF/AGU2, de 30/08/2016, anexo, esclarecendo que:

 Para os fins de geração compartilhada prevista na Resolução Normativa ANEEL nº


482/2012, a constituição: a.1) de consórcio deve seguir o disposto na Lei nº 6.404/76 e
também observar o disposto na Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº
1.634/2016, para fins de inscrição no CNPJ; a.2) de cooperativa deve observar as regras
gerais previstas no Código Civil (arts. 1.093 a 1.096), assim como o disposto na Lei nº
5.764/61;

 O instrumento jurídico adequado para comprovar a solidariedade existente entre os


componentes do consórcio, da cooperativa ou condomínio é seu ato constitutivo, seja para
fins jurídicos, seja para os fins previstos no § 6º, do art. 4º, da REN ANEEL nº 482/2012;

 Não há uma espécie de cooperativa ou de consórcio predefinido na Resolução


Normativa ANEEL nº 482/2012 para fins de geração compartilhada, devendo ser adotada a
forma que permita a utilização dos créditos de energia gerados entre os integrantes do
consórcio ou da cooperativa conforme indicado à distribuidora.

1 Documento SIC nº 48513.029642/2016-00


2 Documento SIC nº 48554.001986/2016-71
48554.000560/2017-00

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes -DOCUMENTO


044.490.761-09
ASSINADO DIGITALMENTE POR CARLOS ALBERTO CALIXTO MATTAR
CÓDIGO DE VERIFICAÇÃO: 597F9FB3003D4D12 CONSULTE EM http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx
48554.000560/2017-00

Fl. 2 do Ofício nº 0091-SRD/ANEEL, de 21/03/2017.

3. Adicionalmente, tendo em vista os questionamentos recebidos pela SRD sobre a


possibilidade de enquadramento de Condomínios Voluntários e Associações de qualquer natureza como
geração compartilhada no âmbito da REN nº 482/2012, além dos questionamentos da referida Carta da
Cemig, a SRD realizou consulta à Procuradoria Federal junto à ANEEL por meio do Memorando nº
0473/2016-SRD/ANEEL, a qual emitiu a Nota nº 00025/2016/PFANEEL/PGF/AGU, anexa, com os seguintes
esclarecimentos:

 Inexistência de óbice jurídico à adesão ao sistema de compensação de energia


elétrica por condomínios voluntários regulados pelos arts. 1.314 a 1.326 do Código Civil,
aplicando-se o art. 2º, inciso VI, c/c art. 6º, inciso II, da REN nº 482/2012;

 Necessidade de eventual alteração REN nº 482/2012 para previsão da


possibilidade de geração compartilhada por outras formas de associações, diversas de
consórcios, cooperativas e condomínios, tendo em vista o rol taxativo previsto no ato
regulatório; e

 Incompetência da Procuradoria para dirimir dúvidas genéricas encaminhadas por


agentes do setor elétrico, não relacionadas a casos concretos, e sem prévia manifestação
da área técnica com indicação de quais pontos precisam ser esclarecidos, aplicando-se o
disposto nos arts. 8º e 11 da Portaria PGF nº 526/2013.

4, O primeiro bloco de questões se refere à constituição de consórcio e cooperativas para


geração compartilhada. Para o item a), o Parecer nº 00433/2016/PFANEEL/PGF/AGU esclarece a
legislação a ser seguida para a formação de cooperativas e consórcios. Compete à distribuidora analisar o
ato constitutivo da cooperativa ou do consórcio apresentado pelo consumidor, junto à solicitação de acesso,
para fins de comprovação da adequação do documento à legislação específica.

5. Para os itens b), c) e d), esclarecemos que o inciso VIII do art. 7º da REN nº 482/2012
determina que o percentual de energia excedente que será destinado a cada unidade participante do sistema
de compensação deve ser definida pelo titular da unidade consumidora onde se encontra instalada a
microgeração ou minigeração distribuída, o qual é livre para adotar qualquer critério de divisão da energia
excedente.

6. O compromisso de solidariedade só deve ser novamente apresentado à distribuidora (após


a conexão da central geradora) no caso de inclusão ou exclusão de integrantes de consórcio, cooperativa
ou condomínios, podendo ser apenas o ato que aprovou a alteração da constituição original. Para o caso
de alteração dos percentuais de energia excedente alocados entre os integrantes, compete ao titular da
unidade com geração realizar a solicitação junto à distribuidora.

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes -DOCUMENTO


044.490.761-09
ASSINADO DIGITALMENTE POR CARLOS ALBERTO CALIXTO MATTAR
CÓDIGO DE VERIFICAÇÃO: 597F9FB3003D4D12 CONSULTE EM http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx
48554.000560/2017-00

Fl. 3 do Ofício nº 0091-SRD/ANEEL, de 21/03/2017.

7. Para os itens e), f), g) e h), esclarecemos que conforme consta da Nota nº
00025/2016/PFANEEL/PGF/AGU, somente podem ser caracterizada com geração compartilhada a reunião
de consumidores em cooperativa ou consórcio, nos termos da legislação específica citada no Parecer nº
00433/2016/PFANEEL/PGF/AGU, não podendo ser aceitos outros arranjos jurídicos nessa modalidade.

8. Dessa forma, os documentos apresentados no anexo da Carta IR/CR-0307A/2016 não


devem ser aceitos pela distribuidora para fins de enquadramento na modalidade de geração compartilhada.

9. Com relação ao item 2, que trata da propriedade da unidade geradora, esclarecemos que o
local onde se encontra a microgeração ou minigeração deve ser de titularidade do consórcio ou da
cooperativa no caso de geração compartilhada.

10. O item 3 aborda o aluguel de equipamentos de geração de energia e cita o art 6-A da REN
nº 482/2012, o qual veda explicitamente o aluguel ou arrendamento de terrenos, lotes e propriedades em
condições nas quais o valor cobrado seja em reais por unidade de energia elétrica. No entanto, não há
menção à locação de equipamentos, que é a dúvida da Cemig.

11. Dessa forma, devem-se buscar outros documentos que tratem sobre o tema, tais como o
Voto do Diretor-Relator da revisão da REN nº 482/2012, para preencher a referida lacuna. Assim,
transcrevem-se a seguir os itens 17 e 18 do referido Voto.

“17. Nesse ponto, a Procuradoria por meio do Parecer nº 542/2015/PFANEEL/PGF/AGU,


conclui pela impossibilidade normativa de os consumidores cativos optarem pela
contratação direta de energia elétrica, como se consumidores livres fossem, inclusive
mediante contrato de aluguel ou arrendamento de terrenos e equipamentos com
contraprestação pecuniária expressa em unidades monetárias por unidades de energia.

18. Por outro lado, como visto acima, não há a mesma restrição normativa para que os
consumidores cativos exerçam a atividade de autoprodução de energia elétrica (ou de
autoconsumo, conforme a nomenclatura da Resolução Normativa nº 482, de 2012, que
busca enfatizar a característica de consumidor de quem optou por instalar a micro e
minigeração distribuída), podendo os mesmos exercerem a posse do terreno e dos
equipamentos de geração por meio de contratos de aluguel e de arrendamento cuja
contrapartida não seja, fundamentalmente, o pagamento pela energia produzida. Em outras
palavras, os contratos de equipamentos podem possuir cláusulas definindo o pagamento
de parcelas variáveis associadas ao rendimento e à performance técnica dos equipamentos,
mas o valor da parcela principal deve ser fixo de modo a não caracterizar a comercialização
de energia elétrica.” (grifo nosso)

12. Conforme consta do referido Voto, a Procuradoria Federal junto à ANEEL concluiu, de forma
mais abrangente, que não é possível o pagamento do aluguel ou arrendamento de terrenos e equipamentos
em valor expresso em reais por unidade de energia. Contudo, o Diretor-Relator entende que no caso de
equipamentos, pode haver o pagamento de parte do aluguel ou arrendamento associado ao desempenho
previamente acordado entre as partes.

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes -DOCUMENTO


044.490.761-09
ASSINADO DIGITALMENTE POR CARLOS ALBERTO CALIXTO MATTAR
CÓDIGO DE VERIFICAÇÃO: 597F9FB3003D4D12 CONSULTE EM http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx
48554.000560/2017-00

Fl. 4 do Ofício nº 0091-SRD/ANEEL, de 21/03/2017.

13. Portanto, a Cemig não pode exigir que o consumidor apresente qualquer documento
diferente do que está estabelecido na Seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST, tais como comprovantes de
compra de módulos e inversores ou cópia de contratos com as empresas integradoras, pois o art. 6 – A da
REN nº 482/2012 não concedeu tal faculdade à distribuidora.
14. Contudo, nos casos em que forem identificados contratos de aluguel ou arrendamento do
imóvel, terreno ou lote com cláusulas que associem o valor do pagamento à produção de energia elétrica,
assim como de empresas que publicamente anunciem o aluguel de equipamentos nessas mesmas
condições, a Cemig deve denunciar essas empresas para que a ANEEL possa abrir processos de
fiscalização.

15. Com relação ao item 4, que aborda a solidariedade dos consumidores reunidos em
consórcio ou cooperativa com geração compartilhada e empreendimentos com múltiplas unidades
consumidoras, para responder aos itens a), b), c) e d), transcrevemos a seguir partes do Parecer nº
00433/2016/PFANEEL/PGF/AGU com os esclarecimentos da Procuradoria Federal junto à ANEEL.

“33. A SRD informou, por meio do Memorando n. 315/2016SRD/ ANEEL, que a finalidade
do instrumento jurídico destinado a comprovar a solidariedade entre os integrantes dos
empreendimentos com múltiplas unidades consumidoras e de geração compartilhada é
comprovar que todas as unidades consumidoras que receberão os créditos de energia
elétrica gerada pela microgeração ou minigeração distribuída são participantes da
cooperativa, consórcio ou condomínio titular da unidade onde a geração se localiza.
...............................................................................................................................................”

