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ESCOLA MUNICIPAL JOAQUIM DA SILVA PEÇANHA

ALUNO: _________________________ TURMA: __________ DATA: ___________________

MUSTIESCALARIDADE E GLOBALIZAÇÃO

Os lugares – das grandes às pequenas cidades – estão cada vez mais inseridos numa dinâmica globalizada.
Seja através dos utensílios que as pessoas utilizam no dia a dia ou através dos programas que elas assistem na
televisão, a maioria dos lugares, por mais remoto que seja, está conectado ao restante do mundo. Cotidianamente,
consumimos bens que foram produzidos (alimentos, produtos industrializados etc.) em outros países e assistimos a
filmes estrangeiros. Muitas fábricas importam a matéria-prima de outros países e exportam os seus produtos para
todo o mundo. Em razão disso, não é mais possível compreendermos os lugares sem levar em consideração os
imperativos da globalização.
O que ocorre é uma espécie de “mistura de escalas”, pois o local está ao tempo todo interagindo com o
global, e vice-versa. Em outras palavras, as dinâmicas da globalização (importação e exportação dos mais variados
produtos, circulação de informações através da internet etc.) modificam os lugares e estes, por sua vez, ao se
transformarem também transformam o mundo, já que qualquer tendência global surge, antes, em algum lugar.
Evidentemente, alguns lugares assumem maior importância que outros. Vale lembrar que são de cidades como
Milão, Nova York ou Paris que se originam uma série de tendências globais, como às da moda, por exemplo. Para
compreendermos a globalização, é importante que percebamos a sua multiescalaridade.
Para entendermos melhor o que isto significa, recordemos que escala geográfica se difere da escala
cartográfica. Esta última diz respeito tão somente à relação (matemática) entre as dimensões reais dos fenômenos
geográficos e aquelas representadas nos mapas. Apesar de ser importantíssima para a confecção e leitura dos
mapas, não é através dela que discutimos a multiescalaridade da globalização.
A escala geográfica se refere ao grau de abrangência de um fenômeno geográfico ou do olhar do
pesquisador sobre este fenômeno. Ao contrário da escala cartográfica, a escala geográfica não pode ser expressa
através de uma fração (1:100.000, por exemplo). Costumeiramente, a escala geográfica é apresentada a partir do
alcance de determinado fenômeno espacial (a área coberta por uma rede de telefonia, por exemplo), podendo
variar do local ao global. É comum diferenciarmos as escalas geográficas em local, regional, nacional e global. De
uma maneira geral, podemos dizer que a escala local se refere à vizinhança ou à cidade, que a escala regional
abrange um conjunto de municípios ou uma parte do país, que a escala nacional contempla a totalidade do território
de um país e que a escala global se refere ao mundo todo. Além destas, podemos também falar em escalas
continental, hemisférica, entre outras. Não existe uma dimensão métrica exata de cada uma destas escalas, variando
de caso a caso. Ao falarmos de uma região brasileira, por exemplo, muitas vezes nos referimos a uma área muito
maior que os territórios de Portugal e da Espanha juntos.
Para exemplificarmos melhor o nível de abrangência de um fenômeno, ou seja, a sua escalaridade, tomemos
como exemplo a poluição atmosférica. Este fenômeno causa males em distintas escalas, tanto em escala local (por
causa do aumento de doenças respiratórias no entorno das fábricas poluidoras), como em escala regional (em razão
de chuvas ácidas que atingem vários municípios) e, também, em escala global (graças ao agravamento do efeito
estufa e das mudanças climáticas globais).
Feitos estes esclarecimentos, retomemos a discussão sobre a globalização e seus impactos em diferentes
escalas. Quando uma empresa transnacional decide transferir uma de suas filiais de um lugar para o outro, em outro
país ou continente, esta decisão impacta severamente tanto o lugar onde esta firma encerrará suas atividades como,
também, o lugar onde a mesma se instalará. Em outras palavras, uma decisão que é tomada levando em
consideração a cadeia produtiva em escala global (busca de lugares com melhores condições de acesso a matéria-
prima, mão de obra mais barata etc.) tem efeito em escala local (com a geração de emprego ou o aumento do
desemprego, por exemplo), em escala regional (pois os desempregados podem procurar emprego em municípios
próximos) e em escala nacional (já que a diminuição da arrecadação de impostos pode desencadear uma crise fiscal
no país). Estes impactos nas escalas local, regional e nacional, por sua vez, também repercutirão globalmente (já que
a migração internacional pode aumentar, o endividamento de um país pode “obrigar” o seu governo a buscar
empréstimos internacionais etc.).
Em tempos de globalização, fenômenos que ocorrem numa determinada escala podem repercutir em outras
escalas. Do nacional ao global, do global ao local, enfim, as possibilidades são inúmeras. Por conta disso, o lugar não
é mais o mesmo, ele vem se transformando aceleradamente frente aos imperativos da globalização, isto é, frente às
forças que operam numa escala mundial.

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