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2023
ENVELHECIMENTO /
APARÊNCIA /
SIGNIFICADO /
o nde o
a
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
caso
n ão
t em
v ez
CRISTIANO DE ASSIS /
SUZANNE TANOUE /
PATRÍCIA YOKOMIZO /
ANDREA LOPES / EDIÇÕES EACH
CRISTIANO DE ASSIS
SUZANNE TANOUE
PATRÍCIA YOKOMIZO
ANDREA LOPES
ONDE O ACASO
NÃO TEM VEZ:
mitos e estereótipos sobre a
velhice e o envelhecimento
São Paulo
Edições EACH
2023
DOI: 10.11606/9786588503287
DOI: 10.22456/2316-2171.128255
2023 – Escola de Artes, Ciências e Humanidades/USP
Esta obra é de acesso aberto. É permitida a reprodução Rua Arlindo Bettio, 1000 – Vila Guaraciaba
parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e autoria Ermelino Matarazzo, São Paulo (SP), Brasil
e respeitando a Licença Creative Commons indicada 03828-000
ASSIS, C. P.; SANTOS, S. T.; YOKOMIZO, P. S.; LOPES, A. Onde o acaso não tem vez: mitos e estereótipos sobre a
velhice e o envelhecimento. São Paulo: Edições EACH, 2023. 162 p.
SOBRENOME, Iniciais do(s) pré-nome(s); SOBRENOME, Iniciais do(s) pré-nome(s); SOBRENOME, Iniciais do(s) pré-
nome(s). Título do capítulo. In: ASSIS, C. P.; SANTOS, S. T.; YOKOMIZO, P. S.; LOPES, A. Onde o acaso não tem
vez: mitos e estereótipos sobre a velhice e o envelhecimento. São Paulo: Edições EACH, 2023. p. xx-yy.
UMÁRI 1 DEGENERAÇÃO 18 18
2 SEXUALIDADE 37 38
3 MORALIDADE 58 59
4 PAPÉIS ETÁRIOS 73 74
5 PRODUTIVIDADE 109
110
DEDICATÓRIA
6
129 130
Prefácio
O objetivo do livro
bre a velhice e o
Onde o
envelhecimento
Acaso Não Tem Vez:
é compartilh ar
e provo c ati va a s cinco c ategor i a s de a ná lise r esulta n tes de pesquisa de
mitos e estereótipos so-
de forma artística
A s fontes
en velhecimen to,
2021. Com
de busca foram
desde os
os
seus
periódicos
respectivos
br asileiros
car áter de div ulgação científica, par a além dos diversos pú-
especializados
surgimentos até o ano
em
de
e H u m a n i d a d e s ( E A CH ) d a USP. A m b a s n a s c e r a m e f o r a m
c o n d u z i d a s a p a r t i r d a s i n q u i e t a ç õ e s p e s s oa i s , a c a d ê m i c a s
e científicas sobre o tem a por parte de Cristi ano de A ssis
e da Profa. Dr a. Andrea Lopes, orientador a da pesquisa.
N
tos e
a intenção
dois membros do grupo,
de
De acordo com Merton, um a m a neir a de romper com o cicl o da prof eci a au t or-
r e a liz a d or a é questiona r a s prop osições inici a is e ofer ecer nova s def inições,
vincul adas de fato às realidades e suas diversidades. Assim, a presente pu-
blicação utiliza a arte como meio de registr ar, comunicar e contribuir com a
promoção dessas mudanças.
V ale destacar
sibilizar,
que
provocar
a opção
e
pela
informar.
arte como plataforma visa, ainda, sen-
Por meio da fotogr afia, da colagem
e d e o u t r a s m a n i f e s t a ç õ e s a r t í s t i c a s , o g r u p o E A PS b u s c a d i v u l g a r c i ê n -
c i a , ao m e s m o t e m p o e m q u e d i s c u t e , q u e s t i o n a , p r o v o c a , c o m p a r t i l h a e d e -
monstr a a s inúmer a s possibilida des de en velhecer e de ser velho, pa r a
a l ém de m i t o s e e s t er eó t ip o s, qu e t ei m a m em a l e at or i a m en t e def in i-l o s.