“35. A questão que deve ser elucidada diz respeito à finalidade da citada solidariedade. De
acordo com a informação prestada pela área técnica, a expressão tal como se encontra no
§ 6º, do art. 4º da REN ANEEL, não se refere ao conceito jurídico de solidariedade, mas tão
somente à necessidade de comprovação da participação de cada integrante no consórcio,
cooperativa ou condomínio, bastando a apresentação do ato constitutivo destes para que
seja possível apreciar a participação de cada um. A relevância da comprovação da
participação de cada integrante é fundamental para que a distribuidora saiba em que
quantidade e a quem deve repassar a energia objeto de empréstimo gratuito[9].

36. Por outro lado, ainda que se trate da necessidade de aferir a responsabilidade de cada
um dos partícipes do consórcio, cooperativa ou condomínio, quanto às obrigações por estes
assumidas, também deve ser consultado o ato constitutivo dos mesmos ou a lei respectiva
para verificar se cada consorciado, cooperado ou condomínio responde pela totalidade das
obrigações ou não. (grifos nossos)
.....................................................................................................................................”

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes -DOCUMENTO


044.490.761-09
ASSINADO DIGITALMENTE POR CARLOS ALBERTO CALIXTO MATTAR
CÓDIGO DE VERIFICAÇÃO: 597F9FB3003D4D12 CONSULTE EM http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx
48554.000560/2017-00

Fl. 5 do Ofício nº 0091-SRD/ANEEL, de 21/03/2017.

16. Dessa forma, a REN nº 482/2012 não define os limites de responsabilidade de cada
consorciado ou cooperado perante o consórcio ou a cooperativa. Em particular, a Norma não permite que a
distribuidora efetue a cobrança de eventuais débitos pendentes/inadimplidos por uma unidade consumidora
integrante de consórcio, cooperativa ou condomínio ou efetue a suspensão do fornecimento de energia dos
demais integrantes.

Atenciosamente,

CARLOS ALBERTO CALIXTO MATTAR


Superintendente de Regulação dos Serviços de Distribuição

MALC

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes -DOCUMENTO


044.490.761-09
ASSINADO DIGITALMENTE POR CARLOS ALBERTO CALIXTO MATTAR
CÓDIGO DE VERIFICAÇÃO: 597F9FB3003D4D12 CONSULTE EM http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx
48554.000560/2017-00-1 (ANEXO: 001)

ADVOCACIA­GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA­GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA
COORDENADORIA DE OUTORGAS E TARIFAS

PARECER n. 00433/2016/PFANEEL/PGF/AGU

NUP: 48554.001986/2016­71
INTERESSADOS: Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição ­ SRD
ASSUNTOS: Esclarecimentos sobre a formação de consórcio e cooperativa no âmbito da REN nº 482/2012.

EMENTA: Resolução Normativa ANEEL n. 482/2012. Geração compartilhada.


Necessidade de constituição de consórcio ou cooperativa. Art. 2º, VII. Observância
legislação aplicável. Inexistência de previsão normativa quanto ao tipo de consórcio ou
cooperativa. Possibilidade de distribuição entre os integrantes do consórcio ou
cooperativa dos créditos de energia gerados. Solidariedade prevista no art. 4º, § 6º.
Comprovação por meio do ato constitutivo.

1. O Memorando nº 315/2016­SRD/ANEEL[1], solicita manifestação desta Procuradoria Federal


acerca da caracterização dos consórcios e cooperativas para fins de geração compartilhada, nos termos da
Resolução Normativa ANEEL n. 482/2012, com as alterações promovidas pela Resolução Normativa ANEEL n.
687/2015.

I – DOS FATOS

2. A SRD por meio do Memorando n. 315/2016­SRD/ANEEL, solicitou à Procuradoria Federal


junto a ANEEL o esclarecimento pertinente à constituição de consórcios e cooperativas prevista no art. 2º,
inciso VII da Resolução Normativa ANEEL n. 482/2012.

3. Transcrevo o teor do mencionado Memorando para elucidar o questionamento:

1. A Resolução Normativa – REN nº 687/2015 revisou a Resolução Normativa ­ REN nº


482/2012, cujas alterações entraram em vigor em março deste ano. Dentre as inovações
no regulamento, destaca­se a introdução de novas modalidades de geração distribuída, a
saber: geração compartilhada e por empreendimentos de múltiplas unidades
consumidoras.
2. Conforme estabelecido no art. 2º, inciso VII da REN nº 482/2012, a geração
compartilhada é “caracterizada pela reunião de consumidores, dentro da mesma área de
concessão ou permissão, por meio de consórcio ou cooperativa, composta por pessoa
física ou jurídica, que possua unidade consumidora com microgeração ou minigeração
distribuída em local diferente das unidades consumidoras nas quais a energia excedente
será compensada” (grifo nosso).
3. Dessa forma, a Resolução permite que unidades consumidoras dentro de uma mesma
área de concessão ou permissão se reúnam em consórcio ou cooperativa, instalem micro
ou minigeração em uma unidade consumidora diferente do local de consumo e dividam,
entre os consorciados ou cooperados, os créditos de energia elétrica gerados.
4. Para tanto, a central geradora deve ser classificada como unidade consumidora sob a
Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09
48554.000560/2017-00-1 (ANEXO: 001)

titularidade da cooperativa ou consórcio, com o devido CNPJ, para permitir que os


créditos sejam alocados entre os seus integrantes, previamente informados, nos termos do
art. 7º.
5. Desde a publicação da REN nº 687/2015, a SRD recebe questionamentos em eventos
do setor elétrico (congressos, seminários, workshops, etc), consultas por e­mail, telefone
e cartas sobre a natureza jurídica dos consórcios e cooperativas.
6. Em resposta, a SRD informa que a Agência não estabelece a legislação que deve ser
cumprida, cabendo ao consumidor a responsabilidade por identificar e seguir os
procedimentos necessários para a formação de cooperativa e consórcio. No entanto, o
nível de complexidade dos últimos questionamentos não nos permite mais enviar tal
resposta, sendo necessário maior embasamento jurídico sobre o tema.
7. Dentre as dúvidas recebidas, o Ofício nº 010/20161, da Intrepid Investimentos e
Participações Eireli e a Carta LS­1600802­LBR12, da Lanna Engenharia, levantam
dúvidas sobre a legislação aplicável à formação de consórcio e cooperativa.
8. A SRD respondeu aos questionamentos da Intrepid Investimentos e Participações
Eireli por meio do Ofício nº 0328/2016­SRD/ANEEL, restando pendente a reposta à
carta da empresa Lanna Engenharia.
8. Outro ponto constantemente questionado, diz respeito à natureza do instrumento
jurídico exigido para comprovar o compromisso de solidariedade entre os integrantes de
consórcio, cooperativa ou empreendimentos com múltiplas unidades consumidoras
(condomínios), nos termos do §6º do art. 4º.
9. Sobre esse assunto, a SRD entende que esse instrumento jurídico tem o objetivo de
comprovar que todas as unidades consumidoras que receberão os créditos de energia
elétrica gerada pela microgeração ou minigeração distribuída são participantes da
cooperativa, consórcio ou condomínio titular da unidade onde a geração se localiza.
10. Diante do exposto, solicita­se apreciação do tema pela Procuradoria e emissão de
parecer jurídico sobre os pontos levantados. Em especial, solicita­se o auxílio para
responder às questões apresentadas na Carta LS­1600802­LBR1, da Lanna Engenharia.

4. Esclarecido o objeto da consulta, passa­se a sua análise.

II – DA ANÁLISE

5. A Resolução Normativa ANEEL n. 482/2012 estabelece as condições para o acesso de


microgeração e minigeração distribuídas aos sistemas de distribuição de energia elétrica, além de inaugurar o
sistema de compensação de energia elétrica.

6. Nos termos da norma referida é permitido o uso de qualquer fonte renovável, além da cogeração
qualificada, denominando­se microgeração distribuída a central geradora com potência instalada até 75
quilowatts (KW) e minigeração distribuída aquela com potência acima de 75 kW e menor ou igual a 5 MW
(sendo 3 MW para a fonte hídrica), conectadas na rede de distribuição por meio de instalações de unidades
consumidoras.

7. Quando a quantidade de energia gerada em determinado mês for superior à energia consumida
naquele período, o consumidor fica com créditos que podem ser utilizados para diminuir a fatura dos meses
seguintes. De acordo com as novas regras, o prazo de validade dos créditos passou de 36 para 60 meses, sendo
que eles podem também ser usados para abater o consumo de unidades consumidoras do mesmo titular situadas
em outro local, desde que na área de atendimento de uma mesma distribuidora. Esse tipo de utilização dos
créditos foi denominado “autoconsumo remoto”.

8. Outra inovação da norma diz respeito à possibilidade de instalação de geração distribuída em


condomínios (empreendimentos de múltiplas unidades consumidoras). Nessa configuração, a energia gerada
pode ser repartida entre os condôminos em porcentagens definidas pelos próprios consumidores.

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09


48554.000560/2017-00-1 (ANEXO: 001)

9. A ANEEL criou ainda a figura da “geração compartilhada”, possibilitando que diversos


interessados se unam em um consórcio ou em uma cooperativa, instalem micro ou minigeração distribuída e
utilizem a energia gerada para redução das faturas dos consorciados ou cooperados.

