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000934/2023-00
Processo: 48500.001719/2023-58.
I - DO OBJETIVO
II - DOS FATOS
* A Nota Técnica é um documento emitido pelas Unidades Organizacionais e destina-se a subsidiar as decisões da
Agência.
12. Foram realizadas várias reuniões com interessados no tema, conforme registros
constantes do processo.
1 Sic nº 48513.002632/2023-00
2 Sic nº 48552.000304/2023-00
3
Sic nº 48552.000302/2023-00
III - DA ANÁLISE
Tabela 1 – Situação dos MUST celebrados por centrais geradoras que ainda não estão em operação
comercial à época da elaboração da Nota Técnica nº 28/2023-SRT-SCG/ANEEL.
Em construção Sem construção Margem total
Situação
(GW) iniciada (GW) ocupada (GW)
17. Conforme descrito na citada nota técnica, ao considerar como candidatos mais
prováveis a aderir ao mecanismo proposto aqueles geradores que ainda não haviam iniciado a
construção de suas centrais geradoras e que já se encontravam com CUST em execução ou com
execução ainda no ano de 2023, obteve-se uma estimativa máxima de adesão de até 17,7 GW.
18. No entanto, tais valores não consideravam os efeitos das postergações de início de
execução dos CUST, conforme se admite de modo ordinário no Módulo 5 das Regras dos Serviços
de Transmissão, transcrito a seguir:
4.3.8 As datas para contratação do uso que constarão dos CUST celebrados
deverão compreender o período de testes do USUÁRIO e não poderão ser
posteriores àquelas estabelecidas no ato de sua outorga. [...]
19. Ou seja, uma vez atendidas as condições descritas, os geradores podem postergar
o início de execução de seus CUST. Considerando o resultado das postergações solicitadas até 31
de março de 2023, cujos termos aditivos dos CUST foram celebrados apenas recentemente pelo
ONS, apresentamos na Tabela 2 a situação atualizada dos CUST celebrados por centrais geradoras
que ainda não entraram em operação comercial.
Tabela 2 – Situação dos MUST celebrados por centrais geradoras que ainda não se encontram em
operação comercial atualizada para maio de 2023.
21. Na data de elaboração desta Nota Técnica também já foi possível obter o resultado
do cadastro de intenção de adesão do mecanismo junto ao ONS, que foi encerrado em 06 de junho
de 2023. Neste ponto, destacamos a proatividade e eficiência do ONS na criação de uma
ferramenta computacional que possibilitou o cadastro de agentes interessados em aderir ao
mecanismo regulatório excepcional.
23. As Figuras 2 e 3, elaboradas pelo ONS, apresentam a distribuição desse cadastro por
estado e por ponto de conexão da Rede Básica.
Figura 3 – Distribuição do cadastro de intenção por Ponto de Conexão da Rede Básica – Fonte: ONS
Tabela 3 – Situação dos MUST celebrados por centrais geradoras que apresentaram intenção de participar
do mecanismo regulatório excepcional
Em construção Sem construção Margem total
Situação
(GW) iniciada (GW) ocupada (GW)
25. Como previsto, o maior interesse na participação foi de centrais geradoras que não
haviam iniciado construção. Foi inesperado, no entanto, o montante de participação de
empreendimentos cuja execução dos CUST se dará apenas nos anos de 2024, 2025 e 2026.
19%
3%
8%
70%
Geração Transmissão
Operação/planejamento Outro
Figura 4 – Distribuição dos contribuintes por segmento de atuação.
29. Nesse sentido, foi questionado o nível de concordância dos contribuintes quanto às
seções: "III.1 Contextualização"; "III.2 Da regulamentação aplicável e da situação atual dos CUST
celebrados por centrais geradoras"; e “III.3 Da proposta de tratamento regulatório excepcional”.
32. A seguir fazemos a análise agregada dos aspectos mais relevantes apresentados nas
contribuições recebidas. A íntegra das contribuições encontra-se na página da Consulta Pública nº
15/2023, disponível no sítio eletrônico da ANEEL.
35. Adicionalmente, foi sugerida a inclusão de centrais geradoras que não possuem
CUST celebrado no mecanismo excepcional discutido na referida consulta pública. Nesse sentido,
os contribuintes alegam que isso poderia contribuir para evitar que novos contratos de uso sejam
celebrados, o que contribuiria para a limpeza da fila de acesso. Além disso, no que diz respeito à
fonte eólica, os agentes alegam que a exigência da garantia de fiel cumprimento para
empreendimentos que utilizam desta fonte dificulta o simples pedido de revogação dessas
outorgas.
38. Destaca-se, ainda, que a questão da exigibilidade das garantias de fiel cumprimento
já está sendo abordada no âmbito da Consulta Pública nº 56/2021. Assim, recomendamos que as
propostas de inclusão geradores sem CUST celebrado no mecanismo não sejam acatadas.
40. Em nossa visão, no entanto, o mecanismo busca dar tratamento a gestão dos CUST
e das outorgas de geração de modo que se reduzam os riscos vislumbrados para o futuro no
segmento transmissão. Não estamos tratando, no entanto, sobre a responsabilidade das
transmissoras na cobrança dos Avisos de Crédito (AVC) emitidos em decorrência dos encargos
rescisórios. Essa discussão, em nosso entendimento, envolve a análise da matriz de risco e das
responsabilidades das transmissoras e foge do escopo da consulta pública em análise, razão pela
qual recomendamos que tal contribuição não seja acatada.
41. Destacamos também que a ANEEL não se encontra inerte no sentido de mitigar os
riscos de inadimplência no segmento transmissão. No âmbito da Consulta Pública nº 52/2022,
conforme já destacado na Nota Técnica de abertura da Consulta Pública nº 15/2023, já foi
aprovada a urgência no aprimoramento dos mecanismos de garantia dos CUST. Além disso,
encontra-se em andamento processo4 de aprimoramento regulatório da contratação de uso em
que o tema trazido à discussão pelas transmissoras poderá ser abordado.
42. Quanto ao caso concreto trazido pelas transmissoras, em que ocorreu a cobrança
de encargos rescisórios decorrentes da inadimplência de centrais geradoras, informamos que a
STD está avaliando o tema no âmbito do processo 48500.002429/2023-21.
4
48500.004063/2022-44
49. Além disso, as regras de rescisão de CUST e CUSD diferem de modo decisivo.
Enquanto para o CUST o encargo rescisório é de 36 meses de EUST, na distribuição é de apenas 6
meses. Adicionalmente, enquanto o CUST é celebrado pelo ONS em nome de todas as
concessionárias de transmissão, atualmente mais de 300 em operação, o CUSD é celebrado
somente com a distribuidora envolvida. Tais aspectos, em nossa visão, facilitam sobremaneira a
negociação e a rescisão de contratos de uso no ambiente de distribuição.