Por fim, o livro nos convida a pensar como nossas postur as e escolhas, das
mais simples às mais complex as, podem não ser apenas obr a de um simples aca-
so. Muita s vezes, en volvem, decorrem e/ou reforça m um sistem a de crença s,
im agens, percep ções, h á bi tos, men ta lida des, signif ic a d os, na r r ati va s, ten-
sões e discursos discriminatórios e excludentes.
Essa t e i a s o c i a l d i n â m i c a e c o m p l e x a é c o n s t r u í d a s o c i o c u l t u r a l m e n t e ao l o n -
go do tempo de vida das rel ações, que se edificam nas rel ações entre os entes
coletivos e os indivíduos, ger ações a ger ações. Onde o Acaso Não Tem Vez
foi a via encontr ada pelo grupo E A PS pa r a con v ida r tod os a r e ava li a r esse
sistema de crenças, hábitos e pr áticas, edificantes de mitos e estereótipos,
quando voltados a destituir a heterogeneidade das possibilidades de vida hu-
m a n a ao l o n g o d o p r o c e s s o d e e n v e l h e c i m e n t o .
Os autores
3 MERTON, Robert King (1948). The self-fulfilling prophecy. The Antioch Review, 8(2), 193-210.
6
Imagem: The Dental cosmos. 1912. Image from page 373
*Merton, R. K. (1948). The self-fulfilling prophecy. The antioch review, 8(2), 193-210.
**BBC News Brasil. Aprovação da OMS dá 'aval' à Coronavac, dizem especialistas. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/geral-57326314. Acessado em 3 de julho de 2021.
Nesta página,Palavra
***Programa The Dental cosmos.
Aberta, Câmara1912.
dosImage from page
Deputados, 373.Velhice pode ser classificada como doença. Disponível em:
Brasil.
https://www.camara.leg.br/tv/775541-velhice-pode-ser-classificada-como-doenca-pela-oms/. Acessado em 2 de julho de 2021.
À direita, Chart of the Face. Dr. Alesha Sivartha, 1898.
8
9
“se as pessoas definem certas situações como reais, elas são reais em
suas consequências”
Teorema de Thomas*
*Thomas,
THOMASW.& I., & Thomas,
THOMAS D. S.
(1928). (1928).
The childThe child in America.
in America. Oxford:P.Knopf.
Oxford: Knopf. 572.
10
envelhecer,
fotografar,
florir
a velhice não é uma só
Para o fotógrafo Joilton Elias, 54, o processo de envelhecimento tem sido uma
oportunidade de fazer aflorar sua sensibilidade
mas, infinita
as possibilidades
Registros feitos por Cristiano de Assis e Suzanne Tanoue no âmbito das ações de extensão do Grupo EAPS
12
6 FIG Imagem, ideia que categoriza alguém ou algo com base apenas em
comum.
Na página ao lado: Estudio Moderno. (1961). Copia digital. Madrid : Ministerio de Educación, Cultura y
Deporte. Subdirección General de Coordinación Bibliotecaria, 2015.
14
mito
1 História fantástica de transmissão oral, cujos protagonistas são deuses,
3 Relato que, sob forma alegórica, deixa entrever um fato natural, histórico
ou filosófico.
modificá-los.
de Prometeu.
15
DEGENERAÇÃO E FINITUDE
DEGENERAÇÃO E FINITUDE
Esta categoria de análise reúne noções acerca do imaginário do
categoria de análise reúne noções envelhecimento
acerca do imaginário
enquantodoum processo exclusivo de perdas e da velhice
hecimento enquanto um processo exclusivo comode perdas
o ápice daedegeneração.
da velhice A velhice é interpretada como uma etapa da
o o ápice da degeneração. A velhice é interpretada como uma associada
vida intimamente etapa da à morte. A categoria conta com o maior
DEGENERAÇÃO E FINITUDE
intimamente associada à morte. A categorianúmeroconta com onos
de menções maior
resultados das pesquisas levantadas.
ero de menções nos resultados das pesquisas levantadas.
Esta categoria de análise reúne noções acerca do imaginário do
envelhecimento enquanto um processo exclusivo de perdas e da velhice
como o ápice da degeneração. A velhice é interpretada como uma etapa da
vida intimamente associada à morte. A categoria conta com o maior
número de menções nos resultados das pesquisas levantadas.