10. Os questionamentos apresentados à Procuradoria abrangem: i) a legislação aplicável à


constituição de consórcios e de cooperativas para fins de geração compartilhada que possua unidade de
minigeração ou microgeração distribuída em local diferente das unidades consumidoras nas quais a energia
excedente será compensada; ii) natureza do instrumento jurídico exigido para comprovar o compromisso de
solidariedade entre os integrantes de consórcio, cooperativa ou empreendimentos com múltiplas unidades
consumidoras (condomínios), nos termos do §6º do art. 4º; iii) qual tipo de consórcio ou cooperativa é exigido
pela Resolução Normativa ANEEL n. 482/2012?

II. 1 – Dos Consórcios

11. O consórcio, de acordo com a definição de Fábio Andrade, é a reunião de diferentes empresas
que buscam conjugar esforços para o objetivo comum na execução de certo projeto, empreendimento ou
prestação de serviço[2].

12. Acerca dos consórcios, cumpre transcrever a lição de Marlon Tomazette[3]:

As reuniões de sociedades podem ter diversos motivos e, eventualmente, podem se


destinar a um empreendimento específico, como a construção de uma obra, a
participação em um leilão ou a participação em uma licitação. Nesses casos, há a
formação de consórcios isto é, de reuniões de sociedades, para a execução de
determinado empreendimento.
O consórcio é um contrato associativo entre sociedades independentes ou subordinadas
que não é dotado de personalidade jurídica, embora haja o arquivamento do contrato.
Diferencia­se dos grupos de sociedades, primordialmente, pela permanência inerente aos
grupos que é alheia à caracterização dos consórcios, que se destinam a empreendimentos
determinados.
O consórcio não é dotado de personalidade jurídica, de modo que cada integrante é
dotada de personalidade jurídica própria, e, por conseguinte, de direitos e obrigações
próprios. Quaisquer obrigações comuns atinentes à execução do empreendimento devem
ser disciplinadas pelo contrato de consórcio. Excepcionalmente, o artigo 28, § 3º, da Lei
n 8.078/90 estabeleceu que, pelos danos causados ao consumidor, as integrantes do
consórcio têm responsabilidade solidária. De modo similar, a lei de licitações estabelece
que as sociedades consorciadas serão solidariamente responsáveis pelos atos praticados
em consórcio, tanto na fase de licitação quanto na de execução do contrato (Lei 8.666/93
– art. 33, V)

13. Consórcio, portanto, apenas traduz o compromisso de duas ou mais sociedades de conjugar
esforços e recursos patrimoniais para a consecução de um objeto certo e definido. Não importa, com efeito, o
surgimento de uma nova pessoa jurídica, tampouco derroga a autonomia distinta de cada uma das pessoas
jurídicas consorciadas.

14. Com efeito, uma vez que o consórcio de empresas não possui personalidade jurídica própria, não
pode ele ser sujeito de direitos e obrigações, de modo que todas as pessoas jurídicas que o compõem figuram
como parte no ato do Poder Público que as possibilita, por exemplo, explorar um empreendimento de geração e
energia elétrica (ato de competência da União, nos termos do art. 21, XII, “b”, da Constituição). É dizer: como o
consórcio não tem personalidade própria, quem por ele responde são os consorciados, estes sim, sujeitos de
direitos e obrigação.

15. A Lei n. 6.404/76, que trata das Sociedades por Ações, disciplina os aspectos societários dos
consórcios no arts. 278 e 279:
Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09
48554.000560/2017-00-1 (ANEXO: 001)

Art. 278. As companhias e quaisquer outras sociedades, sob o mesmo controle ou não,
podem constituir consórcio para executar determinado empreendimento, observado o
disposto neste Capítulo.

§ 1º O consórcio não tem personalidade jurídica e as consorciadas somente se obrigam


nas condições previstas no respectivo contrato, respondendo cada uma por suas
obrigações, sem presunção de solidariedade.

§ 2º A falência de uma consorciada não se estende às demais, subsistindo o consórcio


com as outras contratantes; os créditos que porventura tiver a falida serão apurados e
pagos na forma prevista no contrato de consórcio.

Art. 279. O consórcio será constituído mediante contrato aprovado pelo órgão da
sociedade competente para autorizar a alienação de bens do ativo não circulante, do qual
constarão: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)

I ­ a designação do consórcio se houver;


II ­ o empreendimento que constitua o objeto do consórcio;
III ­ a duração, endereço e foro;
IV ­ a definição das obrigações e responsabilidade de cada sociedade consorciada, e das
prestações específicas;
V ­ normas sobre recebimento de receitas e partilha de resultados;
VI ­ normas sobre administração do consórcio, contabilização, representação das
sociedades consorciadas e taxa de administração, se houver;
VII ­ forma de deliberação sobre assuntos de interesse comum, com o número de votos
que cabe a cada consorciado;
VIII ­ contribuição de cada consorciado para as despesas comuns, se houver.

Parágrafo único. O contrato de consórcio e suas alterações serão arquivados no registro


do comércio do lugar da sua sede, devendo a certidão do arquivamento ser publicada.

16. De outra banda, as obrigações e responsabilidades de cada integrante do consórcio podem ser
contratualmente disciplinadas por seus integrantes. Todavia, no caso de consórcios que atuem na área
consumerista e de contratações com o poder público, alguns diplomas optaram por impor a responsabilidade
solidária dos membros do consórcio, derrogando assim, em parte, a possibilidade de seus integrantes disporem
sobre a responsabilidade dos atos do consórcio. Nesse sentido, dispõem as leis 8.078/1990 e 8.666/93:

Lei nº 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor):

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em


detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei,
fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração
também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou
inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.

§ 1° (Vetado).
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são
subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações
decorrentes deste código.
(...)

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09


48554.000560/2017-00-1 (ANEXO: 001)

Lei n º 8.666/1993 (Lei de Licitações):

Art. 33. Quando permitida na licitação a participação de empresas em consórcio,


observar­se­ão as seguintes normas:
I ­ comprovação do compromisso público ou particular de constituição de consórcio,
subscrito pelos consorciados;
II ­ indicação da empresa responsável pelo consórcio que deverá atender às condições de
liderança, obrigatoriamente fixadas no edital;
III ­ apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 a 31 desta Lei por parte de cada
consorciado, admitindo­se, para efeito de qualificação técnica, o somatório dos
quantitativos de cada consorciado, e, para efeito de qualificação econômico­financeira, o
somatório dos valores de cada consorciado, na proporção de sua respectiva participação,
podendo a Administração estabelecer, para o consórcio, um acréscimo de até 30% (trinta
por cento) dos valores exigidos para licitante individual, inexigível este acréscimo para
os consórcios compostos, em sua totalidade, por micro e pequenas empresas assim
definidas em lei;
IV ­ impedimento de participação de empresa consorciada, na mesma licitação, através
de mais de um consórcio ou isoladamente;
V ­ responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos praticados em consórcio, tanto
na fase de licitação quanto na de execução do contrato.

17. Destarte, quando um empreendimento de geração é atribuído a um consórcio, seus integrantes


passam a por ele responder diretamente. Não só isso, tratando­se de consórcio constituído com o fito de assinar
contrato administrativo com o Poder Público, a responsabilidade dos atos do consórcio referente a tal contrato
passa a ser atribuída aos consorciados de maneira solidária, ou seja, todos os consorciados respondem pela
integralidade das obrigações decorrentes do contrato.

18. A Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº 1.634/2016, em seu art. 4º, estabeleceu
que os consórcios também estão obrigados a se inscrever no CNPJ:

Art. 4º São também obrigados a se inscrever no CNPJ:


[...]
III ­ grupos e consórcios de sociedades, constituídos, respectivamente, na forma prevista
nos arts. 265 e 278 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976; (grifo nosso)

19. Portanto, para os fins de geração compartilhada prevista na Resolução Normativa ANEEL n.
482/2012, a constituição de consórcio deve seguir o disposto na Lei n. 6.404/76 e também observar o disposto na
Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº 1.634/2016, para fins de inscrição no CNPJ.

II. 2 Das Cooperativas

20. Rizzardo conceitua as cooperativas como “sociedades de pessoas, de natureza civil, tendo
personalidade jurídica própria, organizadas não para a obtenção de lucro, mas para a prestação de serviços aos
seus associados[4]”.

21. O Código Civil de 2002 é a lei geral que rege as cooperativas, sendo a Lei 5.764/71, a lei
específica sobre o tema[5].

22. O art. 4º da Lei Federal nº 5.764/71 conceitua as cooperativas:

Art. 4º As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica


próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos
Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09
48554.000560/2017-00-1 (ANEXO: 001)

associados, distinguindo­se das demais sociedades pelas seguintes características: [...]

23. Nos dizeres de Gina Copola[6], “as cooperativas podem ser singelamente conceituadas como
sociedades de pessoas, que visam a objetivo comum, sem fins lucrativos, e realizam atividades econômicas, que,
porém, não se referem a operações de comércio, porque não objetivam lucro, mas, sim, a consecução de
interesses comuns de seus sócios.“

24. O art. 1.094 do Código Civil de 2002 traz as características das cooperativas:

Art. 1.094. São características da sociedade cooperativa:

I ­ variabilidade, ou dispensa do capital social;


II ­ concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da
sociedade, sem limitação de número máximo;
III ­ limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar;
IV ­ intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda que
por herança;
V ­ quorum, para a assembléia geral funcionar e deliberar, fundado no número de sócios
presentes à reunião, e não no capital social representado;
VI ­ direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a
sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação;
VII ­ distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas
pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado;
VIII ­ indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de
dissolução da sociedade.

