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000560/2017-00
Ofício n° 0091/2017-SRD/ANEEL
Ao Senhor
Pedro Henrique Fantini Vieira
Gerente
Cemig Distribuição S.A.
Belo Horizonte – MG
Senhor Gerente,
5. Para os itens b), c) e d), esclarecemos que o inciso VIII do art. 7º da REN nº 482/2012
determina que o percentual de energia excedente que será destinado a cada unidade participante do sistema
de compensação deve ser definida pelo titular da unidade consumidora onde se encontra instalada a
microgeração ou minigeração distribuída, o qual é livre para adotar qualquer critério de divisão da energia
excedente.
7. Para os itens e), f), g) e h), esclarecemos que conforme consta da Nota nº
00025/2016/PFANEEL/PGF/AGU, somente podem ser caracterizada com geração compartilhada a reunião
de consumidores em cooperativa ou consórcio, nos termos da legislação específica citada no Parecer nº
00433/2016/PFANEEL/PGF/AGU, não podendo ser aceitos outros arranjos jurídicos nessa modalidade.
9. Com relação ao item 2, que trata da propriedade da unidade geradora, esclarecemos que o
local onde se encontra a microgeração ou minigeração deve ser de titularidade do consórcio ou da
cooperativa no caso de geração compartilhada.
10. O item 3 aborda o aluguel de equipamentos de geração de energia e cita o art 6-A da REN
nº 482/2012, o qual veda explicitamente o aluguel ou arrendamento de terrenos, lotes e propriedades em
condições nas quais o valor cobrado seja em reais por unidade de energia elétrica. No entanto, não há
menção à locação de equipamentos, que é a dúvida da Cemig.
11. Dessa forma, devem-se buscar outros documentos que tratem sobre o tema, tais como o
Voto do Diretor-Relator da revisão da REN nº 482/2012, para preencher a referida lacuna. Assim,
transcrevem-se a seguir os itens 17 e 18 do referido Voto.
18. Por outro lado, como visto acima, não há a mesma restrição normativa para que os
consumidores cativos exerçam a atividade de autoprodução de energia elétrica (ou de
autoconsumo, conforme a nomenclatura da Resolução Normativa nº 482, de 2012, que
busca enfatizar a característica de consumidor de quem optou por instalar a micro e
minigeração distribuída), podendo os mesmos exercerem a posse do terreno e dos
equipamentos de geração por meio de contratos de aluguel e de arrendamento cuja
contrapartida não seja, fundamentalmente, o pagamento pela energia produzida. Em outras
palavras, os contratos de equipamentos podem possuir cláusulas definindo o pagamento
de parcelas variáveis associadas ao rendimento e à performance técnica dos equipamentos,
mas o valor da parcela principal deve ser fixo de modo a não caracterizar a comercialização
de energia elétrica.” (grifo nosso)
12. Conforme consta do referido Voto, a Procuradoria Federal junto à ANEEL concluiu, de forma
mais abrangente, que não é possível o pagamento do aluguel ou arrendamento de terrenos e equipamentos
em valor expresso em reais por unidade de energia. Contudo, o Diretor-Relator entende que no caso de
equipamentos, pode haver o pagamento de parte do aluguel ou arrendamento associado ao desempenho
previamente acordado entre as partes.
13. Portanto, a Cemig não pode exigir que o consumidor apresente qualquer documento
diferente do que está estabelecido na Seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST, tais como comprovantes de
compra de módulos e inversores ou cópia de contratos com as empresas integradoras, pois o art. 6 – A da
REN nº 482/2012 não concedeu tal faculdade à distribuidora.
14. Contudo, nos casos em que forem identificados contratos de aluguel ou arrendamento do
imóvel, terreno ou lote com cláusulas que associem o valor do pagamento à produção de energia elétrica,
assim como de empresas que publicamente anunciem o aluguel de equipamentos nessas mesmas
condições, a Cemig deve denunciar essas empresas para que a ANEEL possa abrir processos de
fiscalização.
15. Com relação ao item 4, que aborda a solidariedade dos consumidores reunidos em
consórcio ou cooperativa com geração compartilhada e empreendimentos com múltiplas unidades
consumidoras, para responder aos itens a), b), c) e d), transcrevemos a seguir partes do Parecer nº
00433/2016/PFANEEL/PGF/AGU com os esclarecimentos da Procuradoria Federal junto à ANEEL.