50. Desse modo, entendemos que os riscos identificados e apontados na Nota Técnica
nº 28/2023-SRT-SCG/ANEEL não se aplicam igualmente aos segmentos de transmissão e de
distribuição e recomendamos que as contribuições sobre o tema não sejam acatadas.
52. A respeito desse ponto, esclarecemos que o objetivo do mecanismo é dar solução
a uma situação conjuntural e inédita, associada ao fim do desconto na TUST, de modo a reduzir
riscos de elevada magnitude aos usuários do sistema de transmissão e às concessionárias de
transmissão. Esses riscos são oriundos, entre outras razões, de um cenário especulativo no
segmento de geração com reflexos no acesso ao sistema de transmissão. Assim, é fundamental
que reste claro que a aplicação deste mecanismo seja realizada de maneira única e restrita ao ano
de 2023, justamente para que se evite, de modo definitivo, novo comportamento especulativo por
parte de agentes do setor. Desse modo, entendemos que as contribuições neste sentido são
incabíveis aos objetivos que se pretende alcançar e devem ser indeferidas.
54. A este respeito, destacamos que atualmente a ANEEL já pode, observando o risco
de arrecadação de RAP para cada ciclo tarifário, efetuar ajustes na representação dos geradores a
serem considerados no cálculo da TUST. Esta previsão foi estabelecida no Submódulo 9.4 dos
Procedimentos de Regulação Tarifária – Proret:
55. Tal previsão não é sem sentido, mas sim fundamentada na realidade de que eventos
futuros devem ser considerados no momento do cálculo tarifário de acordo com o cenário que se
mostra razoável. Dessa forma, uma vez que esses ajustes já são previstos, foi realizada uma
simulação com dois cenários diferentes para a base de geradores.
56. No cenário 1, considera-se uma base de geradores com os CUST com início de
execução conforme contratado. Já no cenário 2, conforme a prerrogativa regulatória mencionada,
foram retirados da base os geradores que se encontram com pagamentos suspensos por
judicialização. Além disso, de acordo com o Sistema Ralie – Acompanhamento da Expansão da
Geração da ANEEL, atualizado em 09/05/2023, foram retirados integralmente os
empreendimentos de geração que tem baixa viabilidade de entrada em operação dentro do ciclo
tarifário 2023-2024 e parcialmente os que tem média viabilidade.
Tabela 4– Simulação das tarifas médias considerando os cenários 1 e 2, a preços de junho de 2022.
TUST
Variação MUST C MUST G Variação TUST Variação
Ciclo RAP Média
RAP (%) (MW) (MW) (%) Média G* (%)
C*
59. Para o segmento geração, em que boa parte dos geradores ainda possui tarifas
estabilizadas, o impacto ao considerar o Cenário 1 foi de um aumento de 2,63%. Ao considerar o
Cenário 2, obtém-se um incremento de 0,91% na TUST geração, tendo como base a TUST do
Cenário 1.
60. Nota-se também que o MUST Geração (MUST G) considerado no Cenário 1 foi de
168,251 GW, enquanto o MUST Geração para o Cenário 2 foi de 161,927 GW, resultando em uma
diferença de 6,324 GW entre os cenários.
61. Essa diferença, em nossa visão, é compatível com um cenário de adesão parcial ao
mecanismo excepcional. Inclusive, dentre as centrais geradoras que manifestaram intenção em
aderir ao mecanismo, cerca de 6,6 GW teriam algum impacto no ciclo tarifário 2023-2024. Assim,
caso o mecanismo excepcional resulte, ao final, em uma revogação de CUST dessa ordem de
grandeza, não haverá impacto tarifário adicional aos usuários do sistema de transmissão, em
relação à premissa já prevista no Submódulo 9.4 de consideração de um cenário mais restritivo
em situações em que se verifique risco de arrecadação, totalmente compatível com o cenário
especulativo atual.
62. Além disso, deve-se considerar que o mecanismo possui a vantagem de retirar do
rateio da RAP do sistema de transmissão os geradores que de fato não possuem viabilidade e que
possivelmente se tornariam inadimplentes – ou seja, deixa a previsão estabelecida no item 55 do
Submódulo 9.4 mais precisa. Conforme repisado, a permanência desses geradores poderia
potencializar impactos na arrecadação das transmissoras e distribuição de custos aos demais
usuários do sistema de transmissão.
63. Além disso, o mecanismo também possibilitará, por meio da liberação de margem
de escoamento, a entrada de novos geradores no sistema de transmissão após a revogação dos
CUST e das outorgas que optarem por aderir. Esses geradores, considerando os aprimoramentos
regulatórios que se encontram em andamento, celebrarão contratos com garantias mais robustas,
o que contribuirá para a preservação da arrecadação de RAP e para o aumento de usuários no
rateio dessa receita.
pedido de renúncia judicial aos processos em curso somente seja anexada posteriormente ao
Termo de Adesão, após confirmação da ANEEL do efetivo enquadramento do aderente no
mecanismo de descontratação.
66. Nesse sentido, solicitam prazo de 15 dias após confirmação da adesão para que
possam apresentar o protocolo de renúncia aos processos judiciais.
68. Destaca-se, também, que o referido mecanismo de adesão está sendo colocado de
forma clara e objetiva, justamente na intenção de não restar quaisquer dúvidas ou
questionamentos relacionados ao seu objeto e conteúdo. Nesse sentido, entendemos que não há
incertezas no processo que coloquem em dúvida a opção do gerador de renunciar ou não aos
processos judiciais.
69. Além disso, destacamos que os requisitos para adesão estão sob controle e podem
ser conhecidos previamente pelo gerador (pagamentos dos EUST, notificação à transmissora e
reconhecimento dos pagamentos do CCT, pagamento de encargos setoriais e não existência de
contratos no ACR) do gerador. Ou seja, o gerador tem todos os elementos para estimar se
consegue cumprir os requisitos previamente à renúncia de seus processos.
70. Sendo assim, recomendamos o não acatamento das contribuições que sugerem a
proposta de que a comprovação à renúncia judicial dos processos em curso se dê somente após a
confirmação da adesão do requerente pela ANEEL.
71. A respeito deste tema, também foi sugerido que a ANEEL e o ONS renunciassem aos
custos de sucumbência relacionados aos processos judiciais que serão objeto de renúncia. Outro
agente, por sua vez, sugeriu que cada parte arcasse com seus honorários.