25. O art. 4º da Lei n. 5.764/71 também enumera as características das cooperativas:

Art. 4º As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica


próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços aos
associados, distinguindo­se das demais sociedades pelas seguintes características:

I – adesão voluntária, com número ilimitado de associados, salvo impossibilidade


técnica de prestação de serviços;
II – variabilidade do capital social representado por cotas­partes;
III – limitação no número de quotas­partes do capital para cada associado, facultado,
porém, o estabelecimento de critérios de proporcionalidade, se assim for mais adequado
para o cumprimento dos objetivos sociais;
IV – inacessibilidade das quotas­partes do capital a terceiros, estranhos à sociedade;
V – singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais, federações e confederações
de cooperativas, com exceção das que exerçam atividade de crédito, optar pelo critério
da proporcionalidade;
VI – quorum para funcionamento e deliberação da Assembléia Geral baseado no número
de associados e não no capital;
VII – retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações
realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembléia Geral;
VIII – indivisibilidade dos fundos de Reserva e de Assistência Técnica Educacional e
Social;
IX – neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e social;
X – prestação de assistência aos associados, e, quando previsto nos estatutos, aos
empregados da cooperativa;
XI – área de admissão de associados limitada às possibilidades de reunião, controle,

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09


48554.000560/2017-00-1 (ANEXO: 001)

operações e prestação de serviços.

26. O art. 982 do Código Civil estabelece que a cooperativa é espécie de sociedade simples, isto é,
não empresária.

27. De acordo com as lições de Arnaldo Rizzardo[7], tendo em vista que as cooperativas são
enquadradas como sociedades simples, o seu registro deve ser feito perante o Cartório de Registro Civil das
Pessoas Jurídicas, o que não afasta o registro na Junta Comercial, especialmente no que diz respeito às
cooperativas que exercem atividade empresarial, nos termos do § 6º, do art. 18 da Lei n. 5.764/71.

28. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região entende pela necessidade de registro das cooperativas
na Junta Comercial, de acordo com o estabelece a Lei 5.764/71:

ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. COOPERATIVA (SOCIEDADE


SIMPLES, CONFORME O NOVO CÓDIGO CIVIL): REGISTRO DE SEUS ATOS NA
JUNTA COMERCIAL, PARA FINS DE OBTENÇÃO DE CNPJ/RECEITA FEDERAL.
PREVALÊNCIA DO ARTIGO 18 DA LEI Nº 5.764/71 (NORMA ESPECIAL).
INDICAÇÃO NESSE SENTIDO DO ARTIGO 1.093 DO CÓDIGO CIVIL. REMESSA
OFICIAL E APELO DA UNIÃO PROVIDOS.
1. Embora a natureza de sociedade simples emprestada pelo Novo Código Civil à
sociedade cooperativa, o registro dela deve ser feito na Junta Comercial em razão da
especialidade do art. 18 da Lei nº 5.764/71, aplicável mesmo após o advento do Novo
Código Civil, já que este estabelece no art. 1.093 que "a sociedade cooperativa reger­se­á
pelo disposto no presente Capítulo, ressalvada a legislação especial", que deve
prevalecer onde contiver estipulações peculiares a entidade cooperativa.
2. Ausência de direito líquido e certo da impetrante a inscrição no CNPJ sem antes
proceder ao seu registro na Junta Comercial
3. Remessa oficial e apelo da União Federal providos, para denegar a segurança.
(TRF3, Apelação/Reexame Necessário n. 0022544­20.2005.4.03.6100/SP, 6ª T. Des.
Federal Johonsom di Salvo, 15.01.2015)

29. Para a constituição das cooperativas faz­se necessária a deliberação de assembleia­geral,


mediante a convocação dos fundadores e a publicação de acordo com as regras aplicáveis às sociedades
simples.

30. Wilson Alves Polonio[8] elucida as etapas para a constituição das cooperativas:

As sociedades cooperativas constituem­se por deliberações da Assembleia­Geral dos


Fundadores, compreendendo­se no grupo de sociedades de pessoas, embora seus
regimentos internos de deem por estatuto, e não por contrato social, como ocorre com as
demais sociedades de pessoas [...]
Seus atos constitutivos devem ser arquivados na Junta Comercial para que possam
adquirir personalidade jurídica. É necessário, adicionalmente, que os atos constitutivos
da sociedade cooperativa sejam registrados na Organização das Cooperativas Brasileiras
– OCB, ou na entidade estatal correspondente.

31. Logo, para a constituição de uma cooperativa devem ser observadas as regras gerais previstas no
Código Civil, assim como o disposto na Lei n. 5.764/61.

II. 3 Do instrumento jurídico apto a comprovar a solidariedade para fins do disposto no art. 4º, § 6º da
Resolução Normativa ANEEL n. 482/2012

32. O questionamento apresentado pela empresa Lana Engenharia diz respeito à natureza do
Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09
48554.000560/2017-00-1 (ANEXO: 001)

instrumento jurídico exigido para comprovar o compromisso de solidariedade entre os integrantes de consórcio,
cooperativa ou empreendimentos com múltiplas unidades consumidoras (condomínios), nos termos do § 6º do art.
4º, da Resolução Normativa ANEEL n. 482/2012.

Art. 4º ­ Fica dispensada a assinatura de contratos de uso e conexão na qualidade de


central geradora para os participantes do sistema de compensação de energia elétrica, nos
termos do Capítulo III, sendo suficiente a emissão pela Distribuidora do Relacionamento
Operacional para a microgeração e a celebração do Acordo Operativo para a
minigeração, nos termos da Seção 3.7 do
Módulo 3 do PRODIST. (Redação dada pela REN ANEEL 687, de 24.11.2015.)
[...]

§6º Para os casos de empreendimento com múltiplas unidades consumidoras e geração


compartilhada, a solicitação de acesso deve ser acompanhada da cópia de instrumento
jurídico que comprove o compromisso de solidariedade entre os integrantes. (Incluído
pela REN ANEEL 687, de 24.11.2015.)

33. A SRD informou, por meio do Memorando n. 315/2016­SRD/ANEEL, que a finalidade do


instrumento jurídico destinado a comprovar a solidariedade entre os integrantes dos empreendimentos com
múltiplas unidades consumidoras e de geração compartilhada é comprovar que todas as unidades consumidoras
que receberão os créditos de energia elétrica gerada pela microgeração ou minigeração distribuída são
participantes da cooperativa, consórcio ou condomínio titular da unidade onde a geração se localiza.

34. Vale esclarecer que a solidariedade pode ser entendida, de acordo com o viés jurídico, como um
vínculo que une devedores e/ou credores diversos de uma mesma obrigação, impondo que cada um seja chamado
a responder pela integralidade do crédito. Nesse turno, transcreve­se excerto do art. 264, do Código Civil:

Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou


mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.

Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.

Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co­credores ou co­
devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.

35. A questão que deve ser elucidada diz respeito à finalidade da citada solidariedade. De acordo
com a informação prestada pela área técnica, a expressão tal como se encontra no § 6º, do art. 4º da REN
ANEEL, não se refere ao conceito jurídico de solidariedade, mas tão somente à necessidade de comprovação da
participação de cada integrante no consórcio, cooperativa ou condomínio, bastando a apresentação do ato
constitutivo destes para que seja possível apreciar a participação de cada um. A relevância da comprovação da
participação de cada integrante é fundamental para que a distribuidora saiba em que quantidade e a quem deve
repassar a energia objeto de empréstimo gratuito[9].

36. Por outro lado, ainda que se trate da necessidade de aferir a responsabilidade de cada um dos
partícipes do consórcio, cooperativa ou condomínio, quanto às obrigações por estes assumidas, também deve ser
consultado o ato constitutivo dos mesmos ou a lei respectiva para verificar se cada consorciado, cooperado ou
condomínio responde pela totalidade das obrigações ou não.

II. 3 Do tipo de cooperativa ou consórcio exigidos pela Resolução Normativa ANEEL n. 482/2012

37. O art. 2º, VII, da REN ANEEL n. 482/2012 dispõe acerca da necessidade de constituição de
cooperativa ou consórcio para fins de geração compartilhada:

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09


48554.000560/2017-00-1 (ANEXO: 001)

Art. 2º Para efeitos desta Resolução, ficam adotadas as seguintes definições:

[...]
VII – geração compartilhada: caracterizada pela reunião de consumidores, dentro da
mesma área de concessão ou permissão, por meio de consórcio ou cooperativa, composta
por pessoa física ou jurídica, que possua unidade consumidora com microgeração ou
minigeração distribuída em local diferente das unidades consumidoras nas quais a
energia excedente será compensada; (Incluído pela REN ANEEL 687, de 24.11.2015.)

38. Como se pode perceber, a mencionada resolução não especifica o tipo de consórcio ou
cooperativa a ser constituído pela reunião de consumidores, dentro da mesma área de concessão ou permissão,
que possua unidade consumidora com microgeração ou minigeração distribuída em local diferente das unidades
consumidoras nas quais a energia excedente será compensada.

39. A formação de um consórcio ou cooperativa tem por fim permitir a divisão entre os consorciados
e cooperados dos créditos de energia gerados. Assim sendo, não há uma forma precisa, predifinida de qual tipo
de cooperativa ou consórcio que devem ser adotados pelos interessados em adotar a geração compartilhar.

40. O que deve ser ressaltado é que a forma elegida pelo consórcio ou cooperativa possibilite a
utilização dos créditos de energia gerados entre os integrantes do consórcio ou da cooperativa conforme indicado
à distribuidora.

III – DA CONCLUSÃO

41. Face o exposto, esta Procuradoria entende que:

a) para os fins de geração compartilhada prevista na Resolução Normativa ANEEL n. 482/2012,


a constituição: a.1) de consórcio deve seguir o disposto na Lei n. 6.404/76 e também observar o disposto na
Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº 1.634/2016, para fins de inscrição no CNPJ; c.2) de
cooperativa deve observar as regras gerais previstas no Código Civil (arts. 1.093 a 1.096), assim como o disposto
na Lei n. 5.764/61;

b) o instrumento jurídico adequado a comprovar a solidariedade existentes entre os componentes


do consórcio ou da cooperativa é seu ato constitutivo, seja para fins jurídicos, seja para os fins previstos no § 6º,
do art. 4º, da REN ANEEL n. 482/2012;

c) não há uma espécie de cooperativa ou de consórcio prefinido na Resolução Normativa


ANEEL n. 482/2012 para fins de geração compartilhada, devendo ser adotada a forma que permita a utilização
dos créditos de energia gerados entre os integrantes do consórcio ou da cooperativa conforme indicado à
distribuidora.