“33. A SRD informou, por meio do Memorando n. 315/2016SRD/ ANEEL, que a finalidade
do instrumento jurídico destinado a comprovar a solidariedade entre os integrantes dos
empreendimentos com múltiplas unidades consumidoras e de geração compartilhada é
comprovar que todas as unidades consumidoras que receberão os créditos de energia
elétrica gerada pela microgeração ou minigeração distribuída são participantes da
cooperativa, consórcio ou condomínio titular da unidade onde a geração se localiza.
...............................................................................................................................................”
“35. A questão que deve ser elucidada diz respeito à finalidade da citada solidariedade. De
acordo com a informação prestada pela área técnica, a expressão tal como se encontra no
§ 6º, do art. 4º da REN ANEEL, não se refere ao conceito jurídico de solidariedade, mas tão
somente à necessidade de comprovação da participação de cada integrante no consórcio,
cooperativa ou condomínio, bastando a apresentação do ato constitutivo destes para que
seja possível apreciar a participação de cada um. A relevância da comprovação da
participação de cada integrante é fundamental para que a distribuidora saiba em que
quantidade e a quem deve repassar a energia objeto de empréstimo gratuito[9].
36. Por outro lado, ainda que se trate da necessidade de aferir a responsabilidade de cada
um dos partícipes do consórcio, cooperativa ou condomínio, quanto às obrigações por estes
assumidas, também deve ser consultado o ato constitutivo dos mesmos ou a lei respectiva
para verificar se cada consorciado, cooperado ou condomínio responde pela totalidade das
obrigações ou não. (grifos nossos)
.....................................................................................................................................”
16. Dessa forma, a REN nº 482/2012 não define os limites de responsabilidade de cada
consorciado ou cooperado perante o consórcio ou a cooperativa. Em particular, a Norma não permite que a
distribuidora efetue a cobrança de eventuais débitos pendentes/inadimplidos por uma unidade consumidora
integrante de consórcio, cooperativa ou condomínio ou efetue a suspensão do fornecimento de energia dos
demais integrantes.
Atenciosamente,
MALC
ADVOCACIAGERAL DA UNIÃO
PROCURADORIAGERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA
COORDENADORIA DE OUTORGAS E TARIFAS
PARECER n. 00433/2016/PFANEEL/PGF/AGU
NUP: 48554.001986/201671
INTERESSADOS: Superintendência de Regulação dos Serviços de Distribuição SRD
ASSUNTOS: Esclarecimentos sobre a formação de consórcio e cooperativa no âmbito da REN nº 482/2012.
I – DOS FATOS
II – DA ANÁLISE
6. Nos termos da norma referida é permitido o uso de qualquer fonte renovável, além da cogeração
qualificada, denominandose microgeração distribuída a central geradora com potência instalada até 75
quilowatts (KW) e minigeração distribuída aquela com potência acima de 75 kW e menor ou igual a 5 MW
(sendo 3 MW para a fonte hídrica), conectadas na rede de distribuição por meio de instalações de unidades
consumidoras.
7. Quando a quantidade de energia gerada em determinado mês for superior à energia consumida
naquele período, o consumidor fica com créditos que podem ser utilizados para diminuir a fatura dos meses
seguintes. De acordo com as novas regras, o prazo de validade dos créditos passou de 36 para 60 meses, sendo
que eles podem também ser usados para abater o consumo de unidades consumidoras do mesmo titular situadas
em outro local, desde que na área de atendimento de uma mesma distribuidora. Esse tipo de utilização dos
créditos foi denominado “autoconsumo remoto”.
11. O consórcio, de acordo com a definição de Fábio Andrade, é a reunião de diferentes empresas
que buscam conjugar esforços para o objetivo comum na execução de certo projeto, empreendimento ou
prestação de serviço[2].
13. Consórcio, portanto, apenas traduz o compromisso de duas ou mais sociedades de conjugar
esforços e recursos patrimoniais para a consecução de um objeto certo e definido. Não importa, com efeito, o
surgimento de uma nova pessoa jurídica, tampouco derroga a autonomia distinta de cada uma das pessoas
jurídicas consorciadas.
14. Com efeito, uma vez que o consórcio de empresas não possui personalidade jurídica própria, não
pode ele ser sujeito de direitos e obrigações, de modo que todas as pessoas jurídicas que o compõem figuram
como parte no ato do Poder Público que as possibilita, por exemplo, explorar um empreendimento de geração e
energia elétrica (ato de competência da União, nos termos do art. 21, XII, “b”, da Constituição). É dizer: como o
consórcio não tem personalidade própria, quem por ele responde são os consorciados, estes sim, sujeitos de
direitos e obrigação.