72. Nesse sentido, por recomendação da Procuradoria da ANEEL, foi adotada a mesma
postura que a ANEEL adotou em acordos similares, no sentido de que as partes ficam eximidas de
ações de pagamentos de honorários advocatícios. Acata-se, portanto, essas contribuições.
Declaração e Outras Avenças que as ações judiciais aos quais se aplica a renúncia pudessem
envolver o tema de “postergação da data de entrada em operação comercial”, sob a justificativa
de que podem existir ações que não possuem relação com o CUST como, por exemplo, ações
judiciais relacionadas a excludente de responsabilidade para alteração de prazos de outorga e que
seria alheia ao objeto da consulta pública.
76. Entendemos que o pagamento dos EUST devidos pelos agentes é requisito
fundamental para participação no mecanismo de modo a preservar a arrecadação já prevista para
as transmissoras em ciclos passados e no ciclo vigente. Caso contrário, se estaria admitindo a
possibilidade de atribuir às transmissoras e, em último caso, aos demais usuários a
responsabilidade por arcar com as dívidas contratadas pelos agentes de geração.
77. Ressalta-se, ainda, que nos casos judicializados, o ONS sequer pode emitir os AVC e
AVD referentes aos encargos de uso devidos pelos geradores às transmissoras, resultando na
compensação desses valores no reajuste de RAP das transmissoras por meio de Parcela de Ajuste,
que é arcada por todos os usuários da Rede Básica. Ou seja, o não pagamento por parte dos
geradores incorreria na transferência dessa responsabilidade para os demais usuários do sistema
de transmissão.
78. Por sua vez, o parcelamento dos EUST devidos pelos geradores, em nossa visão,
configuraria como uma espécie de financiamento de baixo custo de parte dos usuários do sistema
de transmissão aos geradores, o que não entendemos como adequado, devendo os usuários
interessados, se assim entenderem por sua adesão, recorrer aos corretos mecanismos de
obtenção de recursos junto ao mercado ou aos seus acionistas.
79. Além disso, o parcelamento também tornaria a sistemática mais morosa dado que
só seria possível considerar que o gerador estaria de fato apto para participação no mecanismo
após a quitação dos EUST devidos em sua totalidade. Tal atraso poderia implicar em mais tempo
para liberação de margem de escoamento bem como na manutenção de contratos suspensos por
período elevado. Além disso, destaca-se que o parcelamento dos pagamentos também implica em
impacto tarifário residual uma vez que se estaria transferindo obrigações do presente para o
futuro e os valores não pagos no presente, ou pagos parcialmente, seriam arcados pelos demais
usuários uma vez que a RAP a ser paga para as transmissoras é fixa.
84. Esclarece-se, sobre esse tema, que o cadastro de intenção não vincula o gerador à
apresentação do Termo de Declaração e Outras Avenças ou nem incorre na obrigação de aderir ao
mecanismo. Esse ponto foi inclusive destacado pelo Diretor Hélvio Guerra em fala durante a 19ª
Reunião Pública Ordinária de 2023.
85. O cadastro de intenção é, no entanto, condição necessária para adesão uma vez
que sua função foi de justamente retirar do cálculo da TUST os geradores que possuem interesse
em participar.
87. Outro tema abordado com frequência na consulta pública em análise foi a respeito
da anuência da transmissora a respeito do CCT celebrado com os geradores. Na proposta
apresentada, a anuência da transmissora seria um dos documentos necessários para que o ONS
avaliasse se os usuários estariam ou não aptos a participar do mecanismo excepcional.
88. Diversos usuários entenderam que tal proposta dá poder excessivo à transmissora,
que ficaria com o poder de impedir o usuário de participar do mecanismo regulatório excepcional
sem razão que a justificasse ou mesmo por motivações de pequena monta. Nesse contexto de
prazos exíguos para operacionalização do mecanismo, tal situação se agravaria uma vez que
haveria pouco tempo para que a transmissora pudesse receber o gerador e negociasse os termos
da anuência.
89. Nesse sentido, os geradores alegaram que o CCT já possui cláusula e obrigações
relacionadas a eventual rescisão antecipada e que não seria necessária qualquer anuência de
qualquer uma das partes para esta rescisão. Outros geradores, por sua vez, sugeriram que bastaria
que o gerador comprovasse que notificou a transmissora a respeito da intenção de rescindir seus
contratos para que pudesse participar do mecanismo, ou seja, bastaria a simples denúncia
contratual à transmissora contratada para que o CCT seja validamente encerrado.
90. As transmissoras, por sua vez, alegaram que a anuência como condição para
participação é fundamental e não deveria ser flexibilizada, solicitando prazo de 90 dias para que
os contratos pudessem ser analisados. Alegam também que caso não exista uma anuência, as
transmissoras ficariam com a ônus de recorrer à justiça para ressarcimento de custos que seriam
de difícil recuperação dada a revogação das outorgas e possível comprometimento do patrimônio
da empresa.
91. Nesse mesmo tema envolvendo o CCT, foi destacada a necessidade de que fiquem
claras quais são as obrigações e a que se referem os ressarcimentos devidos pelos geradores
quando da rescisão de seus CCT junto às transmissoras.
92. Entendemos que a questão da anuência do CCT, dado o prazo exíguo para
manifestação das partes envolvidas com vistas à participação no mecanismo excepcional, pode
ser, de fato, um elemento dificultador para que se alcancem os objetivos propostos para o
mecanismo.
93. Desse modo, propomos que o gerador não mais necessite apresentar uma anuência
da transmissora concordando com a futura rescisão do CCT, mas que apresente um comprovante
de notificação à transmissora, por meio de denúncia contratual, a respeito da intenção de
participação no mecanismo excepcional; e, por consequência, a respectiva resilição contratual,
destacando-se que, conforme os artigos 472 e 473 do Código Civil5, a resilição exige a manifestação
da vontade de não permanecer no contrato. A lei permite que apenas uma das partes desista, para
que o contrato seja encerrado. Nesse caso, a parte desistente manifesta sua vontade de encerrá-
lo, por meio do ato chamado de denúncia.
5Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia
notificada à outra parte.
Regras de Transmissão:
98. O Módulo 5 das Regras de Transmissão também estabelece que os CCT celebrados
devem dispor a respeito das condições para desconexão antecipada, nos casos em que a conexão
já ocorreu:
100. Também deve ficar claro que, no caso do mecanismo excepcional, não cabe a
obrigatoriedade de que o usuário deva solicitar a rescisão do CCT com antecedência de 12 meses,
conforme disposto nos Procedimentos de Rede.