42. É o parecer.

43. Assim concluído e fundamentado, submete­se o presente Parecer à consideração do Senhor


Procurador­Geral Substituto, para que haja posterior encaminhamento à Superintendência de Regulação dos
Serviços de Distribuição – SRD.

Brasília, 30 de agosto de 2016.

MICHELE FRANCO ROSA


Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09
48554.000560/2017-00-1 (ANEXO: 001)

Procuradora Federal

[1] 48554.001986/2016­00.
[2] ANDRADE, Fábio Martins de. O novo regime tributário do consórcio de empresas. Revista
Fórum de Direito Tributário – RFDT, Belo Horizonte, ano 10, n. 58, jul./ago. 2011. Disponível em:
<http://www.bidforum.com.br/bid/PDI0006.aspx?pdiCntd=80882>. Acesso em: 16 ago. 2016.

[3] Marlon Tomazette. Curso de Direito Empresarial. Teoria Geral do Direito Societário –
Volume I, Editora Atlas, São Paulo, 2008, p. 596.
[4] Rizzardo, Arnaldo. Direito de Empresa. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. p. 777.
[5] O artigo 1.093 do Código Civil dispõe que "a sociedade cooperativa reger­se­á pelo disposto
no presente Capítulo, ressalvada a legislação especial", sendo complementado pelo artigo 1.096: "no que a lei
for omissa, aplicam­se as disposições referentes à sociedade simples, resguardadas as características
estabelecidas no art. 1.094". Vê­se, portanto, que o Código Civil assume o papel de lei geral, enquanto que a lei
especial principal em vigor, a que ele se refere, é a Lei nº 5.764/71, que "define a Política Nacional de
Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras providências".
[6] COPOLA, Gina. A participação das cooperativas em licitações: o direito de preferência
previsto pela Lei Federal nº 11.488, de 15 de junho de 2007. Fórum de Contratação e Gestão Pública – FCGP, B
e l o H o r i z o n t e , a n o 6 , n . 6 8 , a g o . 2 0 0 7 . D i s p o n í v e l e m :
<http://www.bidforum.com.br/bid/PDI0006.aspx?pdiCntd=46765>. Acesso em: 16 ago. 2016.
[7] Rizzardo, Arnaldo. Direito de Empresa. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. p. 777.
[8] Polonio, Wilson in Rizzardo, Arnaldo. Direito de Empresa. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense,
2012. p. 797.
[9] Esta Procuradoria já se pronunciou anteriormente, no Parecer n. 108/2012­
PGE/ANEEL/PGF/AGU, sobre a natureza jurídica da relação entre o consumidor com geração distribuída e a
concessionária de distribuição que se caracteriza como um contrato de mútuo, que é um empréstimo gratuito de
coisa fungível, ou seja, que pode ser substituída por outra de mesma espécie, qualidade e quantidade, na forma
do art. 586 do Código Civil: “Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a
restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.”

Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em http://sapiens.agu.gov.br mediante


o fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 48554001986201671 e da chave de acesso 08e5a55a

Documento assinado eletronicamente por MICHELE FRANCO ROSA, de acordo com os normativos legais
aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código 10477415 no endereço
eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a): MICHELE FRANCO ROSA. Data e
Hora: 30­08­2016 14:37. Número de Série: 66711628011306454129202660409680933430. Emissor: Autoridade
Certificadora do SERPRO Final v3.

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09


48554.000560/2017-00-1 (ANEXO: 001)

ADVOCACIA­GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA­GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA
GABINETE ­ PROCURADOR­GERAL
SGAN, QUADRA 603 / MÓDULOS "I" E "J" CEP 70830­110, BRASÍLIA/DF BRASIL ­ TELEFONE (61)
2192­8614 FAX: (61) 2192­8149 E­MAIL: PROCURADORIAFEDERAL@ANEEL.GOV.BR

DESPACHO n. 00438/2016/PFANEEL/PGF/AGU

NUP: 48554.001986/2016­71
INTERESSADOS: SUPERINTENDÊNCIA DE REGULAÇÃO DOS SERVIÇOS DE DISTRIBUIÇÃO ­
SRD
ASSUNTOS: Esclarecimentos sobre a formação de consórcio e cooperativa no âmbito da REN nº 482/2012.

Aprovo o PARECER n. 00433/2016/PFANEEL/PGF/AGU. Encaminhe­se à Superintendência


de Regulação dos Serviços de Distribuição ­ SRD.

Brasília, 06 de setembro de 2016.

MARCELO ESCALANTE GONÇALVES


PROCURADOR­GERAL SUBSTITUTO

Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em http://sapiens.agu.gov.br mediante


o fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 48554001986201671 e da chave de acesso 08e5a55a

Documento assinado eletronicamente por MARCELO ESCALANTE GONCALVES, de acordo com os


normativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código
10760869 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a): MARCELO
ESCALANTE GONCALVES. Data e Hora: 06­09­2016 15:50. Número de Série: 121920. Emissor: Autoridade
Certificadora do SERPRO Final v4.

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09


48554.000560/2017-00-2
48516.000129/2017-00
(ANEXO: 002)
18/01/2017 https://sapiens.agu.gov.br/documento/18908221

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA
COORDENADORIA DE OUTORGAS E TARIFAS

EMENTA. Geração compartilhada. Interpretação do art. 2º, inciso VII, da


Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012, da Agência
Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.
I - Inexistência de óbice jurídico à adesão ao sistema de compensação de
energia elétrica por condomínios voluntários, aplicando-se o art. 2º,
inciso VI, c/c art. 6º, inciso II, da RN ANEEL nº 482/2012.
II - O art. 2º, inciso VII, da RN ANEEL nº 482/2012 não prevê quaisquer
espécies de associações, sendo necessária eventual alteração do ato
normativo para alteração do rol taxativo previsto no ato regulatório.
III - Incompetência da Procuradoria para dirimir dúvidas genéricas
encaminhadas por agentes do setor elétrico. Necessidade de prévia
manifestação da área técnica com indicação de quais pontos precisam ser
esclarecidos, aplicando-se o disposto nos arts. 8º e 11 da Portaria PGF nº
526/2013.

1. A Superintendência de Regulação dos Serviços de


Distribuição – SRD encaminha, para análise e manifestação desta Procuradoria, o Memorando nº
0473/2016–SRD/ANEEL, de 9 de dezembro de 2016, com questionamentos relacionados à geração
compartilhada. Para uma melhor compreensão do objeto da consulta, reproduz-se a seguir o teor do
citado memorando:

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09


https://sapiens.agu.gov.br/documento/18908221 1/8
48554.000560/2017-00-2
48516.000129/2017-00
(ANEXO: 002)
18/01/2017 https://sapiens.agu.gov.br/documento/18908221

(Grifos nossos)

2. Em síntese, a consulta refere-se à interpretação do art. 2º,


inciso VII, da Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012, da Agência Nacional de
Energia Elétrica – ANEEL, uma vez que foi exposta a intenção de, ao menos por hora, não alterar
o ato regulatório.

3. Na correspondência encaminhada pela Empresa Brasileira de


Energia Solar – EBS resta claro que o objetivo da ANEEL não consiste na imediata revisão do
normativo. Vejamos:

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09


https://sapiens.agu.gov.br/documento/18908221 2/8
48554.000560/2017-00-2
48516.000129/2017-00
(ANEXO: 002)
18/01/2017 https://sapiens.agu.gov.br/documento/18908221

(Grifos nossos)

4. É o breve relato.

5. Em caráter preliminar, destaque-se que, considerando que a


matéria foi recentemente apreciada por este órgão de assessoramento jurídico, não sendo aduzidos
fatos novos, nos termos dos art. 4º da Portaria nº 1.399, de 5 de outubro de 1999, da Advocacia-
Geral da União[1], esta manifestação consiste em nota e não parecer, admitindo-se
pronunciamento simplificado. Passa-se à análise.

6. Eis o dispositivo questionado:

Art. 2º Para efeitos desta Resolução, ficam adotadas as seguintes


definições:
......................................
VII – geração compartilhada: caracterizada pela reunião de
consumidores, dentro da mesma área de concessão ou permissão, por
meio de consórcio ou cooperativa, composta por pessoa física ou
jurídica, que possua unidade consumidora com microgeração ou
minigeração distribuída em local diferente das unidades consumidoras
nas quais a energia excedente será compensada; (Incluído pela REN
ANEEL 687, de 24.11.2015.)
......................................

7. Por razões de economia processual, na forma do art. 50, § 1º,


da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro 1999[2], acolho os fundamentos aduzidos no Parecer nº
00433/2016/PFANEEL/PGF/AGU, de 22 de agosto de 2016, lavrado no processo nº
48554.001986/2016-00, destacando-se os seguintes trechos:

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09


https://sapiens.agu.gov.br/documento/18908221 3/8
48554.000560/2017-00-2
48516.000129/2017-00
(ANEXO: 002)
18/01/2017 https://sapiens.agu.gov.br/documento/18908221

(Grifos nossos)

8. Traçado esse breve panorama, resgatemos os questionamentos


suscitados pela EBS, pelo Engenheiro Eletricista Guilherme Luiz Susteras, e pela Cemig
Distribuição S.A.