15. A Lei n. 6.404/76, que trata das Sociedades por Ações, disciplina os aspectos societários dos
consórcios no arts. 278 e 279:
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48554.000560/2017-00-1 (ANEXO: 001)
Art. 278. As companhias e quaisquer outras sociedades, sob o mesmo controle ou não,
podem constituir consórcio para executar determinado empreendimento, observado o
disposto neste Capítulo.
Art. 279. O consórcio será constituído mediante contrato aprovado pelo órgão da
sociedade competente para autorizar a alienação de bens do ativo não circulante, do qual
constarão: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)
16. De outra banda, as obrigações e responsabilidades de cada integrante do consórcio podem ser
contratualmente disciplinadas por seus integrantes. Todavia, no caso de consórcios que atuem na área
consumerista e de contratações com o poder público, alguns diplomas optaram por impor a responsabilidade
solidária dos membros do consórcio, derrogando assim, em parte, a possibilidade de seus integrantes disporem
sobre a responsabilidade dos atos do consórcio. Nesse sentido, dispõem as leis 8.078/1990 e 8.666/93:
§ 1° (Vetado).
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são
subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código.
§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações
decorrentes deste código.
(...)
18. A Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº 1.634/2016, em seu art. 4º, estabeleceu
que os consórcios também estão obrigados a se inscrever no CNPJ:
19. Portanto, para os fins de geração compartilhada prevista na Resolução Normativa ANEEL n.
482/2012, a constituição de consórcio deve seguir o disposto na Lei n. 6.404/76 e também observar o disposto na
Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº 1.634/2016, para fins de inscrição no CNPJ.
20. Rizzardo conceitua as cooperativas como “sociedades de pessoas, de natureza civil, tendo
personalidade jurídica própria, organizadas não para a obtenção de lucro, mas para a prestação de serviços aos
seus associados[4]”.
21. O Código Civil de 2002 é a lei geral que rege as cooperativas, sendo a Lei 5.764/71, a lei
específica sobre o tema[5].
23. Nos dizeres de Gina Copola[6], “as cooperativas podem ser singelamente conceituadas como
sociedades de pessoas, que visam a objetivo comum, sem fins lucrativos, e realizam atividades econômicas, que,
porém, não se referem a operações de comércio, porque não objetivam lucro, mas, sim, a consecução de
interesses comuns de seus sócios.“
24. O art. 1.094 do Código Civil de 2002 traz as características das cooperativas:
26. O art. 982 do Código Civil estabelece que a cooperativa é espécie de sociedade simples, isto é,
não empresária.
27. De acordo com as lições de Arnaldo Rizzardo[7], tendo em vista que as cooperativas são
enquadradas como sociedades simples, o seu registro deve ser feito perante o Cartório de Registro Civil das
Pessoas Jurídicas, o que não afasta o registro na Junta Comercial, especialmente no que diz respeito às
cooperativas que exercem atividade empresarial, nos termos do § 6º, do art. 18 da Lei n. 5.764/71.
28. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região entende pela necessidade de registro das cooperativas
na Junta Comercial, de acordo com o estabelece a Lei 5.764/71:
30. Wilson Alves Polonio[8] elucida as etapas para a constituição das cooperativas:
31. Logo, para a constituição de uma cooperativa devem ser observadas as regras gerais previstas no
Código Civil, assim como o disposto na Lei n. 5.764/61.
II. 3 Do instrumento jurídico apto a comprovar a solidariedade para fins do disposto no art. 4º, § 6º da
Resolução Normativa ANEEL n. 482/2012
32. O questionamento apresentado pela empresa Lana Engenharia diz respeito à natureza do
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48554.000560/2017-00-1 (ANEXO: 001)
instrumento jurídico exigido para comprovar o compromisso de solidariedade entre os integrantes de consórcio,
cooperativa ou empreendimentos com múltiplas unidades consumidoras (condomínios), nos termos do § 6º do art.
4º, da Resolução Normativa ANEEL n. 482/2012.
34. Vale esclarecer que a solidariedade pode ser entendida, de acordo com o viés jurídico, como um
vínculo que une devedores e/ou credores diversos de uma mesma obrigação, impondo que cada um seja chamado
a responder pela integralidade do crédito. Nesse turno, transcrevese excerto do art. 264, do Código Civil:
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores ou co
devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro.