102. O ONS, em sua contribuição, informou que o prazo de 10 de agosto de 2023 seria
insuficiente para que fosse apurada a adimplência das últimas faturas referentes ao mês de junho
de 2023, que vencem em 5 de agosto de 2023.
104. Assim, recomendamos que o prazo para que o ONS avalie a adimplência dos EUST
de todos os geradores que solicitaram adesão ao mecanismo regulatório excepcional, e encaminhe
à ANEEL a relação dos geradores envolvidos que estão aptos a rescindir seus CUST, seja ampliado
para 15 de agosto de 2023.
105. A sistemática prevê que os geradores que sejam considerados aptos comporão
relação a ser encaminhada pelo ONS para a ANEEL, que avaliará se o agente de geração possui
contratos vigentes no Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e se está adimplente com os
encargos setoriais. Esses agentes serão considerados aptos a aderir ao mecanismo caso atendam
aos dois critérios simultaneamente.
106. Cabe esclarecer que a análise de adimplência setorial será realizada exclusivamente
em relação aos débitos relacionados ao empreendimento que aderiu ao mecanismo excepcional.
Essa verificação não se estende a possíveis inadimplências de outras usinas pertencentes às
empresas que estão envolvidas na estrutura societária do projeto em questão.
ANEEL, que o gerador pudesse ter um prazo de 15 dias para quitar essas dívidas.
108. Entendemos que a contribuição faz sentido e pode contribuir para maior adesão no
mecanismo sem comprometimento relevante para a sua conclusão. Assim, recomendamos que
seja acatada.
109. Diversas contribuições também sugeriram que os usuários que possuem contratos
no ACR não sejam impedidos de aderir ao mecanismo regulatório excepcional; também foi
sugerido que se dê um prazo para que o agente possa rescindir seus contratos no ACR e aderir ao
mecanismo regulatório excepcional.
111. Entendemos, no entanto, que pode ser dado ao agente o mesmo prazo de 15 dias
concedido para quitação dos encargos setoriais, após identificação desses contratos por parte da
ANEEL, para que o agente possa buscar solução para estes contratos. Destaca-se que embora esse
prazo pareça exíguo, o agente já tem conhecimento da existência de contratos vigentes no ACR e
pode buscar a solução desses contratos imediatamente, desde que atenda à regulamentação
aplicável.
rescisão propostos são de difícil reversão, o que poderia inclusive afetar a diligência dos geradores
que possuem contratos no ACR em buscarem solução para suas descontratações dado que,
diferentemente do que ocorre com os CCT, os contratos de energia podem envolver grande
volume financeiro. Assim, recomendamos que esse tema não seja incluído no mecanismo
regulatório proposto pela CP 15/2023.
4.2.4 Despacho
117. A Resolução Normativa, além de possuir caráter geral e abstrato, também possui
exigências processuais estabelecidas, conforme define a Resolução Normativa nº 941/2021, com
base na legislação aplicável. Dentre essas exigências, encontra-se a elaboração de Análise de
Impacto Regulatório – AIR, que pode ser dispensado em caráter de urgência, e a Avaliação de
Resultado Regulatório – ARR, exigida para todos os casos.
119. Assim, entendemos que o Despacho é a forma mais adequada para o caso em
análise.
120. Várias contribuições indicaram que é necessário que os novos CUST a serem
celebrados pelos ocupantes da margem a ser liberada devem ter mecanismos que impeçam que o
problema volte a acontecer, isto é, que ingressem projetos que porventura se mostrem inviáveis
no futuro.
123. De posse dessa proposta, a ANEEL trabalhará para implementar a solução em tempo
hábil para aplicação aos novos CUST.
124. As contribuições sobre esse tema versaram sobre: a alocação da margem liberada
para revisão das condições restritivas de acesso pactuadas nos CUST já celebrados por centrais
geradoras; a realização do Procedimento Competitivo por Margem (PCM), cuja possibilidade de
realização foi prevista no Decreto nº 10.893, de 2021; a alocação da margem para as centrais
geradoras que tiveram sua conexão declarada como inviável, assim como para aqueles que estão
na fila de acesso.
125. De início, descarta-se a proposta de alocação da margem que será liberada para
geradores que possuem CUST celebrado com restrições. Essa medida iria contra um dos
motivadores do mecanismo proposto nesta Nota Técnica, que é liberar margem para o aumento
da contratação do MUST - impactando positivamente nos encargos de uso dos demais usuários.
Não obstante, destaca-se que os geradores que assinaram os CUST com restrições e que estejam
arrependidos podem aderir ao mecanismo de rescisão e revogação das outorgas proposto nesta
Nota Técnica.
127. Antes de iniciarmos uma análise das opções restantes para a alocação da margem,
é importante inicialmente trazer um panorama da situação dos pedidos de acesso no SIN. Dados
enviados pelo ONS no dia 31/05 detalham essa situação em três grupos: (i) empreendimentos com
solicitação de acesso em andamento no ONS (empreendimentos “na fila de acesso”); (ii)
empreendimentos com Parecer de Aceso emitido há menos de 120 dias (nas condições “Viável”,
“Viável com Restrições” ou “Viável Condicionado”, com prazo para assinatura de CUST; (iii)
Pareceres de Acesso emitidos com conclusão de inviabilidade de conexão.
Potência
Quantidade*
(MW)
Solicitações de acesso em andamento 91 33.516
Pareceres de acesso emitidos há menos de 120 dias, com
48 15.985
necessidade de celebração de CUST
128. O cenário acima tem como referência o mês de maio de 2023. Considerando-se que
o procedimento proposto nesta Nota Técnica tem previsão para a liberação da margem dos
geradores inscritos apenas daqui há alguns meses, é de se esperar que os números aumentem.
129. A magnitude dos números registrados até o momento mostra que qualquer cenário
de liberação de margem será insuficiente para alocar os geradores com alguma pretensão de
acessar o sistema. No entanto, destaca-se que os CUST a serem celebrados trarão a necessidade
de aporte de garantias para a cobertura do encargo de rescisão, o que pode, eventualmente,
diminuir a pretensão de alguns geradores.
130. Dado o cenário, considera-se razoável que a margem que será liberada seja alocada
em ordem cronológica de aceite dos pedidos no ONS, para os casos em que se pode agregar MUST
ao SIN. Os casos que verificamos são os seguintes: pareceres de acesso emitidos de forma viável
condicionada, viável parcialmente ou inviáveis (da tabela acima, cerca de 14 GW). Após isso, deve-
se voltar a processar a fila de acesso normalmente.