9. Quanto à dúvida da EBS, não vislumbramos qualquer óbice


jurídico à adesão ao sistema de compensação de energia elétrica por condomínios voluntários
regulados pelos arts. 1314 a 1326 do Código Civil. O art. 2º, inciso VII, da RN ANEEL nº
482/2012, embora não explicite a reunião de condôminos – mencionando tão somente a reunião de
consumidores por meio de consórcio ou cooperativa – deve ser interpretado em conjunto com o art.
6º, inciso II, que explicitamente permite a adesão ao sistema de compensação de energia elétrica
por integrante de empreendimento de múltiplas unidades consumidoras, definido no art. 2º, inciso
VI, como condomínio. Vejamos os dispositivos:

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09


https://sapiens.agu.gov.br/documento/18908221 4/8
48554.000560/2017-00-2
48516.000129/2017-00
(ANEXO: 002)
18/01/2017 https://sapiens.agu.gov.br/documento/18908221

Art. 2º Para efeitos desta Resolução, ficam adotadas as seguintes


definições:
......................................
III - sistema de compensação de energia elétrica: sistema no qual a
energia ativa injetada por unidade consumidora com microgeração ou
minigeração distribuída é cedida, por meio de empréstimo gratuito, à
distribuidora local e posteriormente compensada com o consumo de
energia elétrica ativa;
......................................
VI – empreendimento com múltiplas unidades consumidoras:
caracterizado pela utilização da energia elétrica de forma independente,
no qual cada fração com uso individualizado constitua uma unidade
consumidora e as instalações para atendimento das áreas de uso comum
constituam uma unidade consumidora distinta, de responsabilidade do
condomínio, da administração ou do proprietário do empreendimento,
com microgeração ou minigeração distribuída, e desde que as unidades
consumidoras estejam localizadas em uma mesma propriedade ou em
propriedades contíguas, sendo vedada a utilização de vias públicas, de
passagem aérea ou subterrânea e de propriedades de terceiros não
integrantes do empreendimento;
VII – geração compartilhada: caracterizada pela reunião de
consumidores, dentro da mesma área de concessão ou permissão, por
meio de consórcio ou cooperativa, composta por pessoa física ou
jurídica, que possua unidade consumidora com microgeração ou
minigeração distribuída em local diferente das unidades consumidoras
nas quais a energia excedente será compensada; (Incluído pela REN
ANEEL 687, de 24.11.2015.)
......................................

Art. 6º Podem aderir ao sistema de compensação de energia elétrica os


consumidores responsáveis por unidade consumidora:
I – com microgeração ou minigeração distribuída;
II – integrante de empreendimento de múltiplas unidades consumidoras;
III – caracterizada como geração compartilhada;
IV – caracterizada como autoconsumo remoto.

10. Ademais, não faria sentido a norma permitir a adesão ao


sistema de compensação de energia elétrica por consumidores reunidos em consórcio ou
cooperativa com energia gerada em local diferente do local em que a energia é compensada (cf.
art. 2º, inciso VII, c/c art. 6º, inciso III), e não permitir a compensação entre consumidores
localizados em uma mesma propriedade ou em propriedades contíguas, sem o ônus da utilização
de vias públicas, de passagem aérea ou subterrânea e de propriedades de terceiros não integrantes
do empreendimento (cf. art. 2º, inciso VI, c/c art. 6º, inciso II). É antiga a máxima de que “
” (quem pode o mais, pode o menos).

11. No que concerne à sugestão encaminhada para a Ouvidoria


pelo Engenheiro Eletricista Guilherme Luiz Susteras de “

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09


https://sapiens.agu.gov.br/documento/18908221 5/8
48554.000560/2017-00-2
48516.000129/2017-00
(ANEXO: 002)
18/01/2017 https://sapiens.agu.gov.br/documento/18908221

”, verifica-se a necessidade de eventual alteração da resolução


para acolhimento do pleito, uma vez que o art. 6º traz um rol taxativo, e não exemplificativo das
hipóteses em que é permitida a adesão ao sistema de compensação de energia elétrica.

12. Destaque-se que, embora passível de críticas, referido texto


foi objeto de recente audiência pública (Audiência Pública nº 26/2015), uma vez que foi alterado
pela RN ANEEL nº 687, de 24 de novembro de 2015, não cabendo a esta Procuradoria conferir
interpretação contrária ao ato regulatório, amplamente discutido pelos agentes do setor.

13. Pode-se até questionar se uma resolução normativa, como a


RN ANEEL nº 482/2012, poderia fazer as restrições que fez em relação à possibilidade de adesão
ao sistema de compensação de energia elétrica quando não existe tal previsão legal. Ocorre que
que a RN ANEEL nº 482/2012 não regula a geração de potência reduzida, mas sim a conexão
dessas unidades geradoras de potência reduzida à rede de distribuição, e a compensação de
energia entre o consumidor detentor de semelhante geração e a concessionária ou permissionária
de distribuição local – matéria inerentemente da competência da agência que fixa os parâmetros
técnicos para o uso da rede de distribuição.

14. Em relação aos questionamentos suscitados pela Cemig-D


verificamos sua nítida abrangência, tratando-se de consulta em tese sobre os mais variados
aspectos da geração compartilhada, dentre os quais os seguintes: (a) legislação aplicável aos
consórcios e cooperativas; (b) partilha de resultados no caso de consórcios; (c) distribuição do
excedente de energia nas cooperativas em que os cooperados não prestam serviços; (d) aplicação
do art. 7º, inciso VIII, da RN ANEEL nº 482/2012 em caso de consórcio; (e) existência de
limitação à mudança de característica de uma unidade já existente de autoconsumo remoto para
geração compartilhada ou vice-versa; (f) transferência de saldos excedentes computados a partir
da nova classificação; (g) diversas formas de associação de pessoas físicas e jurídicas para
geração compartilhada; (h) avaliação de documentos de consumidores; e (i) alcance do
compromisso de solidariedade entre os integrantes de consórcios e de cooperativas.

15. Em atenção ao disposto no art. 8º da Portaria nº 526, de 26 de


agosto de 2013, da Procuradoria-Geral Federal, tem-se que poderá haver o encaminhamento de
consulta à Procuradoria “
”, não
cabendo a este órgão de assessoramento jurídico responder a extenso rol de perguntas enviadas por
agente do setor elétrico relacionadas à execução de seus contratos.

16. Ademais, conforme art. 11 do mesmo ato normativo, a


consulta deve ser encaminhada pelo órgão assessorado
”, cabendo à área técnica previamente se
manifestar, indicando quais pontos precisam ser esclarecidos sob o aspecto exclusivamente
jurídico.

17. Considerando que o Memorando nº 0473/2016–SRD/ANEEL


não especifica dentre os diversos questionamentos encaminhados pela Cemig-D quais suscitam
dúvidas perante a área técnica, tão pouco quesita este órgão de assessoramento jurídico,
restringindo-se a solicitar o posicionamento desta Procuradoria sobre perguntas genéricas não
relacionadas a casos concretos, propõe-se a devolução dos autos à SRD para complementação da
instrução processual, caso entenda necessário.

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09


https://sapiens.agu.gov.br/documento/18908221 6/8
48554.000560/2017-00-2
48516.000129/2017-00
(ANEXO: 002)
18/01/2017 https://sapiens.agu.gov.br/documento/18908221

18. Diante do exposto, conclui-se pela:

18.1 inexistência de óbice jurídico à adesão ao sistema de


compensação de energia elétrica por condomínios voluntários regulados pelos arts. 1.314 a 1.326
do Código Civil, aplicando-se o art. 2º, inciso VI, c/c art. 6º, inciso II, da Resolução Normativa nº
482, de 17 de abril de 2012, da Agência Nacional de Energia Elétrica;

18.2 necessidade de eventual alteração RN ANEEL nº 482/2012


para previsão da possibilidade de geração compartilhada por outras formas de associações,
diversas de consórcios, cooperativas e condomínios, tendo em vista o rol taxativo previsto no ato
regulatório; e

18.3 incompetência desta Procuradoria para dirimir dúvidas


genéricas encaminhadas por agentes do setor elétrico, não relacionadas a casos concretos, e sem
prévia manifestação da área técnica com indicação de quais pontos precisam ser esclarecidos,
aplicando-se o disposto nos arts. 8º e 11 da Portaria PGF nº 526/2013.

À consideração superior.

Brasília, 26 de dezembro de 2016.

TATIANA MALTA VIEIRA


Procuradora Federal
Coordenadoria de Outorgas e Tarifas
Procuradoria Federal junto à ANEEL

[1] Art. 4º A manifestação jurídica será elaborada sob a forma de nota quando se
tratar de hipótese anteriormente examinada e nos casos de menor complexidade jurídica, admitindo
pronunciamento simplificado.
§ 1º A nota dispensa a descrição da consulta, o histórico dos fatos, o sumário das
questões a elucidar e a demonstração do raciocínio jurídico desenvolvido.
§ 2º Do embasamento jurídico da nota deverá constar simples referência aos
dispositivos da legislação aplicável, ao parecer respectivo, à obra doutrinária consultada e à fonte
jurisprudencial.

[2] Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos
fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
........................
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em
declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou
propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
........................

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09


https://sapiens.agu.gov.br/documento/18908221 7/8
48554.000560/2017-00-2
48516.000129/2017-00
(ANEXO: 002)
18/01/2017 https://sapiens.agu.gov.br/documento/18908221

Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em


http://sapiens.agu.gov.br mediante o fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP)
48554002616201651 e da chave de acesso 423ce193

Documento assinado eletronicamente por TATIANA MALTA VIEIRA, de acordo com os


normativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o
código 18908221 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais:
Signatário (a): TATIANA MALTA VIEIRA. Data e Hora: 26-12-2016 16:18. Número de Série:
3563095240384588049. Emissor: AC CAIXA PF v2.