18
Lucy Elisabeth Drummond Sale Barker. (1885). Illustrated Poems and Songs for Young People.
British Library. Digitised image from page 262.
19
Bourgeois, Émile. 1896. Le Grand siècle. Louis XIV. Les arts, les idées, etc [With plates]. British
Library. Digitised image from page 248.
20
Steinhausen, Georg. (1899). Monographien zur deutschen Kulturgeschichte, herausgegeben von G.
Steinhausen. British Library. Digitised image from page 142 .
21
22
PARA O FOTÓGRAFO JOILTON ELIAS, 54, O PROCESSO DE
ENVELHECIMENTO TEM SIDO UMA OPORTUNIDADE DE
FAZER AFLORAR SUA SENSIBILIDADE
A noção de que o processo de uma pessoa negra tem 2,7 vezes mais
envelhecimento é marcado chances de sofrer violência letal do que
exclusivamente por perdas, uma pessoa branca (IPEA, 2020)**.
adoecimento e degeneração é um
Há 54 anos, o fotógrafo Joilton Elias
dos assuntos mais presentes na
contraria estas estatísticas. Homem
revisão de escopo que norteia esta
negro e de origem pobre, enfrentou as
obra. Os mitos e estereótipos incertezas sobre seu futuro e as
envolvendo essa perspectiva estão adversidades com a rigidez que se fez
atrelados a uma visão simplista e necessária. Perdeu amigos para a
reducionista do que é envelhecer. violência, o pai para o alcoolismo e a
Ainda, inclui-se a interpretação da mãe para um câncer avassalador nos
velhice enquanto ápice desta ruína, ovários.
culminando na morte.
No entanto, aos 40 anos de idade, o
paulistano encontrou na arte de
Quando há um recorte de raça e
desenhar com a luz um caminho para
gênero, pode-se dizer que a
aflorar a sua sensibilidade, devorada
possibilidade de chegar à velhice é
pela violência estrutural brasileira. Com
mais exceção do que regra. No Brasil,
o incentivo da única filha, voltou aos
muitos homens negros não completam
estudos, ganhou prêmios de fotografia e
os 30 anos de idade. O informativo
tem feito novos amigos. Não sem perdas
Desigualdades Sociais por Cor ou Raça
e adversidades, mas apoiando-se na
no Brasil, do Instituto Brasileiro de
arte para buscar compensar tensões e
Geografia e Estatística (IBGE), aponta
conflitos que ainda o desafiam.
que, no ano de 2017, a taxa de
homicídios de homens pretos ou No ensaio fotográfico das páginas a
pardos de 15 a 29 anos era de 85 a seguir, Joilton muda de posição
cada 100 mil habitantes. Entre os jovens momentaneamente. Expõe sua
brancos, esse índice era de 37 (IBGE, delicadeza conquistada pela resistência
2019)*. Ainda, o Atlas da Violência ao longo do seu processo de
2020 do Instituto de Pesquisa envelhecimento, dessa vez, exibida
Econômica Aplicada (IPEA) calcula que diante das lentes.
*Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2019). Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil. Estudos e
Pesquisas-Informação Demográfica e Socioeconômica, 41. Rio de Janeiro: IBGE.
**Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. (2020). Atlas da Violência 2020. Brasília: Ipea.
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24
25
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27
28
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31
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33
34
Fotografia e texto: Suzanne Tanoue
Modelo: Joilton Elias
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36
SEXUALIDADE E GÊNERO
Esta categoria de análise abarca os mitos e estereótipos que entendem o
velho como um "ser assexuado": sem desejo, sem sexo e sem sexualidade. A
noção de velhice assexuada é o mito/estereótipo mais popular de todos
encontrados na revisão de escopo, tendo sido identificado na maioria das
publicações estudadas. Também, aponta como cobranças e punições dessa
natureza são mais presentes no processo de envelhecimento e velhice das
mulheres. Por fim, destaca a invisibilidade e opressão destinadas aos
idosos LGBTQIA+.
37
Na página ao lado: Termos associados à sexualidade
da pessoa idosa, encontrados na revisão de escopo.