131. Destaca-se que a alocação deve ser feita com base nas condições solicitadas
anteriormente ao ONS, principalmente quanto ao ponto de conexão e o MUST já indicados pelas
centrais geradoras anteriormente. Caso a central geradora deseje alterar suas características, ela
deve fazer nova solicitação, conforme definido nos Procedimentos de Rede, entrando novamente
na fila.
132. Com relação aos CUST, conforme destacado na subseção anterior, serão assinados
CUST com mecanismos de garantias para mitigar problemas com inadimplemento. Destaca-se
ainda que, no caso de CUST já celebrados, os aditivos deverão conter essa condição.
133. Para realizar o procedimento descrito, o Operador deverá fazer uma chamada para
cadastro de interesse das centrais geradoras que atendam essas condições. Essa chamada deve
ser realizada em tempo hábil para que as alocações se iniciem assim que os CUST sejam
rescindidos. Propõe-se que seja realizada no período 28 de agosto a 1 de setembro, devendo o
ONS dar publicidade o quanto antes à fila de candidatos, com as informações de MUST solicitado,
data de aceite da solicitação no ONS e outras que forem relevantes para o assunto.
134. Por fim, descarta-se antecipadamente qualquer argumentação de que a ordem por
direito deveria ser a alocação inicial para aqueles que estão na fila. Isso porque se está discutindo
a alocação de uma margem não existente sob as regras atuais, isto é, se não houvesse o
procedimento extraordinário que aqui se propõe, essa margem sequer existiria para ser alocada.
Ou seja, todo o processo de rescisão dos CUST e sua correspondente alocação é extraordinário.
135. Um ponto que também foi abordado nas contribuições foi o que está sendo
identificado como a “regularização” das outorgas de geração.
136. Esse tema foi inicialmente discutido durante a fase de deliberação no processo
administrativo em referência, na 15ª Reunião Pública Ordinária da Diretoria da ANEEL, tendo sido
debatido o aumento do objetivo do mecanismo para promover a “regularização de
empreendimentos que possuam CUST assinado e que estejam em execução e com obras em
andamento, com possibilidade de solicitação de alteração de características técnicas e
readequação ao novo cronograma, sem alteração do CUST e sem a necessidade de analisar a
excludente”.
137. Assim como o tema de “regularização”, também foi abordada nas contribuições a
138. Esse tema também foi discutido durante a fase de deliberação no processo
administrativo em referência, na 15ª Reunião Pública Ordinária da Diretoria da ANEEL, tendo sido
debatido aumento do objetivo do mecanismo para incluir os agentes “cujo CUST já esteja
rescindido por inadimplência, mas que possuam Encargos de Uso do Sistema de Transmissão –
EUST em aberto e com multa de 36 EUST. Na dinâmica do que seria a anistia, o agente que possua
o CUST assinado, desde que não haja nenhum valor em aberto para o sistema de transmissão,
poderá rescindir o CUST e não efetuar o pagamento da multa, ocasionando com que ele pague os
EUST em aberto e não precise arcar com a multa de 36 EUST”.
139. Destaca-se que essas propostas, após deliberação, não foi incluída no mecanismo
regulatório excepcional submetido à Consulta Pública nº 15/2023. A ANEEL decidiu avaliar o tema
de forma apartada, conforme determinação exarada pela Diretoria. A temática “regularização das
outorgas” não está aderente aos objetivos do mecanismo proposto relacionados à anistia de
centrais geradoras para a liberação de margem e redução do risco da inadimplência da
transmissão, estando mais relacionadas à necessidade ou não de excludente de responsabilidade
para a postergação dos cronogramas. No entanto, como foram recebidas contribuições favoráveis
em relação ao tema, tecemos a seguir uma análise do assunto.
140. No que tange à proposta de alteração de cronograma das outorgas nos moldes que
foi discutido pela diretoria na ocasião da deliberação, isto é, sem alteração de CUST, um primeiro
fator que se observa é que ela não possui influência direta na liberação de margem de escoamento,
o que diferencia essa proposta das demais submetidas à consulta pública em análise. Até porque,
nesta hipótese, o empreendimento não deixaria de ocupar a margem que lhe cabe.
141. Além disso, para o empreendimento que se encontra em construção, com CUST em
execução e que está arcando com seus EUST de modo exigido na regulamentação vigente, não se
observa risco de inadimplência ou de transferência de custos aos demais usuários do sistema de
transmissão. Isto é, a alteração de cronograma para este caso não induziria qualquer redução de
risco que se pretende com as demais propostas submetidas à consulta pública, servindo somente
ao gerador sob a ótica de uma eventual penalidade por atraso de cronograma ou sob cumprimento
de requisitos de governança empresarial.
142. Uma possível vantagem na adoção dessa proposta seria a eventual renúncia de
gerador que tivesse amparado por medida judicial que impedisse o pagamento dos EUST devidos
pelo gerador, o que poderia beneficiar os demais usuários do sistema, que deixariam de arcar com
os custos decorrentes da arrecadação das receitas frustradas via Parcela de Ajuste.
pouco crível que um usuário que se encontra em construção, com CUST em execução e com liminar
que o protege de cobranças relacionadas a este contrato opte por abrir mão dessa liminar e iniciar
os pagamentos de seus EUST apenas para que seu cronograma seja atualizado com a realidade,
sem quaisquer efeitos sobre seu CUST. Isso porque, tal alteração se refletiria em benefício para o
gerador somente sob a ótica de uma eventual penalidade por atraso de cronograma ou sob
cumprimento de requisitos de governança empresarial.
144. Além disso, ao alterar o cronograma, o agente poderia buscar a justiça novamente
para que tivesse os efeitos de seu cronograma estendidos para seu CUST. Esse ponto é relevante,
pois algumas ações judiciais estão baseadas justamente na alegação de “mudança de
entendimento” da ANEEL. Uma decisão nesse sentido (nova “mudança de entendimento”) poderia
incentivar novamente essas alegações.
145. Ainda, mesmo que na hipótese em que os benefícios para o gerador superem o ônus
do pagamento dos EUST decorrente da renúncia judicial, faltaria ainda para esta proposta a
presença de uma contrapartida do gerador para alteração de seus cronogramas já que no caso da
proposta encaminhadas para consulta pública, o gerador renunciaria à sua outorga e ao direito a
desconto na TUST.
146. Poderia ser aventada a hipótese de que uma possível contrapartida seria a
celebração de um novo CUST para esses geradores com garantias mais robustas. No entanto, para
o gerador que se encontra em dia com o pagamento de seus EUST, a simples adição de uma nova
garantia não representa uma redução de riscos de inadimplência para as transmissoras e demais
usuários e ainda representa um aumento de custos para o gerador que já está arcando com seus
encargos.