Documento assinado eletronicamente por MARCELO ESCALANTE GONCALVES, de acordo


com os normativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível
com o código 18908221 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais:
Signatário (a): MARCELO ESCALANTE GONCALVES. Data e Hora: 18-01-2017 09:55.
Número de Série: 121920. Emissor: Autoridade Certificadora do SERPRO Final v4.

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09


https://sapiens.agu.gov.br/documento/18908221 8/8
48513.029642/2016-00

CLASSIFICAÇÃO: RESERVADO

Ilmo. Sr.
Carlos Alberto Calixto Mattar
Superintendente de Regulação dos Serviços de Distribuição – SRD
Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL
Brasília – DF

Nossa Referência: IR/CR-0307A/2016 Data: 25/10/2016


Sua Referência: Resolução Normativa nº 482/2012
Assunto: Sistema de Compensação de Energia Elétrica

Senhor Superintendente,

Visando buscar mais esclarecimentos acerca da aplicação da Resolução Normativa nº 482/2012,


essa distribuidora apresenta, abaixo, os seguintes questionamentos:

1. Constituição de consórcio e cooperativas para geração compartilhada:

A Resolução Normativa nº 482/2012 estabelece que a geração compartilhada é caracterizada


pela reunião de consumidores, dentro da mesma área de concessão ou permissão, por meio de
consórcio ou cooperativa, composta por pessoa física ou jurídica, que possua unidade
consumidora com microgeração ou minigeração distribuída em local diferente das unidades
consumidoras nas quais a energia excedente será compensada.

Além disso, em seu caderno de perguntas e respostas sobre a aplicação da Resolução


Normativa nº 482/2012, atualizado em 01/03/2016, nas respostas para as questões 12 e 26 é
disposto que, para a formação de cooperativa ou consórcio, deve ser seguida a legislação
específica aplicável a essas duas figuras jurídicas e que o local onde se encontra a
microgeração ou minigeração distribuída será considerado uma unidade consumidora, cujo
titular deverá ser o consórcio ou a cooperativa.

Considerando o exposto, a Cemig D entende que os consumidores que optarem por essa
modalidade deverão atender às disposições da Lei nº 6.404/1976 e da Lei nº 12.402/2011,
quando organizados sob a forma de consórcio, e do Código Civil e da Lei 5.764/1971, quando
organizados sob a forma de cooperativa.

Dessa feita, apenas sociedades anônimas unidas a quaisquer outras sociedades poderão
apresentar instrumento de consórcio (art. 278 da Lei nº 6.404/1976) e apenas pessoas naturais,
à exceção de pessoas jurídicas abrangidas pela autorização da Lei nº 5.764/2011, poderão
apresentar instrumento de cooperativa.

No entanto, as solicitações que essa distribuidora recebeu até o momento não atendem à
legislação citada anteriormente. Como exemplo, cita-se o “Compromisso de Solidariedade”
celebrado entre duas pessoas naturais (Sr. Luis Carlos Nepomuceno da Silva e Sra. Maria Olívia

A v. B a rba ce na , 120 0 - S a nto A go s tinho - C EP 3 019 0 - 13 1 Em sua resposta, favor citar nossa
Belo Horizonte - MG - Brasil - Tel.: (31) 3506-3045 Fax: (31) 3506-2250 referência

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09


DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE POR PEDRO HENRIQUE FANTINI VIEIRA
CÓDIGO DE VERIFICAÇÃO: 94749AF1003A5288 CONSULTE EM http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx
48513.029642/2016-00

CLASSIFICAÇÃO: RESERVADO

Nepomuceno da Silva), que alegam se reunirem em consórcio, em que apenas uma das
unidades consumidoras seja responsável pela Usina e a outra unidade consumidora seja a
destinatária de todo o excedente da energia gerada. Cita-se, também, o “Contrato de Concessão
– UTE Marcelo Pinto Amorim”, celebrado entre uma pessoa natural e uma sociedade
empresária, que alegam se reunirem em consórcio para compensação da energia elétrica
excedente proveniente da UTE Marcelo Pinto Amorim, localizada em unidade consumidora
cadastrada em nome da pessoa natural que é signatária desse instrumento jurídico.

A Cemig D entende que esses instrumentos apresentados não atendem aos requisitos da Lei nº
6.404/1976 e da Lei nº 12.402/2011 e às orientações constantes das questões nº 12 e 26 do
Caderno de Perguntas e Respostas Sobre a Aplicação da Resolução Normativa nº 482/2012,
especialmente, em função da participação de pessoas naturais na avença, da ausência de
registro na Junta Comercial (e consequente registro junto à Fazenda Federal, nos termos da Lei
nº 12.402/2011, regulamentada pela Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº
1.199/2011), e da ausência de titularidade do consórcio sobre a unidade consumidora onde se
encontra a microgeração ou minigeração distribuída.

Não obstante, esta Distribuidora questiona:

a) a opção pela geração compartilhada, prevista na Resolução Normativa nº 482/2012, é


restrita aos consórcios constituídos conforme os requisitos da Lei nº 6.404/1976 e da Lei
nº 12.402/2011 e às cooperativas organizadas nos termos do Código Civil e da Lei
5.764/1971? Cabe à distribuidora aferir a constituição de consórcio ou cooperativa pelos
consumidores, com observância das citadas legislações?

b) no caso dos consórcios mencionados acima, a distribuição do excedente de energia deve


seguir as regras de partilha de resultados, prevista no inciso V do art. 279 da Lei nº
6.404/1976 e regulamentada pelo art. 3º da Instrução Normativa da Receita Federal do
Brasil nº 1.199/2011, qual seja, apropriação proporcional à participação no
empreendimento? Caso negativo, qual o critério de distribuição do excedente de energia
entre consorciados deve ser considerado válido pela Distribuidora?

c) no caso das cooperativas mencionadas acima, caso a distribuição do excedente de


energia seja tratada como distribuição de resultados, dispõe o art. 1.094 do Código Civil
que esse resultado deverá ser apropriado de forma proporcional ao valor das operações
efetuadas pelo cooperado com a cooperativa. Considerando que na cooperativa de
geração distribuída não haverá prestação de serviços pelos cooperados, qual critério de
distribuição do excedente de energia entre cooperados deve ser considerado válido pela
Distribuidora? É possível que o Estatuto dessa cooperativa estabeleça que todo o
excedente de energia fique apenas com um ou alguns dos cooperados?

d) O Artigo 7º, inciso VIII da Resolução Normativa nº 482/2012 estabelece que o titular da
unidade deve definir o percentual da energia excedente que será destinado a cada
unidade consumidora participante do sistema de compensação de energia elétrica,
podendo solicitar a alteração junto à distribuidora, desde que efetuada por escrito, com
antecedência mínima de 60 (sessenta) dias de sua aplicação e, para o caso de
empreendimento com múltiplas unidades consumidoras ou geração compartilhada,
A v. B a rba ce na , 120 0 - S a nto A go s tinho - C EP 3 019 0 - 13 1 Em sua resposta, favor citar nossa
Belo Horizonte - MG - Brasil - Tel.: (31) 3506-3045 Fax: (31) 3506-2250 referência

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09


DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE POR PEDRO HENRIQUE FANTINI VIEIRA
CÓDIGO DE VERIFICAÇÃO: 94749AF1003A5288 CONSULTE EM http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx
48513.029642/2016-00

CLASSIFICAÇÃO: RESERVADO

acompanhada da cópia de instrumento jurídico que comprove o compromisso de


solidariedade entre os integrantes. No momento de solicitação de mudança dos
percentuais de energia excedente alocado em cada unidade consumidora, a Distribuidora
poderá atender a solicitação de mudança de percentual de um integrante do consórcio de
forma individual ou a mudança poderá ser aceita apenas mediante novo compromisso de
solidariedade validado entre todos os participantes com a formalização dos novos
percentuais, mesmo que a mudança aconteça apenas na alocação dos créditos de um
dos consorciados?

e) Conforme documentos disponíveis ao público por meio do endereço eletrônico


http://www.aneel.gov.br/geracao-distribuida, muitos agentes solicitaram incluir a
possibilidade de reunião de diversos interessados em um consórcio ou uma cooperativa
para construção de um empreendimento de geração renovável e utilização da energia
gerada para redução das faturas dos consorciados ou cooperados. Nos casos anexos
encaminhados a esta Distribuidora, já existe em operação uma usina de geração
distribuída registrada na modalidade de autoconsumo remoto e foi realizado um contrato
de solidariedade entre o titular da unidade consumidora geradora e terceiro ainda não
participante do sistema de compensação para fins de enquadramento na modalidade de
geração compartilhada. Há alguma limitação quanto a esta prática, ou seja, a mudança
de característica de uma unidade já existente de autoconsumo remoto para geração
compartilhada ou vice-versa?

f) Caso a resposta à pergunta acima seja pela possibilidade da reclassificação, nos casos
de eventual saldo de crédito na unidade geradora ainda quando classificado na
modalidade de autoconsumo remoto, estes créditos poderão ser transferidos da unidade
geradora para o novo participante do consórcio/cooperativa quando da mudança da
modalidade para geração compartilhada, ou apenas deverão ser transferidos os saldos
excedentes computados a partir da nova classificação como geração compartilhada?
Caso a unidade geradora sempre registre excedente de energia, o saldo existente ainda
quando da modalidade de autoconsumo remoto deverá permanecer na unidade
geradora, não sendo possível a transferência do saldo ao novo consorciado? Caso um
cliente que possui saldo na unidade geradora indique uma unidade para compensação
de seu mesmo CPF/CNPJ, esse saldo existente na unidade geradora poderia ser
transferido ou apenas o saldo excedente a partir do mês de inclusão da nova unidade no
sistema de compensação poderia ser transferido para a nova unidade consumidora?