35. A questão que deve ser elucidada diz respeito à finalidade da citada solidariedade. De acordo
com a informação prestada pela área técnica, a expressão tal como se encontra no § 6º, do art. 4º da REN
ANEEL, não se refere ao conceito jurídico de solidariedade, mas tão somente à necessidade de comprovação da
participação de cada integrante no consórcio, cooperativa ou condomínio, bastando a apresentação do ato
constitutivo destes para que seja possível apreciar a participação de cada um. A relevância da comprovação da
participação de cada integrante é fundamental para que a distribuidora saiba em que quantidade e a quem deve
repassar a energia objeto de empréstimo gratuito[9].
36. Por outro lado, ainda que se trate da necessidade de aferir a responsabilidade de cada um dos
partícipes do consórcio, cooperativa ou condomínio, quanto às obrigações por estes assumidas, também deve ser
consultado o ato constitutivo dos mesmos ou a lei respectiva para verificar se cada consorciado, cooperado ou
condomínio responde pela totalidade das obrigações ou não.
II. 3 Do tipo de cooperativa ou consórcio exigidos pela Resolução Normativa ANEEL n. 482/2012
37. O art. 2º, VII, da REN ANEEL n. 482/2012 dispõe acerca da necessidade de constituição de
cooperativa ou consórcio para fins de geração compartilhada:
[...]
VII – geração compartilhada: caracterizada pela reunião de consumidores, dentro da
mesma área de concessão ou permissão, por meio de consórcio ou cooperativa, composta
por pessoa física ou jurídica, que possua unidade consumidora com microgeração ou
minigeração distribuída em local diferente das unidades consumidoras nas quais a
energia excedente será compensada; (Incluído pela REN ANEEL 687, de 24.11.2015.)
38. Como se pode perceber, a mencionada resolução não especifica o tipo de consórcio ou
cooperativa a ser constituído pela reunião de consumidores, dentro da mesma área de concessão ou permissão,
que possua unidade consumidora com microgeração ou minigeração distribuída em local diferente das unidades
consumidoras nas quais a energia excedente será compensada.
39. A formação de um consórcio ou cooperativa tem por fim permitir a divisão entre os consorciados
e cooperados dos créditos de energia gerados. Assim sendo, não há uma forma precisa, predifinida de qual tipo
de cooperativa ou consórcio que devem ser adotados pelos interessados em adotar a geração compartilhar.
40. O que deve ser ressaltado é que a forma elegida pelo consórcio ou cooperativa possibilite a
utilização dos créditos de energia gerados entre os integrantes do consórcio ou da cooperativa conforme indicado
à distribuidora.
III – DA CONCLUSÃO
42. É o parecer.
Procuradora Federal
[1] 48554.001986/201600.
[2] ANDRADE, Fábio Martins de. O novo regime tributário do consórcio de empresas. Revista
Fórum de Direito Tributário – RFDT, Belo Horizonte, ano 10, n. 58, jul./ago. 2011. Disponível em:
<http://www.bidforum.com.br/bid/PDI0006.aspx?pdiCntd=80882>. Acesso em: 16 ago. 2016.
[3] Marlon Tomazette. Curso de Direito Empresarial. Teoria Geral do Direito Societário –
Volume I, Editora Atlas, São Paulo, 2008, p. 596.
[4] Rizzardo, Arnaldo. Direito de Empresa. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. p. 777.
[5] O artigo 1.093 do Código Civil dispõe que "a sociedade cooperativa regerseá pelo disposto
no presente Capítulo, ressalvada a legislação especial", sendo complementado pelo artigo 1.096: "no que a lei
for omissa, aplicamse as disposições referentes à sociedade simples, resguardadas as características
estabelecidas no art. 1.094". Vêse, portanto, que o Código Civil assume o papel de lei geral, enquanto que a lei
especial principal em vigor, a que ele se refere, é a Lei nº 5.764/71, que "define a Política Nacional de
Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras providências".
[6] COPOLA, Gina. A participação das cooperativas em licitações: o direito de preferência
previsto pela Lei Federal nº 11.488, de 15 de junho de 2007. Fórum de Contratação e Gestão Pública – FCGP, B
e l o H o r i z o n t e , a n o 6 , n . 6 8 , a g o . 2 0 0 7 . D i s p o n í v e l e m :
<http://www.bidforum.com.br/bid/PDI0006.aspx?pdiCntd=46765>. Acesso em: 16 ago. 2016.