148. Alguns geradores citam que essa regularização seria importante para evitar que
suas outorgas sejam revogadas pela ANEEL, uma vez que há processo fiscalizatório em curso. Ora,
a revogação de outorgas passar por análise detalhada da área de fiscalização da ANEEL e,
posteriormente, da Diretoria Colegiada da agência. Os agentes possuem a oportunidade de se
manifestar durante o processo e apresentar argumentos que justifiquem a não revogação dessas
outorgas. Como é sabido pelo mercado, é improvável que a ANEEL revogue uma outorga que se
mostre viável; e entendemos que a campanha de fiscalização atualmente em curso não é uma
ameaça, mas sim uma oportunidade de se separar os agentes que de fato implantarão suas usinas,
podendo esses sim, de fato, realizar a regularização de seus empreendimentos.
149. Destaca-se ainda que essa questão já foi abordada pela ANEEL recentemente, há
152. Neste caso, os geradores alegam que foram afetados por uma “mudança de
entendimento” da ANEEL ocorrida em 8 de fevereiro de 2022, na 4ª Reunião Pública Ordinária da
ANEEL6, por meio do qual a Diretoria da Agência orientou “a Superintendência de Concessões e
Autorizações de Geração - SCG e a Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Geração - SFG
para que procedam instrução de pedidos de alteração de Características Técnicas e de Cronograma
de empreendimentos outorgados somente quando forem cumpridos os seguintes critérios: (i)
Licença de Instalação emitida; (ii) Contrato de Uso dos Sistemas de Transmissão ou Distribuição –
CUST ou CUSD assinados; (iii) Obras iniciadas; e (iv) aporte de Garantia de Fiel Cumprimento, nos
casos em que haja Transferência de Titularidade ou de Controle Societário dos empreendimentos.
Ademais, orientar a SFG a abrir processo punitivo de empreendimentos que possuam Licença
Ambiental de Instalação e Contratos de Uso do Sistema assinados, mas que estejam descumprindo
o cronograma de implantação.”
6
Deliberação dos Processos nº 48500.005461/2019-82 , 48500.005462/2019-27 , 48500.005463/2019-71 ,
48500.005464/2019-16 , 48500.005465/2019-61 , 48500.005466/2019-13 , 48500.005467/2019-50 ,
48500.005468/2019-02 , 48500.005469/2019-49 , 48500.005470/2019-73 , 48500.004611/2019-31 ,
48500.004612/2019-85 , 48500.004613/2019-20 , 48500.004614/2019-74 , 48500.004615/2019-19 ,
48500.004616/2019-63 , 48500.004617/2019-16 , 48500.004618/2019-52 , 48500.004619/2019-05 ,
48500.004620/2019-21 , 48500.004621/2019-76 , 48500.004622/2019-11 , 48500.004623/2019-65 ,
48500.004624/2019-18 , 48500.004626/2019-07
153. Nesse sentido, propõem que sobretudo os geradores afetados por essa “mudança
de entendimento” possam ter seus cronogramas e seus CUST aditados de modo a concatená-los
com as datas reais de implantação de seus empreendimentos, tendo como contrapartida a
apresentação de garantias adicionais no âmbito de seus CUST.
157. Os geradores que de fato pretendem implantar suas centrais geradoras, mas que se
encontram atrasados, por sua vez, seriam motivados a participar do mecanismo para adiar os
pagamentos de seus EUST, incluindo aqueles relacionados aos CUST que já se encontram em
execução. Neste caso, não haveria liberação de margem e os geradores teriam como benefício o
adiamento de seus pagamentos.
159. Destacamos, neste aspecto, que a gestão dos cronogramas de implantação das
centrais geradoras é responsabilidade do agente de geração e o atraso, bem com a contratação de
datas de início de execução incompatíveis com a realidade do empreendimento, é uma
possibilidade dentro da matriz de risco do gerador.
160. Aquilo que foge da matriz de risco é o excludente de responsabilidade, este sim
instituto capaz de afastar obrigações ordinárias do gerador. Assim, ao simplesmente permitir a
regularização dos cronogramas e do CUST, o mecanismo terminaria por, indiretamente, conceder
efeitos semelhantes àqueles que se observam quando se verifica a presença de excludente de
responsabilidade para centrais geradoras sem qualquer análise de mérito. Representaria, na
prática, uma “nova mudança de entendimento” da ANEEL, não apenas com relação à decisão
supracitada, mas também com relação àquela tomada na deliberação da Resolução Normativa nº
1.038, de 2022.
162. Conforme dados apresentados na Tabela 2, entendemos como razoável supor que
as centrais geradoras que se encontram em construção e com CUST em execução teriam interesse
em aderir à regularização de cronogramas e do início de execução dos CUST, o que perfaz um
montante adicional de cerca de 8 GW. Assim, haveria um impacto tarifário adicional aos estimados
inicialmente.
165. Um primeiro fator que se observa sobre a inclusão proposta é que ela não possui
influência direta na liberação de margem de escoamento. Até porque, nesta hipótese, o
empreendimento já deixou de ocupar qualquer margem no sistema de transmissão. Isto é, sua
margem já foi liberada, e muito provavelmente não há sequer uma outorga vigente associada ao
antigo empreendimento.
166. Ou seja, na prática se analisa uma condição fática atual semelhante ao gerador que
não possui CUST e, conforme analisado anteriormente, não mais oferece risco à arrecadação
futura do sistema de transmissão. Isto é, o agente não cumpre nenhum dos requisitos que se
buscou alcançar com a proposição do mecanismo regulatório excepcional.
167. Destaca-se, também, que acatar as contribuições nesse sentido (de forma a permitir
que aqueles agentes que tiveram seus respectivos CUST rescindidos também possam participar do
processo de adesão), significaria levar em consideração, necessariamente, o estabelecimento de
um marco temporal retrógrado em que tal benefício não pudesse mais retroagir. Sendo assim,
qual seria o marco temporal adequado a ser estabelecido na proposta de adesão capaz de
satisfazer a um só tempo todos aqueles geradores que tiveram seus CUST rescindidos sem que um
ou outro não se sinta prejudicado ou não abarcado pela referida proposta? A proposta incluiria
todos os encargos rescisórios já emitidos, inclusive os já liquidados (devolução)? Em tal situação,
sempre haverá algum gerador que se sentirá prejudicado por não ter sido contemplado, tendo em
vista o marco temporal que deverá ser estabelecido.