Modelo: Amenália Rocha.
38
VELHICE . .
.. .. .. .. .. .. SEX
SUADA . . . . . .
Sexualidade, de acordo com o Manual Orientador da
Diversidade (2018), é um conceito amplo e que envolve toda e
qualquer expressão de afeto e contato que tenha por resultado
o prazer. Não se resume ao ato sexual ou penetração, muito
menos é aspecto humano exclusivo de jovens e adultos. A
sexualidade nos constitui do início ao fim da vida. Ainda que
seja parte fundamental da velhice, a ideia de que velhos não
vivenciam sua sexualidade está sordidamente enraizada em
nossos comportamentos, falas e mentalidades. No ensaio que
ilustra essa categoria, buscamos explorar algumas questões
acerca da sexualidade da pessoa idosa, tendo por base, além
dos resultados da revisão realizada, o Manual Orientador Sobre
Diversidade, lançado em 2018 pelo Ministério dos Direitos
Humanos. Os modelos são membros do Programa USP 60+
39
Modelo: Rogério Pimenta
40
Velhice assexuada é uma noção que, assim como
qualquer outro mito e estereótipo, sufoca a
diversidade. Da mesma forma, esconde as diferentes
formas de expressão e vivência da sexualidade ao
longo das décadas que compõem a velhice como
categoria etária socialmente construída.
41
Modelo: Bartira Nunes Martins
42
Modelo: Maria de Lourdes Palermi.
43
Talvez como causa, talvez como
efeito, os mesmos estereótipos
relacionam-se com ações negativas
e até mesmo violentas frente ao
exercício da sexualidade por parte da
pessoa idosa. Destacam-se as
diversas formas de proibição e até de
punição nas demonstrações de
desejo sexual e afeto por idosos em
ambientes como Instituições de
Longa Permanência para Idosos (ILPI)
ou em suas próprias casas,
executado por suas próprias famílias
e amigos. Inúmeros são os territórios e
formas afetadas: o vestir, falar, sonhar,
dançar, sorrir, amar, transar, namorar,
44
45
...Bem, eu tive que telefonar para a amiga
dela contando o caso e disse: "ela perdeu o
controle de novo"
E ela mostrou todos os erros e enganos
E disse: "Eu perdi o controle de novo"
Mas ela se expressou em muitas maneiras
diferentes
Até ela perder o controle de novo
E andou à beira do precipício e riu
"Eu perdi o controle de novo"
Ela perdeu o controle
Ela perdeu o controle de novo
Ela perdeu o controle
as famílias também constrangem, julgam e impedem seus membros idosos de vivenciar e exercer sua sexualidade de forma cotidiana e espontânea.
48
Lembrando que esse fardo pesa
sempre mais para a mulher idosa,
para quem se somam tantas outras
camadas de cobranças e punições
sociais.
49
50
Modelo: Vanda Aracelia Sessi
51
Também, para idosos LGBTQIA+, fortemente oprimidos e invisibilizados.
52
"A sexualidade não é apenas sexo, é o toque, o abraço, o gesto, a
palavra que transmite prazer, etc. Atualmente, há uma maior liberdade
em se falar sobre o assunto, mas ainda existem mecanismos de controle,
repressão e ignorância [...] vivendo em um ambiente sexualizado, ainda
encontramos discursos confusos, apelativos, questionantes,
mistificadores e enquadradores [...] As relações sexuais são relações
sociais, construídas historicamente, com estruturas e modelos e valores
de determinada época"*.
53
*Manual orientador sobre diversidade.
54
Fotografia e texto: Cristiano de Assis
55
Modelo: Rizete Alexandre do Nascimento
56
57
MORALIDADE
Categoria de análise que expõe a conflituosa dicotomia presente entre
representações muito comuns destinadas ao velhos: sábio e vilão, dócil e
amargurado, bobo e teimoso.
58
59
Página anterior: foto de uma manifestante em um protesto político na cidade de São
Paulo. Cristiano de Assis, 2019.
60
Allen, Grant. (1893). Mr. Grant Allen's New Story 'Michael's Crag.' With ... marginal
illustrations in silhouette, etc. British Library. Digitised image from page 113.