g) a geração compartilhada, prevista na Resolução Normativa nº 482/2012, abrange a


associação somente entre pessoas naturais ou a associação somente entre pessoas
jurídicas não empresariais? Ademais, a Resolução compreende a associação conjunta
entre pessoas naturais e pessoas jurídicas (sejam pessoas jurídicas empresariais ou
não)? Se sim, por qual (is) instrumento(s) jurídico(s), haja vista que esses grupos não
estão contemplados nos consórcios regidos pelas Leis nº 6.404/1976 e nº 12.402/2011 e
nas cooperativas organizadas nos termos do Código Civil e da Lei 5.764/1971? E quais
os requisitos desse(s) instrumento(s) jurídico(s)?

h) a ANEEL entende que os documentos enviados pelos consumidores, anexados a esta


Correspondência, são suficientes para permitir o acesso à geração compartilhada?
A v. B a rba ce na , 120 0 - S a nto A go s tinho - C EP 3 019 0 - 13 1 Em sua resposta, favor citar nossa
Belo Horizonte - MG - Brasil - Tel.: (31) 3506-3045 Fax: (31) 3506-2250 referência

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09


DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE POR PEDRO HENRIQUE FANTINI VIEIRA
CÓDIGO DE VERIFICAÇÃO: 94749AF1003A5288 CONSULTE EM http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx
48513.029642/2016-00

CLASSIFICAÇÃO: RESERVADO

2. Propriedade da unidade geradora:

No caso de geração compartilhada, o local onde se encontra a microgeração ou minigeração


deverá ser de titularidade do consórcio ou da cooperativa? Nesses casos, a distribuidora deve
solicitar algum documento dos consumidores para aferir a situação de titularidade?

3. Aluguel de equipamentos de geração de energia elétrica:

Segundo o artigo 6º-A da Resolução Normativa nº 482/2012, a distribuidora não pode incluir os
consumidores no sistema de compensação de energia elétrica nos casos em que for detectado,
no documento que comprova a posse ou propriedade do imóvel onde se encontra instalada a
microgeração ou minigeração distribuída, que o consumidor tenha alugado ou arrendado
terrenos, lotes e propriedades em condições nas quais o valor do aluguel ou do arrendamento se
dê em reais por unidade de energia elétrica.

A Resolução, no entanto, não dispõe sobre o aluguel de equipamentos para as diversas


espécies de geração distribuída de energia elétrica (autoconsumo remoto, empreendimento com
múltiplas unidades consumidoras, geração compartilhada, dentre outras) e, devido a isso, essa
distribuidora fez uma consulta, via telefone, à ANEEL e obteve a resposta de que é permitido o
aluguel dos equipamentos, desde que o preço não seja atrelado exclusivamente à R$/kWh. Por
exemplo, a empresa que aluga os equipamentos cobra R$ xx por mês pelos equipamentos.
Caso haja um desempenho do sistema acima de um valor estabelecido, o cliente deve pagar à
empresa R$ xx R$/kWh.

Tendo isso em mente, a Cemig D questiona sobre como comprovar que o preço cobrado pelo
aluguel do equipamento obedece à condição citada acima, uma vez que, da forma atual, não é
possível saber se o consumidor aluga seus equipamentos de geração, a menos que o mesmo
informe isso.

Adicionalmente, como solução e forma de evitar irregularidades, essa distribuidora sugere que,
no ato da solicitação de acesso, o consumidor deve informar se os equipamentos de geração
são de sua propriedade e, no caso de aluguel, encaminhar cópia do contrato de aluguel. Isso é
recomendável pela Agência Reguladora?

4. Solidariedade da geração compartilhada e empreendimentos com múltiplas unidades


consumidoras:

A Resolução Normativa nº 482/2012 estabelece que, para os casos de empreendimento com


múltiplas unidades consumidoras e geração compartilhada, a solicitação de acesso deve ser
acompanhada da cópia de instrumento jurídico que comprove o compromisso de solidariedade
entre seus integrantes.

No caso dos consórcios regidos pelas Leis nº 6.404/1976 e nº 12.402/2011, consta do art. 278,
§1º, do primeiro diploma legal referido, que “o consórcio não tem personalidade jurídica e as
consorciadas somente se obrigam nas condições previstas no respectivo contrato, respondendo
A v. B a rba ce na , 120 0 - S a nto A go s tinho - C EP 3 019 0 - 13 1 Em sua resposta, favor citar nossa
Belo Horizonte - MG - Brasil - Tel.: (31) 3506-3045 Fax: (31) 3506-2250 referência

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09


DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE POR PEDRO HENRIQUE FANTINI VIEIRA
CÓDIGO DE VERIFICAÇÃO: 94749AF1003A5288 CONSULTE EM http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx
48513.029642/2016-00

CLASSIFICAÇÃO: RESERVADO

cada uma por suas obrigações, sem presunção de solidariedade”. Em relação às cooperativas, o
art. 1.095 do Código Civil dispõe que “a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou
ilimitada”.

Em função disso, essa Distribuidora questiona sobre o alcance do compromisso de solidariedade


entre os integrantes de consórcios (regidos pelas Leis nº 6.404/1976 e Lei nº 12.402/2011) e de
cooperativas (regidas pelo Código Civil e pela Lei 5.764/1971):

a) é possível à Distribuidora exigir solidariedade entre os consorciados e entre os


cooperados para a hipótese de inadimplência da fatura de energia por um ou alguns
deles? Por exemplo, no caso de inadimplência de um dos integrantes do consórcio ou da
cooperativa, a cobrança do valor total do débito poderá ser feita de todos os integrantes
ou de qualquer um deles? Da mesma forma, observado o disposto na Resolução
Normativa ANEEL n° 414/2010, o fornecimento de energia de todos os integrantes do
consórcio ou da cooperativa poderá ser suspenso por inadimplemento de um ou de
alguns deles?

b) especificamente no caso da cooperativa, que possui personalidade jurídica, é possível à


Distribuidora exigir solidariedade entre seus cooperados e a cooperativa para a hipótese
de inadimplência da fatura de energia por um ou alguns deles? Nesse caso, o
fornecimento de energia de todos os cooperados e da cooperativa pode ser suspenso por
inadimplemento de um ou de alguns deles?

c) ainda, caso a ANEEL entenda que a geração compartilhada, prevista na Resolução


Normativa nº 482/2012, não é restrita aos consórcios, constituídos conforme os requisitos
da Lei nº 6.404/1976 e da Lei nº 12.402/2011, e às cooperativas, organizadas nos termos
do Código Civil e da Lei 5.764/1971, qual o alcance do compromisso de solidariedade no
instrumento(s) jurídico(s) que venha a ser proposto por essa Agência Reguladora?

d) a previsão da solidariedade, para fins do disposto na Resolução Normativa n° 482/2012,


pode ser formalizada por uma cláusula do instrumento de constituição do consórcio ou da
cooperativa ou há necessidade de que seja um instrumento jurídico apartado? Além do
mais, caso a distribuidora disponibilize aos consumidores um modelo opcional de termo
de solidariedade, há cláusulas que devem ser essenciais nesse instrumento?

Por fim, informamos que, para os casos analisados até o momento, estamos apresentando a
seguinte resposta:

“A princípio, os documentos enviados a esta distribuidora, necessários para análise da


solicitação de acesso à geração distribuída, não estão de acordo com o entendimento regulatório
hoje vigente em relação à regulamentação do setor elétrico (em especial a Resolução Normativa
ANEEL n° 482/2012 e o Procedimento de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico
Nacional – PRODIST), nem com a legislação pertinente aplicável a consórcios e cooperativas.
No entanto, questionamentos em relação ao procedimento de acesso da geração compartilhada
serão submetidos à Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, inclusive com o envio dos
documentos apresentados para análise e manifestação do Regulador. Desse modo, quando

A v. B a rba ce na , 120 0 - S a nto A go s tinho - C EP 3 019 0 - 13 1 Em sua resposta, favor citar nossa
Belo Horizonte - MG - Brasil - Tel.: (31) 3506-3045 Fax: (31) 3506-2250 referência

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09


DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE POR PEDRO HENRIQUE FANTINI VIEIRA
CÓDIGO DE VERIFICAÇÃO: 94749AF1003A5288 CONSULTE EM http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx
48513.029642/2016-00

CLASSIFICAÇÃO: RESERVADO

houver o posicionamento do órgão regulador sobre o caso, os devidos esclarecimentos serão


disponibilizados aos consumidores”.

Aguardamos orientação e nos colocamos à disposição para quaisquer esclarecimentos que se


fizerem necessários por meio do seguinte contato:

 Raphael Fidelis Bernardes


 Telefone: (31) 3506-3718
 E-mail: cemigd.aneel@cemig.com.br / raphael.bernardes@cemig.com.br

Anexos:

 Compromisso de Solidariedade entre os consumidores Luis Carlos Nepomuceno da Silva


e Maria Olívia Nepomuceno da Silva (ANEXO1);
 Contrato de Concessão – UTE Marcelo Pinto Amorim (ANEXO2);
 Contrato Social – Saborosa Alimentos (ANEXO3)

Atenciosamente,

Pp/Cemig Distribuição S.A.


Pedro Henrique Fantini Vieira
Gerente
CEMIG

A v. B a rba ce na , 120 0 - S a nto A go s tinho - C EP 3 019 0 - 13 1 Em sua resposta, favor citar nossa
Belo Horizonte - MG - Brasil - Tel.: (31) 3506-3045 Fax: (31) 3506-2250 referência

Conteúdo licenciado para Thatiane Marleska Silva Gomes - 044.490.761-09


DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE POR PEDRO HENRIQUE FANTINI VIEIRA
CÓDIGO DE VERIFICAÇÃO: 94749AF1003A5288 CONSULTE EM http://sicnet2.aneel.gov.br/sicnetweb/v.aspx

Você também pode gostar