169. Cabe ressaltar que a própria Procuradoria Federal junto à ANEEL, em diversas
ocasiões, foi provocada a refletir sobre o tema. Em todas aquelas oportunidades sempre
prevaleceu o entendimento de que não haveria se falar em retroatividade da norma mais benéfica,
mesmo para aqueles casos que envolvessem o processo administrativo sancionador, em
observância à segurança jurídica, a coisa julgada material e ao princípio do Tempus Regit Actum
(vide Pareceres Jurídicos n° 348/20188, 147/20209 e 304/202010).
170. Por fim, há de ser ressaltada uma outra consequência advinda da proposta ora
analisada, qual seja: determinar ao ONS para que desconsidere (anule/cancele) os AVC/AVD
relativos aos encargos rescisórios já emitidos, haja vista que um dos efeitos do processo de adesão
é justamente desobrigar os aderentes do pagamento da multa rescisória do CUST a ser rescindido.
Nesse sentido, há indisfarçável diferença regulatória e de efeitos financeiros no ato concessivo em
liberar do pagamento dos encargos rescisórios apenas aqueles que tem CUST ainda vigente, mas
não estão em operação comercial, daqueles que já tiveram seus CUST rescindidos pelo ONS.
7
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
8
48516.002882/2018-00
9
48516.001242/2020-00
10
48516.002343/2020-00
171. Tal diferença se justifica pelo fato de que, entre os primeiros, não haverá por parte
do Operador a emissão de AVC/AVD atrelado à cobrança dos encargos rescisórios, posto que
inexistentes por força do pacto de adesão. Por outro lado, mas com relação aos segundos, deverá
haver cancelamento dos AVC/AVD já emitidos, os quais já foram considerados como receita das
transmissoras (já tendo sido ou não liquidados). Assim, e havendo o efetivo cancelamento dos
referidos AVC/AVD, os valores a eles relacionados certamente serão capturados no próximo
reajuste tarifário, na forma de Parcela de Ajuste, em prejuízo aos demais usuários, e sem levar em
consideração a responsabilidade da transmissora na cobrança de seus AVC emitidos.
172. Sobre a responsabilidade das transmissoras nas cobranças dos encargos rescisórios
a respeito de caso concreto, informamos que está em instrução pela STD o processo
48500.002429/2023-21 que trata do tema.
173. Por tais razões, e por tudo quanto fora exposto acima, entendemos as
considerações trazidas pelos participantes quanto ao tema. Todavia, recomendamos que tais
contribuições não devem ser consideradas.
174. Uma primeira preocupação em relação à sistemática foi de garantir que no próximo
ciclo tarifário, a iniciar em 1º de julho de 2023, os CUST que serão rescindidos amigavelmente não
fossem considerados no cálculo da TUST. Isso porque caso esses contratos fossem considerados
normalmente e fossem posteriormente rescindidos sem multa rescisória, isso incorreria em uma
frustração do recolhimento de encargos de uso por parte das transmissoras que será maior tanto
quanto for a adesão à proposta apresentada.
175. Assim, uma vez que de acordo com o Submódulo 8.2 dos Procedimentos de Rede o
ONS tem o prazo de até 10 de junho de cada ano para disponibilizar a versão consolidada da Base
de Dados de entrada para o programa Nodal, os agentes interessados em aderir à proposta já
solicitaram essa adesão ao ONS até 6 de junho de 2023.
176. Uma vez de posse desses dados, o ONS deverá excluir os dados dos CUST dos
geradores interessados da Base de Dados de entrada para o programa Nodal para o Ciclo 2023-
2024.
177. A este respeito, esclarece-se que o processo tarifário está utilizando essa
informação como a mais provável para obter a melhor estimativa para rateio da RAP para o ciclo.
Destaca-se, portanto, que a desconsideração das usinas da base de dados não enseja a
postergação dos CUST das usinas que eventualmente não tenham tido sucesso na proposta de
adesão voluntária e rescisão de seus CUST de forma amigável por qualquer razão.
Operador, até 30 de junho de 2023, o Termo de Declaração e Outras Avenças anexo, por meio do
qual solicita a adesão ao mecanismo regulatório excepcional e declara, de modo irretratável, que
concorda com a revogação amigável de suas outorgas e com a rescisão de seus CUST, bem como
concorda com a renúncia das ações judiciais que envolvem estes contratos, atuais (caso aplicável)
e futuras.
179. Para centrais geradoras que possuem CCT celebrado com concessionárias de
transmissão, os agentes também deverão incluir em sua solicitação o comprovante de notificação
de denúncia contratual, acerca da intenção de rescindir o referido contrato.
180. O ONS deverá, então, proceder à suspensão dos CUST relacionados ao mecanismo
regulatório excepcional a partir de 1º de julho de 2023.
182. Até 15 de agosto de 2023, o ONS deverá avaliar a adimplência dos EUST de todos
os geradores que solicitaram adesão ao mecanismo regulatório excepcional e encaminhar à ANEEL
a relação dos geradores envolvidos que estão aptos a rescindir seus CUST, isto é, aqueles que não
possuem pendências de EUST junto ao ONS e às concessionárias de transmissão bem como
aqueles que tenham CCT celebrado e que apresentaram o comprovante de notificação de
denúncia contratual às transmissoras quanto à rescisão deste contrato. Esta relação deve incluir
os nomes das centrais geradoras, seus Códigos Únicos de Empreendimentos de Geração – CEG e
os CUST envolvidos. Os CUST que não estiverem aptos à rescisão, após avaliação do ONS, terão
sua execução continuada para todos os efeitos, com a necessidade de inclusão na Apuração
Mensal de Serviços e Encargos – AMSE subsequente de encargos eventualmente não cobrados.
183. Uma vez recebida a relação do ONS, à ANEEL procederá à análise de requisitos para
revogação amigável das outorgas.
184. Para as outorgas que se encontrarem aptas para revogação amigável, sugere-se que
sejam revogadas por um único ato que também rescindirá os CUST relacionados. Destaca-se, neste
ponto, que as centrais geradoras que possuírem contratos de energia no ambiente regulado
vigentes ou alguma inadimplência com os encargos setoriais não estarão aptas à revogação
amigável de suas outorgas e, consequentemente, serão impedidas em prosseguir no processo de
adesão, devendo arcar com as parcelas de EUST eventualmente não cobradas na AMSE.
185. Após a publicação do referido ato, o ONS deverá retomar a execução dos CUST que
não foram rescindidos, que prosseguirão conforme originalmente contratados.