[7] Rizzardo, Arnaldo. Direito de Empresa. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. p. 777.
[8] Polonio, Wilson in Rizzardo, Arnaldo. Direito de Empresa. 4ª ed. Rio de Janeiro: Forense,
2012. p. 797.
[9] Esta Procuradoria já se pronunciou anteriormente, no Parecer n. 108/2012
PGE/ANEEL/PGF/AGU, sobre a natureza jurídica da relação entre o consumidor com geração distribuída e a
concessionária de distribuição que se caracteriza como um contrato de mútuo, que é um empréstimo gratuito de
coisa fungível, ou seja, que pode ser substituída por outra de mesma espécie, qualidade e quantidade, na forma
do art. 586 do Código Civil: “Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a
restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.”
Documento assinado eletronicamente por MICHELE FRANCO ROSA, de acordo com os normativos legais
aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código 10477415 no endereço
eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a): MICHELE FRANCO ROSA. Data e
Hora: 30082016 14:37. Número de Série: 66711628011306454129202660409680933430. Emissor: Autoridade
Certificadora do SERPRO Final v3.
ADVOCACIAGERAL DA UNIÃO
PROCURADORIAGERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA
GABINETE PROCURADORGERAL
SGAN, QUADRA 603 / MÓDULOS "I" E "J" CEP 70830110, BRASÍLIA/DF BRASIL TELEFONE (61)
21928614 FAX: (61) 21928149 EMAIL: PROCURADORIAFEDERAL@ANEEL.GOV.BR
DESPACHO n. 00438/2016/PFANEEL/PGF/AGU
NUP: 48554.001986/201671
INTERESSADOS: SUPERINTENDÊNCIA DE REGULAÇÃO DOS SERVIÇOS DE DISTRIBUIÇÃO
SRD
ASSUNTOS: Esclarecimentos sobre a formação de consórcio e cooperativa no âmbito da REN nº 482/2012.
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
PROCURADORIA FEDERAL JUNTO À AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA
COORDENADORIA DE OUTORGAS E TARIFAS
(Grifos nossos)
(Grifos nossos)
4. É o breve relato.
(Grifos nossos)
À consideração superior.
[1] Art. 4º A manifestação jurídica será elaborada sob a forma de nota quando se
tratar de hipótese anteriormente examinada e nos casos de menor complexidade jurídica, admitindo
pronunciamento simplificado.
§ 1º A nota dispensa a descrição da consulta, o histórico dos fatos, o sumário das
questões a elucidar e a demonstração do raciocínio jurídico desenvolvido.
§ 2º Do embasamento jurídico da nota deverá constar simples referência aos
dispositivos da legislação aplicável, ao parecer respectivo, à obra doutrinária consultada e à fonte
jurisprudencial.
[2] Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos
fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
........................
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em
declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou
propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
........................
CLASSIFICAÇÃO: RESERVADO
Ilmo. Sr.
Carlos Alberto Calixto Mattar
Superintendente de Regulação dos Serviços de Distribuição – SRD
Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL
Brasília – DF
Senhor Superintendente,
Considerando o exposto, a Cemig D entende que os consumidores que optarem por essa
modalidade deverão atender às disposições da Lei nº 6.404/1976 e da Lei nº 12.402/2011,
quando organizados sob a forma de consórcio, e do Código Civil e da Lei 5.764/1971, quando
organizados sob a forma de cooperativa.
Dessa feita, apenas sociedades anônimas unidas a quaisquer outras sociedades poderão
apresentar instrumento de consórcio (art. 278 da Lei nº 6.404/1976) e apenas pessoas naturais,
à exceção de pessoas jurídicas abrangidas pela autorização da Lei nº 5.764/2011, poderão
apresentar instrumento de cooperativa.
No entanto, as solicitações que essa distribuidora recebeu até o momento não atendem à
legislação citada anteriormente. Como exemplo, cita-se o “Compromisso de Solidariedade”
celebrado entre duas pessoas naturais (Sr. Luis Carlos Nepomuceno da Silva e Sra. Maria Olívia
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CLASSIFICAÇÃO: RESERVADO
Nepomuceno da Silva), que alegam se reunirem em consórcio, em que apenas uma das
unidades consumidoras seja responsável pela Usina e a outra unidade consumidora seja a
destinatária de todo o excedente da energia gerada. Cita-se, também, o “Contrato de Concessão
– UTE Marcelo Pinto Amorim”, celebrado entre uma pessoa natural e uma sociedade
empresária, que alegam se reunirem em consórcio para compensação da energia elétrica
excedente proveniente da UTE Marcelo Pinto Amorim, localizada em unidade consumidora
cadastrada em nome da pessoa natural que é signatária desse instrumento jurídico.