61
62
espectros espectros
de existência
de existência
Fotografia e reportagem: Suzanne Tanoue
Modelo: Chiaki Tanoue
Aos 102
101 anos, Chiaki Tanoue faz presente obra chama atenção para a
sucesso no Instagram. Sua neta, necessidade de investigação sobre os
jornalista e estudante
e do curso de
estudante possíveis efeitos dos estereótipos
gerontologia, Suzanne Tanoue (30),
(28), positivos - que atribuem às pessoas
há pelo menos
pelo seis anos
menos documenta
cinco anos velhas características imaculadas,
seu cotidiano
documenta e divulga
seu aseimagens
cotidiano divulga essencialmente bondosas e sábias.
da avó com
as imagens da frequência na rede
avó com frequência
Do outro lado do eminentemente
social.
na redeAssocial.
fotos As
e vídeos
fotos e rendem
vídeos
oposto do espectro, estão as noções
centenas de curtidas
rendem centenas e muitos
de curtidas e
de degradação e perdas do processo
comentários. A grande
muitos comentários. A maioria deles
de envelhecimento e da velhice, já
relacionam-se com o que são
(ver página
exploradas nesta obra (ver
entendidos como elogios: “Que coisa
XX).Assim,
21). Assim, de
de acordo
acordo com
com a
a revisão,
mais fofa sua avózinha!”, comentam
as pessoas idosas agiriam de forma a
uns; “Como ela está bem para a
se afastarem de um extremo negativo
idade dela!”, comentam outros.
e moldariam seus modos de vida
para ajustarem-se ao extremo
A princípio, comentários como estes positivo, entendendo essa estratégia
soam como formas carinhosas de
como única possibilidade de
referirem-se à idosa. Porém, a
pertencimento e aceitação.
revisão narrativa que norteia esta
edição chama atenção para a
necessidade de investigação sobre
os possíveis efeitos dos
63
Fora das lentes e das delimitações Por fim, uma colagem feita a
dos enquadramentos de Suzanne, partir de comentários que
existem tensões, dores, tédio, alegrias reforçam esses estereótipos,
e conquistas de Chiaki muito mais coletados em algumas fotos da
complexas do que o perfil da rede idosa publicadas na rede social
social é capaz de mostrar e explorar. Instagram, expõe a tensão nas
armadilhas entre o vivido e o
Por isso, as páginas a seguir
registrado. Essas implicações
ilustram uma tentativa da neta em
sobre as percepções são
registrar, fora do Instagram, a
construídas de forma aleatória,
complexidade da existência e o
cotidiano da própria avó, em especia nestes mecanismos
problematizando o processo de contemporâneos de interação e
envelhecimento para além dos relacionamento social.
estereótipos positivos e negativos.
64
65
66
67
68
69
70
71
72
PAPÉIS ETÁRIOS
MADURA, ENVELHESCENTE; IDOSO; MELHOR IDADE; TERCEIRA IDADE, SENIOR; EXPERIENTE; PRATEADA; GREY POWER;GRISALHA
74
LIGUE
OS PONTOS
ESTABELEÇA A RELAÇÃO ENTRE OS ANOS DE VIDA E AS CARACTERÍSTICAS,
DE ACORDO COM O QUE É CONSIDERADO PRÓPRIO PARA CADA IDADE
É DEPENDENTE
PROXIMIDADE COM A MORTE
01
BONDADE
10 MENOR SEXUALIDADE
18
INDEPENDÊNCIA
VOLTA A SER CRIANÇA
25
SE TORNA VELHO
33 GRAÇA E ALEGRIA
48
CUIDADOS COM A SAÚDE
É JOVEM
54
FICA DOENTE
60 AGIR COM MATURIDADE
70
USAR FRALDAS
VIVE SUA SEXUALIDADE
80
113
DEMONSTRAR SABEDORIA CRIATIVIDADE
75
76
IDADE É UMA LENTE
77
Wirgman, ThomaS. (1838). Mental Philosophy. Part I. Grammar of the five Senses; being the first step to Infant
education. British Library. Digitised image from page 135 .