IV - DO FUNDAMENTO LEGAL
187. Esta Nota Técnica está fundamentada nos Módulos 2 e 5 das Regras dos Serviços de
Transmissão, aprovados por meio da Resolução Normativa nº 905, de 17 de dezembro de 2020;
nas Resoluções Normativas n° 875 e 876, ambas de 10 de março de 2020, e no Submódulo 9.4 dos
Procedimentos de Regulação Tarifária – Proret.
V - DA CONCLUSÃO
189. Desse modo, desde que mantidos os princípios acima detalhados, concluímos pela
adoção de um mecanismo regulatório excepcional, com adesão voluntária, que consiste na
revogação de outorga de geração com devolução das respectivas garantias de fiel cumprimento,
quando aplicáveis; isenção de eventuais multas decorrentes de processos de fiscalização em
andamento; e na autorização para o ONS rescindir os CUST celebrados com centrais geradoras,
sem aplicação de multas rescisórias desde que: (i) o agente de geração apresente comprovante de
notificação de denúncia contratual às concessionárias de transmissão envolvidas para rescisão dos
CCT celebrados, quando aplicável, sendo dispensado cumprimento de prazo de antecedência
regulatório para comunicação de rescisão deste contrato; (ii) o agente de geração não possua
débitos de EUST devidos às transmissoras; (iii) que o agente de geração apresente renúncia de
qualquer discussão judicial relacionada aos CUST celebrados; e (iv) que o agente de geração esteja
adimplente com os encargos setoriais decorrentes de sua outorga inscrita no presente mecanismo
e que não possua contratos de energia comercializados no ambiente de contratação regulada
vigentes.
190. Concluímos também pela aprovação de comandos para que o ONS possa fazer a
alocação da margem a ser liberada pelas centrais geradoras que aderirem.
VI - DA RECOMENDAÇÃO
(Assinado digitalmente)
LEONARDO MENDONÇA OLIVEIRA DE QUEIROZ
Superintendente Adjunto de Regulação dos Serviços
de Transmissão e de Distribuição
De acordo:
(Assinado digitalmente)
CAMILA FIGUEIREDO BONFIM LOPES
Superintendente de Gestão Tarifária e Regulação Econômica
(Assinado digitalmente)
LUDIMILA LIMA DA SILVA
Superintendente de Concessões, Permissões e Autorizações dos Serviços de Energia Elétrica
(Assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO CALIXTO MATTAR
Superintendente de Regulação dos Serviços de Transmissão e de Distribuição
ANEXO I
Subcláusula Primeira - A renúncia de que trata o caput deverá ser comprovada por meio da
apresentação pelo REQUERENTE de cópia do protocolo do requerimento de extinção do processo
com resolução de mérito, nos termos da alínea "c", inciso III, caput, do art. 487, do Código de
Processo Civil, devidamente anexada ao presente TERMO.
Subcláusula Segunda - A renúncia de que trata o caput eximem as partes da ação do pagamento
dos honorários advocatícios.
Subcláusula Quarta – A REQUERENTE declara plena ciência dos documentos e critérios que
deverão ser apresentados e/ou cumpridos por ocasião de sua adesão a este instrumento, não
podendo alegar desconhecimento ou qualquer vício a ele relacionado.
CLÁUSULA SEXTA – DA PUBLICIDADE
Subcláusula Única – A REQUERENTE concorda que as disposições deste TERMO e que todas as
informações, os dados e os documentos anexados serão considerados públicos e poderão ser
divulgados para terceiros.
CLÁUSULA SÉTIMA – DA VIGÊNCIA
Subcláusula Única – Este TERMO vincula a REQUERENTE em todas as suas cláusulas, por si e seus
sucessores, a qualquer título, por tempo indeterminado.
CLÁUSULA OITAVA – DA EXTINÇÃO
Subcláusula Primeira – Identificado eventual descumprimento, a ANEEL notificará a REQUERENTE
para prestar os esclarecimentos cabíveis, fixando-lhe prazo para a manifestação ou apresentação
de documento.
Subcláusula Segunda – São admitidos os ajustes e as retificações de erros não substanciais, assim
considerados a critério da ANEEL.
Este TERMO DE DECLARAÇÃO E OUTRAS AVENÇAS é firmado em caráter irrevogável e irretratável
pelo prazo de vigência definido na CLÁUSULA OITAVA. (Local de assinatura), em (dia) de (mês) de
(ano).
(Local de assinatura), em (dia) de (mês) de (ano).
__________________________________________
(Requerente)
ANEXO II
centrais geradoras que não forem consideradas aptas; (iv) que as concessionárias de transmissão
deverão, em até três dias úteis após a última data de vencimento das faturas devidas pelos agentes
de geração, informar o ONS a respeito de sua adimplência; (v) que para as centrais geradoras
consideradas aptas pelo ONS, a Superintendência de Concessões, Permissões e Autorizações dos
Serviços de Energia Elétrica – SCE avaliará a adimplência de encargos setoriais e a existência de
contratos de comercialização de energia no ambiente regulado; (vi) que os agentes de geração
que não estejam quites com as condições descritas no item anterior terão 15 dias, a contar de
notificação da ANEEL, para regularizar as pendências relacionadas; (vii) que após avaliação de
cumprimento dos requisitos que constam de (v) e (vi), a ANEEL informará ao ONS os agentes de
geração que não se encontram aptos, que deverão ter retomada a emissão dos AVD e AVC com
efeitos retroativos a 1º de julho de 2023; (viii) que para as centrais geradoras que cumprirem
integralmente os requisitos a ANEEL, procederá à revogação das outorgas, com devolução das
garantias de fiel cumprimento, e autorizará o ONS a revogar os respectivos CUST.
ANEXO III
Documento assinado digitalmente por Denis Perez Jannuzzi, em 12/06/2023 às 08:43; Alvaro Fagundes Moreira, Especialista em Regulação, em 11/06/2023 às 13:08;
Camila Figueiredo Bomfim Lopes, em 11/06/2023 às 13:03; Rafael Cambraia Trajano, em 10/06/2023 às 02:10; Tito Ricardo Vaz da Costa, em 09/06/2023 às 20:10;
Ludimila Lima da Silva, Superintendente de Concessões, Autorizações e Permissões Dos Serviços de Energia Elétrica, em 09/06/2023 às 19:48; Leonardo
Mendonca Oliveira de Queiroz, Superintendente Adjunto(a) de de Regulação Dos Serviços de Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica, em 09/06/2023 às
19:42; Guilherme Vieta Junqueira, em 09/06/2023 às 19:37; Carlos Alberto Calixto Mattar, Superintendente de Regulação Dos Serviços de Transmissão e
Distribuição de Energia Elétrica, em 09/06/2023 às 19:33