A Cemig D entende que esses instrumentos apresentados não atendem aos requisitos da Lei nº
6.404/1976 e da Lei nº 12.402/2011 e às orientações constantes das questões nº 12 e 26 do
Caderno de Perguntas e Respostas Sobre a Aplicação da Resolução Normativa nº 482/2012,
especialmente, em função da participação de pessoas naturais na avença, da ausência de
registro na Junta Comercial (e consequente registro junto à Fazenda Federal, nos termos da Lei
nº 12.402/2011, regulamentada pela Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº
1.199/2011), e da ausência de titularidade do consórcio sobre a unidade consumidora onde se
encontra a microgeração ou minigeração distribuída.
d) O Artigo 7º, inciso VIII da Resolução Normativa nº 482/2012 estabelece que o titular da
unidade deve definir o percentual da energia excedente que será destinado a cada
unidade consumidora participante do sistema de compensação de energia elétrica,
podendo solicitar a alteração junto à distribuidora, desde que efetuada por escrito, com
antecedência mínima de 60 (sessenta) dias de sua aplicação e, para o caso de
empreendimento com múltiplas unidades consumidoras ou geração compartilhada,
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CLASSIFICAÇÃO: RESERVADO
f) Caso a resposta à pergunta acima seja pela possibilidade da reclassificação, nos casos
de eventual saldo de crédito na unidade geradora ainda quando classificado na
modalidade de autoconsumo remoto, estes créditos poderão ser transferidos da unidade
geradora para o novo participante do consórcio/cooperativa quando da mudança da
modalidade para geração compartilhada, ou apenas deverão ser transferidos os saldos
excedentes computados a partir da nova classificação como geração compartilhada?
Caso a unidade geradora sempre registre excedente de energia, o saldo existente ainda
quando da modalidade de autoconsumo remoto deverá permanecer na unidade
geradora, não sendo possível a transferência do saldo ao novo consorciado? Caso um
cliente que possui saldo na unidade geradora indique uma unidade para compensação
de seu mesmo CPF/CNPJ, esse saldo existente na unidade geradora poderia ser
transferido ou apenas o saldo excedente a partir do mês de inclusão da nova unidade no
sistema de compensação poderia ser transferido para a nova unidade consumidora?
CLASSIFICAÇÃO: RESERVADO
Segundo o artigo 6º-A da Resolução Normativa nº 482/2012, a distribuidora não pode incluir os
consumidores no sistema de compensação de energia elétrica nos casos em que for detectado,
no documento que comprova a posse ou propriedade do imóvel onde se encontra instalada a
microgeração ou minigeração distribuída, que o consumidor tenha alugado ou arrendado
terrenos, lotes e propriedades em condições nas quais o valor do aluguel ou do arrendamento se
dê em reais por unidade de energia elétrica.
Tendo isso em mente, a Cemig D questiona sobre como comprovar que o preço cobrado pelo
aluguel do equipamento obedece à condição citada acima, uma vez que, da forma atual, não é
possível saber se o consumidor aluga seus equipamentos de geração, a menos que o mesmo
informe isso.
Adicionalmente, como solução e forma de evitar irregularidades, essa distribuidora sugere que,
no ato da solicitação de acesso, o consumidor deve informar se os equipamentos de geração
são de sua propriedade e, no caso de aluguel, encaminhar cópia do contrato de aluguel. Isso é
recomendável pela Agência Reguladora?
No caso dos consórcios regidos pelas Leis nº 6.404/1976 e nº 12.402/2011, consta do art. 278,
§1º, do primeiro diploma legal referido, que “o consórcio não tem personalidade jurídica e as
consorciadas somente se obrigam nas condições previstas no respectivo contrato, respondendo
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CLASSIFICAÇÃO: RESERVADO
cada uma por suas obrigações, sem presunção de solidariedade”. Em relação às cooperativas, o
art. 1.095 do Código Civil dispõe que “a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou
ilimitada”.
Por fim, informamos que, para os casos analisados até o momento, estamos apresentando a
seguinte resposta:
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CLASSIFICAÇÃO: RESERVADO
Anexos:
Atenciosamente,
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