78
Tais concepções acerca da velhice, sejam
elas radicalmente negativas ou positivas,
estão muito distante de representar a
heterogeneidade própria do ser humano. Em
um ciclo de nutrição de crises identitárias, a
velhice se torna um simples adjetivo a ser
evitado, custe o que custar. O velho não se
sente velho, não se identifica como velho. Ao
menos não com as noções de velho que lhe
são ofertadas pelas mídias. Ao mesmo
tempo, ele não é jovem, pois a lei e as
políticas públicas não deixam espaço para
dúvidas: chegou aos 60 anos de idade no
Brasil, é velho. Quem é ele então, essa
criatura quimérica que, para sobreviver,
orquestra um espírito jovial embalado num
corpo de velho? O que seria próprio da
idade? E qual idade conta mesmo ao longo
do tempo e da organização social: a sentida
ou a documentada? O repertório disponível,
marcador da vida, é limitado e limitante.
Arquiteta-se a partir de concepções
duvidosas e generalizadoras, assim como
pode não se sustentar necessariamente nos
fatos ou na realidade. Os valores culturais da
sociedade a que se pertence revestem e dão
a tônica à compreensão do envelhecimento
biológico dos corpos, podendo isso ser tanto
uma fonte de conflitos quanto de soluções.
Se a idade cronológica desde o século XX
formalmente nos une e organiza*, o que
então irá nos separar? Se não a idade, eis
que será o que, portanto?
80
81
George Catlin, Stu-mick-o-súcks, Buffalo Bull’s Back Fat, Head Chief, Blood Tribe, 1832.
82
Terceira Idade
83
George Catlin, Stán-au-pat, Bloody Hand, Chief of the Tribe, 1832, oil on canvas, Smithsonian American Art
Museum, Gift of Mrs. Joseph Harrison, Jr., 1985.66.123.
Maduro
Gerontolescente
George Catlin, Wán-ee-ton, Chief of the Tribe, 1832, oil on canvas, Smithsonian
American Art Museum, Gift of Mrs. Joseph Harrison, Jr., 1985.66.72.
86
George Catlin, Wée-ke-rú-law, He Who Exchanges, 1832, oil on canvas, Smithsonian
American Art Museum, Gift of Mrs. Joseph Harrison, Jr., 1985.66.121.
88
Envelhescente
George Catlin, Eé-shah-kó-nee, Bow and Quiver, First Chief of the Tribe, 1834, oil on canvas, Smithsonian
American Art Museum, Gift of Mrs. Joseph Harrison, Jr., 1985.66.46.
90
Idosa
George Catlin, Kid-á-day, a Distinguished Brave. Smithsonian American
Art Museum and its Renwick Gallery, 1834.
92
Melhor Idade
Sênior
George Catlin, Sha-có-pay, The Six, Chief of the Plains Ojibwa, 1832, oil on canvas, Smithsonian American Art
Museum, Gift of Mrs. Joseph Harrison, Jr., 1985.66.182.
95
Experiente
George Catlin, Chée-ah-ká-tchée, Wife of Nót-to-way, 1835-1836, oil on canvas, Smithsonian American Art
Museum, Gift of Mrs. Joseph Harrison, Jr., 1985.66.197.
97
George Catlin, Mee-chéet-e-neuh, Wounded Bear's Shoulder, Wife of the Chief , 1831.
98
Prateada
Grisalha
George Catlin, Sha-kó-ka, Mint, a Pretty Girl, Smithsonian American Art Museum, Gift of Mrs. Joseph
Harrison, Jr., 1832.
101
George Catlin, Wee-tá-ra-shá-ro, Head Chief of the Tribe, 1834, oil on canvas, Smithsonian American Art
Museum, Gift of Mrs. Joseph Harrison, Jr., 1985.66.55.
102
Vivida
Novo Velho
George Catlin, A'h-tee-wát-o-mee, a Woman, 1830, oil on canvas, Smithsonian American Art
Museum, Gift of Mrs. Joseph Harrison, Jr., 1985.66.244.
105
106
Gray Power
George Catlin,Eh-toh'k-pah-she-pée-shah, Black Moccasin, aged Chief. Smithsonian American Art Museum,
Gift of Mrs. Joseph Harrison, Jr., 1832.
PRODUTIVIDADE E
PARTICIPAÇÃO SOCIAL
109
PRODUTIV
IDADE &
PARTICIP
AÇÃO
SOCIAL
114
119
Fotografia: Suzanne Tanoue
Modelos: Chiaki Tanoue, Luzia Tanoue,
Lucia Tanoue e Suzanne Tanoue
Tratamento digital: Cristiano de Assis
Dedicatórias
129
MAMÃE, É
NATAL!
130
Cris, meu bem, hoje é o primeiro dia do
ano. Não sou de comemorar isso, porém
lhe desejo um feliz ano novo. Obrigado por
ter trazido tanta felicidade para a minha
vida.
Um abraço carinhoso. Caso esteja lendo
essa mensagem atrasada, saiba que
Laura acordou às 6am para lavar o
banheiro, enquanto você estava no
hospital.
Estou sem palavras também 02:23
Grupo EAPS atualizou a foto da capa dele.
18 de abril de 2020
Cristina Ribeiro
Fotografia: Cristiano de Assis
Eliana Löw
Fotografia: Cristiano de Assis
Poesia: Murilo Lino
3 Decreto do destino.
adv
EQUIPE EDITORIAL
GENERAÇÃO E FINITUDE
foco em iluminação cênica pela SP
Escola de Teatro. Encadernador
Membro do grupo EAPS. Graduado e Membro do grupo EAPS. Bacharel em
artesanal.
de análise reúne noções acerca
mestrando do imagináriopela
em gerontologia do comunicação social. Graduanda em
DEGENERAÇÃO
nquanto um processo
EACH/USP. exclusivo
EstudanteE FINITUDE
de perdas e da velhice
de teatro com gerontologia pela EACH/USP.
egeneração. A velhice é interpretada
focodeassis@usp.br como uma
em iluminação cênica pela SP etapa da suzannetanoue@usp.br
e associada à morte. A categoria conta com o maior
Escola reúne
ategoria de análise de Teatro. Encadernador
noções acerca do imaginário do
es nos resultados das pesquisas levantadas.
artesanal.
ecimento enquanto um processo exclusivo de perdas e da velhice
DEGENERAÇÃO EéFINITUDE
www.cadernosdeassis.com.br linkedin.com/in/suzanne-tanoue/
linkedin.com/in/cristianodeassis/
behance.net/cristianodeassis
Andrea Lopes Patrícia Yokomizo
Antropóloga Designer e artista visual
eaps@usp.br yokomizops@gmail.com
sites.usp.br/grupoeaps @yokomizops
linkedin.com/in/patriciayokomizo/
facebook.com/yokomizops
AGRADECIMENTOS
Aos colaboradores do grupo EAPS e modelos presentes neste volume, bem como o fomento
recebido pelo Programa Unificado de Bolsas da Universidade de São Paulo.
147
CRÉDITOS
Imagens da capa e contracapa
Suzanne Tanoue | fotografias
Cristiano de Assis |diagramação e arte
Chiaki Tanoue |modelo da capa
Luzia Tanoue | modelo da contracapa
Autoria
Cristiano de Assis | redação, edição e fotografia
Suzanne Tanoue | redação, edição, fotografia e revisão final
Patrícia Yokomizo | curadoria, tradução para o espanhol
Andrea Lopes | redação, edição, fotografia e curadoria
Tradutores
Andrea Lopes e Suzanne Tanoue | tradução e revisão para o inglês
Milton Rocha e Patrícia Yokomizo | tradução e revisão para o espanhol
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Índice Remissivo
A Aparência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
Asilo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
Controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Cultura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77, 80
Eufemismos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
F Família . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44, 48
Gerontologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Gênero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23, 37
I Idade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23, 63, 74, 75, 77, 78, 83, 93, 143
N Narrativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
Políticas públicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Profecia autorrealizadora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
R Raça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
V Velhice . . . . . . . . . . . . . . . . 11, 18, 23, 37, 39, 41, 63, 73, 74, 77, 79, 80
Velha / Velho . . . . . . . . . . 37, 39, 58, 63, 73, 74, 75, 79, 80, 104, 109
Violência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23, 44
onde o acaso não tem vez